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A mostrar mensagens de maio, 2017

O ressurgimento da Al-Qaeda

O Washington Post publicou, no passado domingo, um artigo sobre o ressurgimento da Al-Qaeda, desta feita às mãos do filho de Osama Bin Laden, Hamza Bin Laden. Segundo o jornal americano, o filho de Bin Laden procura dar novo fôlego a uma organização terrorista que nunca verdadeiramente desapareceu, embora tenha sido, em larga medida, relegada para um segundo plano pelo Daesh. Segundo a publicação americana, Hamza Bin Laden tem-se mostrado particularmente activo nos sites jihadistas nas últimas duas semanas. Assim, Hamza Bin Laden incorpora a esperança de todos aqueles que não se revêm propriamente no Daesh, mantendo-se fiéis à Al-Qaeda. Hamza procura também recrutar membros do próprio Daesh, procurando, com esse propósito, não hostilizar o próprio Daesh. Todavia, existem diferenças assinaláveis entre a liderança de Bin Laden pai e Bin Laden filho. Desde logo, Hamza procura transformar a marca da organização, deixando cair o planeamento rigoroso de atentados terroristas de grande m

Como se combate o terrorismo quando se cometem erros crassos?

Depois de cada atentado multiplicam-se os votos de pesar, a promessas de união e os juramentos em torno de luta cerrada contra o terrorismo. Mas como combatê-lo quando se cometem erros crassos? E escusado será chamar à colação erros passados, como os que criaram vazios de poder no Iraque e na Líbia e até certo ponto na Síria, vazio esse ocupado por grupos terroristas como o Daesh. Esses são sobejamente conhecidos. Donald Trump deslocou-se, na sua primeira viagem oficial, à Arábia Saudita, com o objectivo claro de vender armamento - aparentemente sem paralelo, no que diz respeito à quantidade. Trump deslocou-se ao berço ideológico do jihadismo para vendeu uma quantidade absurda de armas. O que é que isso faz pela luta contra o terrorismo? O Presidente americano faz negócios em nome do povo que será sempre a vítima da ideologia que esse país desenvolve e promove. Insatisfeito, Trump decidiu reverter a aproximação que Obama havia encetado relativamente ao Irão. O novo Presidente amer

A deselegância em pessoa que tanto nos distrai

Quando pensávamos que a conduta do Presidente americano não poderia piorar, apercebemo-nos o quão fácil é cairmos no engano. Tudo pode ser pior do que imaginávamos, como prova a cimeira da NATO em que Trump foi protagonista pelas piores razões. Desde dirigir-se aos vários aliados de forma grosseira falando em dinheiro e em dívidas, como se as alianças tivessem apenas como propósito o pagamento de uns e as dívidas de outros, passando pela atitude invariavelmente arrogante de uma espécie de cowboy de trazer por casa, enfeitado com as habituais gravatas de mau gosto, culminando com um empurrão ao primeiro-ministro do Montenegro, para tomar o lugar dianteiro na foto. Tudo é mau, incrivelmente grotesco e ridículo. Trump saiu dos Estados Unidos pela primeira vez na qualidade de Presidente dos EUA: fez uma visita oficial à Arábia Saudita para vender armas; visitou o Papa que, sem um pingo de entusiasmo, o recebeu; passou por Israel, deixando no museu do Holocausto uma mensagem própria de u

E o senhor, ainda se ri?

Corria o ano de 2015 e, em plena Assembleia da República, Passos Coelho não conseguiu disfarçar os risos e sorrisos trocistas, chegando a limpar as lágrimas de tanto rir . A razão? Tratava-se da estreia de Mário Centeno no Parlamento. E porquê recuperar os risos trocistas de Passos Coelho? Porque é pertinente questionar se o ex-primeiro-ministro-eternamente-inconformado-a-sua-actual-situação ainda se sente tão divertido como se sentia em 2015. Não tenhamos dúvidas, vale mesmo a pena recordar a efeméride, sobretudo agora que Centeno é um dos mais fortes candidatos a presidir ao Eurogrupo, depois de reconhecidamente ter feito um excelente trabalho nas Finanças, sem recorrer a adulações baratas do passado, bem ao estilo de Maria Luís Albuquerque e, claro, Passos Coelho.  Mas voltemos a 2015. Mário Centeno alertava para a situação da banca portuguesa - facto que terá provocado a boa disposição de Passos Coelho, Marco António Costa e Luís Montenegro. Desconhece-se se, depois de terem s

