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A mostrar mensagens de outubro, 2008

Afeganistão esquecido

A guerra do Iraque, levada a cabo pelo ainda Presidente Americano, teve como um dos principais impactos a retirada de importância ao Afeganistão. Contrariamente à guerra do Iraque, a investida no Afeganistão apoiou-se em pressupostos bastante sólidos. Afinal de contas, foi no Afeganistão que Ossama Bin Laden treinou e desenvolveu todo o processo de doutrinação que veio, posteriormente, a culminar com os atentados nos Estados Unidos. A intervenção militar americana no Afeganistão teve assim uma sustentação, em sentido diametralmente oposto ao que se passou no Iraque. Mas o Afeganistão foi esquecido e relegado para segundo plano, quando este é um dos principais palcos do terrorismo. A guerra do Iraque consumiu demasiados recursos, inviabilizando o sucesso dos Americanos e dos aliados no Afeganistão. Hoje, este país assiste novamente ao regresso dos Talibãs e às doutrinas que desprezam ignobilmente o ser humano, e muito em particular as mulheres. O tema do Afeganistão ocupou algum espaço

Mediocridade

A Associação Nacional das Pequenas e Médias Empresas (ANPMES) propõe a chantagem mais original, e que se traduz pelo seguinte: se o Governo mantiver a proposta para aumento do salário mínimo, a ANPMES vai propor aos seus associados que não renovem os contratos a termo. A ANPMES mostra assim toda a mediocridadede de uma Associação que representa os pequenos e médios empresários, dando desta forma uma imagem que, em muitos casos, é totalmente desfasada da realidade. Sendo certo que o país e o mundo atravessam uma crise de contornos ainda complexos de definir, o que não justifica, apesar de tudo, que os que trabalham em troca de um salário tão baixo, continuem a viver ligeiramente acima do limiar da pobreza, isto quando, apesar do seu trabalho, não vivem mesmo abaixo desse mesmo limiar. A Associação em causa até poderá discordar do timing da proposta do Governo, mas sabe-se muito bem que para aumentos de salários não há propriamente bons timings. E mais: quando se continua a falar muito d

O fenómeno está para durar

A campanha de John McCain tem vindo a ser obnubilada pela figura de Sarah Palin. E tanto mais é assim que Sarah Palin comporta-se como se fosse a número um do ticket e, por vezes, a Governadora do Alasca parece já ter percebido que McCain não tem hipóteses no dia 4, optando por trilhar um caminho que a possa levar a uma eventual candidatura em 2012. Mas a questão que se impõe é a seguinte: será que o fenómeno Sarah Palin está para durar? Acredito que sim, isto embora as tibiezas de Palin sejam evidentes. Porém, o certo é que Sarah Palin dificilmente pode ser considerada um fenómeno passageiro. Embora nos choque perceber que quem tem o discurso mais vazio é, amiúde, quem consegue animar as hostes, a verdade é que na Europa o mesmo acontece - salvaguardando, ainda assim, as devidas distâncias. O populismo, por exemplo, consegue surpreender os mais incautos. Tem sido assim em França, Itália e noutros países europeus. Nestas circunstâncias, parece que Sarah Palin está para durar. O seu dis

A volatibildade da candidatura de McCain

Tudo parece indicar que Barack Obama será o próximo Presidente dos EUA. Em contrapartida, o ticket de McCain demonstra, a cada dia que passa, que não tem condições para estar à frente dos destinos dos Estados Unidos. Além disso, as crispações entre membros do partido, em particular graças a Sarh Palin que parece já estar mais interessada no seu futuro político do que propriamente no futuro do seu ticket. John McCain lida com dificuldades crescentes, agora no seio do seu próprio partido. Parece evidente,porém, que McCain há muito que não está à frente dos destinos da sua própria candidatura. E se a par das circunstâncias, designadamente da associação que é feita por muitos entre o ainda Presidente Bush e o Senador do Arizona, e depois da crise e das suas cada vez mais evidentes consequências, agora acresce a isto as crispações internas. A causa parece ser simples: Sarah Palin. John McCain parece ter perdido, por completo o rumo da sua candidatura A uma semana das eleições, o ticket repu

