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A mostrar mensagens de março, 2018

Uma machada nas esperanças de um novo bloco central

António Costa, em entrevista à visão, enfraqueceu de forma inexorável a ideia de um bloco central. O primeiro-ministro foi ainda mais longe afirmando que o bloco central "empobrece a democracia" - a frase, lapidar, faz capa da revista. No outro lado de um hipotético e desejado bloco central, está Rui Rio a afirmar a forte possibilidade do seu partido votar contra o Orçamento de Estado. A frase é dita, sem particular convicção ou sem a convicção de outros tempos, mas está dita. Consequentemente, a ideia de Bloco Central, que conta com adeptos no PS e sobretudo no PSD, fica assim seriamente enfraquecida como possibilidade de futuro. Numa entrevista franca, Costa manifesta vontade numa reedição da actual solução política, com o PS a ser suportado por PCP, Verdes e Bloco de Esquerda. Aqueles que pugnam por um bloco central - terreno onde grassa a promiscuidade entre poder político e poder económico - vêem assim as suas aspirações com poucas ou nenhumas possibilidades de co

A Rússia, o eterno problema

Pelo menos para EUA e para a Europa, e décadas depois do fim da guerra fria e do desmoronamento da União Soviética, a Rússia continua a ser olhada como um problema, sobretudo agora que reclama vitória sobre o Daesh na Síria e, consequentemente, consolida o seu poder na região, fortalecendo alianças com o regime de Bashar al-Assad no que resta da Síria e com o Irão - apontado invariavelmente como inimigos americanos. Alegadamente o regime russo terá envenenado um agente duplo em Inglaterra, resultando este acto na expulsão de diplomatas russos, primeiro pelo governo britânico e depois por boa parte da Europa e dos EUA.  O referido envenenamento é tratado quer pelos responsáveis políticos europeus (Portugal é uma excepção) quer pela comunicação social como um dado adquirido que não carece de quaisquer provas - o regime russo envenenou um agente duplo, ponto final. Seja como for esta espécie de reedição da guerra fria, com claras diferenças, a começar pela crescente tibieza america

Uma prisão para gáudio de muitos

"Puig-the-end" é o título de um artigo de opinião no jornal El Pais, reproduzido pelo Expresso português. A prisão de Puigdemont e o fracasso das ambições independentistas e algumas meramente apologistas de mais soberania são razões para regozijo daqueles que querem simplesmente esmagar as aspirações de um povo. Rajoy e  sus muchachos  da ala fraquista do PP escondem-se por detrás do sistema judicial para ajustarem contas políticas e estão efectivamente a ser bem sucedidos. Para já. Resta saber como reagirá parte dos catalães, aqueles que lutam por mais soberania e aqueles que lutam pela independência. Para já, assiste-se a manifestações, umas pacíficas, outras nem tanto. Mas até quando? Será que o povo catalão, boa parte dele, continuará a ser esmagado sem nenhuma reacção para além das manifestações? Rajoy e  sus muchachos  brincam com o fogo. Rajoy porque é fraco, tão simples quanto isto, e procurou através da questão catalã passar a imagem contrária;  sus muchachos  p

Ainda há prisões políticas na Europa?

Depois da detenção de cinco dirigentes independentistas, uma detenção que incluiu Jordi Turull, o candidato à presidência da Generalitat, agora foi a vez do próprio Carles Puigdemont. Já na semana passada também 13 independentistas foram acusados de rebelião pelo Supremo Tribunal - recorde-se que estes 13 independentistas estiveram envolvidos na organização do referendo soberanista. Carles Puigdemont já se havia afastado da liderança da Generalitat, facto pouco relevante para as autoridades espanholas, que através de um mandato internacional conseguiram finalmente a sua detenção. Quem estava na frente para o suceder também já tinha sido também detido. Mariano Rajoy sempre se manifestou apologista da repressão, rejeitando a possibilidade de diálogo. Rajoy um líder inusitadamente débil, conta no entanto com o isolamento internacional da causa independentista, designadamente com uma Europa confusa, amedrontada pela sua sombra disforme e presa aos interesses económicos. Resta assim

Rui Rio, já é líder do PSD?

