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A mostrar mensagens de outubro, 2019

Os complexos do Presidente da Câmara do Porto

A polémica em torno mudança de nome do edifício para Super Arena Pavilhão Rosa Mota, em vez de Pavilhão Rosa Mota Super Bock Arena levou o Presidente da Câmara do Porto a pedir para que "não me venham com complexos", enquanto refere que não vê problemas na marca de uma bebida alcoólica quando a própria cidade é conhecida pelo vinho do Porto. Rui Moreira, provavelmente de forma deliberada, deixa de lado o essencial: a mercantilização de tudo, a ideia de que tudo está à venda, sem limites. Moreira prefere fazer comparações bacocas para justificar aquilo que lhe convém, comparando um vinho da região a uma marca de cerveja. Meter no mesmo saco, mesmo como tentativa de justificar o injustificável, o conceituado vinho do Porto, único e apreciado internacionalmente, com uma marca corriqueira de cerveja é, no mínimo, ofensivo para o primeiro e enaltecedor para o segundo. Os complexos que o Presidente da Câmara do Porto não quer não são complexos nenhuns, são antes a manifestaç

Atraso civilizacional

Qualquer país considerado desenvolvido tem uma rede de transportes públicos digna desse nome. Portugal nunca teve e, apesar dos incentivos para a utilização dos transportes públicos, designadamente com a redução dos preços, continua a não ter, nem se vislumbra que venha a ter nos próximos anos. A rodovia sempre excitou governos e os muitos cidadãos. O programa do PS para as últimas legislativas contém uma secção sobre a ferrovia, incomparavelmente menor e menos ambiciosa do que em programas de partidos como o Bloco de Esquerda, mas as referências e as promessas estão lá. A ver vamos. Para já, e sobretudo desde a redução drástica do preço dos transportes, o cenário nas grandes cidades é dantesco: transportes a cair de podre repletos de gente, sobrelotação que acabará em desgraça. Ou seja, a medida, bem-vinda, de reduzir o preço dos títulos de modo a que mais pessoas utilizem os transportes públicos não foi acompanhada por qualquer medida não só para aumentar a oferta, como substitu

No fim... resta a indústria do armamento

Quem é que no seu perfeito juízo pode apoiar a política externa levada a cabo pelo Presidente Trump? A inexistência de uma estratégia para a Síria, apenas com razões obscuras e sem consonância com o próprio interesse americano, tornam a questão na mais premente de todas. No fim restará a indústria do armamento que vê o negócio florescer com vendas de armas, em massa, a países como a Arábia Saudita. E, no entanto, esses negócios de armas com regimes sanguinários podem não ser suficientes. Falta a guerra, propriamente dita. Por conseguinte, não é certo que um dos mais fervorosos apoiantes da candidatura de Trump continue a sê-lo. Em rigor, o próprio Partido Republicano dificilmente estará satisfeito com a política externa desastrosa do actual Presidente. Resta saber se a redução de impostos para os mais ricos, a par do cerceamento de liberdades individuais, designadamente através do fim das políticas pró-escolha, numa espécie de sintonia com os ditames religiosos, será ainda sufic

Um Governo livre da geringonça

António Costa, confiante que não terá bloqueios inultrapassáveis por parte da esquerda e até por parte do PSD de Rui Rio, sentiu a liberdade de formar um governo como bem entende, agradando, naturalmente, a filhos e enteados do PS. Costa é, aparentemente, um optimista e contará precisamente com a tal inexistência de bloqueios inultrapassáveis por parte dos partidos à sua esquerda, designadamente Bloco de Esquerda e PCP, por ser preferível um governo socialista com laivos de esquerda do que um governo de direita; e do PSD, liderado por Rui Rio, presumivelmente social-democrata, e que, apesar de por vezes espernear, aprecia também piscar o olho às políticas menos à esquerda de Costa. Em rigor, será precisamente a gestão desses dois universos - direita e esquerda no Parlamento - que Costa procurará fazer, em direcção aos equilíbrios possíveis. Para já, Costa mostra estar à vontade para criar o seu primeiro governo sem a geringonça, deixando alguns sinais menos positivos, no que diz

Um governo mais político

Conhecidas as escolhas de António Costa para o próximo governo, ficamos imediatamente com duas impressões: a primeira é que as escolhas mais "moderadas" que agradam ao patronato não auguram nada de bom, e sobretudo se compararmos com o que se passou na legislatura da "geringonça", e a segunda é que este é um governo mais político do que o anterior, De um modo geral, a nova composição do Governo não surpreende: livres da "geringonça", o PS cerra fileiras e reforça os ministros políticos; quanto à viragem ao "centro", nada de novo também, visto que há muito que esse é o lugar mais natural do Partido Socialista. No entanto, houve quem alimentasse a esperança de que António Costa fosse de facto diferente e que essa diferença fosse sobretudo de natureza ideológica. Houve quem julgasse que Costa pendesse mais para a esquerda, em oposição a parte do PS que encontra no "centro", amiúde repleto de medidas de direita. Se foi Costa ou o PS