O gáudio da esquerda

Hoje, o inimigo público número um é a economia de mercado, e amiúde nem interessará muito discutir o que falhou na economia de mercado que vá além da regurgitação de meia-dúzia de banalidades, o que realmente interessa é alimentar a ideia que o actual modelo falhou e está completamente falido. Não interessa discutir o que pode ser feito para tornar o sistema sustentável, o que interessa é destruir qualquer ideia de recuperação e mudança necessária de um sistema que, apesar das suas inúmeras incongruências, proporcionou um nível de vida que, de outra forma, seria difícil de ter acesso. É claro que neste contexto ouvimos as vozes daqueles que continuam a acreditar num modelo que se provou ser incompatível com os regimes democráticos e com as liberdades individuais. A frustração dá agora lugar ao gáudio de quem vê agora a altura certa para tentar vender ao mundo ideias e conceitos falidos. E se por um lado, muitos já tinham avisado para os excessos do capitalismo, pa

As fantasias do Orçamento de Estado

O Orçamento de Estado é um autêntico bico-de-obra para uma oposição claramente fragilizada e sem alternativas que não passem por comunicações medíocres da líder do PSD – o maior partido da oposição não consegue fazer frente à aparente solidez do Governo. O PSD tentou desmistificar as fantasias patentes no OE2009 apresentado pelo Governo. De uma maneira geral, o OE 2009 parece, de facto uma fantasia: as metas estabelecidas pelo Governo são muito difíceis de cumprir. As previsões do Governo para o crescimento da economia portuguesa são, no mínimo, optimistas. Aliás, o Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento da economia na ordem dos 0,1 por cento, enquanto o Governo prefere fazer uma outra previsão, desta vez na ordem dos 0,6. O Governo acredita que o desemprego não vai sofrer um aumento significativo, quando a crise, ou melhor, as consequências dificilmente serão consonantes com a manutenção da taxa de desemprego. Neste contexto, o PSD tinha todas as condições para se distanci

New York Times apoia Obama

Barack Obama não cessa de reunir apoios para a sua candidatura à Casa Branca. Desta vez foi o jornal New York Times a explanar sobre razões que justificam a escolha em Obama. Nos EUA é habitual a imprensa ser mais propensa a apoiar um partido ou outro, por muito que isso nos provoque alguma confusão. Em Portugal seria impensável vermos um jornal apoiar declaradamente um candidato a um cargo político. A poucos dias das eleições, Obama consegue assim mais um apoio que, apesar de não ser determinante, não deixa de ser mais um apoio importante, em particular devido às justificações que o jornal dá para esse apoio. Desde logo, o New York Times (NYT) considera que Obama como sendo uma escolha fácil. e lista uma multiplicidade de razões que justificam a escolha de Obama. Na semana passada foi a vez do ex-Secretario de Estado, Colin Powel, ter afirmado publicamente que apoiava o candidato democrata à Casa Branca. Mais uma vez repito que estes apoios não serão seguramente determinantes, mas não

Santana Lopes

Tudo indica que Pedro Santana Lopes possa ser a escolha da liderança do PSD para a Câmara de Lisboa. Mas essa escolha não será, seguramente, consensual. E além disso, a líder do PSD tem um passado muito negativo relativamente a Santana Lopes, o torna essa hipotética escolha como factor de fragilização da actual liderança. Com efeito, Manuela Ferreira Leite, em entrevista à TVI, denotou grande nervosismo quando o assunto foi abordado. Entre gaguejos e hesitações, Ferreira Leite mostrou novamente as dificuldades que tem ao nível da comunicação. Por outro lado, a possível escolha de Santana Lopes para Lisboa levanta outros problemas. Dentro do PSD, são muitas as vozes que se levantam contra esta possível nomeação, isto apesar de Pedro Santana Lopes reunir muitos apoios no seio do PSD. Mas talvez o mais oneroso nesta escolha seja o passado político (e não só) de Santana Lopes. A palavra “derrota” tem estado indissociavelmente ligada ao currículo político de Santana

Receitas para a crise

Ninguém as tem. Ou talvez até as receitas para a crise pululem por todo o lado. Na verdade, ninguém parece saber muito bem como fazer face a uma crise que surpreendeu meio mundo, embora outros clamem saber antecipadamente que, um dia, uma crise com estas proporções fosse uma realidade. Nos Estados Unidos tudo parece mais complicado, o plano Paulson já foi qualificado de insuficiente, e sucedem-se os paliativos para voltar a reanimar os mercados. Na Europa, designadamente na União Europeia, as medidas surgem num contexto de alguma concertação, e a eficácia das mesmas surge como sendo efectiva. De qualquer modo, ninguém exactamente qual o impacto das medidas tomadas um pouco por todo o mundo com o objectivo de fazer face à crise. A volatilidade continua a ser a pedra angular dos mercados. Em Portugal, o Governo seguiu o exemplo do resto da Europa, no que concerne às instituições financeiras, e surgem algumas receitas para combater os efeitos negativos e inevitáveis

