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A mostrar mensagens de junho, 2008

Mugabe "vencedor"

Robert Mugabe foi declarado vencedor das eleições presidenciais no Zimbabwe. Este é um cenário esperado, não obstante a acentuada pressão internacional que exigia o respeito pelos princípios democráticos arredados pelo agora reeleito Robert Mugabe. Confirma-se assim a pouca eficácia da comunidade internacional, designadamente da União Africana. Esta é uma péssima notícia para um país devastado pela visão obscurecida do velho ditador. Nestas circunstâncias, a probabilidade do Zimbabwe se afundar de vez da inviabilidade volta a ser demasiado elevada. Com efeito, os zimbabweanos mantiveram alguma esperança na possibilidade de Mugabe se afastar do poder, em virtude da vitória do seu opositor em Março passado. Mas essa possibilidade foi rapidamente esmorecida pela violência que recaiu sobre apoiantes do MDC e morreu definitivamente com o anúncio de desistência de Morgan Tvsangirai – o líder do MDC. Todavia, é possível vislumbrar alguns sinais de esperança, em particular no aumento da pressã

Um primeiro sinal

A pouco mais de um ano das eleições legislativas, entre outras, o Governo continua a sua estratégia que consiste em adocicar a boca dos cidadãos. O anúncio do ministro das Finanças que dá conta das intenções do Executivo em alargar a ADSE a todos os funcionários públicos, independentemente do vínculo dos mesmos, é mais um sinal disso mesmo. À primeira vista, esta notícia parece não ter grande importância, mas se olharmos para o quadro geral, percebemos que a medida anunciada pelo Governo insere-se numa estratégia mais ampla. Outras mudanças estarão na calha para serem anunciadas. Depois do entendimento entre os parceiros sociais e o Governo acerca das alterações à legislação laboral, ficam algumas dúvidas, designadamente em relação à precariedade. Ora, o Governo não pode anunciar que o combate à precariedade é um eixo do novo pacote laboral e, simultaneamente, permitir a sua proliferação no sector público. Enquanto o Executivo de José Sócrates não resolver o grave problema dos vínculos

Diferenças entre PS e PSD

Agora que o PSD tem uma nova liderança, tem-se intensificado o debate em torno das diferenças ideológicas entre o PSD e o PS. A recém-eleita Presidente do PSD fez um discurso, no final do Congresso do partido, em que sublinhou o erro estratégico que está a ser cometido pelo Governo, em matéria de obras públicas. Manuela Ferreira Leite apenas fez uma crítica a esse vasto rol de obras que têm sido anunciadas pelo Governo, sem, no entanto, ter entrado em grandes pormenores. De facto, o PS ocupou parte do espaço ideológico que tinha sido outrora apanágio do PSD, designadamente no que diz respeito ao espírito reformista. Todavia, esse espírito reformista foi paulatinamente esmorecendo, e suspeita-se que se esgotará até ao final da corrente legislatura. O PSD pode e deve distanciar-se do PS, não ficando refém de uma social-democracia que ainda ninguém sabe bem o que quer dizer. Sendo certo que a recém eleita líder do PSD necessita de tempo para estabelecer metas e apresentar propostas altern

Ainda as alterações à legislação laboral

Segundo o Jornal de Notícias, as alterações aos recibos verdes vão beneficiar essencialmente quem recebe até 900 euros. Como já foi referido, deixa de haver dois tipos de regime, passando a existir apenas um regime em que todos pagam a mesma taxa de 24,6 por cento. A protecção social é garantida, exceptuando o subsídio de desemprego. Todavia, o desconto será sobre 70 por cento do valor do recibo, com um limite mínimo equivalente ao Indexante de Apoios Sociais, fixado em 407 euros. Segundo as contas deste jornal, um trabalhador que aufira 407 euros, vai descontar 24,6 por cento de 407 euros, ou seja 70 euros. O Jornal de Notícias sublinha declarações do ministro em que o mesmo afirma que, “transitoriamente”, quem ganhe menos desse valor possa descontar 50 euros – um terço do que é actualmente aplicado. Quem tem vencimentos acima dos 900 euros passará a ser prejudicado, tendo em conta que não há um limite máximo. O Jornal de Notícias fez novamente as contas e refere que quem ganhe 1500 e

