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A mostrar mensagens de fevereiro, 2011

O Destak e a precariedade

Hoje o jornal Destak dedicou duas páginas ao tema da precariedade, com especial enfoque no famigerado artigo de opinião da directora Isabel Stiwell. Recorde-se que a directora do jornal em questão abordou o tema da música dos Deolinda "Parva que sou" num artigo de opinião que originou algum descontentamento. Agora a directora do jornal procura retratar-se, não retirando o que escreveu, mas alegando que talvez tenha sido mal interpretada. Não foi. Isabel Stiwell abordou o tema da precariedade como alguns fazem em Portugal, ou seja relativizou-o, procurando sublinhar a necessidade dos jovens darem o melhor de si num país em que o melhor de cada um não tem propriamente a importância merecida. A directora do Destak relativizou a questão da precariedade e por essa razão foi severamente criticada. Concorda-se naturalmente com a directora do Destak quando a mesma se queixa dos impropérios que lhe terão sido dirigidos e com o facto de viver num país onde existe liberdade

Partidos políticos

Sejamos realistas: os actuais partidos políticos, para além de não apresentarem soluções viáveis para a resolução dos problemas que assolam o país, fazem cada vez mais parte do problema. Deixaram há muito de ser a solução. Preocupados com a distribuição de lugares, transformados em centros de emprego para privilegiados, meros intermediários em negociatas ou reféns de ideologias caducas, os partidos políticos com representação parlamentar abdicaram por completo por aquilo que deve ser o objectivo da política: a salvaguarda do bem comum. Os espectáculos proporcionados por esses partidos no Parlamento não são dignos, prestando-se muitos deputados a tristes figuras deles próprios. Pelo o caminho, a democracia portuguesa sai todos os dias prejudicada e enfraquecida. Entre queixumes exasperantes e um imobilismo incompreensível, o país é arrastado por partidos políticos afundados na inépcia e na satisfação de interesses mesquinhos. Até quando?

Ainda as revoltas

Como se pode depreender pelas revoltas que assolam o Magrebe e o Médio Oriente, o poder do povo, mesmo depois de anos e décadas de opressão, continua a ser avassalador. Até o regime saudita anunciou reformas de vários sectores para evitar o contágio das revoltas que já surtiram efeitos palpáveis na Tunísia e no Egipto. Por muitas críticas que se possam elaborar, por muito que as informações que nos chegam sejam as mais claras, a verdade insofismável é que estes povos fizeram valer a sua voz para alcançar conquistas cuja legitimidade não pode ser seriamente posta em causa. Na esmagadora maioria dos países do Magrebe e do Médio Oriente os regimes eram e são anacrónicos que sobrevivem à custa do despotismo mais abjecto, suprimindo liberdades essenciais e condenando o povo à miséria enquanto aqueles que pertencem ao regime vivem na opulência. As consequências das revoltas serão seguramente discutidas e os perigos e a violência estão sempre à espreita. Mas é difícil senão mesmo

O discurso de Khadafi

Perante o discurso de duas horas do líder Líbio Muamar Khadafi, ficamos com a sensação de que a revolta na Líbia pode-se tornar ainda mais sangrenta. Os adjectivos utilizados pelo líder Líbio para caracterizar os seus opositores, a rejeição de qualquer saída do cargo e o recurso a palavras como "mártir" não deixam antever uma solução fácil para aquele país africano. A saída pacífica de Khadafi parece absolutamente impossível. Os opositores ao regime parecem dispostos a continuar a sua luta. O resultado desta equação dificilmente será outra coisa que não sangrento. Acresce a esta situação a instabilidade do próprio líder Líbio que tantas vezes teve comportamentos que raiaram a insanidade. Entretanto, a evolução dos acontecimentos na Líbia parece ser uma verdadeira incógnita. Todavia, há algumas certezas: não há uma solução pacífica para o problema; o petróleo vai continuar a subir e o povo Líbio não parece disposto a abdicar da sua luta. Como já aqui foi sublinhad