Os falhanços do Governo

As circunstâncias têm sido favoráveis ao primeiro-ministro e ao seu Governo: as sondagens dão-lhe uma vantagem; a oposição é manifestamente anódina; a propaganda vai produzindo resultados; as ilusões sucedem-se em catadupa; até o OE2009 foi apresentado como uma grande conquista do Governo, isto apesar dos inadmissíveis percalços no dia da sua apresentação e do irrealismo das previsões do Governo que compromete o OE2009. O primeiro-ministro é exímio na venda de ilusões, seja em relação à redução do défice à custa de um aumento de impostos e consequente estrangulamento da economia do país; seja em relação às maravilhas da Educação, embora seja nesta área que são perpetuados os erros mais inadmissíveis. Mas os fracassos deste primeiro-ministro e do seu Governo começam a acumular. Senão vejamos: a Educação foi invadida – sem quaisquer equívocos – pelo facilitismo, pela permissividade e pela inércia que o primeiro-ministro escamoteia com a atribuição de computadores, passando assim a imagem

O que resta ao PSD

Ao PSD resta apenas votar contra o Orçamento de Estado para 2009 por uma simples razão: o PSD tem que mostrar que é diferente do PS e, desse ponto de vista, não poderia estar de acordo com o OE. Infelizmente para o PSD, o Orçamento de Estado para 2009 tem sido considerado, por vários analistas, como sendo um bom Orçamento, e consegue a proeza de agradar a Gregos e a Troianos. O PSD não tem conseguido dissociar as suas políticas do rumo que tem sido seguido pelo Governo. Esse problema não é exclusivo da actual liderança, mas agudizou-se durante os últimos meses. Manuela Ferreira Leite tem dificuldades manifestas em mostrar ao país que o seu partido pode ser diferente do partido do Governo. A famigerada estratégia de silêncio foi agora substituída por meias palavras e por aparições efémeras da líder do partido. Os tempos não se avizinham famosos para Ferreira Leite. O partido do Governo está a consolidar a sua posição para vencer as eleições do próximo ano – e não

O último debate

O último debate entre os candidatos à presidência dos EUA, foi novamente mais favorável ao candidato democrata, Barack Obama. A generalidade das sondagens feitas após o debate dá o Senador do Illinois como sendo o vencedor deste debate. Esta era uma das últimas grandes oportunidades para o candidato republicano pudesse inverter o rumo dos acontecimentos. Tudo parece cada vez mais complicado para as aspirações do Senador do Arizona, John McCain. Ora, sabendo que esta era uma das últimas oportunidades, John McCain começou o debate ao ataque, mostrando ter intenções de mostrar detalhadamente as suas políticas económicas. Aliás, McCain até conseguiu estar à frente de Obama nos primeiros minutos do debate. Mas deitou tudo a perder quando voltou a sublinhar acusações ao candidato democrata que o ligam a um terrorista. Além disso, McCain fez também o papel de vítima de acusações da campanha de Obama. Ficou-lhe mal e Obama saiu-se melhor quando voltou a falar sobre os assuntos que de facto int

Orçamento de Estado para 2009

A apresentação do OE (Orçamento de Estado) começou mal: depois de horas de atraso, o ministro das Finanças disse aos Portugueses que o atraso implicava a apresentação e entrega do documento em duas fases. Por essa razão torna-se difícil fazer um comentário genérico sobre o OE para 2009. Todavia, o que salta à vista é que este é um Orçamento virado para as eleições de 2009 – fica por saber se não houvesse uma crise financeira internacional, o Orçamento seria ou não semelhante ao que foi apresentado. O documento é vendido como sendo mais um exercício de rigor – não pondo em causa a consolidação das contas públicas – mas também como sendo uma forma inequívoca de socorrer as empresas, em particular as pequenas e médias, e as famílias. Em síntese, há medidas que visam prestar auxílio às empresas com a baixa de IRC, alterações no pagamento por conta, mais benefícios fiscais para quem investir. O investimento público vai subir 4 por cento. Há mexidas, pouco significativas, no imposto automóve