Leis laborais: as alterações

O Governo e os parceiros sociais chegaram a acordo sobre a nova legislação laboral, contando, porém, com o desacordo da CGTP. As principais alterações à legislação laboral podem ser agrupadas em cinco: No grupo da contratação colectiva o Governo acabou por ceder ao patronato, reduzindo o tempo de caducidade de 10 anos para 5 anos. Em matéria de despedimento, o Governo recuou no despedimento por “inadaptação funcional”, respondendo assim às críticas dos sindicatos. Mas tenta agilizar o processo de despedimento, tornando-o mais rápido e mais simples – menos burocrático diz o Governo; mais facilidades em despedir, dizem os sindicatos, ou pelo menos a CGTP. Num terceiro grupo há que salientar as alterações na organização do tempo de trabalho. As regras do Código de Trabalho mantêm-se genericamente inalteradas em relação às jornadas de trabalho, aos limites de trabalho, às pausas, ao trabalho nocturno e suplementar. A novidade prende-se com a maior flexibilização nos horários de trabalho. C

Obras públicas

As declarações da recém-eleita líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, visando as obras públicas levadas a cabo pelo Governo têm levantado grande celeuma. Em parte só existe esta polémica porque Ferreira Leite não esclareceu exactamente que obras é que se estava a referir, ou se, ao invés, a sua crítica recai sobre todo o programa do Governo em matéria de obras públicas. E é sobejamente conhecida a propensão que a ambiguidade tem para lançar a confusão. Em primeiro lugar, convém fazer a destrinça entre as várias infra-estruturas que estão planeadas e perceber quais dessas obras já estão em fase de concurso. Em segundo lugar, este não é um tema fácil de ser abordado quer pela complexidade da questão, quer pela informação disponível. Além do mais, há quem sugira a pertinência do TGV, por exemplo, e quem refute os argumentos que sustentam a proficuidade dessa obra pública. Consequentemente, para quem é leigo na matéria e se vê confrontado com argumentos válidos que sustentam uma tese e outr

Instabilidade em crescendo no Zimbabwe

Quem julgava que Robert Mugabe se afastaria em consequência da derrota eleitoral de Março, enganou-se profundamente. Recorde-se que o MDC (Movimento para a Mudança Democrática) ganhou a maioria no Parlamento, e Morgan Tsvangirai venceu a primeira volta das eleições para a presidência do Zimbabwe. Agora o líder do MDC, principal partido político a fazer oposição a Robert Mugabe e ao partido ZANU, anunciou a sua desistência da segunda volta das eleições presidenciais, tendo mesmo pedido refúgio na embaixada da Holanda. A uma semana das eleições, Tsvangirai invocou a impossibilidade de continuar na corrida devido ao crescendo de violência contra os apoiantes do MDC e contra si próprio. Com efeito, há casos de tortura e de assassinato de membros e apoiantes do partido de Tsvangirai – segundo alguns órgãos de comunicação social, cerca de 80 apoiantes do MDC foram assassinados. O afastamento de Tsvangirai é uma excelente notícia para Mugabe e para o seu séquito de apoiantes. Toda esta situaç

XXXI Congresso do PSD

Este foi o congresso da consagração da nova líder do Partido Social Democrata. Manuela Ferreira Leite acabou, assim, por mostrar com maior acutilância o diagnóstico que faz do país. Mais do que propostas, o que Ferreira Leite mostrou aos militantes do partido prendeu-se mais com as virtudes do PSD e o recurso ao desvirtuamento das políticas empreendidas pelo Governo. A prudência, a seriedade e a coerência parecem ser as imagens de marca de Manuela Ferreira Leite. Essas características são importantes para o desfecho das próximas eleições, mas poderão não ser decisivas. Espera-se, portanto, para bem do debate político, que Ferreira Leite comece a discorrer sobre propostas para resolver os problemas mais prementes do país. Não se espera, naturalmente, que a nova Presidente do partido anuncie uma panóplia de promessas de difícil execução, ou até mesmo inexequíveis. Mas é expectável e profícuo para o partido que Manuela Ferreira Leite elucide o país sobre o que pensa sobre as mais diversa