Desemprego e precariedade

Os números oficiais do desemprego não deixam ver um panorama mais geral de grandes dificuldades para milhões de cidadãos que estando ou não inscritos nos centros de emprego, encontram-se em situação de grande fragilidade. A isto acresce o aumento e a aceitação recorrente da precariedade. Impõe-se a ideia da inevitabilidade e ouve-se com insistência "pelo menos tem trabalho", independentemente da precariedade que esse trabalho acarreta. De igual modo, o Governo insiste em penalizar quem já se encontra num contexto de fragilidade. Os famigerados recibos verdes são disso um bom exemplo. Para além da desprotecção social para quem trabalha a falsos recibos verdes (que continuam a ser uma praga endémica, por muito que o discurso oficial não o reconheça), pedem-se sacrifícios, designadamente em matéria fiscal, a quem praticamente já nada tem. Os partidos políticos do espectro do poder preferem ignorar uma realidade insustentável que afecta muito em particular os jovens.

Líbia

As revoltas no mundo árabe chegaram à Líbia. A repressão do regime já fez um elevado número de mortos. Contrariamente à Tunísia ou até ao Egipto, o regime de Khadafi parece mais consolidado, sendo deste modo mais difícil uma queda relativamente pacífica do regime. O filho de Khadafi fala mesmo na hipótese de guerra civil. Sejamos realistas: o regime de Khadafi só pode ser caracterizado como obsoleto, mesmo levando em consideração a mudança para o campo da moderação no que diz respeito à relação da Líbia com o mundo ocidental. À semelhança de outros países árabes, é o povo que vive diariamente as dificuldades e as desigualdades deste país exportador de petróleo. Por conseguinte, é difícil refutar a legitimidade do povo líbio que, apesar da repressão, não cessa a sua luta por mais liberdade e por melhores condições de vida que são indefinidamente adiadas por um regime anacrónico e déspota. As revoltas continuam no Médio Oriente e no Magrebe. Apesar das consequências incerta

Será assim tão parvo?

A música dos Deolinda "Parva que sou" não tem deixado ninguém indiferente. A música chegou mesmo à discussão política, revelando a natureza cada vez menos socialista do PS, pelo menos deste PS liderado pelo inefável José Sócrates. Outros criticam a música como é o caso de alguns comentadores de pacotilha que, sentados confortavelmente nos seus gabinetes, fazem comentários sobre realidades distantes. "Parva que sou" podia ser o desabafo de gerações que vêem o seu futuro reiteradamente hipotecado. "Parva que sou" exaspera algumas almas mais sensíveis por dizer cruamente a verdade: o trabalho, quando há, é invariavelmente precário. É precisamente a precariedade do trabalho que rouba dignidade a muitos milhares de jovens que auferem uma miséria, que desesperam pelo final do contrato e pela incerteza que esse final acarreta, que se sujeitam a tudo e mais alguma coisa para não perder o emprego, geralmente precário. Volto a criticar o jornal "Des

As revoltas

As revoltas, ou até revoluções, que tem ocorrido no Médio Oriente e no Magrebe têm sido entendidas, em geral, como acontecimentos compreensíveis e até expectáveis. Contudo, haverá sempre quem não veja fundamento na revolta dos outros. De facto, é muito fácil viver-se num contexto diametralmente oposto e criticar-se quem sente a necessidade de lutar por uma vida melhor e por mais liberdade. As consequências das revoltas são naturalmente imprevisíveis e há riscos associados a qualquer mudança de regime, muito em particular em determinadas regiões do globo. Todavia, não se pode deixar de compreender quem simplesmente mostra a coragem de se manifestar pacificamente durante semanas a fio apenas porque pretende uma vida melhor, um futuro mais promissor e, claro está, mais liberdade. Não perceber isto revela uma hipocrisia exasperante. Com efeito, não se compreende como é que se nega aos outros o direito a lutarem por tudo aquilo que nós temos e, mais grave: como é que se passa pa

