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A mostrar mensagens de outubro, 2009

Mais um escândalo de corrupção

O caso "Face Oculta" configura mais um sintoma de que a corrupção é um dos problemas mais graves do país e que essa corrupção atinge fatalmente a moralidade que deveria caracterizar o Estado e as suas empresas. Mais uma vez vem a lume a promiscuidade entre empresas de capitais públicos, negociatas privadas e classe política (será que o Sr. Vara estaria onde está se não fosse a política?). Infelizmente, já todos sabemos quais as consequências deste caso - à excepção de um ou outro bode expiatório, tudo vai permanecer mais ou menos na mesma, ou seja o caso não tem consequências de maior, acaba por cair no esquecimento e todos continuamos a nossa vida, sem nos lembrarmos destes e de outros episódios. E, por outro lado, somos bem capazes de votar em quem não tem a mínima dúvida moral sobre como conduzir o destino do país - em perfeita harmonia com o seu próprio destino. A corrupção existe e a impunidade também. Mas essa é, em larga medida, uma consequência das nossas próprias acç

Pessimismo nacional

O pessimismo já tinha tomado conta de muitos portugueses ao longo da última década, mas esse pessimismo tem vindo, aparentemente, a piorar. Senão vejamos: toda e qualquer esperança de melhorias significativas nos próximos tempos ter-se-á desvanecido com a reeleição do governo PS, mas desta vez sem maioria absoluta. Fica a ideia de que o governo de José Sócrates que já era mau, terá agora que governar sozinho enfrentado obstáculos que vão ser uma novidade - situação aparentemente pior no sentido da governação. Por outro lado, os ténues sinais de recuperação da economia ainda estão longe de se manifestar na vida das pessoas, com o desemprego a atingir números nunca antes vistos. Haverá razões para tanto pessimismo? A resposta é inequívoca: o país tem estado próximo do estado vegetativo e a clara degradação das condições de vida de muitos portugueses fundamentam o pessimismo que toma conta do país. É evidente que o tal pessimismo não traz vantagens e foi, ao longo dos últimos anos, comba

Paquistão e Afeganistão

Estes dois países conheceram hoje dois fortes regressos à violência: no Paquistão , na cidade de Peshawar, um atentado no mercado já reclamou a vida a perto de 60 pessoas e no Afeganistão as vítimas pertenciam à ONU. Num caso e noutro verifica-se um denominador comum: o extremismo islâmico. No caso do Afeganistão, os talibã pretendem causar um elevado grau de destabilização para a segunda volta das eleições presidenciais, depois de se terem verificado irregularidades no acto eleitoral que deu a vitória a Hamid Karzai; no caso do Paquistão não será alheio o facto de Hillary Clinton estar de visita ao país, mas o recrudescimento dos radicais islâmicos no país, com ligações à Al-qaeda, e apoiantes dos talibãs afegãos, constitui uma séria ameaça à segurança e estabilidade do país. Em bom rigor, as zonas mais problemáticas da região encontram-se na linha de fronteira entre os dois países, com combates das forças afegãs e internacionais à ameaça talibã, acontecendo o mesmo com as forças paq

Terrorismo de regresso

Soube-se hoje que a Al-qaeda reivindicou a autoria dos atentados de domingo em Bagdad. Recorde-se que morreram mais de 150 pessoas e que este atentado terá sido o mais grave dos últimos dois anos. Regressa assim o terrorismo com a marca daAl-qaeda ao Iraque, depois do progressivo estabelecimento do poder nas mãos dos iraquianos no país. Com a aproximação de eleições legislativas crescem as tentativas de provocar instabilidade e cresce também o receio de novos atentados. O Iraque conheceu um período de relativa acalmia, período esse que parece ter agora chegado ao fim. Para além das divisões sectárias no seio do país, designadamente entre a comunidade xiita e sunita, os arautos do radicalismo islâmico vêem no Iraque uma janela de oportunidade para espalhar a sua ideologia radical e almejam a chegada ao poder. Para tal, é imperativo que se crie um clima de instabilidade - precisamente aquilo que se procura com estes atentados - e que as forças estrangeiras abandonem definitivamente o te

