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A mostrar mensagens de novembro, 2016

Era uma vez um assunto único

Para a oposição, presa a receitas falhadas e a líderes medíocres, existe apenas um assunto e esse assunto tem a designação de "Caixa Geral de Depósitos". Pouco interessam os potenciais estragos feitos ao banco público, interessa antes encontrar razões para criticar o Governo e deste modo acenar com um Diabo que tarde em chegar.  Ninguém pode ignorar a má gestão do assunto: entrega declaração, não entrega, tem de a entregar, não tem de a entregar, uns diziam uma coisa, outros diziam outra. Enfim, tudo se prolongou demasiado no tempo. Não há como ignorar. Ainda assim as instituições europeias não manifestam particular inquietação quanto ao assunto, apenas PSD e CDS agem como se o mundo estivesse à beira do colapso. Apenas Passos Coelho e seus acólitos aparecem aflitos como se não houvesse amanhã. É evidente que resta muito pouco a Passos Coelho, desgastado e com a liderança ameaçada, o antigo-e-não-conformado-com-a situação-primeiro-ministro desdobra-se em acções com o o

E se aceitássemos placidamente Trump?

Andámos há semanas a partilhar lamurias acerca da eleição de Donald Trump, lamurias essas intercaladas com tentativas de apaziguamento que desaguam numa normalização do novo Presidente eleito, como se ele fosse, de alguma forma, normativo. Essa normalização, ou até benefício da dúvida, é, desde já um erro óbvio – normalização é aceitação e nós, pelo menos aqueles que se norteiam por princípios universais comuns às democracias com respeito pelo ser humano e pelas liberdades, não podemos aceitar o racismo, a misoginia, a xenofobia, o aumento das desigualdades, sobretudo pela via fiscal e todas as formas de intolerância à moda dos anos 30. Não podemos aceitar placidamente Donald Trump. Depois da sua campanha, depois das suas promessas e agora depois das suas escolhas para o coadjuvar, não há como aceitar Donald Trump, nem pode haver qualquer estado de graça. Mas agora impõe-se a grande questão: o que fazer? Combater o neoliberalismo que subjaz ao descontentamento que depois se trad

Círculo virtuoso

No último ano não chegámos bem lá, ao círculo virtuoso, mas andámos e andamos perto. Refiro-me naturalmente ao ano de Governação PS coadjuvado por Bloco de Esquerda, PCP e Verdes. Contrariamente ao que se dizia e ainda se diz, pelo menos Passos Coelho e Assunção Cristas, esta solução que contava com partidos das “esquerdas radicais” nunca daria qualquer resultado e seria mesmo perigosa. As profecias da desgraça estão a cair em saco roto: os indicadores económicos não só são favoráveis, como surpreendem pela positiva; as instituições europeias amenizaram o discurso, talvez por perceberem que a Europa tem problemas muito mais graves do que Portugal e a solução encontrada pelas esquerdas vai funcionando. A única variável nesta equação que revela tibieza é a oposição, sobretudo a encarnada por Pedro Passos Coelho que insiste num discurso e numa postura em contra-corrente com os tempos, ficando a ideia de que este é um homem preparado para estar eternamente à espera de um diabo que n

O populismo de Trump e o não cumprimento das promessas

Aparentemente não é homem para cumprir parte das suas promessas, na melhor tradição do populismo. Será assim no que diz respeito a uma hipotética prisão de Hillary Clinton, a quem agora não deseja mal, e assim será no que diz respeito às alterações climáticas, primeiro anunciadas com farsa congeminada pela China, mas agora aparentemente uma realidade para ser levada a sério. O grande problema de Trump nem é tanto a mudança de opinião, de resto, Trump não é o único a mudar de opinião quando chega ao poder. O problema de recém eleito Presidente americano prende-se com os seus apoiantes e até com quem o próprio escolheu para o coadjuvar – tudo gente com opiniões extremistas, seja sobre o clima, seja sobre questões raciais, seja até sobre política externa. Este é o maior problema de Trump. Toda essa gente, de racistas assumidos passando por ignorantes que alimentam a ideia de que não existem alterações climáticas ou que lucram com essa ideia, já está a cobrar as promessas de Trump; toda

