Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2007

A nova visibilidade da Birmânia

A Birmânia (Myanmar) pode até ter sido uma ilustre desconhecida para algumas pessoas, mas agora seguramente deixou de o ser. Não obstante este país viver sob o jugo de uma ditadura militar desde 1962, o problema da Birmânia não tem o hábito de ocupar espaço nos órgãos de comunicação social de todo o mundo. Talvez o outro momento em que se falou da Birmânia tenha sido por altura das manifestações de 1988, que culminaram com perto de três mortos. Hoje volta-se a falar da Birmânia e a comunidade internacional não pode ignorar a visibilidade e importância de um país coarctado, pobre, e isolado. Hoje a comunicação social vê-se acompanhada por fenómenos como a Internet ou o jornalismo dos cidadãos, através de telemóveis, por exemplo. O que significa um aumento do espectro de visibilidade que se pode proporcionar a um determinado assunto. Refira-se a importância de todos estes fenómenos têm na opinião pública e consequentemente a pressão que é feita à classe política dos países mais abertos e

Vitória de Menezes

Luís Filipe Menezes foi o candidato vencedor das eleições directas do PSD. Depois do período conturbado de acusações mútuas, de falta de transparência e de deterioração da imagem do PSD, a boa notícia é que as eleições chegaram ao fim. A má noticia é que o PSD sai manifestamente prejudicado com toda esta campanha eleitoral interna e o futuro do partido não será o mais lisonjeiro. A liderança mudou, mas ninguém pode honestamente afirmar que não ficou com um gosto amargo depois desta eleição. Se por um lado, nenhum dos candidatos primou pela discussão de ideias e de projectos, muito pelo contrário, cingiram-se a questões acessórias; por outro lado, e paradoxalmente, ganhou o candidato mais populista e mais inconsequente. O que é taxativo é que o partido e o país perderam muito com estas eleições. Perdeu o partido que parece cada vez mais vazio de pessoas sérias, competentes e fundamentalmente, o partido está vazio de ideias. O candidato que venceu estas eleições fez nesse particular uma

Violência na Birmânia

Depois da morte de Aung San, que encabeçou a luta pela independência, a Birmânia vive desde então (1962) sob o jugo de uma ditadura militar. O lema do general Ne Win e posteriormente da junta militar é de uma “via birmanesa para o socialismo”. As consequências desta via para o socialismo são o colapso económico, a destruição da economia de um país rico em recursos mas cuja população vive na pobreza e o hermetismo que convém à junta militar e que condena o país ao mais completo isolacionismo. O desrespeito pelos direitos humanos completa o triste quadro da vida dos birmaneses. Nestes últimos dias tem-se assistido a manifestações, com especial destaque para a presença de milhares de monges budistas, contra a junta militar e a favor da democracia. Sabe-se agora que essas manifestações estão a serem reprimidas com o recurso à violência, havendo já algumas mortes confirmadas. Já em 1988 a junta militar reprimiu violentamente manifestações que pugnavam pela democracia, e hoje parece que a hi

Enfraquecimento dos partidos políticos

Vários títulos poderiam ter sido utilizados para este texto: deserto político, vazio de ideias, primazia da vulgaridade, etc. De facto, os partidos políticos estão a atravessar um período de acentuada instabilidade, o que agrava o já preocupante distanciamento que se verifica entre políticos e cidadãos. Depois dos lamentáveis episódios no PSD, não se pode estar à espera de uma súbita reconciliação ou re-aproximação entre cidadãos e partidos políticos. Nem tão-pouco terá sido por acaso que nas eleições de Lisboa, muitos eleitores tenham votado em movimentos independentes. Por um lado, verifica-se uma torrente de momentos infelizes na campanha para as directas do PSD. Quando se designa o seu opositor por “pequeno tirano” está-se a prestar um péssimo serviço ao partido e ao país. São momentos que denotam uma inequívoca irresponsabilidade que não podem ser encarados com ligeireza. Além de episódios desta natureza, não se tem assistido a um verdadeiro debate de ideias entre os dois candidat

