Avançar para o conteúdo principal

Mugabe "vencedor"

Robert Mugabe foi declarado vencedor das eleições presidenciais no Zimbabwe. Este é um cenário esperado, não obstante a acentuada pressão internacional que exigia o respeito pelos princípios democráticos arredados pelo agora reeleito Robert Mugabe. Confirma-se assim a pouca eficácia da comunidade internacional, designadamente da União Africana.
Esta é uma péssima notícia para um país devastado pela visão obscurecida do velho ditador. Nestas circunstâncias, a probabilidade do Zimbabwe se afundar de vez da inviabilidade volta a ser demasiado elevada. Com efeito, os zimbabweanos mantiveram alguma esperança na possibilidade de Mugabe se afastar do poder, em virtude da vitória do seu opositor em Março passado. Mas essa possibilidade foi rapidamente esmorecida pela violência que recaiu sobre apoiantes do MDC e morreu definitivamente com o anúncio de desistência de Morgan Tvsangirai – o líder do MDC.
Todavia, é possível vislumbrar alguns sinais de esperança, em particular no aumento da pressão de vários países africanos sobre as tiranias de Mugabe. A África do Sul talvez seja o melhor exemplo – um país que abandonou a atitude de apoio a Mugabe, passando a mostrar algum repúdio pelo desrespeito de Mugabe em relação às irregularidades das últimas eleições e ao constante recurso à violência no país, com o habitual beneplácito de Robert Mugabe.
De um modo geral, espera-se que a constante pressão internacional, em particular de países africanos, não esmoreça com a “vitória” de Mugabe. É também do interesse dos países vizinhos que o Zimbabwe saia da espiral de pobreza, violência e ruína da economia em que caiu nos últimos anos. Recorde-se que há poucas semanas as televisões internacionais mostraram imagens chocantes de violência xenófoba na África do Sul em que a maioria das vítimas eram precisamente zimbabweanos fugidos do seu país de origem. Um Estado falhado é o melhor reduto para a violência que, amiúde, se prolifera.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa