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A mostrar mensagens de junho, 2011

Grécia IV

O famigerado pacote de austeridade foi aprovado pelo parlamento grego. O parlamento seguiu o caminho diametralmente ao que as ruas mostram querer seguir. Os protestos tornam-se cada vez mais violentos e os restantes países da zona Euro e da própria UE mostram a sua total incapacidade de mostrar laivos de solidariedade. As "reformas" que o governo grego fez foram profundas, o resultado está à vista de todos. O país não recupera, pelo contrário. Agora os cidadãos gregos são novamente chamados a apertarem ainda mais o cinto, quando se começa a perceber que já nem há dinheiro para o luxo de se pavonearem com cinto. É curioso como caminhamos todos no sentido do abismo. Recorde-se que a Grécia - o Estado pária da UE - conseguiu reduzir significativamente o défice orçamental, cortes na função pública, cortes nos salários, nas pensões, aumento de impostos. Mesmo assim, não chegou. Hoje tenta-se passar a ideia que a Grécia continua a ser irresponsável. As convulsões sociai

Dia decisivo

Hoje, no Parlamento grego, decide-se o futuro imediato do país . Se o novo pacote de austeridade passar, a Grécia recebe a última parcela do empréstimo do FMI e da UE. Caso o pacote chumbe, o país entrará em bancarrota, abalando toda a Zona Euro. As manifestações nas ruas de Atenas mostram um país descontente e até desesperado. Recorde-se que o novo pacote de austeridade inclui mais aumentos da carga fiscal e novos cortes salariais. Será porventura a sensação de angústia de um povo submetido a um plano que dificilmente produzirá resultados que lhe permita sair da difícil situação em que se encontra que leva tantos cidadãos daquele país a fazer greves e a mostrar o seu descontentamento nas ruas. É certo que os momentos mais violentos têm o cunho de grupos radicais, designadamente grupos anarquistas, mas é igualmente verdade que os cidadãos deste país, à semelhança de cidadãos de outros países, têm os seus limites. A UE vergou-se a interesses pouco consonantes com os interesse

Plano B

Os Estados-membros da União Europeia, designadamente os países que compõem a zona Euro, já discutem a existência de um plano B, caso o Parlamento grego chumbe as medidas de austeridade - a contrapartida para receberem a última tranche do empréstimo. Hoje é o dia D. Caso não corra B, passa-se, segundo a UE, para o plano B. A estratégia levada a cabo pela UE e pelo FMI está nitidamente a falhar. E começasse a questionar se essa estratégia atabalhoada não terá o seu grau de premeditação. Dito por outras palavras, é difícil acreditar-se em tanta ingenuidade da UE. Quanto ao FMI, os objectivos continuam a prender-se com o pagamento de empréstimos, designadamente à banca alemã e a outras que estão mais expostas, e a abertura dos vários sectores da economia dos países que dele se socorreram. Grandes oportunidades de negócios vão eclodir das dificuldades dos países; dificuldades essas que se agravaram com a atenção dos mercados e com a ineficácia europeia. O Plano B tem como obje

O fantasma do liberalismo

Segundo algumas opiniões a eleição do PSD levantou o fantasma do liberalismo, de cariz eminentemente económico, que foi igualmente explorado pelo PS durante a campanha eleitoral. Ainda segundo essas opiniões evoca-se o fantasma do liberalismo para assustar os mais incautos, isto partindo do pressuposto que o PSD não é assim tão liberal como se diz ou, sendo manifestamente liberal, que essa sua tendência ideológica não pode ser considerada nefasta. Seja como for, a ideologia do PSD é liberal e é apenas contrariada por quem não se revê nas mesmas receitas que culminaram com a pior crise económica dos últimos 80 anos. As ideias do PSD apenas são contrariadas por quem acredita que o Estado Social faz parte de um pacto social e merece ser fortalecido, não acreditando que a mudança da sua natureza é a sua salvação, quando é precisamente o principio do seu fim. Quem critica o PSD, fá-lo por não considerar que o Estado mínimo é a melhor solução, E embora reconheça que a partidocrac

Grécia parte III

A situação económica na Grécia continua a dominar a cimeira europeia, a primeira com a participação do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. A Europa mostra-se disposta a ajudar a Grécia - tendo em conta o potencial dos efeitos de contágio -, mas continuando nos mesmos moldes de mais dinheiro em troca de novas medidas de austeridade. Ora aqui é que reside o problema: a austeridade e a ineficácia das medidas adoptadas pelo Governo grego com o beneplácito do FMI e da UE são vistas pelo povo grego, pelos partidos da oposição e até por membros do partido socialista do primeiro-ministro grego, George Papandreou, como sendo inaceitáveis. A Europa que tanto tempo levou a reagir ao problema grego permitindo que este se agravasse e contagiasse outros países, tenta agora apagar mais este fogo em troca de mais medidas incendiárias. A convulsão social cresce e a possibilidade de novas medidas de austeridade que contemplam um incomensuravel programa de privatizações chumbarem no Parl