Impacto da crise financeira na economia real

É um facto que a crise financeira, com origem no mercado de subprime nos EUA, está longe de ser sanada, e tudo indica que o impacto desta crise nas economias reais será significativo. Naturalmente que a crise financeira começa por ter mais impacto nos EUA, mas a inevitabilidade desta crise afectar o resto do mundo, em particular a Europa, é uma evidência muito clara. Resta apenas esperar para ver a dimensão desse impacto. Nos EUA a crise já está a ter consequências na economia real: a confiança dos consumidores americanos caiu significativamente; o preço das casas sofreu um acentuado decréscimo e começam a surgir notícias de que grandes empresas americanas ou anunciam os seus avultados prejuízos, ou, em última instância, anunciam a falência. A maior construtora americana – a Lennar – anunciou prejuízos na ordem dos 364 milhões de euros. É inevitável que a crise que teve origem no mercado imobiliário vai ter (e já começou a ter) consequências ao nível do emprego. Vamos assistir, com fo

Instabilidade no PSD

O PSD está a atravessar um período de acentuada instabilidade, e num momento decisivo do ponto de vista de liderança, o PSD está dividido e refém de acusações entre os apoiantes dos candidatos. O motivo de tanta celeuma no partido prende-se com a existência de 1400 militantes excluídos dos cadernos eleitorais – há acusações de pagamentos em massa de quotas de militantes –, e existe ainda a questão excepcional dos Açores (aqui os militantes que não têm as quotas em dia podem votar). Se o PSD tem estado longe de ser o partido que outrora foi, agora essa distância parece aumentar incomensuravelmente. O clima de acusações mútuas entre apoiantes dos candidatos à liderança é lamentável e dá uma péssima imagem do principal partido da oposição. Fica-se com a indelével sensação de que vale tudo para se ganhar umas eleições internas. Ambos os candidatos têm prestado um mau serviço à nossa democracia, na medida em que são lestos nas acusações que fazem um ao outro, mas a sua postura de seriedade

A tibieza da política externa portuguesa

A chanceler alemã Angela Merkel recebeu, a título privado, o Dalai Lama. Não obstante o carácter privado do encontro entre o líder espiritual tibetano e a chanceler alemã, a verdade é que os mais altos responsáveis governativos alemães não votaram o Dalai Lama ao mais cobarde desprezo, como o que aconteceu em Portugal. Sublinhe-se ainda que a China, como medida de represália, decidiu cancelar uma reunião ministerial em Munique. Quando as autoridades chinesas tiveram conhecimento desse encontro entre a chanceler e o líder tibetano manifestaram o seu desagrado. Consequentemente, é possível inferir que a Alemanha tem no seu seio líderes cuja qualidade difere muito dos (actuais) líderes portugueses . O que não é difícil. E é, de facto, desta forma que se verifica que a política externa alemã não é de subserviência. Dir-se-á, no entanto, que Portugal não é a Alemanha. É verdade e subscreve-se a constatação dessa realidade. O que não invalida a vergonha que foi a política de cócoras levada a

PSD e 2009

O futuro do PSD, no que diz respeito à sua liderança, decide-se ainda este mês com as directas do partido. A liderança é discutida entre Marques Mendes e Luís Filipe Menezes. Independentemente de quem consiga vencer estas eleições, o que é facto é que o país precisa de um PSD forte e unido. Sem estas condições 2009 será uma brincadeira de crianças para o PS. Se é inquestionável que o país, não obstante os números propagandeados pelo Governo, vai mal, não é menos verdade que as perspectivas de uma vitória do PSD são, paradoxalmente, longínquas. O actual Executivo não se coíbe de utilizar as técnicas de propaganda mais insidiosas, que vão desde a atribuição de computadores por ministros cuja relação com a educação é residual, até a esta profusão de números divulgados pelo Governo mas que não são corroborados por outras entidades cuja idoneidade não é posta em causa. Fica a sensação indelével de estarmos a ser enganados. O PSD tem de ser alternativa ao Governo, nesse sentido é fundamental