A resposta europeia

A solução encontrada pelos países da zona euro mais o Reino Unido está a produzir, para já, efeitos positivos. As bolsas subiram e as taxas Euribor têm vindo a recuar – sinal de que os mercados receberam bem a solução apresentada pela Europa. Em contrapartida, nos EUA suspeita-se que o Plano Paulson não seja suficiente para restaurar a confiança e repor a liquidez. Na verdade, o plano europeu pode vir a ser uma fonte de inspiração para os EUA. Sucintamente, o plano europeu à banca traduz-se em garantias dadas aos empréstimos do mercado interbancário e, se for caso disso, em injecções de capital. Contrariamente ao Plano Paulson que tem como objectivo comprar o que está na origem desta crise, procurando também conter o problema. Na Europa, a ideia é outra: o Estado serve de garantia aos bancos, ou seja, passa a existir um enorme guarda-chuva (Estado) que evita que os bancos corram o risco de se molhar, e até de apanhar novas constipações. É claro que nestas condiç

Efeitos da crise internacional para o Governo

No dia em que é apresentado o Orçamento de Estado para 2009, importa reflectir sobre os efeitos que a crise internacional está a causar no Governo português. Importa também referir que o Executivo de José Sócrates está a lidar assertivamente com a crise financeira que se impõe e ainda vai impor mais nas vidas dos cidadãos. Concordando ou não com as políticas do Governo ao longo destes últimos três anos, a verdade é que o Governo tem lidado bem com a actual crise. Quanto aos efeitos que esta crise pode causar no Governo, parece óbvio que esses efeitos poderão ser, paradoxalmente, positivo para as aspirações de José Sócrates, embora isso não aconteça pelas melhores razões. De facto, o país vive em crise há anos e, exceptuando a consolidação das contas públicas (com recurso ao aumento de receita) e a garantia de sustentabilidade da segurança social, o Executivo de José Sócrates não conseguiu ir mais além. A crise que já existia pode confundir-se agora com a crise internaciona

Vai ficar tudo na mesma?

A crise financeira está confortavelmente a instalar-se na vida de todos nós, sem que possamos fazer muito para inverter a situação. À sensação de impotência junta-se uma inexorável dificuldade em perceber como é que possível que tudo isto esteja a acontecer, ainda para mais a uma velocidade estonteante, sem que ninguém saiba onde é que isto vai parar. Uma pergunta que se impõe mais é a seguinte: será que vai ficar tudo na mesma? Ou será que as correcções que se impõe hoje, tal como se impunham no passado (pelo menos desde os anos 70 quando se começou a abandonar o sistema Bretton-woods)) vão, de facto, ser uma realidade. Numa tentativa vã de responder a essa questão, a par da necessidade de compreender a crise, há quem regresse a Marx; apesar da importância de Marx, que não deve ser, de forma alguma, desprezada, eu prefiro recuar apenas algumas décadas, prefiro o regresso a James Tobin, prémio Nobel na década de 70, e mais conhecido por ser o responsável pela ta

Islândia à beira da falência

Esta ilha habitada por pouco mais de 300 mil pessoas atravessa um período manifestamente complexo. A crise financeira que a Islândia atravessa é considerada como sendo a maior, e a palavra de ordem nos últimos dias tem sido “bancarrota”. Com efeito, o endividamento à banca atingiu proporções insustentáveis e o crédito mal parado subiu desmesuradamente. E para se ter uma pequena noção da gravidade do problema, dizer apenas que a dívida do sector financeiro é doze vezes superior ao valor do Produto Interno Bruto. Nestas condições, justifica-se a utilização de uma retórica pouco habitual para um primeiro-ministro que sublinha a possibilidade de colapso do próprio Estado islandês se o sector financeiro do país falir. De qualquer forma, já se sentem os efeitos da crise financeira no país: segundo a Rádio Renascença, já cerca de 300 operários portugueses a trabalhar na Islândia manifestaram as suas preocupações junto ao Sindicato dos Construtores do Norte, isto porque as obras vão ter de pag