Também serve

O cenário político do país para os próximos tempos já está traçado: o Executivo de José Sócrates vai governar sozinho, não ficando, no entanto, excluída a possibilidade de um ou outro entendimento pontual. De qualquer modo, o primeiro-ministro é o primeiro a saber que governar sozinho é uma quase impossibilidade e que vai ter de contar com um parlamento pouco amigável. Mas este cenário é, porventura, menos mau do que aparentemente possamos imaginar. Ora, na eventualidade (ou inevitabilidade) do governo não conseguir governar e na hipótese de eleições antecipadas, o primeiro-ministro pode jogar um dos seus maiores trunfos: a carta davitimização. Com efeito, José Sócrates demonstrou ser exímio na tarefa de se vitimizar . Aliás esse foi um elemento central, a par com a propaganda, da sua forma de estar na política e na sua governação. Basta nos lembrarmos como todas as situações carregadas de opacidade são usadas, paradoxalmente, em benefício do primeiro-ministro. Foi assim com a questão

Um adeus esperado

O novo Governo foi ontem apresentado. Entre entradas e saídas, e algumas surpresas, a saída, já esperada, mas ainda assim muito desejada terá sido a da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. A pessoa escolhida para ocupar o cargo, Isabel Alçada, começou mal ao afirmar ontem que não tinha sido convidada para o cargo. É claro que é necessário esperar para ver o trabalho da nova ministra, mas é previsível que a filosofia - impregnada de erros - continue a mesma. Haverá certamente mudanças, e seria desejável que a uma das mudanças mais significativas passasse por uma alteração no que diz respeito à relação entre o ministério e os professores. Para tal acontecer, o modelo de avaliação terá que ser revisto. Outro adeus esperado terá sido o de Mário Lino. Ministro controverso e com uma propensão inaudita para a polémica, Mário Lino deixa o lugar para António Mendonça que, como não poderia deixar de ser, faz das obras públicas a grande panaceia para a crise. Quanto ao ministro da Jus

Dogmas e liberdade de expressão

José Saramago foi alvo de ferozes críticas por ter feito observações menos abonatórias da Bíblia e de Deus. Parte do país ignorou, por alguns momentos, que o sistema democrático é sinónimo de liberdades, designadamente de liberdade de expressão. Até um político do PSD,eurodeputado, proferiu palavras como "vergonha" e "renúncia à cidadania", mostrando que a classe política, ou parte dela, olha de forma despicienda para a liberdade de expressão. De resto, exemplos não faltam desse desprezo. As críticas, mesmo as destrutivas, são normais num contexto democrático. Agora o que não é aceitável é que se recomende que Saramago ou outro cidadão qualquer renuncie à sua cidadania por ter emitido opinião. O Prémio Nobel da Literatura tocou em dogmas cuja discussão acaba invariavelmente por ser inquinada. Não ouvimos uma linha de argumentação por parte dos detractores do escritor que fosse sólida e que defenda as suas posições; assistimos apenas a acusações de ignorância e à irr

Os incómodos que Saramago causa

José Saramago está habituado às polémicas e a que o seu nome seja repetido incessantemente, por vezes pelas piores razões. Foi precisamente isso que se passou com o Evangelho Segundo Jesus Cristo, com as ideias obtusas da Ibéria, com a sua cegueira ideológica, com a sua relação sinuosa com Portugal e agora com as suas declarações sobre a Bíblia. A Igreja católica reagiu, a comunidade judaica também o fez e até um eurodeputado , um Sr. Mário David, expressou a sua "vergonha" por Saramago ser seu compatriota e sublinhou mesmo que Saramago deveria renunciar à cidadania portuguesa . O Sr. David tem todo o direito de se sentir incomodado com as palavras de Saramago, assim como o escritor tem todo o direito de expressar a sua opinião sobre estas e outras matérias. É esse o espírito democrático, e não, como o Sr. David afirma, pretender ver-se livre de quem expressa opinião contrária à nossa. Eu também já critiquei, neste mesmo espaço, o Prémio Nobel da Literatura a propósito de ass