Oficialmente. Na prática poucos reconhecem em Rio um líder em plenas funções. Apesar ocupar o cargo de Presidente do PSD desde o congresso, Rui Rio ainda não parece ser efectivamente líder do partido. Na verdade e apesar do tempo ir passando, Rui Rio está mais ocupado em lidar com as polémicas do que propriamente com a liderança do maior partido da oposição. Primeiro foi a forte contestação à escolha de Elina Fraga, ex-bastonária da Ordem dos Advogados envolvida em processos judiciais e pessoa que se repugna com as esquerdas. Agora é a vez do secretário-geral do PSD, Barreiras Duarte, ter mentido sobre as suas habilitações académicas, inventando ter sido professor convidado em Berkeley. Recorde-se que este criativo já foi chefe de gabinete de Passos Coelho e secretário de Estado Adjunto do inefável Miguel Relvas. Talvez se Barreiras Duarte ocupasse ainda um desses cargos não existiria polémica. Quem sabe? Entre as polémicas, Rio não está a ter a oportunidade de se afirmar co

Mais uma demissão

O mandato de Donald Trump será caracterizado por um conjunto inusitado de episódios tristes, mas as demissões que se avolumam desde que o inefável Presidente americano tomou posse deixam inquietações quanto a qualquer resto de seriedade que possa existir nesta Administração. Agora foi a vez de Rex Tillerson sair pela porta pequena, ofuscado pelo ego do pior Presidente que os EUA jamais conheceu. O anúncio foi feito no Twitter, claro está. Incrivelmente o ex-patrão da ExxonMobil conseguiu dar algum bom senso a uma Administração dominada pela incúria e pela arrogância. É incrível como é que um dos patrões de uma petrolífera consegue representar uma evolução ao pé do Presidente americano. Sinais da degradação em que se tornou a Casa Branca. Torna-se difícil escrever sobre esta Administração, é simplesmente tudo tão negativo que ultrapassa as palavras e os argumentos. Esta demissão significa antes de tudo que apenas a mediocridade e a ignomínia têm assento permanente na Casa Branca.

A esperança da direita

Depois da saída de Passos Coelho e sobretudo depois da nova liderança encabeçada por Rui Rio não entusiasmar viva-alma, há quem olhe para o CDS com esperança, tratando-se sobretudo de uma nova esperança para a direita mais conservadora. O congresso do CDS serviu não só para consagrar a actual liderança, mas também para manifestar um conjunto de intenções que sublinham, reiteradamente, que o partido de Assunção Cristas não está disposto a entendimentos com o Partido Socialista (a repetição chegou a ser patológica) e que está, ao invés, empenhado em encher as medidas de uma direita que não se revê no PSD de Rio. Apesar da sua dimensão, o CDS procurará, num primeiro plano, afirmar-se como um partido de direita alternativo à confusão que está instalada no PSD, ora com Rui Rio a afirmar-se contra um bloco central, mas em simultâneo a procurar entendimentos; ora com Rui Rio a declarar-se social-democrata nuns dias e noutros nem tanto. É evidente que o CDS pode tirar alguns dividendos

Mas o PS alguma vez manifestou intenção de se coligar com o CDS?

O fim-de-semana poderia ter sido marcado pelo congresso do CDS-PP se alguém estivesse verdadeiramente a prestar atenção, excepção feita a alguns saudosistas de uma democracia-cristã que já não existe e de outros, também em número insignificante, saudosistas de outros tempos, e com esperança que o CDS possa vir a ser mais do que é. Porém e para os poucos que prestaram alguma atenção, destaca-se um número inusitado de intervenções com garantias de que o CDS não se entenderá com o PS, impondo-se a seguinte questão: será que o PS alguma vez manifestou intenção de se coligar com o CDS? A resposta é obviamente negativa. Na verdade, o CDS preferiu fazer do PS elemento central nos seus discursos para não tocar na alteração na liderança do PSD, o que poderá inviabilizar a tábua de salvação do CDS: coligação com o PSD. Rui Rio não é Passos Coelho e o PSD que preconiza parece conter esse afastamento do CDS, pese embora existam vozes no seu partido que pugnam por essa aproximação. Resta as

Brincar com o fogo

O actual Executivo, apesar de ser coadjuvado por partidos que habitualmente estão fora do chamado arco de governação, insiste em ser igual aos outros, nos piores aspectos possíveis. Só deste modo se compreende a notícia da Visão que dá conta de problemas estruturais na Ponte 25 de Abril que só não solucionados porque o Ministério das Finanças não liberta o dinheiro necessário para a intervenção. E, num contexto de problemas estruturais que colocam em causa a segurança da ponte, o processo arrastou-se, empurra-se com a barriga. No mesmo dia em que se conheceu a capa da Visão, o Governo prometeu uma intervenção urgente ainda este mês de Março. Brincar com o fogo e sobretudo brincar com os sismos, num país em risco sísmico. Como reagiria a Ponte 25 de Abril. fragilizada, segundo o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a um sismo de intensidade considerável? No Ministério das Finanças ninguém pensa que não vale a pena arriscar vidas, num desastre que a acontecer seria inédito pela d

