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A mostrar mensagens de maio, 2009

O jogo do vale tudo

O cabeça de lista do PS às eleições europeias, Vital Moreira, recorreu a um discurso despropositado, acusando o PSD de estar envolvido no escândalo do BPN e referindo-se ao caso de um modo impróprio e a raiar a boçalidade, utilizando termos como "roubalheira". O discurso próprio de café é sintomático de algum desnorte da candidatura do PS ao Parlamento Europeu que assiste quer à aproximação do PSD, quer à perda de votos para os partidos à esquerda do PS. Por outro lado, a campanha tem-se pautado por alguma descoordenação entre o cabeça de lista às eleições europeias e o secretário-geral do partido. Por fim, o PS e Vital Moreira sabem que estas eleições, marcadas para dia 7 deste mês, são essencialmente um teste à governação do Executivo liderado por José Sócrates. De um modo geral, o PS e, em larga medida, os restantes partidos que concorrem ao Parlamento Europeu gastam o seu tempo com ataques e crispações políticas que pouco ou nada têm a ver com questões europeias. Vital M

A guerra é possível?

O Jornal Público dá conta do aumento dos níveis de alerta por parte dos Estados Unidos e da Coreia do Sul contra a Coreia do Norte . As reiteradas demonstrações de força sob a forma de provocações está a deixar os países vizinhos da Coreia do Norte e a comunidade internacional com os nervos à flor da pele. Além dos ensaios nucleares, o regime norte-coreano não se coíbe de ameaçar directamente os países vizinhos e abandonou mesmo o armistício que acabou com a guerra de 1950-1953. Ora, nestas circunstâncias a tensão vai continuar a subir, com a agravante de se desconhecer o próximo passo do regime chefiado por Kim Il - Jong (isto se ainda for Kil Il - Jong a estar à frente do regime) tendo em conta o elevado grau de imprevisibilidade da Coreia do Norte. Recorde-se que este recrudescimento da tensão ocorre numa das zonas mais militarizadas do mundo. A instabilidade que se vive na região persiste desde o princípio dos anos 50 e tem contado com momentos mais intrincados. O que se está a

Renúncia de Dias Loureiro

Vários órgãos de comunicação social estão a noticiar a renúncia de Dias Loureiro do cargo de Conselheiro de Estado . A confirmar-se a notícia é caso para dizer que esta é uma situação há muito esperada, depois de incongruências, suspeições e contradições, o Conselheiro de Estado Dias Loureiro não podia fazer outra coisa que não fosse renunciar ao cargo. Pelo caminho, desgastou-se a imagem do Presidente da República que por omissão ou por apoio indirecto mostrou sempre estar ao lado do ex-ministro. Lamenta-se no entanto o tempo que Dias Loureiro precisou para perceber que a sua presença no Conselho de Estado não era sequer desejada por grande parte dos Conselheiros de Estado, alguns dos quais não esconderam mesmo o seu "desconforto" com a situação. Mas mais grave terá sido facto do Dias Loureiro ter ignorado o mal que estava a causar às instituições democráticas, designadamente no que diz respeito à sua credibilidade. Na verdade, por muito que estas situações ,que mostram uma

Até quando?

Os jornais de hoje dão conta de um pedido de um juiz para levantar a imunidade parlamentar ao Conselheiro de Estado Dias Loureiro . Ontem, Oliveira e Costa reforçou as suspeições que recaem sobre o ex-ministro do PSD. Durante os últimos meses Dias Loureiro acabou ele próprio por revelar inúmeras contradições reforçando o clima de suspeição que caracteriza a sua acção no Banco Português de Negócios. Perante estas circunstâncias seria expectável que Dias Loureiro se afastasse do cargo que ocupa no Conselho de Estado, mas nem o agravamento da situação em que se encontra envolvido o faz demover de exercer um cargo tão relevante para a democracia portuguesa. Muitos defendem a permanência em altos cargos públicos mesmo em circunstâncias suspeitas, defendendo assim que durante o processo de esclarecimento e averiguação dessas suspeitas, não existem razões para que se abandone o cargo. Ora, esta ideia é legítima e sustentada na premissa de inocência até prova em contrário, existe porém uma res