Nuvens de tempestade

A crise global que assola as economias, com repercussões crescentes na vida das pessoas, faz-se agora acompanhar por novas nuvens de tempestade. Outros dirão que já nem se trata sequer de nuvens de tempestade, e que ao invés, já se está a viver um verdadeiro temporal. Com efeito, a escalada do preço do petróleo e o aumento do preço dos produtos alimentares estão a ter um forte impacto na inflação que, na zona euro, já atingiu os 3,7 por cento. As nuvens de tempestade a que me refiro estão relacionadas com um fenómeno que tem vindo a entrar no léxico de todos nós, esse processo tem o nome de “estagflação”, o que na prática significa a simultaneidade de dois fenómenos: retracção no crescimento económico e uma inflação muito elevada. Recorde-se que o mundo assistiu a esse fenómeno nos anos 70, durante o período da crise petrolífera, e que as consequências associadas à estagflação foram dramáticas para as economias. A título de exemplo, durante o período referido, o aumento do desemprego f

Entrevista de Mário Soares a Hugo Chávez

A entrevista a Hugo Chávez, no programa da RTP1 “Conversas de Mário Soares”, foi marcada pelo quase monólogo do Presidente venezuelano e pela chuva de elogios de Mário Soares a Chávez. Mário Soares coloca vários epítetos ao Presidente venezuelano que vão desde o “amigo dos pobres e desfavorecidos” culminando noutros elogios da mesma índole. A entrevista parece não ter tido sido alvo de grande visibilidade dos meios de comunicação social, talvez porque se tratou de uma entrevista marcada pelo habitual “one man show” protagonizado, claro está, por Hugo Chávez, não muito diferente daquilo que se pode ver no seu programa num canal venezuelano de televisão. A entrevista foi também marcada pelas habituais críticas de Chávez ao sistema capitalista e pelos anátemas do costume lançados ao Presidente americano. Chávez também não se coibiu de fazer a apologia da liberdade, esquecendo-se de episódios polémicos, designadamente relacionados com o encerramento compulsivo de uma estação de TV venezuel

Trégua entre Israel e o Hamas

Foi decretado um cessar-fogo entre Israelitas e Palestinianos (afectos ao Hamas), com duração de seis meses. A notícia é boa e pode auspiciar um novo período de paz entre estes dois povos, durante o qual seja possível encontrar novos caminhos para a estabilidade da região. Todavia, as tréguas têm o condão de não durar muito quando são acordadas entre Israel e os territórios palestinianos. Consequentemente, este cessar-fogo é olhado com natural desconfiança. Além do mais, o Hamas é considerado um grupo terrorista e tem recusado reconhecer o Estado Israelita. É provável que a perda de apoio popular do movimento islâmico, e a possibilidade de eclosão de conflitos na Faixa de Gaza tenham sido determinantes para esta tomada de posição. Recorde-se que o Hamas tomou a Faixa de Gaza tornando a vida dos palestinianos, neste território, quase insustentável. A resposta de Israel ao lançamento sistemático de rockets contra o território israelita tem sido um bloqueio que inviabilizou qualquer qual

Os deslizes do Presidente

O Presidente da República, à semelhança do primeiro-ministro, começou a desempenhar as suas funções debaixo de uma multiplicidade de elogios. No caso do primeiro-ministro, o seu ímpeto reformista foi caracterizado como sendo um bom prenúncio para o futuro; o Presidente da República, Cavaco Silva, recebeu elogios quer pela cooperação estratégica com o Governo, quer pela assertividade patente na sua acção política. É curioso verificar agora que esses elogios esmoreceram, mais no caso do primeiro-ministro, consequência também da natureza do cargo. Todavia, os últimos meses desta presidência da República têm sido marcados por deslizes do Presidente. A título de exemplo, recorde-se a viagem de Cavaco Silva à Madeira, numa lógica de quase subserviência. E recentemente, o Presidente adoptou uma postura letárgica no que toca à paralisação dos camionistas e o subsequente sequestro do país, e, como corolário dos deslizes, o Presidente cometeu a gaffe do “dia da raça”. É comum escrever-se e fala