As palavras de Saramago

As palavras do Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, caíram mal no seio da comunidade judaica e incomodou alguns católicos. Saramago, a propósito do lançamento do seu novo livro, Caim, critica veementemente a Bíblia classificando-a como sendo um "manual da maus costumes". Para quem se lembra, na altura do lançamento do Evangelho Segundo Jesus Cristo, a polémica em Portugal chegou aos meandros políticos, ultrapassando em muito a religião. A comunidade judaica, apegada ao Antigo Testamento, não escondeu a sua revolta relativamente às palavras de Saramago; a comunidade católica que não podia ficar para trás refere que Saramago é "ignorante" . A capacidade de argumentação de ambas as comunidades religiosas resume-se a reduzir as palavras de Saramago ao ridículo e a colocar epítetos na pessoa do escritor. José Saramago tem a sua opinião que pode ser refutada com base numa discussão civilizada, mas reduzir toda a polémica à ignorância do escritor é um recurso bacoco

Longe da democracia

As alegadas fraudes que se verificaram nas eleições presidenciais do Afeganistão e que ainda carecem de confirmação que chegará hoje são apenas mais um sinal de um país que está no sentido inverso ao sentido da democracia. A instabilidade que reina neste país é um dos principais óbices à conquista da democracia, a guerra que opõe Estados Unidos e forças aliadas, Paquistão e talibãs impede que a estabilidade possa sequer ser uma miragem. Existem outros factores que contribuem para o desenvolvimento de um sistema semelhante àquilo que nós chamamos democracia. Recorde-se que as sucessivas guerras que assolaram a região e o período negro da hegemoniatalibã afastaram os mais capazes, os intelectuais, os com maior nível de formação, deixando para trás uma das taxas de analfabetismo do mundo, deixando para trás os mais pobres - aqueles que procuram sobreviver em mais um dia que passa. O país viu-se assim desprovido de elementos essenciais para o desenvolvimento económico e social e com a agr

Sinais animadores

Depois de tantas interrogações e pessimismo - compreensíveis - surge hoje uma notícia animadora: indicadores que mostram um aumento do ritmo da retoma da economia portuguesa . Com efeito, este é um excelente sinal que merecia ser acompanhado por um conjunto de politicas que possam permitir que o país tenha uma economia mais sólida e mais justiça social. É claro que as notícias notícias não são todas boas, afinal de contas 18 por cento dos portugueses são pobres . Infelizmente, há quem insista em separar a eficácia económica e a redistribuição de receita, fruto, em larga medida, dessa mesma eficácia. É evidente que sem criação de riqueza é impossível falar-se de erradicação da pobreza. O que tem sido a prática no nosso país é continuar a propalar as medidas necessárias para encetar mudanças em determinados sectores, a insistência de muitos em chafurdar numa mentalidade mesquinha e de vistas curtas, e tentar remendar o crescente número de cidadãos pobres com medidas paliativas e sem resu

Rejeitado

José Sócrates foi alvo de nova rejeição, desta vez por parte do Bloco de Esquerda que afirma, passo a citar, "não há condições para qualquer forma de coligação" . Falta apenas ouvir o PCP cuja resposta será na mesma linha das que foram dadas pelos vários partidos que tem assento no Parlamento, e mesmo que isso não aconteça, uma coligação com o PCP seria insuficiente para uma maioria. A hipótese de coligações é assim posta de parte, restando ao Governo tentar governar sozinho, recorrendo a entendimentos pontuais com os restantes partidos políticos. Há, porém, um elemento a ter presente: futuro do PSD é, como tem sido aliás nos últimos anos, uma incógnita, e, consequentemente, será determinante perceber o que vai acontecer a este partido nos próximos tempos. Esse também é um factor central neste momento e convinha ao próprio PSD uma clarificação nesse sentido. Repito aquilo que tenho vindo a sublinhar: este é um Governo a curto prazo. Infelizmente não perspectivam soluções viá