Ensaios nucleares da Coreia do Norte

O regime norte-coreano continua a zombar da comunidade internacional, através de ensaios nucleares que contam com a forte condenação internacional. Até a Rússia já enfatizou a inevitabilidade de resoluções duras contra a Coreia do Norte, pese embora se ignore que a Rússia tem a sua quota-parte de responsabilidade na situação actual caracterizada por constantes provocações do regime liderado por Kim - Il Jong . Espera-se que a China siga o exemplo russo e não se coíba de condenar a atitude provocatória do regime norte-coreano. Além da condenação, espera-se que o regime chinês perceba que nada de positivo pode advir da crescente instabilidade da região e o que o pragmatismo chinês dê lugar a qualquer solidariedade ideológica. De resto, a Coreia do Norte tem hoje a capacidade para exasperar meio-mundo e preocupar os seus países vizinhos graças ao apoio de países como a China e, em menor grau, a Rússia. A única forma exequível de refrear a atitude provocatória da Coreia do Norte passa por

Pobreza do debate político

Em vésperas de eleições para o Parlamento europeu, os candidatos dos vários partidos políticos voltam a mostrar a sua incapacidade para encetarem a via do diálogo construtivo. O tempo é passado entre acusações mútuas e ataques pessoais. Vital Moreira escolheu falar de ideologia e acusa o PSD de ser "conservador", "neoliberal" e "oportunista" nos que diz respeito à Europa. Vital Moreira faz precisamente aquilo que o secretário-geral do PS faz com frequência: tenta ensombrar os adversários recorrendo a rótulos e evitando o aprofundamento do debate de ideias. Tem sido assim com o Partido Comunista - o PS não combate o PCP no campo das ideias, limita-se a acenar com a palavra "comunista" e a acusar o partido de estar por detrás de todas as manifestações que se fazem no país. Vital Moreira adoptou uma conduta similar: acusa o PSD de ser "neoliberal" numa altura em que o liberalismo económico tem o seu peso na crise mundial. O candidato do PS

Flexibilização em tempo de crise

A possibilidade da Autoeuropa encerrar as suas portas em Portugal fez soar todos os alarmes. Seria dramático para a economia portuguesa que a Autoeuropa se deslocalizasse para outro país - para além do despedimento de centenas de trabalhadoras, toda uma indústria associada à Autoeuropa se desmoronaria, levando consigo milhares de trabalhadores. Os dirigentes da Autoeuropa conhecem bem a dependência que, até certo ponto, a economia portuguesa tem da fábrica de Palmela. O Governo, pela voz do ministro da Economia, manifestou preocupação com a falta de flexibilidade dos trabalhadores. O patrão da Sonae expressou as mesmas preocupações, isto apesar dos trabalhadores da Autoeuropa já terem dado provas de serem flexíveis nas inúmeras negociações. Em altura de crise pedem-se sacrifícios aos trabalhadores, mas em períodos de maior estabilidade e abundância, o princípio da reciprocidade cai por terra. Há um desequilíbrio que não pode ser aceitável entre empresas e trabalhadores e as empresas,

Desemprego e a crise

Mais notícias assustadoras sobre os números do desemprego: os centros de emprego registaram um incremento de 27,3 por cento de inscrições no mês de Abril. De facto, os aspectos mais negativos da crise prendem-se com o aumento galopante do número de desempregados. Apesar de não nos servir, de todo, de consolo, a verdade é que Portugal regista ainda assim uma taxa de desemprego bastante inferior à taxa de desemprego do país vizinho. Mas o aumento que se tem registado desde o principio do ano tem custos sociais incalculáveis. O desemprego não é apenas um drama económico e social, é, essencialmente, um drama pessoal e familiar. A actual crise é também o reflexo de um sistema económico mundial assente na inexpugnabilidade dos mercados e no consequente desprezo pelas pessoas, olhadas invariavelmente como apenas números. Ao aumento da importância dos mercados, assistiu-se igualmente à fragilização da política ou à sua completa submissão aos ditames dos mercados. Ora sendo a política a única f

Depois do episódio do telemóvel, as aulas de sexo

Depois do famigerado do episódio do telemóvel em que se assiste à exaltação de uma aluna depois da professora ter-lhe retirado o telemóvel, assistimos agora a uma conversa degradante de uma professora com os seus alunos. Também esta professora está manifestamente exaltada, o conteúdo da conversa aproxima-se da lascívia e a professora não se coíbe de fazer ameaças às alunas; e como corolário desta cena inacreditável, a professora ainda tem manifesta uma arrogância intolerável ao diminuir a mãe de uma aluna por esta ter menos "anos de escola". Quando a aluna da Carolina Michaelis e alguns dos seus colegas humilharam a professora, choveram críticas e as imagens passaram nas televisões ad nauseum . O caso era grave e os alunos envolvidos foram rapidamente castigados. Agora é uma professora que, com a devida salvaguarda das distâncias, tem um comportamento ,também numa sala de aula, profundamente reprovável. A professora foi, para já, suspensa. É claro que existe um contexto e in