Recessão

Segundo o Governador do Banco de Portugal o país já está em recessão . Nada de novo, portanto. As medidas de austeridade só poderiam redundar em recessão. Infelizmente, essa continua a ser receita defendida em Portugal e imposta por Bruxelas, ou mais concretamente pela Alemanha. A receita imposta é a da austeridade levada ao extremo. Não se pode refutar a importância de contas públicas saudáveis, aquilo que é, no mínimo, discutível é o exagero nas medidas de austeridade: a sobrecarga fiscal para os cidadãos e para empresas, os cortes e a natureza do investimento público, o débil funcionamento da Administração Pública onde se gasta desmesuradamente e, simultaneamente, existe falhas a raiar a miséria. O país não funciona. A recessão só virá agravar o estado do país. A recessão agora anunciada pelo Governador do Banco de Portugal e escamoteada pelo Governo só vem transformar o ano de 2011 num ano sofrível.

Novamente o Irão

Um ano depois das manifestações por altura do período eleitoral no Irão que culminou com a vitória de Ahmadinejad, o povo iraniano volta a manifestar-se contra o regime. Estas manifestações vão certamente buscar inspiração ao que se passou na Tunísia e no Egipto. Curiosamente, o regime iraniano impulsionou o povo egípcio para empreender a revolução - uma revolução islâmica - e agora percebem que esse seu apoio a uma revolução pode revelar-se contraproducente. O regime teocrático supressor de liberdades continua a contar com o apoio da parte da população mais envelhecida que vive fora dos centros urbanos, mas não conta com o apoio dos jovens, o que é preocupante para o regime quando o país é constituído, em larga medida, precisamente por jovens. No ano passado, o regime tremeu, não soçobrou. Hoje, a turbulência que afecta o Médio Oriente e o Magrebe servem de inspiração ao mundo árabe e não só, como se vê agora pelo Irão. Essa inspiração, baseada nas conquistas do povo tunis

E agora Egipto?

Mubarak finalmente abandonou o poder. O povo egípcio deu uma lição ao ditador, mas também ao mundo, mostrando que a força dos cidadãos não deve nem pode ser menosprezada. Contudo, o futuro do país é uma incógnita. Nas mãos dos militares, o país está no limbo da incerteza e muitos Egípcios continuam sem desmobilizar da praça Tahrir, embora a desmobilização venha a efectivar-se. Note-se que algumas das suas exigências ainda não foram totalmente cumpridas, designadamente as detenções sem fundamento e os presos políticos. O futuro do Egipto deve passar pelo rápido restabelecer da normalidade, através da criação de instituições democráticas e da realização de eleições livres. Sejamos realistas: apesar da preponderância do exército, organizações como a Irmandade Muçulmana (reprimidas pelo regime) terão um papel a desempenhar no novo Egipto, o que não quer dizer forçosamente que o radicalismo venha a tomar conta do país. De facto, espera-se que o povo egípcio continue a ser um exe

Moção de censura parte II

Agora foi a vez do Bloco de Esquerda anunciar a sua intenção de apresentar uma moção de censura por oposição a uma moção de confiança. É indiscutível que a estratégia do Bloco de Esquerda (BE) parece ser indissociável das últimas movimentações do PCP. Outra evidência prende-se com o efeito surpresa que a acção do BE provocou. De facto, ninguém estaria à espera da utilização daquela estratégia política, muito menos o primeiro-ministro cuja exasperação tornou-se, como de resto é habitual, indisfarçável. A moção de censura do Bloco de Esquerda dificilmente contará com a aprovação do PSD, quer pelo momento, quer por ter sido uma forma que o Bloco de Esquerda encontrou para voltar aos palcos principais da política, depois de umas eleições presidenciais que não foram propriamente favoráveis. Paralelamente, o PCP estava a ocupar demasiado esses palcos principais da política. Consequentemente, a moção de censura dificilmente será aprovada, é mais um episódio da paupérrima vida polí