O pior dos regressos ao passado

A notícia que dá conta da intenção do novo Presidente americano, Donald Trump, criar um registo nacional de todos os muçulmanos, a confirmar-se, remete-nos para um passado tristemente familiar. O nosso afastamento colectivo da História e a subsequente ignorância constituem perigos que não podem continuar a ser menosprezados. Se conhecermos a História podemos fazer paralelismos entre passado e presente, evitando cometer os mesmos erros. Se conhecermos os primórdios do nazismo e o que o nazismo foi a mera possibilidade de se criar um registo de um determinado grupo étnico ou religioso causa-nos uma imediata repugnância e consequente rejeição. Se for a ignorância a reinar, o preconceito espalha-se a um ritmo alucinante. Deixamos que o pior aconteça, quer fruto do preconceito, quer como resultado da inacção. Esperemos que a notícia não tenha correspondência com a realidade, porque se tiver então os nossos piores receios confirmam-se.

Boas notícias de Lisboa

A crítica apoiada num constante cepticismo resvala amiúde para o niilismo que redunda invariavelmente na ideia de que tudo é negativo e nada vale a pena. Esse niilismo leva-nos a considerar que nada faz sentido e, como não se pode falar de niilismo sem falar em Nietzsche, socorro-me de uma ideia sua: o perigo inerente à ideia de que nada faz sentido. Vem isto a propósito de algumas boas notícias, que vão para além dos bons indicadores económicos da economia portuguesa ou da mudança de atitude - mais positiva - das instituições europeias, designadamente as boas políticas que a Câmara de Lisboa pretende pôr em prática no que diz respeito aos transportes públicos. Deste modo, Fernando Medina anunciou um reforço dos transportes públicos na cidade de Lisboa, sobretudo no que diz respeito à Carris, que se traduz num aumento significativo de autocarros, utilizando as receitas de multas e estacionamento para esse efeito e no alargamento da facilidade de acesso dos mais jovens e dos mais v

O tempo de Hillary acabou

O tempo de Hillary Clinton acabou. Em rigor, com a eleição de Trump, não será despropositado dizer que o tempo de democratas como Hillary e, até certo ponto Obama, acabou. Essa é uma das lições a retirar da inesperada vitória eleitoral de Donald Trump. Ou o Partido Democrata muda e nessa mudança tem forçosamente de incluir uma nova liderança, coadjuvada por novos elementos, com propostas diferentes que vão ao encontro dos cidadãos e, sobretudo, distanciado do poder económico, ou políticos como Trump continuarão a ser uma realidade. A única forma de combater este populismo de extrema-direita ou neofascismo passa pelo fortalecimento da esquerda, ciente de que não pode deixar cair a sua luta contra as injustiças fruto do capitalismo selvagem, nem a defesa dos direitos humanos – central ao seu ideário. Tudo num contexto de distanciamento da habitual promiscuidade entre poder político e poder económico. Não há outro caminho. É indiscutível que nesta nova equação, os políticos que tê

Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és

À medida que o tempo passa, e apesar de gradualmente se conhecerem as escolhas de Donald Trump, existe uma tendência inquietante para subestimar a escolha do Republicano para liderar os destinos da maior potência económica e militar do mundo, Deste modo, aligeirando a ameaça, baixa-se a guarda, permitindo que o inconcebível venha mesmo a acontecer. Acordaremos, como de resto é costume, tarde demais. Por ora, dizemos, em forma de consolo, que Trump exagerou para chegar à presidência e que, uma vez lá chegado, tudo seria diametralmente diferente, mais suave. Na verdade, ainda é prematuro avaliar a concretização das medidas prometidas em campanha eleitoral, embora o que já se saiba – da boca do Presidente – seja verdadeiramente perturbador: muro, Obamacare, políticas sobre o aborto. No entanto, as escolhas do Presidente Trump, de tão surreais, levam-nos para outra dimensão, caracterizada pelo retrocesso social, pela intolerância e pelo fanatismo. E não se trata apenas de um conjunto