Dificuldades crescentes

A somar às incertezas políticas, designadamente no que diz respeito à governabilidade do país, acrescem dificuldades de natureza económica e social como a e scassez de investimento , também investimento público , o aumento do desemprego e o inevitável aumento do défice. Neste contexto, e não querendo raiar, de forma alguma, o catastrofismo, a verdade é que estas dificuldades são onerosas e necessitam de uma solução que ainda é desconhecida. Em bom rigor, a actual situação na Assembleia da República vai inevitavelmente degenerar em falhanços sucessivos e culminar na tão famigerada ingovernabilidade. O teste passará pelo Orçamento de Estado e por quaisquer alterações significativas que o Governo levar à discussão no Parlamento . Paralelamente, os problemas de natureza económica não serão resolvidos ou atenuados com a rapidez que seria necessária. Refira-se que a crise que já dá sinais de enfraquecimento vai chegar ao seu fim, mas grande parte das dificuldades do nosso país manter-se-ão.

Aproxima-se a hora da verdade

Começam hoje os encontros entre o primeiro-ministro e as delegações dos partidos políticos com assento parlamentar . Hoje o primeiro-ministro encontrar-se-á com as delegações do PSD e do CDS-PP. Espera-se que os encontros tenham uma duração considerável apenas por uma razão: José Sócrates terá que dialogar e mais: terá que procurar parceiros para acordos ou, numa hipótese mais remota, coligações. A operação de charme tem, assim, o seu arranque com a delegação do PSD. Nestas circunstâncias, aproxima-se a hora da verdade, o momento em que se começa a perceber qual o futuro do Governo. Já se traçaram todo o tipo de cenários - desde uma governação em minoria, sem a colaboração dos outros partidos, e portanto, uma governação a prazo; passando pela governação em minoria, mas com o estabelecimento de acordos consoante a sensibilidade dos temas em cima da mesa; e culminando com a realização de uma coligação com um ou mais partidos políticos. Independentemente do cenário, é expectável que o fu

Ainda o PSD

O Partido Social Democrata está a fazer um balanço relativamente ao último acto eleitoral. É evidente que esse balanço vem acompanhado por várias interrogações quanto ao futuro do partido, designadamente quanto ao futuro da liderança. Às vozes que defendem uma permanência da líder até ao final do seu mandato, poucas são as que surgem a defender o mesmo princípio. Na verdade uma parte do partido anseia por uma mudança na liderança do partido. O balanço que a comissão política vai fazer relativamente às autárquicas será seguramente positiva, se existe alguma discussão sobre quem saiu vitorioso destas eleições, essa discussão não se impõe sobre uma eventual derrota quer de PS, quer de PSD. Ambos tiveram um resultado favorável. O que realmente inquieta as hostes do PSD nem tanto saber quem saiu vitorioso deste acto eleitoral, quem vai liderar o partido e quando. Tem-se colocado várias hipóteses em cima da mesa: desde Marcelo Rebelo de Sousa, Paulo Rangel, Morais Sarmento, entre outros. To

Resultados das autárquicas

As autárquicas finalizam um período de três actos eleitorais em poucos meses. Quanto aos resultados surgiram algumas surpresas agradáveis como o caso de Felgueiras, mas muito se manteve na mesma. Lisboa e Porto ficaram nas mãos daqueles que já se previa que ficariam e PS e PSD discutem quem venceu verdadeiramente estas eleições enquanto os restantes partidos tentam esconder as suas perdas ou a sua insignificância a nível local. Os resultados também mostram um país pouco disposto a mudar, e, em alguns casos ainda agarrado ao passado, sem capacidade de olhar para o futuro das suas terras. Outros continuam a ver o seu discernimento toldado por cegueira partidária e ideológica. E noutros casos ainda, os resultados denunciam um largo número de cidadãos que relativizam as decisões dos tribunais, manifestando um desprezo assinalável pelo próprio Estado de Direito. No cômputo geral, não há muito mais a dizer de umas eleições que foram ofuscadas pelos resultados das legislativas e em que este