Eminência de um Irão nuclear

A possibilidade – real – de que o Irão consiga desenvolver tecnologia nuclear não pode ser equacionada de forma despicienda pela comunidade internacional. Nem tão-pouco se pode encarar a teimosia iraniana no habitual contexto da diplomacia que resvala inevitavelmente para uma tolerância exacerbada. O Irão, por sua vez, insiste no desenvolvimento de tecnologia nuclear, e reitera veementemente a sua intenção de utilizar essa mesma energia nuclear para fins energéticos. Paralelamente, o Irão reclama o seu direito a possuir este tipo de tecnologia e não abdica daquilo que considera um direito seu. Na verdade, a linha de argumentação adoptada pelos responsáveis iranianos vem acompanhada por um discurso anti-semita e de constante confrontação relativamente ao Estado Israelita. As intervenções do presidente iraniano sobre Israel são sobejamente conhecidas – ninguém se esquecerá da abjecta frase que indiciava a vontade do Irão de riscar Israel do mapa. É neste quadro que a possibilidade de um

Inverno Russo

O Inverno aproxima-se e a necessidade de consumo de recursos energéticos aumenta exponencialmente. É precisamente no Inverno que a Rússia faz aquela espécie de chantagem energética com a Europa. Aumentam, por conseguinte, as dificuldades que Europa encontra na tarefa de lidar com uma Rússia que quer regressar aos tempos áureos do império. Do ponto de vista meramente factual são vários os episódios de uma Rússia que anseia por recuperar o seu espaço no contexto internacional. E é através de manifestações do seu poderio que a Rússia quer mostrar ao mundo que ainda é uma potência mundial (ou pelo menos anseia a recuperação dessa condição), o episódio do Pólo Norte e da colocação da bandeira russa são paradigmáticos da estratégia hegemónica adoptada pela Rússia. Do mesmo modo, não se pode ignorar o anúncio russo de construção de um sistema de mísseis. E não esqueçamos a intransigência russa em relação ao Kosovo, que se traduziu num bloqueio no Conselho de Segurança da ONU, ou a constante a

Protecção dos animais

A associação de defesa e protecção dos animais Animal encomendou um inquérito sobre a opinião dos portugueses relativamente à defesa e condição dos animais. Para além disso, a mesma associação vai entregar um código, à Assembleia da Republica, no sentido de conferir aos animais uma verdadeira protecção. O resultado do inquérito é elucidativo: a maioria dos portugueses mostra-se contra qualquer forma de violência contra os animais, e até mesmo no que diz respeito às touradas, mais de metade manifestou-se contra. Estes resultados são um bom presságio para a defesa e protecção dos animais e esclarecem a posição dos portugueses em relação a esta matéria que raramente tem o tempo de antena ou o espaço na imprensa que merece. E mais: esta notícia sobre a protecção dos animais, e a luta da associação Animal nesse sentido, é completamente ignorada pela comunicação social. Exceptuando alguma imprensa escrita, de que o jornal Público é um excelente exemplo, os outros órgãos de comunicação social

Eleições no PSD

Depois do debate promovido pela SIC Notícias ficou-se com a indelével sensação que o futuro do PSD, que passa pelas mãos de um dos candidatos, não é propriamente promissor. O problema reside no facto de que desta forma o país continua a viver uma situação de desequilíbrio: um governo com maioria absoluta e a ausência de uma oposição digna desse nome. Já se fala em 2009 como o ano de uma nova vitória de José Sócrates, e poucos são aqueles que equacionam a hipótese contrária – uma hipotética derrota do PS. Os arautos do PS fazem rasgados elogios ao desempenho reformista do Governo, e no caso da redução do défice esses elogios são secundados por números que indicam o sucesso do Governo nesta matéria, porém, mesmo este aparente caso de sucesso contém falhas significativas: a redução do défice tem sido feita à custa do aumento das despesas (aumento de impostos), ao invés de ser feita à custa da redução da despesa. Deste modo, os verdadeiros heróis da redução do défice são todos os contrib u