A boa herança

Depois da Comissão Europeia ter recomendado a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo, Luís Montenegro, no Parlamento, apontou o dedo ao agora primeiro-ministro e acusou o seu Governo de viver "à custa da herança deixada pelo anterior Executivo". Assunção Cristas, líder do CDS, e mulher que sabe o quão difícil é trabalhar de saia travada, ainda chamou a si a responsabilidade por uma descida do défice de mais de 11% para pouco menos de 3%.  O que Montenegro não diz é que durante a vidência do governo PSD/CDS o objectivo sempre foi muito mais abrangente do que a redução do défice. O que sobretudo o PSD fez foi provocar a entrada da Troika com o chumbo do famigerado PEC IV e o aproveitamento dessa entrada para aplicar as políticas que fazem parte do seu ideário: com o aprofundamento da desregulação do mercado laboral, com os cortes nas remunerações, com um aumento da carga fiscal para a esmagadora maioria dos portugueses, existindo naturalmente excepções, com o

Um Presidente sem credibilidade

A credibilidade é um bem inestimável para um político, embora esta verdade já tivesse mais força no passado do que tem nos dias de hoje. Ainda assim, um político que não seja credível terá poucas possibilidades de vingar. E um Presidente? Em rigor, Trump apresentou-se como sendo um homem fora do sistema - uma espécie de não-político, seja lá isso o que for.  Nessa precisa medida poder-se-á inferir que não sendo um político, não necessita de ser credível, bastando-lhe parecer bem sucedido, o que, por si só, já confere alguma credibilidade. Confuso? Qualquer exercício que pretenda explicar a eleição de Trump, por muito bem fundamentado, acabará sempre por gerar perplexidade e até confusão. Seja como for, vêm estas linhas a propósito da visita de Trump à Arábia Saudita e a Israel. Trump afirmou estar empenhado em relançar o processo de paz no Médio Oriente. Ora, a frase poderá provocar ataques de riso, desde logo porque Trump que, enquanto candidato, já não era propriamente credível, a

Business as usual 

Na sua primeira deslocação oficial ao estrangeiro Donald Trump escolheu a Arábia Saudita como destino e, para além de umas palavras sobre o terrorismo, proferidas num dos berços ideológicos do fundamentalismo, Trump fez negócios. Perto de 100 milhões de euros na venda armamento - a maior venda da história americana. E com isso o Presidente americano que tem sido alvo de críticas no seu país, sai da Arábia Saudita com um sorriso nos lábios. Sobre o constante desrespeito pelos direitos humanos nem uma palavra, afinal de contas tratou-se de "business as usual". Não haverá na história recente dos EUA um Presidente que tenha mostrado tanta falta de preparação para conduzir os destinos do país como Donald Trump, um homem que verdadeiramente não escondeu que olhava para a presidência como olha para os negócios. E assim entrará para a história por mais uma razão no mínimo discutível: a venda em larga escala de armamento a um país do Médio Oriente. A viagem à Arábia Saudita, perm

Temer

O Presidente brasileiro que subiu ao poder depois da destituição de Dilma Rousseff é agora apanhado numa gravação de 40 minutos a autorizar um empresário a comprar o silêncio de um dos muitos envolvidos na investigação "Lava Jato". O famigerado Eduardo Cunha tinha de ser um dos envolvidos nesta sórdida história. Apesar das evidências, Temer recusa a saída da Presidência. Em alternativa oferece uma explicação para o sucedido: trata-se afinal de uma conspiração. De facto, uma das marcas da política hoje é a mais inexorável ausência de pudor. Simplesmente não há vergonha e mesmo perante as evidências, insiste-se na mentira. Naturalmente esta falta de vergonha não é um exclusivo de Temer ou sequer da política no Brasil. Passa-se um pouco por todo o mundo, variando apenas em dimensão. Assim, Temer alega, conseguindo a proeza de manter uma pose séria, que nunca pediu a ninguém que pagasse o silêncio de Eduardo Cunha que, recorde-se, foi, a par de Temer, um dos grandes impulsio

Quando o sol deixa definitivamente de brilhar

O sol deixou de brilhar lá para os lados da Rua de S. Caetano. O líder do PSD parece-nos hoje ainda mais cinzento e apagado do que no tempo em que desempenhava as funções de primeiro-ministro. As boas notícias do país são o princípio do fim de uma liderança que fez da austeridade o seu leitmotiv . Troika, culpabilização e austeridade foram a santíssima trindade, tudo muito bem regado com doses incomensuráveis de intransigência e mediocridade. O resultado está à vista: uma liderança que só existe por falta de interessados. Agora é o forte crescimento da economia portuguesa no primeiro trimestre a tirar novamente o tapete a Passos Coelho. Ainda assim os seus apaniguados reclamam créditos, ignorando, convenientemente, que o aumento da confiança que passa pela devolução de rendimentos e que a mudança para um discurso positivo são centrais à fundamentação dos bons resultados. Paralelamente, o crescimento do emprego e, importa não esquecer, o fim do processo de culpabilização e da incerte