Um merecido Nobel da Paz

Barack Obama foi laureado com o prémio Nobel da Paz , pelos seus "esforços diplomáticos internacionais e cooperação entre povos". Trata-se do reconhecimento do trabalho realizado pelo Presidente americano no sentido da paz e da estabilidade. Imagine-se o que Obama poderá conseguir nos próximos anos - conseguiu ganhar o partido democrata, conseguiu chegar a Presidente dos EUA e agora é laureado com o prémio Nobel da Paz. Apesar dos esforços nítidos de melhorar a vida dos americanos e contribuir para a paz em várias regiões do mundo, ainda são muitos os que têm um olhar cínico sobre Obama, não só nos Estados Unidos, como noutras partes do mundo. Consequentemente, o Afeganistão e o Iraque são invariavelmente argumentos para enfraquecer a figura do Presidente americano. E apesar de a intervenção militar no Iraque e a guerra no Afeganistão terem sido problemas criados por uma outra administração, Obama é responsável por ainda não retirado dos dois países; e mesmo que se saiba que

Qualidade democrática

A Madeira que se confunde com o Presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, e contrariamente à ideia que Manuela Ferreira Leite tentou passar, não é exemplo de democracia e não o é há décadas. A começar pela comunicação social, pela preponderância excessiva e pela perpetuação do Presidente do Governo Regional e a acabar na dificuldade que a oposição política tem em fazer passar a sua mensagem. A líder do PSD que tanto falou da asfixia democrática, responsabilidade do Governo, deveria ter a sensatez de, pelo menos, não fazer elogios ao regime de João Jardim. Também terá sido por estas incongruências que o PSD ficou aquém do resultado que almejava. Como se terá sentido a Dra. Ferreira Leite depois de ver cenas de pancadaria entre apoiantes de João Jardim e membros do PND? Será que considera uma situação normal? E a reacção do Presidente do Governo Regional? Será também ela normal? As críticas que se fazem ao regime da Madeira vão muito além do habitual tom brejeiro escolhido por

Eleições autárquicas

A Câmara Municipal de Lisboa tem claro destaque nas eleições autárquicas que se avizinham e o confronto entre António Costa e Santana Lopes vai agradando à comunicação social. Mas as eleições autárquicas são muito mais do que Lisboa ou Porto , as eleições que se aproximam são o derradeiro teste ao entendimento que os eleitores têm da própria democracia. A perpetuação dos mandatos e as suspeições ou acusações que recaem sobre alguns autarcas que se candidatam são sinais de clara degradação da própria democracia. É paradoxal assistir ao chorrilho de queixas de muitos cidadãos relativamente ao estado em que se encontra o país e à responsabilidade directa dos políticos e simultaneamente, perceber que muitos legitimam, através do voto, a opacidade, o chico-espertismo, o caciquismo, a corrupção e a consequente degradação da própria qualidade democrática. Estas eleições serão invariavelmente sintomáticas quer da falta de cultura e maturidade democráticas, quer das inúmeras incongruências de

O futuro do PSD

O futuro do PSD confunde-se até certo ponto com o futuro do país. Um partido sem rumo, desnorteado há mais de uma década e que é palco para um número particularmente elevado de nulidades. Em tudo semelhante ao país. A liderança já era a curto prazo quando nasceu e agora avizinha-se esgotada. É neste contexto que Pedro Passos Coelho - para muitos sociais-democratas o senhor que se segue - afirma que ainda " é muito para falar sobre o futuro do partido ". Certo, mas todos sabemos que o futuro do partido passa por Passos Coelho; ou dito de outra forma, Passos Coelho pretende ser parte activa do futuro do partido. No dia das legislativas, Passos Coelho terá certamente ficado com sensação que o seu momento estaria mais próximo do que nunca, e talvez esteja. Entretanto, surge um Marcelo Rebelo de Sousa activo - mais do que normal - como hipótese ainda não negada pelo próprio para a liderança do PSD. Ora, a equação complica-se para Passos Coelho, até porque Paulo Rangel afirma não s

