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A mostrar mensagens de dezembro, 2016

Um ano para esquecer

Para Passos Coelho 2016 foi um ano para esquecer. Contrariamente às suas expectativas, a solução política à esquerda funciona e dá sinais de vitalidade. Sozinho ou mal acompanhado - Maria Luís Albuquerque não conta como boa companhia na medida em que não acerta uma para a caixa, apenas intensifica, com recurso à mentira, o cinzentismo de Passos Coelho  - o anterior primeiro-ministro vive triste com a sua situação e mais triste ficará quando pensa no futuro. O futuro. Qual futuro? Passos Coelho ainda é líder do PSD porque ninguém ambiciona o seu lugar tendo em conta a actual conjuntura. De resto, a dita conjuntura não podia ser mais desfavorável. A geringonça, como se disse, funciona. A economia portuguesa não se afundou; o Presidente trabalha e coopera com o Governo e nem as instituições europeias podem valer a Passos Coelho - Merkel e o seu ministro das Finanças encontram-se enfraquecidos; o Brexit e a vitória de Trump atiram a Europa para a insignificância enquanto a mesma Europ

Um mundo mais instável

Todos anseiam pelo fim de 2016, mas não estou tão certa assim que outros tantos, no sentido diametralmente oposto, anseiem pelo início de 2017.  O ano que agora se aproxima do fim não deixará saudades, pelo menos a avaliar pelas conjunturas internacionais. Senão vejamos: - A UE mostra-se incapaz de recuperar o que quer que seja do projecto europeu, mantendo-se longe dos cidadãos, entregue a políticos medíocres e a tecnocratas acéfalos. A crise dos refugiados apenas veio tornar mais visível as debilidades europeias e a quase total ausência de coesão. A Zona Euro, por sua vez, mantém-se à tona da água com a ajuda preciosa do BCE, sem que alguém arrisque qualquer espécie de viabilidade para a mesma. - O Brexit, para além de ter contribuído para o aumento da instabilidade no seio da Europa, traz consigo todo um mundo de incertezas e revela que por muito pouco os cidadãos fazem escolhas com o claro objectivo de mostrar o seu desagrado relativamente a questões colaterais e que nada te

Uma presidência activa, mas sensata

Por altura de balanços, importa também relembrar o ano de presidência de Marcelo Rebelo de Sousa. À parte de uma certa tendência populista, o facto é que se trata do dia (Marcelo) em oposição à noite mais taciturna (Cavaco Silva). Para todos os efeitos práticos, este ano de Marcelo tem tido o condão de trazer estabilidade política, sendo essencial para a viabilidade da solução de esquerda encabeçada por António Costa. Contrariamente ao seu antecessor, Marce lo prefere trabalhar com o Governo em funções, colocando, pelo menos para já e pelo menos até uma mais do que provável reeleição, as questões partidárias de lado. Para tal conta com um primeiro-ministro que partilha consigo um optimismo contrastante com o cinzentismo de Passos Coelho - apostado em diabos e outras entidades esotéricas. Passos Coelho aliás já demonstrou não encaixar no estilo adoptado pelo Presidente da República que, a par das suas provocações esporádicas mas decisivas na cada vez menos salutar relação entre Mar

A gerigonça é afinal um exemplo para o mundo

Com o final do ano a aproximar-se vertiginosamente é altura de balanços. Comecemos, pois, pela famigerada geringonça. No final de 2015, a solução política encabeçada por António Costa suscitava uma multiplicidade de dúvidas. Poucos tinham certezas quanto à viabilidade de uma solução que incluía Partido Socialista, Partido Comunista, Bloco de Esquerda e Partido Ecologistas “Os Verdes”. Hoje, poucos são aqueles que têm dúvidas quanto à viabilidade desta solução, designadamente para a actual legislatura. Apesar das dificuldades emergentes de diferenças, particularmente ideológicas, entre os diferentes partidos (o aumento do salário mínimo à custa de uma redução da TSU constitui claramente um desafio), a famigerada geringonça vai fazendo o seu caminho, contrariamente a uma oposição medíocre e enfraquecida. Enquanto Passos Coelho tem o seu destino traçado – o esquecimento -, António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa continuam, apesar das dificuldades, a traçar o caminho que

