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A mostrar mensagens de julho, 2018

O que faz falta é um Alberto João em cada esquina

Rui Rio anda perto da frase em epígrafe quando nos questiona se "já alguma vez imaginámos se em vez de um, houvesse quatro ou cinco Alberto João por esse país fora?". Os ares da Madeira provocaram uma acentuada excitação em Rui Rio, ao ponto de este não caber em si de felicidade de cada vez que tocava no nome de Alberto João Jardim. Não poupou elogios e foi ainda mais longe, sugerindo o paraíso na terra, ou melhor cinco ou seis Albertos por "esse país fora". Rui Rio aparece na liderança do PSD rodeado de uma aparente tibieza que esconde a sua veia populista à qual não será estranha um conjunto de  formas endurecidas de actuação, chocando naturalmente com as boas práticas democráticas. De resto, recorde-se a relação pouco democrática de Rio com a comunicação social, enquanto Presidente da Câmara do Porto. Quem faz a apologia do caudilho multiplicado por cinco ou seis dificilmente terá futuro na democracia. Percebe-se que a vida tem andado difícil

Um conselho à direita: não deixem passar esta oportunidade

Conselho aos dois partidos de direita: não deixem passar esta oportunidade que Ricardo Robles proporciona, desde logo porque são tão parcas as oportunidades que desperdiçar esta, mesmo sendo uma mão cheia de nada, constituiria um erro. É certo que a história parecia incomensuravelmente melhor do que acaba por ser. Quando a sexta-feira amanheceu com a promessa de finalmente se poder atacar os partidos de esquerda, sobretudo aquele partido porventura mais exasperante, contestatário, sempre a lutar por uma outra sociedade, criou-se um mundo de expectativas. Depois vieram os desmentidos do próprio Robles: afinal nenhuma injustiça havia sido praticada pelo vereador bloquista, designadamente contra os arrendatários. Sobra a tese da especulação imobiliária e para que essa tese seja de facto consistente, vamos esquecer o facto de se tratar de um imóvel com dois proprietários, o que implica avanços e recuos e tentativas de se chegar aos tão difíceis consensos. Esqueçamos isso, evite-s

A extraordinária ascensão da extrema-direita na Europa

O crescimento da extrema-direita na Europa, berço do fascismo, não causa propriamente espanto. Países como a Polónia, a Hungria, República Checa já sucumbiram à mesma e outros seguem o mesmo caminho ou estão prestes a chegar ao mesmo destino. É neste contexto que o sinistro Steve Bannon se propõe construir uma fundação para a promoção de movimentos eurocépticos de extrema-direita, com sede em Bruxelas. O movimento, ou movimentos, terá como objectivo central o controlo efectivo de fronteiras, um pouco na senda do que se passa nos EUA e que acontece na Europa, mesmo desrespeitando as regras comunitárias, como já sucede em alguns casos. Steve Bannon não vê mais do que uma oportunidade de expansão dessa extrema-direita no seio da Europa. De resto, os falhanços da UE na resolução das questões que se prendem com migrações, as participações de Estados-membros na instabilidade criada em algumas zonas do planeta e a mais gritante inépcia no que toca a lidar com o Presidente a

E se a geringonça não acabar?

E se, após as próximas legislativas, tudo se mantiver mais ou menos na mesma, ou seja, e se a geringonça continuar? Pasme-se! E se aquela mescla de esquerda que tantos profetizaram que acabaria cedo e da pior forma possível, não se extinguir nas próximas eleições? O que será da direita desorientada? Os portugueses, a julgar pelas sondagens, preferem esta solução; o Presidente da República quer esta solução porque os portugueses querem esta solução e porque António Costa não brilha o suficiente para o ofuscar; a direita não quer esta solução, mas também não sabe muito bem o que quer. O CDS, raiando o populismo mais poucochinho, sempre que pode, quer uma fatia de poder, mas não sabe nem como nem com quem. O PSD está dividido entre os poucos que seguem o actual Presidente e os muitos que ainda choram o desaparecimento do grande Passos Coelho. Ora, nestas circunstâncias, a tese que postula a necessidade de uma nova (velha) geringonça ganha força. E embora aquilo que uniu a e

Fim de Trump: será desta?

O Partido Republicano terá acordado e se deparado com o horror que é Donald Trump, tudo a propósito daquela cimeira em Helsínquia em que todos ficaram com a ideia que Trump deve muito a Putin, Presidente russo. Porquê e o quê? Não há certezas. A tal dívida estará muito provavelmente ligada a negócios entre Trump com oligarcas russo para financiar, no passado, negócios do agora Presidente americano. Os bancos convencionais viraram as costas a Trump e este socorreu-se de oligarcas russos que tinham vantagem neste e noutros negócios, designadamente operações de lavagem de dinheiro. De igual modo, parece difícil de argumentar contra a tese que vem na sequência do que acima foi explando e que dá conta da ingerência da Rússia nas eleições americanas com prejuízo evidente de Hillary Clinton e vantagem óbvia de Donald Trump. Perante isto e, sobretudo, perante a triste figura de ver o Presidente americano corroborar tudo o que Putin tem afirmado, desacreditando os próprios serviços