Donald Trump e o ideário de esquerda

Há um Donald Trump para além da boçalidade, xenofobia, misoginia e intolerância; existe um Donald Trump que, embora de forma simplista, atacou aquilo que parte da esquerda ataca: a desregulação, o desemprego, os bancos, os mercados financeiros, os acordos internacionais repletos de mais desregulação, a OMC, etc. Bandeiras da esquerda, mas não do Partido Democrata, assim como não são bandeiras de boa parte de partidos socialistas europeus que apoiam de forma mais ou menos frontal o neoliberalismo. Os que são prejudicados pela globalização, pelo menos em parte significativa, olharam com bons olhos para o discurso simplista de Trump, embora o mesmo tenha contradições evidentes, designadamente em matéria fiscal, sendo simultaneamente desprovido de conteúdo - frases soltas e acusações que produziram o efeito desejado. A esquerda americana, mal representada pelo Partido Democrata de Hillary Clinton, foi absolutamente ultrapassada pelo populismo de Trump que disse o que muitos quiseram o

As boas notícias de uns são as más notícias de outros

O PIB português cresceu 1,6% no terceiro trimestre (melhor crescimento da Zona Euro) superando todas as expectativas e para melhorar ou piorar, consoante a perspectiva, não há cortes ou suspensão nos fundos estruturais. Assim se percebe que o PS mais os perigosos partidos da esquerda radical não deram cabo do país, muito pelo contrário.  As boas notícias de uns, mesmo sendo boas notícias para o país, são ainda assim más notícias para uma oposição em que reina a mediocridade. Desorientados, PSD e CDS percebem que o tal Diabo almejado, afinal, não há meio de chegar. No caso do PSD, tudo se complica com a liderança de Pedro Passos Coelho ameaçada com uma possível candidatura de Rui Rio. Muito se jogará no próximo período eleitoral. Mas para já, as coisas não estão famosas para os partidos da oposição.  Recorde-se que os ditos partidos da oposição, sobretudo o PSD, apoiou a sua estratégia na perspectiva de que tudo vai correr mal ao governo português, contando com o ovo no cu da g

É tão mau quanto parece

Ainda no seguimento do artigo anterior, e como nada disto vai melhorar, acresce agora a escolha de Donald Trump para seus acólitos. Entre Goldman Boys e homens da mais assumida extrema-direita, resta um país que, a menos que aconteça um milagre, vai ter Donald Trump durante quatro longos e extenuantes anos. Para quem é apologista da ideia de que talvez nada disto venha a ser tão mau quanto a campanha eleitoral profetizou, as escolhas de Trump para o seu círculo mais próximo vem contrariar e debilitar aquele laivo de esperança que ainda subsistia. Steve Bannon, escolhido para principal conselheiro presidencial, assumido racista, defensor de uma América expurgada de imigrantes, detentor de um site de extrema-direita que destilava ódio, é o melhor exemplo do que nos espera. A intolerância, desta feita pouco ou nada disfarçada, será o mote de um mandato infame que enfraquecerá a democracia americana. Resta um partido Democrata que necessita de mudança, que necessita de se afastar do

Talvez não venha a ser assim tão mau quanto isso

É uma teoria, como tantas outras, sobre a postura que Donald Trump irá adoptar. A teoria postula que Trump não irá cumprir o que prometeu e que muito do que foi dito em campanha foi mera retórica. Ora, esta teoria parece querer cair por terra. O novo Presidente americano afinal sempre vai construir o malfadado muro, sempre vai expulsar imigrantes, sempre pretende reverter a legislação sobre o aborto e não parece disposto a poupar o Obamacare. Falta saber mais sobre políticas ambientais, ou a ausência delas, mas espera-se o pior. Quanto à diplomacia americana, muito vai ser escrito a julgar pela mudança de paradigma levada a cabo por Trump. Já recebeu Nigel Farage, fez loas a Putin e não se coibiu de afirmar a sua intenção de se aproximar de Marine Le Pen. A teoria que postula que Trump candidato é diferente de Trump Presidente vai perdendo força. Assim como a teoria que procura caracterizar Trump como um inepto, meio apalhaçado, que acabará por delegar tarefas noutros, cairá i

E quando não restar mais ninguém para odiar?