O novo Governo

Sempre que entra em funções um novo Governo, são criadas expectativas relativamente às pessoas que vão estar à frente dos destinos do país. Desta vez não foi diferente, embora se registe menos entusiasmo, em larga medida devido às condicionantes externas. O novo Governo não difere do anterior, pelo menos num aspecto: tem um plano da Troika para cumprir, restando pouco mais a fazer. Embora o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, tenha afirmado que pretende ir mais longe. Todos agem como se cumprirem integralmente o memorando negociado com o FMI e com a UE tudo se resolverá. Aposta-se tudo numa hipotética solução que poderá muito bem não produzir outros resultados para além de austeridade, endividamento e recessão. É muito provável que esta aposta no memorando, sem a contemplação de outras soluções de recurso, seja infrutífera, tendo apenas como consequência o adiamento do inadiável. O actual Governo sente-se como peixe na água. Tem um programa liberal, o da Troika, e tem

Saída do euro

Ferreira do Amaral, ontem em entrevista ao Diário de Notícias, defendeu que Portugal deveria utilizar o dinheiro da Troika para preparar a saída do Euro. Não é o primeiro a tocar no periclitante assunto, mas é dos primeiros a fazê-lo em Portugal. Não é possível deixar de assinalar que a saída de Portugal do Euro é uma forte possibilidade que não é contemplada pelos políticos, mas é ainda assim não deixa de ser uma possibilidade. Com efeito, a sugestão de Ferreira do Amaral deve ser analisada com cuidado, nem seja na elaboração de uma espécie de plano B. A situação grega, por muito que se queira dissociar das restantes, é fundamental para se perceber que de facto as soluções do FMI e da UE não estão a produzir resultados. O futuro é sombrio. Sem crescimento económico, afundados em recessão, num contexto em que só as economias mais fortes vingam, o países marcam passo e prolongam até à exaustão o sofrimento das populações. A análise de Ferreira do Amaral deve ser lida com ate

Fernando Nobre

Fernando Nobre continua a dar que falar. Hoje será o dia em que Nobre vai a votos e a possibilidade de não conseguir reunir o número de votos suficientes é real . Fernando Nobre não encontra consenso no próprio partido de que faz parte, quanto mais nos restantes partidos que compõem a Assembleia da República. Para além de não possuir experiência parlamentar, geralmente essencial para o desempenho do cargo em questão e, naturalmente, experiência essa que pesa no processo de escolha. Fernando Nobre constituiu antes de mais uma desilusão para quem tinha visto nele a possibilidade de se fazer política de outra forma, fora da influência dos partidos políticos e foi apenas por essa razão que conseguiu os resultados que conseguiu nas presidenciais. Ora, estas desilusões são particularmente perigosas numa altura em que muitos se afastam dos partidos políticos e da política em geral. Ninguém conseguirá compreender o que é que terá levado um homem a mudar de opinião assim tão subitam

Soluções esgotadas

Em bom rigor, as soluções a que se refere o título nem estão esgotadas, na verdade nem sequer são soluções. Fazemos referência às supostas soluções europeias para a crise da dívida soberana. Dir-se-á que a Grécia não é exemplo porque não cumpriu integralmente o que lhe foi exigido, mas já alguém pensou se o que foi exigido é passível de ser cumprido? A Grécia vive agora uma crise económica, política e social. Parafraseando Tony Judt, "somos todos filhos dos Gregos", como a memória é curta, acrescento eu. Por cá, a dupla Passos Coelho e Paulo Portas discutem uma outra questão: Fernando Nobre, um político que fingia não ser, uma pedra no sapato de Passos Coelho. Quanto às soluções são as que já se previam, as que constam do memorando de entendimento e talvez, segundo Passos Coelho, se consiga ir mais longe, em que aspecto? Vamos ver. Com efeito, a mensagem é a mesma: temos de cumprir um programa que acabará por redundar em recessão, adiando o tão necessário crescime