Macron e a esperança da Europa

Esta UE prostrada precisa de um foco de esperança que pode vir, acreditam alguns, da jovialidade de Emmanuel Macron - europeísta convicto e adorado pela comunicação social. Os que acreditam que Macron pode de facto trazer algum vigor a uma Europa definhada crêem também que o agora Presidente francês recuperará o eixo franco-alemão, fortalecendo naturalmente as relações com Angela Merkel. Uma visão que não agradará a muitos franceses, mas que poderá vir a ser uma realidade. E más notícias para o Sul da Europa.  É indubitável que a Europa precisa de novo vigor, mas esse vigor não virá de Macron. Às anódinas lideranças europeias apresentam-se desafios para os quais não estão preparadas: Brexit, Trump, Erdogan, Putin e por aí fora.  Macron, por sua vez, não traz nada de novo relativamente a essas lideranças: perfilha a mesma paixão pelo liberalismo anglo-saxónico e insistirá nas mesmas receitas que levaram a UE a um beco sem saída com respiração artificial fornecida por medidas extrao

Donald Trump: Para quando a destituição?

Primeiro foram as suspeições em torno de estranhas relações entre colaboradores de Trump e altas figuras do Estado russo. Depois Trump demitiu o director do FBI que estava precisamente a intensificar a investigação - um afastamento que tem todas as características de obstrução à justiça. E depois de muita mediocridade e até de comportamentos que indiciam patologias, Trump é agora novamente visado pelo Washington Post, desta feita por alegadamente ter partilhado informação "altamente secreta" com, adivinhe-se... altos responsáveis russos. E para dar ainda mais força à notícia, Trump, no twitter, dá conta de que é seu direito absoluto partilhar informações que bem entender sobre "terrorismo e segurança aérea" com Moscovo. Tudo já depois da Casa Branca ter desmentido a notícia. Uma trapalhada incomensurável. Segundo o jornal americano que cita fontes próximas da Administração, Donald Trump terá partilhado informação "altamente secreta" sobre o Daesh ao min

CDS: Um apoio de peso

A candidatura de Assunção Cristas à Câmara de Lisboa não foge à regra do que CDS nos tem habituado nos últimos tempos: mediocridade e inanidade casaram e serão felizes para sempre. Mas agora a candidata do CDS contou com um apoio de peso: o PPM cujo vice-presidente Gonçalo da Câmara Pereira nos brindou com palavras inesquecíveis sobretudo se fossem proferidas há dois séculos atrás. O apoio de peso do PPM começou com os elogios de Gonçalo da Câmara Pereira à candidata do CDS, lembrando que Assunção é uma mulher "casada que provou, como a maioria das portuguesas, que pode trabalhar e ter filhos, já que não descurou o trabalho e não descurou a casa". E o marido de Assunção? Não sabemos. Não interessa. Afinal de contas estamos em pleno século XIX. Não satisfeito, Gonçalo da Câmara Pereira enveredou pelo caminho das analogias, entre mulher e a cidade. Assim sendo "Lisboa é neste momento agradável à vista e fotogénica, mas de espartilho (neste particular recuamos até ao s

Está despedido

A frase em epígrafe celebrizou Donald Trump num famoso reality show americano. Agora Trump, na qualidade de Presidente dos Estados Unidos, aplica a ordem expressa na frase ao Director do FBI, James Comey. Recorde-se que Trump já tinha anteriormente despedido o Conselheiro de Segurança Nacional, um General e uma ministra da Justiça. Despedimentos que têm sempre a sombra das relações entre Trump e a Rússia. Depois da notícia do despedimento de Comey, uma única certeza, a que outros chamarão, paradoxalmente, coincidência: Trump afastou o Director do FBI por este ter vindo a intensificar as investigações em torno das relações entre membros próximos de Trump e a Rússia. E para tornar tudo ainda mais sinistro, recorde-se também que Trump, aquando das investigações do FBI a Hillary Clinton, teceu rasgados elogios ao homem que agora despede. O FBI é um órgão independente, embora o seu Director possa de facto ser afastado pelo Presidente. No entanto, ao despedir Comey quando as investiga

