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A mostrar mensagens de agosto, 2017

Trump: um Presidente apostado na desunião

Já em campanha eleitoral Donald Trump aproveitou o medo e a ignorância de muitos americanos para fazer o seu caminho. O medo era conhecido: medo do outro, medo que o outro venha a ser a maioria, transformando-os, forçosamente, na minoria. A tudo isto soma-se a ignorância, o falhanço da educação e a dificuldade em atribuir a miséria e o desemprego a um sistema económico complexo e empenhado no logro e no engano, facilitando-se deste modo a atribuição de culpas ao outro: ao imigrante, ao hispânico, ao judeu, ao negro. Trump, na qualidade de Presidente, não mudou. Primeiro demorou dias até finalmente criticar, sem particular convicção, grupos neo-nazis e supremacistas brancos pelos crimes cometidos na cidade de Charlottesville. Depois optou por desvalorizar o que aconteceu atribuindo culpas a ambos os lados: aos nazis e fascistas, mas também aos anti-fascistas. Segundo o Presidente americanos, as vítimas também têm culpa. É evidente que Trump não o podia ter feito sem ter recorrido a

Coreia do Norte: guerra das palavras

A questão da Coreia do Norte volta a mostrar que Donald Trump é um Presidente que está muito longe de estar à altura dos acontecimentos e é também porque Trump ocupa a Casa Branca que as relações entre Pyongyang e os EUA têm-se degradado substancialmente. Trump, no seu habitual estilo cowboy senil, passa os dias a ameaçar o regime da Coreia do Norte, endurecendo o discurso com frases como “fúria e fogo”; “soluções militares estão preparadas caso a Coreia do Norte se comporte imprudentemente”; ou “talvez não tenha sido suficientemente duro”, referindo-se ainda à expressão “fúria e fogo”. A Coreia do Norte, por seu lado, tudo faz para esconder o facto de se sentir ameaçada, desde logo perante um Presidente dos EUA errático e indisponível para o diálogo. O regime liderado por Kim Jong -u n galvaniza todo um povo que vive na maior das penumbras, recorrendo a ameaças com disparos de mísseis para as águas de Guam – base militar pertencente aos EUA. A China, por sua vez, deixa sair no

Venezuela em pleno autoritarismo

Não há como ficar indiferente ao que se está a passar na Venezuela: violência, supressão de direitos, abusos de poder, reaccionarismo. Num contexto de forte conturbação, onde se assiste a uma espécie de guerra civil que nunca chega verdadeiramente a sê-lo, desde logo pela desproporção de poder entre ambos os lados, resta pouca ou nenhuma esperança para uma solução pacífica. Confesso ter dificuldade em fazer a defesa de um regime que, sem hesitações, aposta tudo para garantir a sua manutenção, e a democracia, ou que restava da mesma, acaba por ser mais um obstáculo no meio de tantos outros. Por outro lado, não teço elogios à oposição ao governo de Maduro, reconhecendo desde logo o seu acentuado reaccionarismo; mas não posso compactuar com a política do vale tudo, incluindo a supressão de liberdades, mortes e prisões arbitrárias em nome desta ou daquela revolução. O culto da personalidade a Hugo Chávez, o pouco o nenhum respeito pela democracia representativa e pelo pluralismo demo

Anthony Scaramucci - o exemplo da degradação na Casa Branca

Anthony Scaramucci, director de comunicação da Casa Branca, representa um exemplo máximo do grau de degradação que atingiu a Administração Trump e, por inerência, a própria democracia americana, que se transforma numa espécie de nepotismo circense, depois de passar pela longa fase de oligarquia, discreta, o quanto baste. Scaramucci foi entretanto afastado do cargo, depois de proferir o maior de rol de ofensas de que há memória entre membros próximos de um Presidente e mais grave: toda essa brejeirice foi dirigida a membros desta Administração. O director de comunicação durou dez dias, apenas dez dias, mas a impressão de que deixou será indelével: Scaramucci é e continuará a ser apreciado por Donald Trump e apenas foi afastado por pressão e imposição do novo chefe de gabinete do Presidente Americano. Se dependesse apenas de Trump, o agora ex-director de comunicação continuaria a proferir frases como "I'm not Steve Bannon, I'm not trying to suck my own c...." E é a

Agora são os números do desemprego

O ainda líder do PSD, Pedro Passos Coelho, vem manifestando uma inusitada atracção por números: antes dos números do desemprego haviam sido os números de vítimas mortais de Pedrogão, tudo em escassos dias, sendo certo que o antigo primeiro-ministro optou por deixar aos seus apaniguados a tarefa de entrar em discussões surreais e abjectas. Mas a obsessão com os números está lá. Agora o PSD, desta feita através do seu líder, continua não só com a referida obsessão como com os delírios. Então não é que a redução significativa do desemprego, recuando para níveis de 2008, se deve ao PSD e não ao Executivo que está há quase dois anos em funções. O actual primeiro-ministro recordou as palavras do líder do PSD que davam conta dos perigos de um aumento do salário mínimo, correlacionando esse aumento com a subida do desemprego. António Costa recordou ainda outro fascínio de Passos Coelho: a emigração. Assunto sobre o qual já se disse e escreveu o suficiente. Não deixa pois de ser curioso