Crise e férias

A crise financeira internacional está a abalar as economias de forma global. Os excessos de instituições financeiras e de seguradoras, a falta de ética e a política do laissez-faire resultaram numa crise cujos contornos são ainda difíceis de definir. A AIG, a maior seguradora do mundo, foi uma das instituições a ser salva pela intervenção estatal, no caso concreto com 85 mil milhões de dólares. Foram, portanto, em última análise, os contribuintes a salvar a AIG da falência. Ora, ao invés de se procurar responsabilizar quem esteve à frente da empresa, fez más avaliações de risco, foi ganancioso e, claro está, não demonstrou ter um único resquício de ética, alguns administradores da empresa foram passar férias a um hotel de luxo na Califórnia (uma semana depois da AIG ter sido salva). É claro que estes executivos não pagaram nada pelas férias, cujo valor total ascende os 300 mil euros. A recente e inaudita crise poderia ser uma excelente janela de oportunidade para mudar o até agora “adm

Um bom debate para Obama

O segundo debate, que pôs frente a frente Barack Obama e John McCain, foi manifestamente favorável ao Senador do Illinois. As duas últimas semanas forma desastrosas para o candidato republicano, o debate de terça-feira seria de extrema importância para as aspirações do Senador do Arizona. Infelizmente para John McCain, Barack Obama conseguiu mostrar que é um melhor candidato à presidência dos Estados Unidos, consolidando desta forma a vantagem sobre o seu adversário. Há mesmo quem arrisque declarar uma vitória antecipada de Obama. Eu não iria tão longe, até porque ainda falta quase um mês para as eleições americanas. Seja como for, as próximas semanas não auguram nada de bom para McCain. A grande preocupação dos Americanos prende-se com o estado da economia americana, e as próximas semanas dificilmente poderão trazer melhorias significativas ao actual estado da economia; pelo contrario, a sensação que persiste é a de uma rápida deterioração da economia, com uma recessão à vi

Portugal reconhece independência do Kosovo

Ontem, o Governo português decidiu reconhecer a independência do Kosovo, apesar de apoiar o pedido da Sérvia na ONU sobre a legalidade da declaração unilateral de independência do Kosovo. O grande argumento do Governo português baseia-se na inevitabilidade da decisão, ficando subentendido que não havia outra possibilidade, tendo em conta que os nossos aliados, na UE e na NATO, já tinham reconhecido a independência daquela província sérvia. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, o não reconhecimento da independência do Kosovo colocava Portugal no lote de países que, por razões internas, rejeitavam o reconhecimento da Sérvia. Assim, a decisão do Governo português parece mais uma espécie de esclarecimento que, na verdade, a nível internacional, vale o que vale. A decisão do Governo português, a par de outros reconhecimentos, é fundamentalmente errada. Já aqui se discutiu profusamente a questão do mau precedente que a independência do Kosovo cria. Não valerá a

PSD: qual o rumo a seguir?

O maior partido da oposição ainda não conseguiu mostrar-se ao país como verdadeira alternativa ao Governo. E isso não será possível enquanto a actual líder do partido se recusar em mostrar ao país que o seu partido constitui uma alternativa ao partido do Governo. A ideia parece ser a da contenção de palavras e a do discurso parco em ideias. Os projectos ficarão para um programa do partido para as próximas eleições. O problema desta estratégia é que os cidadãos não conseguem perceber como o PSD pode ser uma alternativa ao PS. E a espera poderá ser politicamente fatal. Nestas condições, não é possível continuar a adiar a necessidade de mostrar aos eleitores em que aspectos o PSD pode ser diferente do PS. E pode. Aliás, Marques Mendes, ex-Presidente do partido, mostrou como é possível fazer essa destrinça, num recente livro que lançou. Tem vigorado a ideia de que o PS de José Sócrates roubou espaço ideológico – se é que assim se pode chamar – ao PSD. E em algumas m

PCP e Bloco de Esquerda unidos?