Intransigência israelita

A instabilidade continua a ser a palavra que melhor caracteriza Israel e os territórios palestinianos. Não se vislumbram soluções que permitam mitigar essa instabilidade, o que existe é uma intenção clara por parte da Administração Bush de fazer tudo ao seu alcance para conseguir um acordo até ao final do mandato do ainda Presidente americano. É na qualidade de mandatária dessa intenção de alcançar um acordo que Condelezza Rice proferiu duras críticas à continuação no processo de expansão de colonatos. O que está em causa é a construção de habitações na zona leste de Jerusalém, zona essa predominantemente árabe. A postura de manifesta intransigência do Governo israelita é um factor que potencia o inexorável fracasso de quaisquer negociações com a Palestina. A tibieza da Administração americana acabou por condicionar as perspectivas de sucesso do processo de paz para a região. O Presidente Bush nunca se empenhou pessoalmente nas negociações entre israelitas e palestinianos, ao contrário

União Europeia e desequilíbrios

A Europa, a par do mundo, mudou com o desmoronamento do Muro de Berlim. Hoje, os desafios da globalização colocam novas dificuldades a uma união que continua a ser mais económica do que política. As questões energéticas e a indesmentível dependência europeia do petróleo são problemas cuja solução parece ainda serem uma miragem. Por outro lado, a emergência de países como a China colocam dificuldades crescentes no que diz respeito ao dumping social. De facto, por quanto tempo será possível assistir a uma Europa em que os direitos sociais são uma evidência e uma conquista dos povos, e em paralelo, verificar-se que países que competem nos mercados fazem das questões sociais letra morta? Assim, a manutenção de direitos mínimos de que os Europeus não abdicam é mais um desafio para a União Europeia. Os desequilíbrios no seio da União não terão resolução fácil enquanto a União Europeia funcionar apenas como uma zona de comércio livre, sem a devida consolidação política. Do mesmo modo, existem

O “não” irlandês

A República da Irlanda disse “não” ao Tratado de Lisboa, colocando um travão no processo. A inexistência de um plano alternativo traz novas complicações para uma Europa cujos líderes olhavam para o Tratado Reformador como uma saída para crise. O “não” irlandês é, porquanto, um duro revés para a UE, designadamente para os líderes políticos que se tinham empenhado numa solução para desencalhar a Europa da crise. As lideranças políticas que estiveram no processo de negociação e que se empenharam na ratificação do Tratado não acautelaram as dificuldades que surgiram em todo este processo. De um modo geral, o processo do Tratado Reformador foi marcado pela discussão política à revelia dos cidadãos europeus que nem foram chamados às urnas, nem tão-pouco foram ouvidos em discussões sobre o mesmo. Acabou por se insistir no argumento que postulava a dificuldade de compreensão do documento como principal razão para não se ouvir os cidadãos. O sentimento de alheamento que muitos europeus sentem r

Regresso à normalidade

Depois de uma semana conturbada e caracterizada pela paralisação dos camionistas, o país parece regressar a uma normalidade que mais não é do que superficial. De facto, outras classes profissionais se seguirão nos protestos contra o aumento no preço dos combustíveis – os jornais já noticiam movimentações de taxistas e agricultores. A ideia subjacente a esses eventuais protestos prende-se precisamente com as dificuldades de sectores que dependem largamente do preço dos combustíveis, e se o Governo atendeu às revindicações do sector dos transportes pesados de mercadorias, é natural que outros sectores se virem para o Estado a pedir ajuda. Era expectável que essa situação acontecesse. Por outro lado, a normalidade e a acalmia que regressam depois de dias atribulados, poderá ser manchada pelos protestos de outros cidadãos que olham com cada vez maior interesse para um esquerda cheia de reclamações e vazia de soluções. Com efeito, o aumento das taxas de juro, o aumento da taxa de inflação,