Um olhar sobre as greves

Esta semana tem sido marcada por greves no sector dos transportes públicos. A cobertura da comunicação social cinge-se aos inevitáveis constrangimentos que essas paralisações provocam na vida dos cidadãos. Contudo, grande parte da comunicação social limita-se a olhar para as greves adoptando apenas essa perspectiva. Quantos às razões que subjazem às paralisações pouco se adianta. Com efeito, as greves são associadas a reivindicações genericamente sectoriais, ficando uma larga maioria de cidadãos arredados do fundamento das mesmas, com a agravante de ser precisamente essa larga maioria de cidadãos a sair prejudicada das paralisações. Mesmo as greves ditas gerais são geralmente pouco abrangentes, limitando-se a cobrir o sector público. A precariedade cada vez mais transversal ao mercado de trabalho deixa de fora milhões de trabalhadores que se vêem reféns dessa precariedade. As manifestações teriam, quanto a mim, um impacto interessante e poderiam levar às ruas do país muitos

Moção de censura

A moção de censura com vista a derrubar o Governo volta a estar em cima da mesa depois das declarações do secretário-geral do PCP. O maior partido da oposição aborda o assunto cautelosamente. Por outro lado, os cidadãos falam como se tivessem vontade de aprovar uma moção de censura contra grande parte da classe política, mas agem dando votos de confiança (designadamente através de eleições) aos políticos do costume. Com efeito, torna-se impossível não reconhecer que o actual Executivo apresenta muito poucas condições para continuar. Os problemas económicos do país agravam-se de dia para dia; a vida dos cidadãos conhece retrocessos inauditos; as reformas estruturais foram metidas na gaveta (se é que alguma vez saíram de lá) por tempo indeterminado. Uma eventual moção de censura poderá até contar com a compreensão dos cidadãos. Todavia, o que se seguirá a essa moção de censura bem sucedida é mais uma vez o obscurantismo de uma classe política avessa ao diálogo, à discussão de

Os sete pecados do PS

Ana Benavente criticou severamente o partido a que pertence . Não se trata de uma novidade, a ex-Secretária de Estado pertencente ao Governo de António Guterres é uma das mais veementes críticas do Partido Socialista liderado por José Sócrates. Em entrevista à Revista Lusófona de Educação, Ana Benavente chega mesmo a enumerar os sete pecados mortais do PS: o neoliberalismo; a inexistência de debate e o autoritarismo; as dependências do país; a propaganda; a falta de ética; a destruição de políticas sociais paradoxalmente encetadas pelo PS; falta de credibilidade. As críticas são acertadas e têm uma importância reforçada por serem tecidas por alguém do partido, isto quando o silêncio parece ser a regra de ouro do PS. Excepção feita a meia-dúzia de membros do PS que insistem em criticar a ausência de debate interno, a inexistência de ideias e até a conduta do ainda primeiro-ministro. As críticas de Ana Benavente são as mais acertadas. Aliás, é difícil refutá-las. Sejamos re

A instabilidade do Egipto e a voracidade

Existe um elemento que é indissociável do grave período de instabilidade que se está a viver no Egipto, mas também noutros países do Médio Oriente e do Magrebe: a voracidade especulativa. Passamos a explicar; o Egipto, a par de outros países da região e do mundo, são vítimas de investidores de Wall Street que deixaram os produtos tóxicos do subprime para passaram a ter como alvo a especulação sobre matérias-primas. Não é causa de grande espanto que o preço dos alimentos tenha vindo a subir consideravelmente desde 2008 (neste mesmo blogue já se tinha chamado a atenção para os perigos dessa subida). Ora, em países com elevados níveis de pobreza e de desemprego, estas subidas não podem fazer outra coisa que não seja inflamar os ânimos. Para além disso, o Egipto e outros países da região tem características que não lhes permitem fazer face a aumentos do preço dos alimentos. Recorde-se que apenas 5% do solo egípcio é fértil. Em suma, o aumento dos bens alimentares, o desemprego