Ainda as consequências da crise imobiliária americana

A crise financeira que começou no crédito à habitação, designadamente na concessão de crédito a clientes cujo risco era elevado – o chamado mercado subprime – tem consequências notórias quer no aspecto financeiro, quer no aspecto das economias, incluindo naturalmente a economia portuguesa. A má avaliação do risco, incluindo por parte de agências de rating deve ser motivo para uma reflexão sobre a génese desta crise. Uma consequência óbvia da crise financeira prende-se com o facto de que neste momento ninguém querer estar exposto ao risco, o que se reflecte na concessão de crédito, por exemplo. É cada vez mais frequente ouvir-se falar da instabilidade das bolsas, do aumento dos juros (quem tem crédito à habitação estará certamente desgostoso com a Euribor), na dificultação inerente à concessão de crédito por parte dos bancos; e mais recentemente foi notícia o abandono, por parte de muitos investidores, de aplicações financeiras como as acções e os fundos de investimento – volta a fala

Reforma do Código de Processo Penal

A recente libertação de presos consequência da introdução do novo Código de Processo Penal tem posto em causa sensação de segurança dos portugueses. A polémica sobe de tom quando se verifica que reclusos já condenados em primeira instância, que entretanto recorreram da decisão, foram colocados em liberdade, sendo-lhes atribuídas outras medidas de coacção. Para além da perda de sensação de segurança – que já tinha sido posta em causa num período de um recrudescimento da criminalidade violenta -, chove uma torrente de críticas oriundas de magistrados, polícias e funcionários judiciais. Até a própria Maria José Morgado já veio a público alertar para algumas incongruências, como a falta de informatização do sistema judicial. É com este pano de fundo que se verifica que a classe política, na sua generalidade, mantém-se refém de um silêncio constrangedor. Paralelamente, chega a ser embaraçoso assistir ao silêncio e quase desprezo do Governo. As alterações ao Código de Processo Penal não pode

O silêncio da resignação

O país, ultrapassada a silly season, afunda-se na resignação e é dominado por assuntos cujo interesse nacional é difícil de explicar. Embora o país não pare, a sensação que se tem ao ver televisão, por exemplo, é a de um país meio adormecido, sem interesse e dominado pela vacuidade ou pelos excessos. Embora estas semanas tenham sido ricas em acontecimentos para a vida dos portugueses – muitos desses acontecimentos consubstanciam-se em profundas alterações em diversas áreas –, a verdade é que entre os desenvolvimentos do caso Maddie, a atitude intempestiva do seleccionador nacional e a distribuição folclórica de computadores pelo Governo, não há espaço para se discutir os verdadeiros problemas do país. Se por um lado, a presidência do Conselho Europeu ocupa parte substancial do tempo e atenção do Governo, não é menos verdade que o Governo não poderia ter tarefa mais facilitada do que esta, na medida em que as pessoas estão mais interessadas nos casos que dominam a opinião pública, do qu

Ainda o Dalai Lama no reino da hipocrisia

Já aqui foi discutida a forma hipócrita e cobarde como o Governo decidiu distanciar-se da visita do líder espiritual tibetano Dalai Lama a Portugal. Não há muito mais a acrescentar sobre a actuação de um Governo que prefere a subserviência ao risco de ferir a susceptibilidade de colossos como a China. A questão dos Direitos Humanos? É um mero pormenor sem grande importância para o Governo português. Afinal de contas, vivemos na era do pragmatismo e da realpolitik , e não na era dos valores e dos princípios. Mas não foi apenas o Governo a manifestar a sua hipocrisia e cobardia; exceptuando o Bloco de Esquerda e o CDS, nenhum partido se insurgiu contra a cobardia e subserviência do actual Executivo e do silêncio do Presidente da República. O PSD refugia-se na reiteração de palavras de circunstância e absolutamente incipientes. Aliás, a postura de Marques Mendes nesta matéria mostra novamente a falta de impetuosidade de um líder cada vez mais apagado e desprovido de ideias para o país. O