A vergonha da France Telecom

O caso dos mais de vinte casos de suicídio entre trabalhadores da France Telecom não pode ficar encerrado com a demissão de um director de topo. É incrível como em pleno século XXI registam-se casos de pessoas que escolhem a morte devido a pressõesinsustentáveis das empresas que apenas falam em "reestruturações". A crise - responsabilidade de um sector financeiro que prefere a anarquia e de um poder político que preferiu fechar os olhos - só veio agravar o "terrorismo" psicológico que tem o nome de "reestruturação", ou noutros casos "lay off", "downsizing" e por aí fora. O que se passou na France Telecom merece toda a visibilidade mediática possível porque se trata de uma vergonha para a empresa, para determinado tipo de empresários, para o Estado francês que detém 23 por cento da operadora e para a própria UE que permite que no seu seio grassem situações como a daFrance Telecom. O retrocesso da qualidade de vida dos europeus é uma real

Sem futuro

O texto que se segue será considerado como um exemplo de pessimismo, mas o futuro que se avizinha, do ponto de vista político e de governação, não é seguramente promissor. Vem isto a propósito de uma notícia do jornal Público em que são traçados vários cenários para o futuro governo de José Sócrates. Fala-se num "governo hiperpolítico" , formado de forma a coadunar-se com as várias forças políticas presentes no Parlamento e com uma perspectiva de curta duração. O Público on-line fala em dois anos. Segundo o jornal em questão há ministros que deixarão o cargo que ocupam, designadamente Maria de Lurdes Rodrigues com a Pasta da Educação, Nuno Severiano Teixeira com a pasta da Defesa, Rui Pereira na Administração Interna e o irascível Augusto Santos Silva - o Sr. que gosta de "malhar" na oposição. Nestas circunstâncias, o próximo governo será constituído por novos rostos (alguns nem tanto assim) e serão escolhidos em função de futuros acordos necessários para governar

A importância da estabilidade

A audiência de hoje entre o Presidente da República e o secretário-geral do PS ficará marcada pela deterioração das relações entre Cavaco Silva e José Sócrates , cujo zénite terá sido o discurso do Presidente e a reacção acesa do PS, pela voz de Pedro Silva Pereira. Hoje os dois tem uma audiência marcada em que José Sócrates comparecerá na qualidade de secretário-geral do PS. Parece-me evidente que a generalidade dos portugueses ambiciona por um fim desta história da alegada vigilância para que se comece a tratar dos problemas que afectam o país. Existe um problema óbvio entre Cavaco Silva e José Sócrates, mas o país não pode ficar suspenso à espera de que essas divergências sejam sanadas. Este período eleitoral que finda daqui a menos de duas semanas, o resultado das legislativas e as quezílias entre PS e Presidência da República contribuem para o agravamento das dificuldades por que o país tem passado. Nestas circunstâncias, espera-se que a audiência entre Presidente e secretário-ge

Solução à esquerda?

A possibilidade de um entendimento entre o PS e os partidos mais à esquerda do espectro político nacional é defendido por um movimento de cidadãos "Compromisso à esquerda" . Ora, a exequibilidade desse entendimento é manifestamente reduzida - tanto o Bloco de Esquerda como a CDU são forças de contestação, com pouca ou nenhuma vocação governativa, e, exceptuando alguns aspectos pontuais, com diferenças muitosignificativas relativamente às políticas defendidas pelo Governo. As dificuldades de um entendimento crescem exponencialmente em matérias económicas. Do lado do partido do Governo defende-se uma política económica comcaracterísticas liberais, com possíveis privatizações e com um papel do Estado de regulação e supervisão (embora estas falhem com recorrência); os partidos mais à esquerda do PS defendem a aplicação de um modelo em que o cerne é a estatização da economia. Neste modelo, o Estado ocupa o papel central da economia,secundarizando o sector privado, o que nos afasta