A importância do petróleo

A RTP prestou serviço público digno desse nome ao elaborar uma peça explicativa sobre a origem doconflito na Síria , convidando para o efeito dois comentadores que completaram, com o objectivo informativo, a peça, tudo muito distante do que a comunicação social costuma regurgitar – cacofonia, tudo menos informação. Nesse referido programa é explicado que subjacente ao conflito na Síria está, naturalmente, a questão energética, designadamente o petróleo e o seu controlo. Bashar al-Assad passou a ser inimigo do Ocidente e ainda mais de países como Arábia Saudita, Qatar ou Turquia depois de ter anunciado a sua intenção de fazer da Síria uma plataforma energética, através também da construção de um oleoduto que passaria por países como o Irão, Iraque, Chipre e Grécia. De um modo geral, o líder sírio passou a ser um pária quando decidiu, contrariamente à sua ideia inicial, passar o referido oleoduto por países xiitas, em detrimento dos sunitas. Subsequentemente apareceram os apoios a

Erros do passado, consequências no presente

Um diplomata assassinado pelas costas diante de câmaras de televisão. Um camião atropela indiscriminada e propositadamente seres humanos em plena época natalícia. O mundo fica novamente horrorizado. Na Síria a morte está presente em todo o lado, todos os dias. As maiores potências dividem-se ou para apoiar uns ou para apoiar outros, de forma mais ou menos tácita. Os erros do passado têm, naturalmente, consequências no presente. Os erros de julgamento, a que o petróleo não é alheio, e que fez de ditadores seculares os verdadeiros inimigos enquanto se subestimava a ameaça do fundamentalismo religioso - um fundamentalismo que mata o espírito crítico e como tal não aceita a democracia que se pretendia implementar nessas regiões; um fundamentalismo que mistura tudo: religião, política, economia, direito; um fundamentalismo que se espalha sem controlo. Os EUA apostaram desde cedo numa política hegemónica que se traduziu amiúde na mais obscena ingerência - veja-se o caso da América Cen

Por momentos

Por momentos o terrorismo, o fundamentalismo religioso e o famigerado Daesh e associados deixaram de parecer tão maus quanto isso. A julgar pelo que se lê e se ouve na comunicação social apenas Bashar al-Assad, os russos e os iranianos são os maus da fita. Por momentos, o terrorismo passou a ser designado por "rebeldes", alheados do pior que se passa em Alepo - responsabilidade exclusiva de Bashar al-Assad. É certo que Assad não é outra coisa que não um déspota que, quando ameaçado, revela toda a sua prepotência, manifestando mesmo um indisfarçável desprezo pela vida dos concidadãos. Mas também é certo que os tais "rebeldes" muitos deles com ligações ao Daesh (mesmo entre os apelidados de moderados não se podem ignorar algumas simpatias) foram apoiados, inclusivamente do ponto de vista militar, por países como os EUA e países europeus. Enquanto se diabolizava o Daesh para consumo interno, apoiava-se simultaneamente grupos sunitas com ligações a esse mesmo Daesh

Um homem sem nada para dizer

Passos Coelho é, e provavelmente sempre terá sido, um homem sem nada para dizer. Hoje essa inexorável ausência de ideias é escamoteada com tentativas de elaborar frases desprovidas de sentido e, como tal, aparentemente enigmáticas. Primeiro foi o diabo que chegaria em Setembro, hoje Passos Coelho afirma que não proferiu a referida frase com qualquer objectivo derrotista. Aliás, a frase que lhe correu manifestamente mal, foi interpretada erradamente pela comunicação social. Agora Passos Coelho, novamente sem nada de concreto para dizer, decidiu fazer alusões natalícias, desta feita com recurso aos três Reis Magos. E novamente a frase, desprovida de sentido, parece cair no registo enigmático. Nada disso, Passos Coelho simplesmente não tem, como nunca teve nada para dizer. Como recurso, elabora afirmações subjectivas, anódinas e amiúde despidas de sentido. A vida corre mal a Passos Coelho, num contexto de geringonça funcional com o apoio do Presidente da República, sem os habituais

Conflito na Síria

A complexidade do conflito na Síria ganha nova notoriedade com a situação em Alepo. Se por um lado não se encontra um laivo de moralidade nas partes envolvidas no conflito e se reconheça que essa moralidade anda amiúde alienada das intenções das partes envolvidas numa guerra; por outro lado, a complexidade e diversidade, patentes sobretudo entre as forças rebeldes, não ajudam a perceber o conflito. A comunicação social mostra-se pouco interessada em fazer o seu trabalho informativo. Para se abordar um tema de tal complexidade é necessário antes de mais contexto. Ao invés, as televisões despejam imagens da tragédia, frequentemente sem qualquer contexto ou com recurso a informações não fidedignas.  Alguns já questionam e procuram aferir por que razão os civis não abandonaram Alepo quando as armas se calaram. Outros avançam que terá sido o Irão a complicar a saída de civis da cidade. Onde está a verdade? Do lado daqueles que são apoiados pela Arábia Saudita? Numa situação de partic