Sem entendimentos

Depois de algumas negociações teremos um Executivo a governar medida a medida, orçamento a orçamento, sem "preferências" por um ou por outro partido. Apesar de se perceber a "justeza" da decisão, o problema estará junto da sua exequibilidade. Facilmente se compreenderá as dificuldades que estão subjacentes em negociar medida a medida, caso a caso, lei a lei, orçamento a orçamento. António Costa pareceu querer dizer logo ao que vinha quando ao seu lado encontramos Carlos César, crítico dos partidos à esquerda do PS, homem de família. Importa lembrar que nos saudosos tempos em que se formou a "geringonça" era Pedro Nuno Santos a estar na linha da frente das negociações.  Agora diz-se que deste modo não se privilegia qualquer partido, encontrando-se todos em pé de igualdade. Isto até pode ser verdade, mas as dificuldades que se avizinham também.

PSD: vitória de Pirro

Rui Rio encarou os resultados alcançados nas eleições legislativas como globalmente positivos. Com efeito, as sondagens, durante a maior parte do tempo, pintavam o pior dos cenários. O PSD perdeu deputados mas a tragédia não chegou a bater à porta. Ainda assim, Rio não saiu propriamente ileso, nem as eleições permitiram uma consolidação da sua liderança.. Cavaco Silva, apareceu lamurioso não só em relação aos resultados, mas também no que diz respeito à forma como Maria Luís Albuquerque tem vindo a ser tratada; Luís Montenegro, que já deu alguns meses à família e que agora está disposto a regressar para tentar a liderança, anuncia a sua candidatura, e, eventualmente, mais um ou outro candidato que considera Rio demasiado "social-democrata" pode ainda surgir, vindo sabe-se lá de onde. A vitória de Rio é a de Pirro, vale pouco e talvez nunca venha a passar de um mero consolo, mesmo tendo em consideração os cenários dantescos que se avizinhavam. Rio representa o que resta

Legislativas: boas e más notícias

Embora os resultados das eleições legislativas não se tenham revelado surpreendentes, exceptuando a eleição de três deputados oriundos de partidos sem representação parlamentar, existem boas e más notícias. A melhor notícia prende-se com o bom resultado da esquerda e da possibilidade de novos acordos. Outra boa notícia prende-se com a eleição de Joacine Katar Moreira, deputada eleita pelo Livre - aquela que será, tenho muitas certezas - uma excelente parlamentar. Quanto a más notícias destaca-se a eleição de André Ventura, pelo Chega, um partido de extrema-direita que recordará a muito boa gente o paradoxo da tolerância de Karl Popper. Outra notícia menos positiva prende-se com a saída de Assunção Cristas da liderança do CDS e pela mais singela das razões: o que virá aí pode muito bem ser pior. Não concordando com as posições assumidas por Cristas, a verdade é que a líder do CDS nunca enveredou pelos sinuosos, mas por vezes tão apelativos, caminhos da intolerância. Agora é altur

O sonho de uma maioria absoluta

O sonho do PS de uma maioria absoluta parece estar posto de parte, pelo menos a julgar pelas sondagens. Apesar de um inicio promissor, bastaram os primeiros dias da campanha eleitoral para o Partido Socialista começar a sentir que uma maioria absoluta não passava de um mero sonho. Já não resta uma empresa de sondagens que avance com essa possibilidade. As causas serão diversas: Rui Rio conseguiu a proeza de recuperar, mesmo quando todos o consideravam politicamente acabado; o líder do PS e primeiro-ministro desfilou juntamente com os seus alegados sucessos, mas projectos para futuro tudo se torna mais difícil; o PS, pela boca de proeminentes figuras do partido, achou por bem denegrir os partidos que viabilizaram a solução que lhes permitiu governar, deixando um intenso pivete a ingratidão; e existem aqueles que, aproximando-se o acto eleitoral, regressam às origens votando em partidos em que sempre votaram, o PSD será provavelmente o que mais beneficiará com essa escolha, nada surpr

Quem quer salvar o planeta?

Greta Thunberg conseguiu um enorme feito: pôr o mundo a falar de emergência climática, o que torna muito claro quem se mostra disposto a salvar o máximo possível e aqueles que ou por interesses, ignorância ou teimosia ideológica preferem atacar a pessoa Greta do que os problemas. Contrariamente ao que se possa pensar não é apenas uma direita ligada aos interesses económicos ou simplesmente ignorante que ataca a jovem sueca. Existe uma esquerda que não se coíbe de alinhar no mesmo diapasão. De facto, os partidos comunistas não conseguem introduzir aquela que tem de ser a prioridade de todos na sua ortodoxia ideológica. Existem algumas intenções, mas pouco mais. De resto, a prática de países comunistas não ajuda: os países que pertenceram à URSS são ainda hoje detentores desse legado. Sendo certo que o capitalismo terá feito muito mais estragos. Com efeito a agenda ambiental até está na mira do PCP, timidamente encontramos a questão das alterações climáticas no programa para as le