É impossível quantificar o peso do preconceito no desfecho das eleições americanas. Mas não tenho dúvidas que esse peso existe e que o mesmo não pode ser descurado. O racismo, a misoginia, a xenofobia e outras formas de intolerância foram exploradas pelo agora Presidente americano Donald Trump. E é tão fácil explorar o preconceito que tem na sua génese a redução do outro a uma característica, ao mínimo e ao nada. Até à cegueira. Curiosamente, fala-se muito de realidade aumentada – com fenómenos como o Pokémon – e pouco ou nada desta realidade reduzida, outrora mais ou menos escamoteada e hoje gradualmente assumida. Deste modo, reduzimos o outro à cor da pele, à sua orientação sexual, à sua religião. Assim se fomenta o ódio. Assim é mais fácil eliminar o outro, tirá-lo da equação. E assim temos terreno fértil para o recrudescimento do populismo assente no ódio. E quando não existir mais ninguém para odiar? O que resta? Odiamos a nós próprios? Num contexto de niilismo, em larga

Vamos andar muito tempo a perguntar como foi possível

Nos dias e meses seguintes à eleição de Donald Trump o mundo ainda se questionará sobre como terá sido possível a escolha do inefável candidato republicano para o lugar de Presidente americano. Para além das motivações do eleitorado, talvez mais difícil de aferir, existem questões que se prendem com a própria organização do sistema político e a evolução política e social nos EUA que podem dar pistas para explicar o que se passou na famigerada terça-feira, dia 9/11. Quanto às motivações do eleitorado, há um vasto espectro de possíveis explicações que abrangem o descontentamento com a própria classe política e com o sistema, racismo, imigração (os dominantes sentem que estão a perder o domínio), até às vicissitudes do capitalismo selvagem. O que torna tudo ainda mais paradoxal. Do meu ponto de vista, as divisões raciais e o sentimento anti-imigração terão sido determinantes para a escolha recair sobre Donald Trump. No que diz respeito à evolução política e social nos EUA enco

Donald Trump

O inesperado aconteceu, contra todas as previsões, contra todas as sondagens que foram, uma vez mais, uma das grandes derrotadas da noite. Donald Trump é o novo Presidente americano, Confesso que levei tempo a conseguir escrever sobre o assunto, o choque inviabilizou qualquer laivo de racionalidade que se pudesse traduzir num conjunto de linhas sobre o assunto. Estou paulatinamente a recompor-me. Eu e, acredito, boa parte do mundo. Será escusado explanar sobre o que se passou na cabeça do eleitorado americano para escolher um homem boçal, empresário de trazer por casa, provocador, inepto e perigoso. Muitos farão esse exercício tornando a repetição redundante. Prefiro debruçar-me sobre a necessidade do Partido Democrata ,que nomeou Hillary Clinton, de fazer uma profunda reflexão. Hoje muita gente pensará em Bernie Sanders e como este poderia ter ganho a eleição, mas sobretudo na forma como Bernie Sanders foi afastado da nomeação para dar lugar a Hillary Clinton, menos contestat

Eleições americanas e ingerência

Dir-se-á que o facto do mundo ter os olhos postos nas eleições de hoje, aliado a apelos para que Trump não vença as eleições (ainda assim diminutos) constituem uma ingerência nos assuntos políticos de um outro país. De resto, se queremos falar de ingerência podemos pedir lições aos americanos, campeões em matéria de ingerência, mas a um nível muito mais complexo e gravoso do que aquele que se discute nestas linhas. Os EUA não são evidentemente um país qualquer. Super-potência, decisivo do ponto de vista geopolítico, as políticas americanas determinam a estabilidade mundial ou ausência dela. O que desperta, naturalmente, um interesse e até algumas acções mais directas. Ninguém pode ficar indiferente ao futuro político dos EUA. O escrutínio é também forçosamente maior. Falamos, naturalmente, do poder executivo. Paralelamente, Donald Trump coloca o mundo em sobressalto. Trump é sinal de profunda instabilidade e irresponsabilidade – factores que não são consonantes com o cargo que se