Definição ideológica

Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD às eleições europeias, tem vindo a definir-se ideologicamente e fê -lo novamente numa tertúlia entre bloggers. O candidato social democrata afirmou estar mais à direita do PSD e sublinhou a sua forte convicção de uma Europa federalista. Esta definição ideológica merece algumas linhas mais não seja porque em Portugal os políticos sentem uma forte relutância em se definir, particularmente nos partidos mais à direita do espectro político português. A intervenção de Paulo Rangel vem também na linha daquilo que tem sido o percurso do líder da bancada parlamentar como cabeça de lista do PSD, ao discutir assuntos internos mas ao não descartar a importância de se discutir a Europa, em particular quando este assunto que será escrutinado pelos cidadãos já no próximo mês é manifestamente desconhecido para a generalidade dos cidadãos. Todavia, as intervenções de Paulo Rangel, e, em maior grau, as dos restantes candidatos pecam por fugir ao essencial: se o assun

Líder Tâmil dado como morto

A agência noticiosa AFP noticia a declaração de um responsável militar do Sri Lanka que dá o líder dos rebeldes Tâmil como morto. Depois de semanas de confronto entre os militares do SriLanka e os rebeldes Tâmil, esta notícia pode ser um forte sinal da fragilidade do grupo de rebeldes. Velupillai Prabhakaran , líder dos Tigres Tâmil, era considerado internacionalmente como sendo um grupo terrorista. A luta que põe frente-a-frente o governo do Sri Lanka e os Tigres Tâmil prende-se com a intenção destes últimos de conseguirem a autodeterminação da minoria Tâmil, em oposição à forte relutância das autoridades politicas do Sri Lanka e à maioria cingalesa . Os Tigres Tâmil, na senda pela sua autodeterminação, optaram pela luta armada e pela aplicação de técnicas terroristas. As fortes investidas dos militares do Sri Lanka e a morte (ainda não totalmente confirmada) do líder do grupo rebelde pode por um fim à luta armada que devasta o país há 26 anos. O desastre humanitário consequ

Inaptidão para o negócio

O primeiro-ministro demonstrou novamente que mistura política com negócios e fá-lo de forma desastrosa. Assim, não tendo muito para anunciar ontem no Parlamento, tirou da cartola a compra da Cosec , anunciando ao país que já tinha chegado a acordo com os accionistas quando hoje o accionista que detém 50 por cento da seguradora afirmou não estar interessado em vender. De uma forma irresponsável, o primeiro-ministro conseguiu mentir ao país e estragar o negócio. O que é sobejamente conhecida é a apetência do actual Governo para a propaganda - essa é a verdadeira alma do seu negócio. O Governo tinha decidido ceder aos pedidos dos empresários que chamavam a atenção para as dificuldades incomensuráveis no acesso a seguros de crédito às exportações, em particular quando essas exportações tinham como destino determinados países. A nacionalização da seguradora Cosec é passível de discussão, mas o que não é admissível é a forma trapalhona como se pretende fazer este negócio. Chega-se, portant

Visita à Madeira

O primeiro-ministro faz hoje a sua primeira visita, de carácter oficial, à Madeira. Utilizando uma linguagem mais de natureza futebolística, dir -se-á que esta é uma das deslocações mais difíceis de José Sócrates desde que iniciou a presente legislatura, isto embora o Presidente do Governo regional da Madeira ter aligeirado o seu habitual discurso inflamado. Na verdade, este encontro será marcado pela política sem substância do primeiro-ministro e pela política populista do Presidente do Governo regional da Madeira, Alberto João Jardim. De um modo geral esta visita tem um interesse particular para a comunicação social que antevê alguma polémica e momentos caracterizados pelo inefável líder madeirense, e nada de substancial sairá seguramente da visita do primeiro-ministro à Madeira. Similarmente, o encontro entre os dois políticos será marcado pelas habituais exigências do líder madeirense no que toca às habituais questões financeiras. Num encontro de fachada entre dois líderes político