Quão baixo pode descer a política

Donald Trump é a prova viva que um político pode descer sem quaisquer limites. E o paradoxo reside no facto de terem sido os descontentes, visceralmente afastados da política e dos políticos a votarem em Trump - um homem fora do sistema, dizia-se, mas que na verdade está a destruir o que resta do tal sistema. O triste espectáculo proporcionado pelo Presidente americano, para gáudio de Putin, caiu mal quer entre democratas, quer entre os próprios republicanos. E quando se esperaria que o pior já tivesse passado, Trump veio dar o dito pelo não dito, alegando que se tinha enganado quando denegriu os seus próprios serviços secretos, elogiando a Rússia e o Presidente russo. Para tal chegou ao ridículo de invocar uma "dupla negativa". Na verdade nunca se havia visto algo assim, tão degradante e tão surreal - um Presidente americano a desacreditar, perante quem é acusado de ter ingerido nas eleições americanas - os seus próprios serviços de informação, sorrindo e

Quando não é possível acordar de um pesadelo

Quando não é possível acordar de um pesadelo resta-nos a angústia que nos perpassa de uma ponta à outra. Será provavelmente isto que muitos sentiram quando ouviram Trump admitir a hipótese de se recandidatar. A mera ideia e a simples possibilidade é avassaladora. Esta possibilidade de se recandidatar vem mais ou menos na mesma altura em que Trump afirma que a UE, a par da China, é um dos maiores inimigos  económicos dos EUA. Por muito que a arte da retórica nos tenha, eventualmente, abençoado, torna-se particularmente difícil escrever sobre a reedição deste inferno que temos vivido. Os EUA, sob a égide de Donald Trump, são hoje menos potência do que aquele néscio julga. E apesar desse retrocesso não seria de admirar que Trump voltasse a vencer as eleições, premiando-se a boçalidade mais abjecta. Mais cinco anos de intransigência, da tal boçalidade, do obscurantismo, de preconceitos e de um retrocesso indiscutível não será, obviamente, benéfico para ninguém, mas ser

Se a esquerda vai mal, o que dizer da direita?

O debate da nação representou a grande desilusão para uma direita convencida que esse mesmo debate mostraria ao país todas as fragilidades da famigerada “geringonça”. Saiu tudo ao contrário: apesar das dificuldades, a esquerda mostrou-se mais coesa do que muitos gostariam, não dando quaisquer sinais de cisão. Não passa tudo de um conjunto de exercícios para garantir os votos dos respectivos eleitorados. O Debate da Nação veio antes pôr a nu a tibieza da direita, inexoravelmente dependente de uma crise na “geringonça” para poder voltar a sonhar com o poder, designadamente o PSD. Se a esquerda vai mal, com divergências no que toca ao pagamento da dívida e às soluções para Educação e Saúde, o que dizer do vazio que continua a reinar à direita? No caso do CDS não há muito a dizer pura e simplesmente porque não passa nada para além da habitual vacuidade e amiúde imbecilidade (impossível encontrar outra palavra depois de ouvir Assunção Cristas comparar a tourada a um bailado, entre

Fracasso do Governo

O actual Governo quando falha, e tem fracassado em áreas como a Saúde e a Educação, fá-lo de forma clamorosa. O que é um sucesso para o ministro das Finanças, ao ponto de ser recompensado a nível europeu, representa também um desastre para quem necessita de cuidados de saúde ou para quem frequenta o ensino. O sucesso de uns - apresentado como o sucesso de todo um país - está muito longe de ser o sucesso da maioria. Serão sobretudo estas escolhas a poder colocar um ponto final na famigerada "geringonça" - a esquerda não pode compactuar com a destruição do SNS e da Educação e o PS está a fazê-lo. Por conseguinte, Augusto Santos Silva, está muito longe de acertar no que quer que seja quando dá mostras de optimismo quanto à reedição da geringonça, mais aprofundada, crê o ministro dos Negócios Estrangeiros. Não haverá nem "geringonça", nem "geringonça 3.0" se a destruição da Saúde e Educação continuarem, em nome de contas públicas sãs aos olhos e

O Brexit não foi bom para ninguém

E não terá sido certamente para Theresa May, fortemente inclinada para um acordo suave, mas que tem tido a veemente oposição de alguns membros do seu próprio governo. De resto essa oposição já se materializou em baixas, como foi o caso do famigerado ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson, e do ministro do "Brexit", David Davis. Agora a primeira-ministra inglesa encontra-se debaixo de fogo e o país tem tido dificuldade em encontrar uma forma consensual de negociar a saída, depois do resultado do referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia. Os ministros do governo de May demitem-se no seguimento daquilo que consideram ser um conjunto de cedências inaceitáveis. May prefere claramente uma saída suave e a UE, embora também nada ganhe com essa saída, aproveita o caos para endurecer a sua posição. Seja como for, sempre foi claro que o Brexit não é bom para ninguém, e muito menos o será para o Reino Unido.