Uma semana decisiva

As eleições presidenciais americanas realizam-se amanhã tornando a semana que agora se inicia numa semana decisiva para os EUA, mas também para o resto do mundo. É também fora dos EUA que se torce para que Hillary Clinton vença as eleições: imagine-se um respirar de alívio colectivo. Será mais ou menos isso. Aposto que nunca o mundo torceu tanto por um candidato à presidência americana. É sobretudo fora dos EUA que a incredulidade se instalou, ou por outras palavras, ninguém consegue compreender o que leva alguém a votar num homem grosseiro, que se gaba de não pagar impostos, misógino, irascível, arrogante, ignorante e perigoso. O que levará alguém a votar na mais inexorável instabilidade? É inacreditável aos olhos do mundo. Mesmo que Trump não vença as eleições, como todos esperamos, abriu-se um precedente. Doravante qualquer imbecil que se apresente como anti-sistema pode chegar à presidência dos EUA e já não há um partido que o possa travar. De resto, Trump é o resultado de u

Quando não há limites para a hipocrisia

Assistir ao triste espectáculo protagonizado pelo PSD, deixando o papel secundário ao CDS, sobre os pretensos cortes na educação, começa a ser um exercício verdadeiramente penoso. De facto deveria existir um limite para a hipocrisia, sobretudo na política, caso contrário o espectáculo é engolido pelo ridículo. Mesmo não entrando na discussão sobre a veracidade de tais acusações, as que postulam que o Governo de António Costa está a cortar na Educação, a figura prestada por inúmeros deputados do PSD excede os limites do aceitável. De resto, quantos de nós conseguem ouvi-los acusarem este Governo de proceder a um gigantesco corte na Educação, quando o seu partido, até há pouco mais de um ano, fez isso e muito, mas muito mais? Não chega apontar o dedo indiscriminadamente e torna-se ridículo fazê-lo quando não se tem qualquer espécie de legitimidade. Ora, os que agora se insurgem contra o pretenso corte são os mesmos que cortaram em pensões, salários; os mesmos que deram um forte cont

Ceci n'est pas le Président de L'États-Unis

Há notícias que nos deixam sem reacção, a possibilidade de Trump vencer as eleições americanas que se realizam já na próxima semana entra, sem qualquer margem para dúvida, nessa categoria. Confesso quando li a notícia do Washington Post que coloca Trump à frente de Hillary por um ponto, fiquei sem reacção, acabando pouco tempo depois por mergulhar num mar de conjecturas bizarras, próprias de qualquer espécie de surrealismo. Penso que chegue a visualizar uma imagem de Trump com a seguinte legenda: “Ceci n'est pas le Président de L'États-Unis”. Tudo com contornos de pesadelo. É evidente que as consequências de uma eleição de Trump iriam mais longe do que o fim do Obamacare, a construção ridícula de muros ou a regurgitação incessante de imbecilidades. Seria a própria democracia americana a ser posta em causa, entrando numa espiral de degradação sem precedentes. Por outro lado, nem sequer é imaginável o que Trump significaria para o mundo. Desde a ligeireza com que fala na u

Itália, um problema convenientemente ignorado

No próximo dia 4 de Dezembro Matteo Renzi, primeiro-ministro italiano, tem uma prova de fogo que chumbada pode pôr em causa a própria estabilidade europeia – um referendo com a finalidade de mudar a Constituição italiana, aumentando os poderes do Executivo. Ora, Renzi, inexoravelmente comprometido com o referendo, promete demitir-se se o resultado for negativo. Praticamente toda a oposição parece empenhada numa derrota e subsequente demissão de Renzi. A demissão do actual primeiro-ministro pode abrir as portas à subida ao poder do famigerado Movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo, notoriamente longe de ser um amante da União Europeia. De resto, se Grillo chegar ao poder levará a cabo a realização de um referendo sobre a permanência de Itália na Zona Euro; um referendo cujo resultado pode muito bem ser ainda mais grave do que o brexit. Todavia e apesar do estado degradado em que se encontra a banca italiana, a par de um país que nunca conseguiu sair da crise indiciarem um aum