Instabilidade na Grécia

A Grécia, país que deixou uma herança indelével para a democracia, vive tempos conturbados. Depois de anos de irresponsabilidade dos seus governantes e após a recusa de qualquer laivo de solidariedade por parte da Europa, designadamente por parte da Alemanha que tanto beneficiou dessa mesma solidariedade, o país vive um turbulência política e social. A Europa mostra novamente as debilidades em matéria de consenso, adiando uma solução para o problema grego. No país, o retrocesso social leva muitos cidadãos às ruas para mostrar o seu descontentamento que não raras vezes degenera em violência. Um dos princípios da Europa - o princípio do bem-estar social cai por terra -, depois do princípio da solidariedade já ter caído. Os problemas que a Grécia atravessa são problemas de toda a União Europeia e não me refiro apenas ao potencial contágio. Todos os países sairão prejudicados com as dificuldades que a Grécia atravessa. Sem soluções, a possibilidade deste país, à semelhança de o

Os senhores que se seguem

Os senhores que se seguem não entusiasmam, foram eleitos consequência da má prestação do anterior governo. Vingou a postura da alternância - se um fica desgastado, escolhe-se o outro que por sua vez, sem maioria absoluta, convida o parceiro natural para formar coligação. A ausência de entusiasmo não se prende apenas com a difícil situação do país e com a imposição de um programa externo, prende-se igualmente com o afastamento dos cidadãos relativamente a uma classe política vista como uniforme, pouco competente e centrada em interesses que pouco se coadunam com o interesse dos cidadãos. Assim, não causa espanto que os senhores que se seguem não causem grande entusiasmo, desde logo porque foram eleitos na perspectiva da alternância, porque estão comprometidos com um programa externo - e querem ir mais longe - e, claro está, porque estes partidos políticos não entusiasmam ninguém, porque são partidos dedicados à distribuição de lugares, a negociatas mais ou menos obscuras e c

A Europa em rota de colisão

A falta de entendimento entre as instituições europeias e alguns Estados da União Europeia continua a fazer o seu caminho. As divergências em relação à forma como lidar com o problema das dívidas soberanas só agrava a situação de países como a Grécia, Portugal, Irlanda e também Espanha A crise das dívidas soberanas veio revelar a enorme fragilidade do Euro e de toda a estrutura económica da Zona Euro. Essa fragilidade e ausência de entendimento têm como resultado imediato a subida das taxas de juro, dificultando o financiamento de países cujas dificuldades são já incomensuráveis. De igual modo, há quem beneficie desta situação, exigindo juros altos em nome do nervosismo dos credores. Enquanto os líderes dos maiores países europeus e das instituições europeias mostram as suas divergências, a vida dos cidadãos de países como a Grécia, mas também Portugal conhece novas dificuldades. Não deixa contudo de ser curioso que no seio da UE não se discuta uma verdadeira solução para a

Sucessão no PS

Francisco Assis e António José Seguro são, até ao momento, os possíveis sucessores de José Sócrates. Um conta com os apoiantes de Sócrates, o outro destacou-se por ter se afastado de José Sócrates. Seja como for, o PS necessita uma profunda mudança, depois de largos anos de liderança de José Sócrates. Com efeito, a liderança de José Sócrates deixou uma marca indelével no Partido Socialista, trazendo à superfície os podres do partido. Foi notória a estranha consonância em torno do líder, a oposição interna foi quase inexistente, o caciquismo e a partidocracia marcaram estes anos. Qualquer que seja o futuro líder do partido tem que romper com este passado recente. Não chega ter o apoio das bases do partido ou das estruturas locais e regionais quando os cidadãos se afastam inexoravelmente da política. Os líderes dos partidos políticos têm que perceber que hoje, talvez mais do que nunca, são necessárias mudanças, caso contrário é o futuro da democracia e por inerência, dos part

O problema grego

Não deixa de ser inquietante que um país, por razões meramente financeiras, seja tratado como um problema e, não raras vezes, seja mesmo tratado como se tratasse de um pária. É precisamente isso que está acontecer com a Grécia. As suas dificuldades de financiamento e orçamentais transformaram-se em crimes aos olhos das instituições europeias e de alguns países europeus cuja memória é incomensuravelmente curta. Discute-se agora a possibilidade de reestruturação da dívida, surgindo divergências entre BCE e países como a Alemanha. Nesta farsa chamada Europa, os consensos são invalidados em virtude de palavras como a "solidariedade" e "bem-estar" social terem desaparecido. Talvez se se tivesse olhado atempadamente para a Grécia numa perspectiva de solidariedade, os problemas que hoje a Europa atravessa não existiriam ou não teriam esta dimensão. A Alemanha, por sua vez, age como se estes problemas que afectam as chamadas economias periféricas não viessem