Ainda o Egipto

Hoje é o "dia da partida", dia escolhido pela oposição egípcia para Hosni Mubarak, o Presidente do Egipto, abandonar o cargo. Depois de semanas de tensão e dos últimos dias de violência nas principais cidades egípcias, não é de excluir que o dia de hoje possa trazer alguns desenvolvimentos. O Presidente Mubarak defende-se prometendo abandonar o cargo em Setembro e que o seu filho não o sucederá. Diz, numa entrevista a uma canal americano, que se abandonasse o cargo agora, o Egipto cairia numa situação de caos. Como se o caos e a violência não se tivessem já instalado nas principais cidades do país. Tenta-se jogar a carta do fundamentalismo religioso, embora pareça óbvio que esse argumento tem mais impacto externamente do que internamente. Diz-se que se Mubarak cair agora o perigo do radicalismo islâmico tomar conta do país é real. De facto, esse perigo existe, ainda para mais no país da Irmandade Muçulmana. Ainda assim creio que não haverá outra solução que não

Violência no Egipto

As manifestações pacíficas nas principais cidades do Egipto, designadamente na famigerada praça Tahrir contrastam agora com a violência entre alegados apoiantes pró-Mubarak e manifestantes contra o regime do ainda Presidente egípcio. Prevê-se que até sexta-feira, a violência continue a recrudesceder. Recorde-se que a próxima sexta-feira é uma espécie de prazo para a saída de Hosni Mubarak. Parece claro que antes da situação no Egipto melhorar, vai piorar. A violência perpetrada, segundo alguma imprensa, por elementos próximos do ainda Presidente (existem mesmo rumores que quem desencadeia a violência são precisamente polícias à paisana e ex-presos "comprados" pelo regime) coloca o Egipto numa situação potencialmente explosiva. Se a instabilidade que se vivia não era um bom augúrio para as empresas a operar no Egipto, a violência que toma conta das ruas tem afastado cidadãos e empresas estrangeiras. A preocupação com o radicalismo foi porventura prematura, precisa

O perigo do radicalismo

As convulsões que se têm sentido no mundo árabe são sintomáticas da vontade de mudança que muitos cidadãos sentem. Depois da Tunísia, o Egipto. Mas outros países da região estão a passar por um assinalável período de instabilidade. Já aqui se referiu que não se pode pôr em causa as aspirações de pessoas que mais não fazem do que exigir o mesmo que nós exigimos: mais liberdade, mais democracia, mais bem-estar social. Todavia, não podemos deixar de salientar o peso que o radicalismo islâmico tem na região. No Egipto terra da Irmandade Muçulmana, mas também no Iémen, no Sudão, na Jordânia, na Argélia, em Marrocos. Numa altura de grande instabilidade, não se pode olhar displicentemente para um possível aproveitamento dessa instabilidade a favor de grupos que apregoam o radicalismo, significando isto um retrocesso quer para a região, quer para o mundo. De resto, se grupos políticos mais radicais se apropriarem do poder nestas regiões, com especial enfoque para o Egipto, não hav

Marcha de um milhão

No Egipto promete-se a marcha de um milhão - o número ambicionado de Egípcios para protestarem contra o regime de Mubarak. Existe para já uma evidência: nem as mudanças já efectuadas, nem tão-pouco as mudanças prometidas fazem qualquer eco na população egípcia. Ninguém parece arredar pé enquanto o Presidente Mubarak permanecer no poder. Na verdade e apesar das potenciais consequências nefastas da revolta, é necessário reconhecer a legitimidade das reivindicações do povo egípcio. A procura de mais liberdade, de democracia e de melhores condições de vida são reivindicações inexoravelmente legítimas. Podemos discutir o aumento do preço do petróleo em consequência dos problemas no canal do Suez; podemos debater o perigo do radicalismo religioso no pais da Irmandade Muçulmana; é possível advogar-se os perigos decorrentes de uma mudança de regime nas relações entre o Egipto e Israel; podemos mesmo defender que a revolta no Egipto serve de inspiração para outras revoltas no mundo