Portugal está a mudar

A afirmação em epígrafe pode ser arrojada, mas Portugal dá sinais de mudança relativamente a questões outrora sensíveis e de difícil discussão como é o caso da protecção e direitos dos animais. Este assunto tem vindo a ganhar outra visibilidade, em particular na comunicação social. De igual forma, os cidadãos estão mais atentos para esta problemática, isto apesar da classe política não acompanhar de viva voz estas inquietações, honra seja feita às poucas excepções de alguns autarcas que, corajosamente, se manifestam contra espectáculos de violência sobre animais. Com efeito, esta, como outras mudanças, demoram tempo a chegar a uma classe política pouco atenta e muito virada para si própria. A exemplo disso mesmo, sublinhe-se a escassez de produção legislativa sobre o assunto e a pouca apetência dos deputados para abordarem assuntos que seguramente constituem um atraso civilizacional sem precedentes a nível europeu. O caso mais paradigmático do silêncio dos políticos pretende-se com a p

O apelo do Papa

Durante a sua visita a Israel e aos territórios palestinianos, o Papa Bento XVI aproveitou para fazer um apelo à criação do Estado palestiniano. Sendo certo que este Papa não reúne consensos, também é verdade que em algumas das suas posições acabam por revelar algum bom senso. De resto, no caso concreto o apelo do Papa tem a sua razão de ser, embora se possa discutir o local escolhido para esse apelo, feito na Cisjordânia embora também se possa alegar que o apelo faz mais sentido precisamente se for feito nos territórios palestinianos. É evidente que se existe uma frágil esperança de que a paz é possível naquela região do Médio Oriente, essa esperança apoia-se na coexistência de dois Estados soberanos: o Estado de Israel e o Estado da Palestina. Sem a criação de condições para a existência de facto de um Estado palestiniano, qualquer processo de paz para a região estará condenado à nascença. O Papa mais não fez do que sublinhar a importância desta evidência. No essencial, a criação do

Bela Vista

O título remete, naturalmente, para o bairro da Bela Vista em Setúbal que tem sido o palco de violência e de forte vigilância da polícia. Há quem assevere que existe um real perigo de contágio e que os exemplos que vêm da Grécia ou de França podem servir de referência para jovens que vivem em bairros sociais. Na Grécia, os conflitos entre jovens e a polícia têm subjacente a existência de lideranças e influências políticas que não podem ser ignoradas, designadamente de partidos anarquistas; em França, a emigração, a existência de bairros colossais em volta de grandes cidades como Paris e os falhanços de uma política que pretendeu integrar emigrantes que recusam essa integração e cujos filhos vivem numa complicada mescla de cultura dos progenitores e cultura do país onde nasceram resulta numa instabilidade urbana são elementos destabilizadores . Prever que Portugal possa mergulhar numa situação semelhante é um claro exacerbamento . Paralelamente, há quem sublinhe que a crise poderá desen

Visita do Papa ao Médio Oriente

A visita de Bento XVI ao Médio Oriente reveste-se de uma importância assinalável na medida em que pode ser mais um factor de aproximação entre religiões que insistem em vincar as suas diferenças. É indubitável que a visita mais intrincada é a visita ao Estado de Israel que, para além da sensibilidade inerente à condição do Estado hebraico no contexto do Médio Oriente, o Papa esteve envolvido em polémica devido ao levantamento da excomunhão a um bispo negacionista . Esta visita do Papa a Israel pode ser essencial para encerrar o assunto. Mas no essencial, a sensibilidade da visita prende-se com a constante instabilidade que se vive em particular naquela região do Médio Oriente caracterizada por uma intransigência cega que tanto o lado israelita como o lado palestiniano revelam. Também neste particular, a visita do Papa pode ser apaziguadora agora que o novo Governo israelita dá sinais de pouca tolerância e mostra ter uma postura de confrontação que em nada se coaduna com a necessidade d

Instabilidade no Afeganistão e Paquistão

A instabilidade que tem vindo a recrudescer no Afeganistão e no Paquistão, consequência do regresso em força dos talibãs , é um dos problemas mais graves que o mundo tem de enfrentar. Sempre se tratou a intervenção militar americana no Afeganistão, coadjuvada por outros países, como sendo similar àquela que tem lugar no Iraque. Ora, a comparação é desprovida de sentido quando se sabe que o Afeganistão, durante o período de liderança talibã , foi o principal palco do terrorismo, em particular ao nível do treino e da doutrinação. Não se pode fechar os olhos a esta perigosa realidade. Note-se que o problema do Afeganistão é, de um modo geral, indissociável, do Paquistão. A ameaça talibã tem vindo a crescer e a traduzir-se na procura de um regresso ao poder no Afeganistão, mas também no Paquistão onde as forças militares têm combatido esta ameaça. Há um facto que não pode ser ignorado e que se prende com a força que o islamismo radical tem nesta região, em larga medida graças à tibieza do