O regresso do Dalai Lama ao reino da hipocrisia

O Dalai Lama regressou a Portugal, e mais uma vez, não é recebido pelos responsáveis governativos portugueses. Será recebido por Jaime Gama, mas este não será um encontro de natureza oficial. Dalai Lama, líder espiritual e político, regressa ao reino da hipocrisia – Portugal. A China parece ter exercido sobre Portugal uma espécie de pressão diplomática, chegando mesmo a enviar a Portugal um diplomata. É sobejamente conhecida a situação do Tibete sob o jugo da China; além do mais, a questão dos Direitos Humanos tem, na perspectiva do Governo português, dois pesos e duas medidas. É só olhar atentamente para a questão de Timor e agora para a forma como o Dalai Lama é recebido pelos responsáveis governativos portugueses. Dir-se-á que o Governo português tenta apenas preservar as boas relações diplomáticas entre Portugal e China. Mas a questão não é apenas essa – o Governo português chafurda na sua própria hipocrisia na tentativa de manter relações económicas com o colosso asiático. E por o

11 de Setembro

Seis anos após os atentados do dia 11 de Setembro é difícil afirmar que o mundo é hoje mais seguro. Todos os anos após o 11 de Setembro é colocada a questão da segurança no mundo – o mundo é hoje mais seguro? A resposta não é linear. Por um lado, não se tem assistido nos últimos anos a atentados terroristas com o impacto de outrora; por outro lado, as polícias e serviços de informações têm sido exímios na tarefa de desmantelar células terroristas, em particular na Europa, o que pressupõe a existência grupos terroristas que desenvolvem todos os esforços no sentido de preparar e executar actos terroristas. O 11 de Setembro justificou a intervenção militar no Afeganistão, e apesar da necessidade dessa intervenção, não se tem verificado a estabilidade necessária que permita a este país sair da esfera do fundamentalismo e recomeçar num clima de estabilidade e tolerância. O regime talibã e a sua filosofia extremista continuam a ser presença contínua no Afeganistão. Por outro lado, o Iraque c

Mais uma machada nas liberdades

Vem o título a propósito da criminalização, anunciada pelo Governo, da publicação das escutas telefónicas não sujeitas ao segredo de justiça. Aparentemente pretende-se salvaguardar os direitos de pessoas que estão sob investigação, não obstante as escutas a que a pessoa foi sujeita serem do domínio público e não estarem sujeitas ao segredo de justiça. Não são necessários grandes exercícios de imaginação para se perceber que a medida até tem a sua lógica. É sempre desagradável que as nossas conversas apareçam escarrapachadas nos jornais ou nas televisões, e na verdade, nunca se sabe quem está a ser escutado. Os arautos de mais este condicionamento das liberdades sentir-se-ão agora um pouco mais à vontade. Por outro lado, os jornalistas são amiúde responsabilizados por não terem pudor em divulgar conversas, consideradas do foro privado, nos diversos meios de comunicação social. Com este Governo, os jornalistas, e a comunicação social no sentido genérico, vêem a sua esfera de actuação ser

A ameaça terrorista

Quase seis anos após os atentados terroristas do 11 de Setembro, a Al-Qaeda, através de Bin Laden, volta a ameaçar os Estados Unidos. Quase seis após os ataques aos EUA, a actual Administração americana mostra-se irrefutavelmente incapaz de fazer frente seja ao que for – o Iraque continua a ser o paradigma da instabilidade, o Afeganistão não dá mostras de seguir o caminho da estabilidade, e no meio desta amálgama de erros de cálculo e de fracassos, a guerra contra o terrorismo não será propriamente um sucesso. O combate ao terrorismo de natureza fundamentalista islâmica, encabeçado pelos EUA, enveredou pelo caminho do condicionamento das liberdades, no plano interno; e por outro lado, a guerra ao terrorismo traduziu-se pelo confronto no terreiro dos terroristas e pelo trabalho dos serviços de informações americanos e outros. Com efeito, a guerra ao terrorismo teve custos para os americanos que vai além do 11 de Setembro e da permanente ameaça que recai sobre este país; os americanos pe

Mundialização: que transformações?