Paralisação do país

Estes dias têm sido caracterizados pela paulatina paralisação do país que começou com os protestos de camionistas que não se coibiram de exercer ameaças a colegas, incorrendo também noutros excessos. É inconcebível o estado a que o país chegou, ficando refém de uma classe profissional, não obstante a validade ou não das suas reivindicações. Deste modo, o Governo acabou por ceder a algumas reivindicações do sector, pelo menos da ANTRAM. Alguns camionistas mantêm o protesto e provavelmente outros sectores profissionais vão solicitar ao Governo aquilo a que muitos acharão que têm direito. O risco de o Governo abrir uma caixa de Pandora não é uma hipótese a excluir. Por outro lado, não se pode passar ao lado de uma crítica a um conjunto de cidadãos que, embora estejam no seu direito de protestar, raras vezes cumpriram a lei, com o claro beneplácito das autoridades. Este também é um mau precedente; afinal, não é com chantagens, com arremesso de pedras, e com ameaças que se resolvem os probl

65 horas de trabalho

Agora são as 65 horas semanais a substituir as actuais 48 horas. Ou dito de outro modo, foi aprovada, ontem, a directiva do Tempo de Trabalho, permitindo que se possa chegar às 65 horas semanais, se trabalhadores e patrões estiverem de acordo. Parece, pois, que o menosprezo que o regime chinês tem pelos trabalhadores deste país inspirou a Europa. Este é mais um retrocesso social. Será certamente mais um, outros virão. na verdade, o regresso aos tempos idos da Revolução Industrial que muitos advogam, parece pois fazer muito sentido. Fica na gaveta a importância do bem-estar dos trabalhadores, o tempo de lazer, o tempo com a família, o indispensável tempo para descanso. Dir-se-á que trabalha quem quer, mas a ver vamos se trabalha quem quer. Ou se não passará a ser essa a norma. Por outro lado, está-se a enveredar pelo caminho contrário às políticas de combate ao desemprego. Este é mais um exemplo que serve para fortalecer a tese dos desequilíbrios no seio da UE. De resto, a cegueira que

“O dia da raça”

Esta expressão está a marcar o dia de Portugal e foi proferida pelo Presidente da República, em Viana do Castelo. A gaffe foi considerada inadmissível pelo Bloco de Esquerda e do PCP. De facto, a expressão faz-nos regressar a outros tempos menos recomendáveis, mais salazaristas. A expressão “dia da raça” é, sem margem para dúvidas, infeliz; não só por ser utilizada num período histórico que não deixou saudades, embora haja quem contrarie esta ideia, mas essencialmente porque a expressão em si é infeliz por conter a ideia de existir uma raça portuguesa implicitamente superior, o que justificaria a sua comemoração. O Presidente da República terá cometido uma gaffe , é certo, mas fê-lo, provavelmente, de forma não intencional. O Bloco de Esquerda e o Partido Comunista estão no seu direito de manifestarem a sua indignação, mas deviam abster-se de fazer desta questão o centro das comemorações do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Com efeito, quer o Bloco de Esquerda quer o PCP a

Os desafios de Barack Obama

Barack Obama, depois da sua histórica nomeação, tem novos desafios pela frente. O apoio veemente da senadora e sua opositora democrata, Hillary Clinton, é de grande importância para as aspirações de Barack Obama. Deste modo, Obama terá mais possibilidades de contar com os votos das mulheres, de uma parte substancial da classe média, das classes mais pobres e dos hispânicos, que têm sido os apoiantes da candidatura de Hillary Clinton. Mas os desafios de Obama não se prendem apenas com a reconciliação do partido – que conta agora com o empenho da senadora do Estado de Nova Iorque – e com a conquista dos eleitores mais próximos de Clinton; os desafios estão relacionados com propostas políticas propriamente ditas. Uma das críticas à campanha interna do Senador do Illinois está precisamente na ausência de substância no teor das propostas apresentadas. Agora que Obama tem de fazer frente ao candidato republicano, John McCain, é o projecto político de Obama que necessita de ser o centro das a