Alepo

Alepo. Conhecida cidade síria pelas piores razões. A morte encontrou o seu habitat natural em Alepo, como noutras cidades sírias.  Entretanto, um pequeno sinal de esperança num cessar-fogo acordado entre rebeldes e forças governamentais numa história que conta com heróis - os habitantes de Alepo -, mas conta também com dois vilões de peso: os rebeldes, inicialmente apoiados por algumas proeminentes nações ocidentais e o regime de Bashar al-Assad apoiado pela Rússia e mais recentemente pela Turquia. O cessar-fogo permitirá a evacuação de 50 mil civis. Teoricamente. Nesta história difícil de contar, sobretudo no século XXI, os vilões são aqueles que, manifestando um desprezo surreal pela vida humana, se digladiam ferozmente, transformando boa parte do território sírio num inferno na terra. Alepo é uma cidade destruída, irreconhecível, O cessar-fogo, a ser respeitado, tem um impacto na cidade de Alepo, ficando por saber o que acontecerá noutras cidades sírias. O cessar-fogo, a ser

Tudo pela saída limpa

Todos recordamos a imperiosa necessidade de Portugal encontrar uma "saída limpa". Passos Coelho e os seus acólitos tudo fizeram para que esse fosse o grande desígnio nacional. E assim foi, ao ponto de em nome da tal saída limpa se esconder toda e qualquer porcaria que pudesse comprometer esse impoluto objectivo.  Vem isto a propósito da Caixa Geral de Depósitos - fonte de todas as críticas dos partidos da oposição, designadamente do PSD liderado por Passos Coelho. Segundo o anterior e não-conformado-com-a-situação primeiro-ministro, o seu Governo tudo fez pela CGD, aliás, o seu Executivo, segundo Passos Coelho, terá sido o único a colocar dinheiro no banco do Estado (o mesmo que não escondeu querer privatizar). No entanto, vem a saber-se que, em nome do tal desígnio nacional - a saída limpa -, Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças de má memória, esconderam os problemas da CGD e nem o Tribunal de Contas poupa nas críticas à anterior governação. Ain

Os desafios de Guterres

Ontem foi o dia da tomada de posse de António Guterres como Secretário-Geral das Nações Unidas. A partir de agora Guterres terá uma multiplicidade de desafios, eventualmente mais gravosos do que aqueles que os seus antecessores tiveram que enfrentar, sobretudo comparativamente com aquele que agora cessa funções. Para além dos desafios óbvios e recorrentes, como a instabilidade no Médio Oriente, a Rússia e os conflitos em África, Guterres depara-se com outras dificuldades como a crise dos refugiados, a inesperada vitória de Trump e as alterações climáticas e as suas cada vez mais frequentes consequências. A crise dos refugiados, em larga medida indissociável da guerra na Síria, e o hermetismo e relutância de muitos países europeus na aceitação desses refugiados, representam um incomensurável desafio da nova liderança da ONU. A experiência de Guterres, creio eu, será importante, mas estará naturalmente longe de abrir portas que se recusam em ser abertas. A ausência de poder executiv

Itália: uma solução de recurso

O Presidente italiano nomeou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paolo Gentiloni, para o cargo de primeiro-ministro. Paolo Gentiloni desempenhava até agora funções no Governo de centro-esquerda do Partido Democrático. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros aceitou o cargo "com reservas". Esta é, evidentemente, uma solução de recurso. Pretende-se assim trazer alguma estabilidade, mesmo recorrendo a figuras tíbias e sem legitimidade conferida pelo voto, a um país que tem no seu sistema financeiro uma verdadeira bomba-relógio prestes a rebentar. Neste contexto de profunda instabilidade financeira, seria perigoso juntar-lhe instabilidade política que, embora seja familiar aos italianos, não é recomendável nos tempos actuais. Deste modo, Sergio Mattarella, Presidente italiano, optou por uma solução de recurso que permita a Itália respirar um pouco de alívio, durante algum tempo. Restam os partidos da oposição já entretanto ouvidos pelo Presidente, mas que anseiam por e