Em primeiro lugar é fundamental referir o contexto que permitiu que o fenómeno da mundialização/globalização fosse a pedra de toque do mundo em que vivemos. O fim da bipolarização – a queda da URSS – e a hegemonia americana são condições centrais para a transformação a que se continua a assistir no domínio económico, social, cultural, geográfico, etc. Por outro lado, a mundialização não seria possível sem as transformações verificadas na área da informática, só os desenvolvimentos nessa área tornaram possíveis operações financeiras que, de outro modo, seriam inexequíveis. A complexidade inerente a muitas operações financeiras tem uma resposta à altura: o desenvolvimento vertiginoso na área da informática. A mundialização/globalização é um fenómeno incontornável que se traduz em transformações a nível mundial, e naturalmente, acarretam mudanças constantes na vida de cada um de nós. Uma marca indelével da mundialização é o neoliberalismo, largamente imposto por instâncias supranacionais

Iraque: a retirada

O Presidente americano George W. Bush afirmou, no Iraque, ser possível reduzir significativamente o número de soldados americanos no Iraque. Esta é uma inevitabilidade – analisando os números de vítimas no seio das tropas americanas. Não obstante os erros cometidos pela actual Administração americana, esta é a altura para se apontar possíveis soluções que permitam mitigar a violência que continua imparável no Iraque. Uma retirada gradual só é possível quando o governo iraquiano conseguir garantir o mínimo de segurança, em particular para as regiões mais afectadas pela violência sectária. De qualquer modo, a retirada das tropas americanas, gradual e bem analisada, é uma inevitabilidade: por um lado, o povo iraquiano, não obstante os recorrentes episódios de violência, anseiam por um Iraque livre daquilo a que muitos consideram uma “ocupação”; por outro lado, os soldados americanos são alvos frequentes dos ataques terroristas que assolam a região. Importa sublinhar, porém, que a retirad

Precariedade laboral

A precariedade laboral que caracteriza, em particular, a vida dos jovens tem dados sinais de se agravar. É, de facto, cada vez mais difícil ser jovem trabalhador em Portugal. A ameaça de despedimento paira incessantemente na cabeça de muitos jovens, a precariedade do vínculo laboral – amiúde “recibos verdes” ou trabalho temporário – coarcta as expectativas dos jovens num futuro promissor. Com efeito, a precariedade do emprego aliada à constante desvalorização do trabalho dos jovens condena os mesmos a uma existência medíocre. Não se pode esperar a chegada do tão prometido progresso quando o país trata os seus jovens com um desprezo ignominioso. Já não se valoriza a competência, a entrega e dedicação ao trabalho; o que conta, efectivamente, é a gestão cega e imbecil de quem acha que ninguém é insubstituível. Mas ao invés de se aproveitar gerações que do ponto de vista cultural, de formação académica e do ponto de vista técnico são únicas, insiste-se em desvalorizá-las, porque subitament

Ainda a festa do avante

A festa do Avante volta a ter como convidado o Partido Comunista Colombiano. Nem sequer haveria razão para grandes celeumas, não tivesse o partido em questão ligações às FARC, consideradas pelos EUA e pela União Europeia como terroristas. O secretário-geral do partido foi parco em palavras para justificar este convite, talvez porque não encontre os argumentos certos. Ao invés de desvalorizar a polémica, o secretário-geral do partido deveria ter justificado a presença deste partido com ramificações a grupos terroristas na festa do PCP. Afinal de contas, e se olharmos atentamente para o PCP, não ficamos surpreendidos com a presença do partido em questão na festa do Avante. A ideologia que subjaz ao PCP não permite que haja espaço a outra coisa que não seja o anacronismo e a falência que caracteriza o partido. A discussão sobre a crise dos partidos políticos está na ordem do dia. Por um lado a direita sufoca, não tem ideias, e alimenta-se de atavismos e tricas partidárias; por outro a esq