O líder do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, avançou a possibilidade de uma aproximação entre o seu partido e o Bloco de Esquerda. O Bloco não reagiu, ou seja, não afastou a possibilidade de uma maior união entre os dois partidos. Nesta equação entrará, naturalmente, os Verdes e até Manuel Alegre. A tentativa de unir a esquerda não deve causar espanto, afinal, estes partidos representam uma importante e aparentemente crescente (a julgar pelas sondagens) franja do eleitorado. Qualquer um destes partidos pretende governar, sozinho ou em coligação. Todavia, a possibilidade dos partidos em questão chegarem ao poder, em particular juntos, representa também um retrocesso para o país. Nenhum tem um projecto para o país que se coadune com o desenvolvimento. Dir-se-á que se trata meramente de uma opinião e que nenhum dos partidos em questão tem grandes responsabilidades pelo actual estado do país. Mas ambos os partidos, ou a esquerda que eles defendem, não

Biden versus Palin

Um dos debates mais aguardados, não tanto pela discussão política, mas mais pelos dois intervenientes, acabou por se pautar pela seriedade e não constituiu uma exposição de gaffes. O vencedor foi claramente o candidato democrata à Vice-Presidência Joe Biden, mas Sarah Palin, a candidata republicana conseguiu contrariar as análises que previam o seu falhanço no debate. O candidato democrata, Joe Biden, acabou por resistir às piadas, que nem sempre são bem interpretadas, e fazem parte da maneira de ser do Senador. Sarah Palin só conseguiu não cometer erros crassos, mas a sua prestação pautou-se pelo pouco domínio de quase todos os temas abordados, em particular no que diz respeito a assuntos de política externa. Biden acabou por ser um justo vencedor. Mas para Palin também se pode falar de uma vitória: ela conseguiu não comprometer McCain. Recorde-se que Palin tem vindo a ser muito criticada nos EUA devido a erros e muita ignorância sobre uma multiplicidade de assuntos.

Processo de paz no Médio Oriente

Num período de grande instabilidade global, resultado de uma crise financeira internacional que pode rapidamente transformar-se em várias crises políticas, a notícia da SIC, que dá conta do bom andamento do processo de paz entre Israel e territórios palestinianos, é um bom presságio para aquela região. Existem negociações secretas que estão no bom caminho e a produzir resultados. Segundo o correspondente da SIC, Henrique Cymerman, israelitas e palestinianos estão prestes a chegar a um acordo histórico. O acordo pressupõe a saída israelita de praticamente todos os territórios ocupados desde 1967. O acordo abrange também o regresso de 80 mil colonos judeus e a possibilidade de Israel sair de Jerusalém Oriental e a cidade ser dividida em três. O acordo parece ir ao encontro das reivindicações palestinianas e daquilo que tem vindo a ser defendido por inúmeros especialistas – o regresso às fronteiras de 1967. Tzipi Livni, provavelmente a próxima primeira-ministra israe

A crise financeira e as consequências para Portugal

O primeiro-ministro tem manifestado um relativo optimismo que, até certo ponto, é saudável. Contudo, há um pouco a tendência para deixar a ideia de que Portugal vai sair quase incólume a esta crise, e se por um lado, parece que o sistema financeiro português é mais sólido do que muitos outros e, por isso mesmo, poderá não sair muito prejudicado por esta crise; por outro, não é menos verdade que uma crise cujas dimensões nem sequer são bem visíveis, afecta a economia no seu conjunto. A dúvida a existir deve incidir sobre o impacto e a sua dimensão para a economia do país. Além do mais, Portugal que tem maiores dificuldades em recuperar, resultado da existência de deficiências estruturais que continuam a condicionar a capacidade que o país tem de atrair e consolidar projectos de investimento. Continuamos a ser uma população activa pouco e mal formada; continuamos a ter uma carga fiscal que está longe de ser das mais atractivas da UE; os tribunais afundam-se na morosidade e na ineficiênci

A intervenção do Estado afinal é boa

A crise financeira que ganhou rapidamente dimensão internacional expõe todas a incongruências daqueles que olhavam embasbacados para o mercado e que o consideravam (e consideram) uma divindade. Quem prestou culto ao mercado, teve agora de fazer marcha-atrás e aceitar a inevitabilidade das intervenções do Estado – um regresso em força às teorias de John Keynes. O plano de recuperação do Presidente Bush foi chumbado e procura-se uma alternativa, e na Europa começam as nacionalizações e aquisições de várias instituições bancárias. O último a ser notícia foi o gigante Fortis que desvalorizou mais de 60 por cento. Nestas circunstâncias, todas as teorias que defendem a força dos mercados em oposição à intervenção do Estado perdem força. De qualquer forma, registe-se o à-vontade como muitos neoliberais aceitaram a intervenção em força dos Estados – o pragmatismo não abandona o modo de ser de muitos neoliberais. Mas como vai ser o futuro desta gente? Que ideias vão defender? Toda a premissa de