Retrocesso ambiental

Entre os inúmeros retrocessos prometidos por Trump, sobretudo de natureza civilizacional, talvez um dos mais inquietante - é difícil escolher - seja o ambiente. Depois de ter alegado que as alterações climáticas são invenção da China, Trump parece ter dado o dito pelo não dito, já enquanto Presidente eleito. Contudo, escolheu para a pasta do ambiente, chamemos-lhe assim, alguém que recusa com toda a veemência a questão das alterações climáticas. Com Obama foram dados alguns passos - tímidos, é certo - para combater e evitar uma tragédia para a humanidade. De resto, já são notórias as consequências das temperaturas médias e não há como negá-lo e na Cimeira de Paris os líderes de países como os EUA e a China deram boas indicações, quer de reconhecimento do problema quer no que diz respeito a acções concretas. No entanto, aproximam-se quatro anos de Trump, coadjuvado por quem parece perfilhar ideias absolutamente surreais, em todas as áreas, incluindo obviamente a área do ambiente. P

Relações difíceis

Passos Coelho, líder do maior partido da oposição e anterior primeiro-ministro não conformado com a sua actual situação, insiste em dificultar as relações com o Presidente mais popular da República, comprando uma guerra que nunca poderá vencer. Ora, se isto não é sinal de inépcia, então tenho dificuldades em deslindar o que será. Tudo se terá agravado aquando das comemorações do dia da Restauração da Independência, feriado suspenso por Passos Coelho. A sua ausência das comemorações ganhou particular relevo depois das duras palavras do Presidente da República, enfatizando o erro que constituiu a suspensão do feriado em questão. Passos Coelho, ausente, não terá gostado e, como a sensatez nem sempre parece imperar na R. de São Caetano, o anterior primeiro-ministro não conformado com a sua actual situação partiu para o ataque manifestando o seu agrado com o facto de Marcelo Rebelo de Sousa não ser o líder da oposição. As relações difíceis entre líder do PSD e Presidente da República t

Ignorar as causas

Apesar da incerteza em Itália, com a demissão do primeiro-ministro Matteo Renzi, procura-se sossegar os ânimos e trazer alguma ilusão de acalmia a uma Europa instável, afundada primeiro numa austeridade em doses cavalares, depois na crise dos refugiados e agora enfrentando o perigo da ascensão do populismo (um perigo que não é exactamente de agora, mas que se tornou mais visível depois do Brexit e da vitória de Trump). Espera-se o que o Presidente italiano vai fazer, talvez procurando convencer o primeiro-ministro demissionário a manter-se no cargo, numa espécie de gestão até 2018 - período de novas eleições, para já importa ficar até passar o Orçamento de Estado. Resta saber qual a posição dos partidos da oposição, designadamente do partido de Berlosconi, o movimento de Beppe Grillo ou a Liga Norte, todos pouco apologistas dessa possibilidade e todos defensores de um referendo sobre a permanência na Zona Euro ou até na UE. Muitos acusam agora Matteo Renzi, primeiro-ministro não

Europa e a instabilidade

Depois de uma boa notícia – a derrota da extrema-direita na Áustria – veio a bomba: o primeiro-ministro italiano, depois de uma inequívoca derrota no referendo por si proposto, demite-se. Ora, a instabilidade política criada pela demissão de Matteo Renzi traduz-se na forte possibilidade de novas eleições e de uma vitória de um partido ou movimento que leve a plebiscito a continuidade italiana no Euro. Conhecendo-se a evolução ou ausência da mesma na economia italiana nestes anos de moeda única e conhecendo-se também o sucesso de movimentos e partidos populistas, não será difícil adivinhar o resultado. O movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo parece o mais bem colocado para uma vitória, mas quem se propõe governar Itália acompanha Grillo nas fortes críticas à UE e ao Euro e parece disposto a levar a referendo a continuidade na moeda única. Matteo Renzi acabou por ser o maior foco de estabilidade para a Europa. Mais do que eventualmente se julgaria. Depois do Brexit, e da incerteza

Feriados que contam

Passos Coelho voltou a ter um mau dia, desta feita no primeiro dia de Dezembro. O Presidente da República não deixou de fazer uma forte e embaraçosa reprimenda ao antigo, mas não conformado primeiro-ministro, a propósito da retirada do 1 de Dezembro como feriado nacional. A reprimenda foi feita em comemorações que não contaram com a representação do PSD, sinal de um isolamento, mas igualmente do ressentimento que assola a Rua de S. Caetano. Passos Coelho e seus acólitos consideraram que a retirada de feriados, incluído os que celebram a República e a Restauração da Independência davam um contributo para o aumento da competitividade do país, tal como noutros tempos se considerava que era no poucochinho que deveria imperar a parcimónia, para dar o bom exemplo, ao mesmo tempo que a fome do povo era profusa; tempos em que a palavra “emoção” era inexistente, trocada por uma falsa promessa de estabilidade. É claro que Passos Coelho estava errado. Sabemos que há dias em que o melhor é não