Aproximações PSD - PS

A nova liderança no PSD parece disposta a aproximações impensáveis no tempo de Passos Coelho e o PS dá sinais de querer jogar em dois tabuleiros. De resto, o primeiro-ministro veio reiterar que essa aproximação do PSD ao PS não põe em causa a actual solução governativa que junta PS e partidos à sua esquerda. Entretanto, António Costa elogia a novidade de ver o PSD tão aberto ao debate. Em algumas matérias não causará estranheza ver o PS próximo do PSD, mesmo o PS de António Costa. No entanto, dificilmente os partidos à esquerd dos socialistas olharão com naturalidade para essa aproximação.  Com efeito, chegará o dia em que o PS terá forçosamente de fazer escolhas. Se porventura escolher o PSD inviabilizará a solução em vigor. Rui Rio tem procurado relevar a impossibilidade de qualquer espécie de reedição do famigerado bloco central, no entanto, essas afirmações e esclarecimentos nem sempre se coadunam com aquilo que é a vontade do próprio Rui Rio, sendo certo que a existênc

Agradecimentos na despedida

Manda a apetência que a democracia tem para o pluralismo e para a diversidade ideológica e a boa educação que deputados, membros do Governo e Presidente da Assembleia da República estendam os seus agradecimentos ao antigo primeiro-ministro e agora ex-deputado Pedro Passos Coelho. Foi assim na despedida. Esses agradecimentos, dispensados pelos partidos mais à esquerda do PS, são um mero exercício de boa educação e espírito democrático por parte de alguns deputados e membros do Governo. Na verdade, poucos reconhecerão no trabalho de Passos Coelho razões para agradecimentos, desde logo porque Passos Coelho coadjuvado por Paulo Portas, forçaram a solução troika para abrirem as portas à aplicação de uma ideologia radical e para fundamentarem essa aplicação lamentando-se que não tinham alternativa porque o anterior Governo deixou o país na falência.  Contra tudo e contra todos, até porque os negócios assim o exigem, e mesmo apesar da relutância da Alemanha, Passos Coelho levou a sua

Itália: resultados eleitorais desfavoráveis à UE

A União Europeia tem-se colocado à parte do que se passa dentro dos Estados-membros que a compõem, mesmo entre aqueles onde se assiste a um recrudescimento do nacionalismo e do racismo. Assim sendo, a países como a Polónia, a Hungria, a Republica Checa e a Eslováquia pode-se juntar agora a Itália, com a extrema-direita a conseguir um resultado histórico, deixando para trás a Força Itália de Sílvio Berlusconi. Apesar de ser um cenário difícil de concretizar, não está afastada a possibilidade de ser a extrema-direita a formar governo, embora tenha sido o Movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo, agora liderado pelo jovem Luigi di Maio, a ser o partido mais votado. Porém, este é um movimento anti-sistema. Para trás ficaram o partido de Berlusconi, acusado e condenado por fraude fiscal e por isso impossibilitado de ser empossado, e o partido de Matteo Renzi, ex-primeiro-ministro, e maior representante do centro-esquerda que acabou por se demitir. A Liga Norte, agora conhecida apenas por

Último dia

Num contexto de circo a arder, leia-se PSD a arder, Passos Coelho despediu-se do Parlamento. Escassos dias depois de se ter despedido da liderança do PSD. Deixará saudades entre as hostes laranjas, como se vê pelas dificuldades que a orfandade do ex-primeiro-ministro coloca à nova liderança, desde logo a começar pela própria liderança da bancada parlamentar, com o Presidente a conseguir o pior resultado de que há memória. De resto, Rui Rio que aparentemente quer romper com a herança deixada por Passos Coelho sente a sua vida particularmente dificultada por quem vê na mediocridade e naquela espécie de neoliberalismo de pacotilha o caminho a seguir - o único caminho a seguir. Passos Coelho, diz-se por aí, com manifestas dificuldades em esconder um sorriso jocoso, fará o seu caminho no mundo académico e dificilmente regressará ao partido: deixou seguidores da sua espécie de ideologia, mas seguidores que estão disponíveis para seguir um outro líder, com a mesma base ideológica, mas c