Razões para censurar o estado da nação

Ocupar o espaço político mais à direita ou mais à esquerda não é tarefa fácil. Fácil é encontrar incongruências em ambos os espaços ideológicos. À esquerda deparamo-nos com exageros que podem gerar iniquidades. À direita, temos dificuldades em nos identificarmos com o conservadorismo dos valores, e temos noção dos perigos do neoliberalismo económico. Assim, correndo o risco de fazer uma amálgama de direita e de esquerda, é preferível mostrar concretamente o que seria profícuo para o país, no entender da autora deste texto, claro está. Qualquer intervenção começar inevitavelmente com a questão do Estado. O Estado deve ter menos preponderância, mantendo sob sua alçada áreas tradicionais como Saúde, Justiça, Educação, Segurança e Defesa. Salvaguardando também que todos os cidadãos tenham acesso a estes serviços ou sejam abrangidos por eles, de tal forma que os mais desfavorecidos não sejam excluídos. O Estado, igualmente, deve combater o despesismo, a subsidio-dependência; acabar com uma

Mais oposição

Avizinham-se tempos conturbados para o Governo de José Sócrates. As razões que justificam essa evidência prendem-se com o facto de tanto à esquerda do PS como à direita (?) estarem a ocorrer mudanças determinantes. À direita, o PSD conta agora com uma nova liderança longe da anterior que se caracterizava pela tibieza e pela ineficácia política. À esquerda, assistimos, esta semana, a um evento que juntou, ou pelo menos tentou juntar, as várias esquerdas. Esse evento contou com a participação de Manuel Alegre que é a voz mais audível de uma parte do PS que não se revê nas políticas do Governo. Ainda em relação à esquerda, é evidente o crescimento do Bloco de Esquerda e do PCP nas intenções de voto. Segundo as sondagens, estes dois partidos poderão conquistar vinte por cento do eleitorado. O descontentamento dos cidadãos é a causa desse aumento significativo. O Governo de José Sócrates conta, assim, com um período mais complicado, não só devido às alterações no espectro político, mas tamb

Momento histórico

Barack Obama anunciou que é o candidato democrata às eleições presidenciais de 4 de Novembro deste ano. O momento é histórico, não só por se tratar do primeiro afro-americano a chegar às eleições para a presidência americana, mas fundamentalmente por Barack Obama ter saído vencedor de umas primárias democratas como provavelmente nunca se vira nos EUA e por ter conseguido mobilizar o partido e os Americanos de forma absolutamente inédita, restaurando as esperanças de um povo deprimido. O mérito pertence todo a Barack Obama. O discurso de mudança de Obama é um sinal de esperança para um país que sofreu um retrocesso, a vários níveis, na última década. Barack Obama tem ainda o mérito de ter conseguido destronar a outra candidata democrata, Hillary Clinton, que desde o primeiro momento era vista como a candidata favorita. O senador do Illinois, visivelmente um outsider, tem reconhecidamente vários méritos e deu provas, durante esta exaustiva campanha interna, de que é alguém em que os Amer

800 milhões

800 milhões é o número indicado pelo Tribunal de Contas (TC) de despesa ilegal do Estado. O TC divulgou um relatório segundo o qual a despesa pública irregular ascende a mais de 800 milhões de euros. Consequências? Aparentemente nenhumas. O TC limita-se a divulgar informação de irregularidades, fundamentalmente pagamentos que constam do orçamento, transferências irregulares de dinheiros públicos de autarquias para empresas públicas e algumas operações do Tesouro. A notícia é, de facto, constrangedora para quem gere dinheiros públicos e exige do contribuinte tudo e mais alguma coisa. Ontem, curiosamente, a manchete do jornal “Público” foi a seguinte: “Fisco vai telefonar aos contribuintes para cobrar dívidas em atraso” Quando se fala na preponderância do Estado, à margem das teorias neoliberais, está-se precisamente a referir a esta forma de actuar do Estado. Assim, será aceitável que haja irregularidades na despesa do Estado, na ordem dos 800 milhões de euros, sem que o Estado tenha de