Novo Governo

Depois das eleições de domingo que deram uma maioria ao PSD e ao CDS em coligação, espera-se agora que os dois partidos se entendam para formar Governo. Já se percebeu que não há tempo a perder. Este novo Governo - o que sair do entendimento entre os dois partidos - não tem tempo a perder. Há um caderno de encargos para cumprir chamado memorando de entendimento. O novo Governo já animou os mercados. Trata-se afinal de um Governo de maioria e ainda para mais de direita. Razões mais do que suficientes para agradar aos mercados. Além do mais, Passos Coelho já sublinhou a vontade do seu partido em ir mais longe do que a Troika. O novo primeiro-ministro quer surpreender. Desconfia-se que quem vai sair surpreendido de toda esta história são muitos Portugueses que votaram neste PSD.

Resultados das eleições

O PSD ganhou as eleições com uma vantagem considerável, provavelmente acima do que muitos esperavam, sobre o PS e, em consequência, talvez a melhor notícia da noite: José Sócrates abandonou a vida política activa, pelo menos garantiu que não ocupará nenhum cargo político nos próximos tempos. O CDS consolidou a sua vantagem e fará parte do novo governo em parceria com Pedro Passos Coelho. A CDU ainda conseguiu eleger mais um deputado e o Bloco de Esquerda foi o outro grande derrotado da noite. A primeira ilação a retirar dos resultados de ontem é que a direita está em clara vantagem no parlamento e será a direita naturalmente a formar governo. Assistiu-se a uma inversão que embora esperada, foi talvez mais longe do que se pensaria. Aqui entende-se direita, no caso do PSD do ponto de vista das políticas económicas e no caso do CDS a sua posição tem sido de centro-direita. Destas eleições, o PS deverá escolher uma nova liderança e deverá perceber que se José Sócrates tivesse a

O voto

No próximo domingo os cidadãos vão escolher uma nova composição da Assembleia da República. Como todas as sondagens indicam e como não se trata propriamente de uma surpresa, já se percebeu de que forma é que será constituída a Assembleia da República, ou seja os mesmos do costume. De facto as dúvidas ainda se prendem com que formará Governo, embora tudo indique que será o PSD, e com quem. O sentido de voto em Portugal e em grande parte dos países ocidentais está manifestamente condicionado pela comunicação social, por muito que se finja que as pessoas são livres para escolher a verdade é que essa pretensa liberdade é condicionada pela informação e pela exposição que chega às pessoas. Por conseguinte, neste jogo distorcido, quem tem uma ampla exposição tem mais probabilidades de ser eleito, deixando pouco espaço para quem tem uma dimensão mais pequena e não conta com a atenção dos média. A excepção são pessoas como o candidato presidencial madeirense, José Manuel Coelho, que

Cultura democrática

As crises económicas têm consequências a vários níveis e quanto mais profundas mais se agudizam determinadas características de muitos cidadãos com maior ou menor responsabilidade. Depois de semanas exasperantes e campanha eleitoral, ficou bem patente a ausência de cultura democrática que prolifera em alguns partidos e, não menos importante, em muitos cidadãos. A falta de respeito pelos comícios dos partidos e a consequente e inadmissível forma como membros desses mesmos partidos lidam com a falta de cultura democrática, demonstrando eles próprios um défice democrático diz muito do nosso pais. Desde políticos como o ainda primeiro-ministro que pouco ou nada fez para consolidar a democracia portuguesa até ao cidadão comum que em tempos de desespero almeja por quem ponha isto na ordem ou cai em saudosismos pouco saudáveis, a verdade é que o país não tem apenas um défice das contas públicas, há um outro défice pouco discutido que torna o país mais pequeno a cada dia que passa

Campanha eleitoral e o Estado Social

De nada adianta andar-se a apregoar a defesa do Estado Social se não existirem meios de garantir a sua sustentabilidade. De igual modo, há quem alegue fazer a sua defesa, mas subvertendo a própria natureza do Estado Social. Ambas as posições podem ser encontradas nas propostas dos principais partidos. De resto, é notório que a discussão em torno do Estado Social que pretende servir de bandeira do Partido Socialista tem caído reiteradamente na mais abjecta vacuidade. De facto, não se discute o Estado Social, a forma de garantir o seu financiamento e a própria filosofia que lhe subjaz. Apenas se afirma fazer a sua defesa. Não se retira nada de elucidativo sobre o Estado Social e sobre outros assuntos desta campanha eleitoral. O tempo é gasto em frases de acusação mútua numa espécie de exercício pueril e desfasado da realidade que nos atinge. Sobre o Estado Social importa perceber se a sua abrangência é viável, se não deveria estabelecer um conjunto de prioridades na área d