Birmânia e a comunidade internacional

A Birmânia, que tem andado distante das primeiras páginas dos jornais e das aberturas dos serviços noticiosos, volta a ser notícia, desta vez devido à prisão de um cidadão americano que terá visitado Aung San Suu Kyi , que se encontra em prisão domiciliária. Terá sido apenas por esta razão que a Birmânia e o ignóbil regime que está à frente dos destinos do país volta a ter algum destaque. De facto, depois da revolta dos monges e do ciclone que assolou o país este país caiu novamente no esquecimento internacional. O país é longínquo, o regime inexpugnável, o rosto da oposição, Aung San Suu Kyi , encontra-se presa há mais de 13 anos e países como a China continuam a bloquear qualquer intenção que comunidade internacional possa ter no sentido de contrariar a junta militar que governa a seu bel -prazer o país há décadas, o que torna o assunto pesado e pouco apetecível. Nestas condições, não é causa de espanto que o assunto seja, de um modo geral, ignorado. O regime militar governa o pa

Receita com sabor amargo

Segundo uma sondagem publicada pelo Diário de Notícias, o PS continua a liderar confortavelmente, mais ainda assim sem maioria absoluta, as intenções de voto dos portugueses que parecem apostados em insistir na mesma receita de sabor amargo. O grande argumento a favor destes resultados prende-se com ausência de alternativas, nomeadamente à direita do PS. O argumento está gasto e a prová-lo está a subida, ainda que tímida, do PSD. Mas a verdade é que existe uma vasta maioria de cidadãos eleitores que, face a uma situação de escolha, pese-embora essa escolha possa ser condicionada, volta a insistir numa solução que provou ser tudo menos solução. Ora, se a escolha é condicionada, parece lógico escolher-se o que já se sabe de antemão que é negativo. Quando se fala na prestação negativa do actual Governo está-se a referir ao desempenho do Executivo e não a questões que, embora sejam colaterais à governação, deixam muito a desejar no que diz respeito ao carácter e à idoneidade de quem desemp

Desemprego e crise social

Os ministros das Finanças da zona Euro sublinharam os perigos do desemprego, designadamente no que diz respeito às suas consequências que poderão resultar numa crise social na Europa. O que é grave é que, até 2010, a generalidade das previsões apontam para uma subida do desemprego. Ora, à instabilidade social que as elevadas taxas de desemprego cria, junta-se um sentimento genérico que as medidas tomadas quer pelos vários países, quer a nível europeu estão longe de coarctar os efeitos da crise, que essas lideranças políticas não demonstram ter respostas para os problemas dos cidadãos, mas que essas respostas, quando se trata de injectar liquidez ou nacionalizar a banca, são atempadas. Importa também referir o claro aproveitamento de algumas empresas que usam e abusam da crise. Nem tão-pouco são raros os casos de empresas que têm objectivos que não se coadunam com o número de funcionários que mantém ou almejam deslocar-se para mercados mais apetecíveis. Neste particular a Europa ainda

1º de Maio conturbado

O dia do trabalhador ficou indelevelmente manchado pelos insultos e agressões ao candidato socialista às eleições europeias, Vital Moreira. Mas o dia também ficou marcado pela reacção do líder da CGTP, Carvalho da Silva que afirmou, a muito custo, lamentar as agressões, mas fez questão de compreender a causa da revolta. Ora, nem Carvalho da Silva pode compreender comportamentos de arruaceiros que não fazem ideia do que é viver em democracia, nem tão-pouco compreende as causas subjacentes a esses comportamentos inaceitáveis. Na verdade, não terá sido tanto a crise, o desemprego, o trabalho precário a levantarem tanto ódio contra Vital Moreira, mas sim uma questão bem mais prosaica: Vital Moreira passou de um lado para o outro; dito de outra forma, Vital Moreira deixou o PCP e agora aparece como cabeça de lista do Partido Socialista. Aliás, não é por mero acaso que a palavra “traidor” foi a mais ouvida durante aquela triste manifestação de ódio e de desrespeito pelos princípios bási