Não há infracções à lei da concorrência

É esta a conclusão do relatório da Alta Autoridade da Concorrência. Parece que não há indícios de concertação de preços e de cartelização. O ónus do problema passa agora para o lado do Governo que vai, naturalmente, sofrer uma acentuada pressão para reduzir o peso da carga fiscal no preço final dos combustíveis. O relatório, tão esperado, veio apenas confirmar aquilo que já se sabia que iria acontecer – as principais empresas petrolíferas saem incólumes deste processo. A questão do oligopólio da Galp, por exemplo, parece não ser particularmente importante. O Governo fica agora numa situação mais complicada. Com efeito, a carga fiscal é elevada, em particular comparativamente com Espanha; mas é estranho verificar a proximidade de preços entre as principais marcas e a discrepância de preços quando se compara essas marcas a marcas brancas, normalmente associadas a supermercados. Dir-se-á que essas marcas brancas poderão eventualmente reduzir margens de lucro que depois compensarão com as

Hillary não desiste

A disputa entre Barack Obama e Hillary Clinton não parece esmorecer, apesar do contínuo distanciamento do senador de Illinois. Hillary Clinton não desiste e afirma pretender contestar a decisão do comité de regulamentos do Partido Democrata. A ameaça de que a decisão sobre quem será o candidato democrata às eleições presidenciais americanas só será definitiva em Agosto ganha, pois, força. Na verdade, Barack Obama tem vindo a distanciar-se da sua oponente Hillary Clinton, estando mesmo próximo de reunir o número de delegados necessários para as eleições. Apesar da probabilidade de Hillary Clinton vir a conseguir ganhar a nomeação parecer muito escassa – matematicamente ainda é possível –, a candidata recusa-se a abandonar a corrida. Barack Obama tem vindo progressivamente a abandonar a estratégia de oposição a Clinton, para passar a ter como alvo o candidato republicano John McCain. O senador do Illinois talvez não contasse com a preserverança da sua opositora que, não obstante já estar

As razões da euforia

Começámos agora a assistir ao regozijo colectivo em torno da selecção nacional, o que só por si merece uma tentativa de se explicar as razões de tamanha euforia. Com efeito, todos se juntam em redor de uma equipa de futebol que enverga as cores nacionais, numa competição europeia onde figuram as grandes potências europeias, potências económicas entenda-se. Ora, só através do futebol podemos reviver momentos de grandeza entretanto desvanecidos. A grandeza de outros tempos não regressará, mas podemos ainda assim ambicionar ser os melhores da Europa – no futebol. E será assim que Portugal levará o seu nome mais longe, através do futebol, de tal forma que um dia o país mais ocidental da Europa será conhecido como o Brasil da Europa do futebol. É também curioso verificar que durante o decorrer destes rituais de apoio à selecção, todos são iguais, não há verdadeiramente diferenças; desde o sapateiro ao ministro da nação todos são iguais – uma espécie de nivelamento social de carácter efémero

Inanidades

O fim-de-semana foi pródigo em acontecimentos, mais não seja porque o maior partido português mudou de liderança. Mas não terá sido esse o grande acontecimento do fim-de-semana, pelo menos na percepção da comunicação social. A selecção nacional, entre partidas e chegadas, teve um amplo tratamento na comunicação social – directos, entrevistas, festas coloridas, recepção do Presidente da República –, um país inteiro a abraçar o sonho de vencer o campeonato europeu de futebol. Todos os canais de televisão mostraram ad nauseum as mesmas imagens, os mesmos rostos, as mesmas palavras, as mesmas minudências, as mesmas inanidades. O entretenimento, em Portugal, toma conta dos corações e do discernimento das pessoas. É claro que o entretenimento faz parte da vida, e ainda bem que é assim; mas não se justifica que assuntos mais prementes fiquem relegados para um segundo plano porque não são tão coloridos nem tão esfuziantes. Há tempo e espaço para tudo. Dir-se-á que o povo está cansado de ouvir