Uma experiência a repetir

Aquilo que começou por ser alvo de todas as profecias da desgraça, passando pelo epíteto aparentemente depreciativo - "geringonça" - acabou por ser uma experiência francamente positiva. Apesar das diferenças e apesar ainda dos períodos de alguma instabilidade o Partido Socialista acabará por ser o mais beneficiado por esta solução governativa que permitiu aos partidos à esquerda do PS livrar-se de Passos Coelho e companhia, mas permitiu sobretudo ao PS voltar ao poder. Paralelamente, os cidadãos aprovavam esta solução política,   a julgar pelo resultado das sondagens.   Tudo apontaria, por conseguinte, no sentido de ser esta uma experiência a repetir. Porém, tudo indica que não será esse o caso. Com efeito, as circunstâncias mudaram: Passos Coelho - o elemento aglutinador - desapareceu da equação e António Costa tem insistido em sorrir para Rui Rio, gesto que os partidos à sua esquerda naturalmente não apreciam. Para que esta fosse uma experiência a repetir era neces

Um sonho: o fim da geringonça

O fim da tão famigerada "geringonça" é um sonho que continua bem vivo, sobretudo por estes dias e sobretudo desde a eleição de Rui Rio. É bem verdade que António Costa aprecia brincar com o fogo, caindo amiúde nas medidas típicas de um bloco central, mas daí a pensar-se que a geringonça chegará ao fim ainda antes das próximas legislativas pode parecer exagerado. Na verdade, Costa arriscará muito se, por mera hipótese, comprometer a actual solução governativa com a intenção de se coligar a um PSD cuja liderança é anódina e que está verdadeiramente partido em dois, com os herdeiros de Passos Coelho ainda à espera de alguém, sendo que esse alguém não é Rui Rio. Deixar cair esta solução política para encontrar soluções junto de um partido falido constituiria um erro colossal. No entanto, a esquerda à esquerda do PS tem de assumir posições substancialmente diferentes das adoptadas pelo PS - existe toda uma identidade ideológica a manter e fundamentalmente a fazer va

Polónia: ataque ao Estado de Direito

O Partido de extrema-direita polaco "Partido da Lei e da Justiça" desferiu um golpe potencialmente fatal no sistema de justiça do país, fragilizando o Estado de Direito e por inerência a própria democracia. Não precisou de muito tempo para proceder a esse ataque e nem tão-pouco recorreu-se a algum golpe de génio, apenas a elaboração de uma lei, feita à medida, com vista a afastar alguns juízes do Supremo Tribunal da Polónia. Resultado: saída forçada de 27 juízes do supremo, considerados pelo partido que governa o país, como sendo comunistas. A perseguição e limpeza que visam o afastamento de um determinado conjunto de juízes e que resultam no enfraquecimento do Estado de Direito terá consequências externas, de resto a Polónia entra assim em rota de colisão com a própria UE. Na verdade, esse desrespeito pelas regras europeias não trará grandes dissabores a um Governo que olha para a Administração Trump como algo de muito mais apetecível do que a democracia europ

O maior desafio da Europa

Há uns escassos quatro anos atrás dir-se-ia que o maior desafio da União Europeia seria a crise económica. Hoje dir-se-á que o maior desafio da Europa é a questão das migrações. É evidente que o problema económico não desapareceu, encontrando-se apenas adormecido, à espera que uma nova crise financeira o acorde. Quanto à problemática das migrações, a UE está apenas a pagar a factura de ter contribuído para a instabilidade de Estados como a Síria e a Líbia, assim como paga também a factura de ter apostado durante décadas numa política de integração acéfala e desregulada, tratando os imigrantes com um misto de paternalismo e permissividade, criando amiúde desigualdades na forma de tratamento entre cidadãos. O resultado, como não podia deixar de ser, está à vista: endurecimento das políticas migratórias, a criação e leis cujo o alvo é especifica e unicamente os imigrantes e toda uma deriva xenófoba. Nem a propósito, o New York Times (NYT) ofereceu aos seus leitores uma repo

Israel: Luta pela hegemonia

Herdeiro do Sionismo, o Governo israelita reforçou durante o passado fim-de-semana posições junto à fronteira setentrional com a Síria. A pretexto do incremento da luta entre o regime de Bashar al-Assad e as forças rebeldes, Israel mostra uma força mais musculada, intensificando deste modo – e na realidade – a sua luta pela hegemonia na região. Recorde-se que o Sionismo aventado no parágrafo anterior diz respeito ao principal movimento a dar origem ao Estado hebraico, defendendo o direito do povo judeu a regressar à Terra Santa e preconizando a necessidade imperiosa de garantir a sobrevivência desse Estado como forma de sobrevivência dos próprios judeus que, durante séculos, haviam sido perseguidos. Na senda desse Sionismo e junto aos Montes Golã – territórios roubados precisamente ao Estado Sírio durante a guerra dos seis dias – o Estado hebraico mostra a sua força, tendo ainda o despudor de evocar razões humanitárias para ajudar a justificar as movimentações militares. E