Mais do um lamento

Mais do que um simples lamento, esta é uma manifestação de tristeza e de revolta.No dia 9 de Maio de 2017 duas peças jornalísticas deveriam abalar qualquer ser humano: uma reportagem da CNN com imagens do resultado do ataque químico na Síria, homens, mulheres e crianças num sofrimento extremo; outra reportagem dando conta de uma gravação do pedido de ajuda de um barco que se afundava a alguns quilómetros de Lampedusa, em 2013. Nessa gravações podemos ouvir as autoridades italianas recusarem o envio de ajuda sob o pretexto de que aquele salvamento teria que ser feito por Malta. Levaram cinco horas. Resultado: centenas de mortes, entre as quais 60 crianças. Centenas de pessoas, muito mais do que imigrantes ou refugiados, pessoas que perderam a vida consequência da burocracia, do passa-culpas, de uma cultura marcada por um profundo egoísmo.  A Europa, cujo projecto anda de mãos dadas com os direitos humanos, procura empurrar os problemas com a barriga, agindo de forma deplorável com ac

O coelhinho e o tacho

Era uma vez um coelhinho inconformado. Inconformado com a sua situação, inconformado com o presente e com saudades de um passado cinzento que tanto o agradava. O coelhinho de fofo nada tem, contrariamente à imagem tradicional da espécie a que pertence, pelo contrário, o coelhinho perdido na floresta, rói-se de inveja daqueles que ocupam o lugar que ele ainda julga ser seu, por direito. O coelhinho acusa o que agora ocupa o lugar que outrora fora seu de rapar o tacho, uma alusão desesperada e, em larga medida, assente na sua própria experiência de subsolo conhecida pelas piores razões – utilizou recursos de outros, sob falsos pretextos, esbanjando esses recursos. Essa experiência de subsolo ficou conhecida com tentativa de juntar tecnologia e forma na mesma palavra. Em suma, rapou o tacho. O coelhinho que de fofo nada tem sente-se sozinho, apesar dos seus dois amigos. Todavia, sabe que o amigo javali mais dia menos dia cravará a suas presas no seu pequeno corpo, ocupando o seu lug

E depois do alívio?

Depois da poeira assentar, é a vez da esquerda francesa e até europeia pensar o seu caminho. Refiro-me naturalmente ao resultado das eleições francesas, com a derrota de Marine Le Pen e a vitória de Macron, largamente suportado por uma frente republicana. O trabalho da esquerda francesa, fragmentada que está, não pode ser protelado. Ou a esquerda encontra o seu caminho e sobretudo pontos em comum ou não conseguirá passar uma ideia sequer de que tem respostas para todos os que se sentem excluídos ou à beira da exclusão. Se a esquerda francesa não se entender abrirá espaço para movimentos pouco ou nada democráticos que manifestarão a capacidade de oferecer essas respostas, mesmo que vazias, pouca diferença fará a quem considera que já não tem nada a perder a quem tem um medo de morte de perder o pouco que tem. A esquerda francesa não é excepção no panorama europeu que conta praticamente com uma única excepção: o caso português, um verdadeiro caso de sucesso da união entre as esquerd

Concurso da maior lata – 1.º Prémio para Pedro Passos Coelho

Por ocasião da festa dos 43 anos do PSD, Passos Coelho procura consolidar o primeiro lugar no concurso da maior lata, num contexto de total ausência vergonha. A festa, essa, foi cinzenta, apagada e desprovida de qualquer entusiasmo para além do facto de Passos Coelho ter tido efectivamente a capacidade para apagar as velas que ornamentavam o bolo – momento alto da festa quando se percebeu que ainda resta algum fôlego no ainda-não-conformado-com-a-sua-posição-ex-primeiro-ministro. Primeiro Passos Coelho falou nos lesados do BES como se ele próprio estivesse isento de responsabilidades na situação dos lesados, através da forma como lidou com o problema e se dúvidas existem recorde-se que Passos Coelho garantia em Agosto, dias após a derrocada do banco dos Espíritos Santos que não haveria quaisquer custos para os contribuintes. Entretanto e segundo Assunção Cristas, parceira de coligação na altura, hoje já nem tanto, deu mais provas que sustentam a tese de que o Governo de Passos Coel

Emmanuel Macron

Venceu o menor dos dois males, o independente Emmanuel Macron. Mais importante do que a vitória é a derrota de Marine Le Pen, alguém que tentou, sobretudo nesta segunda volta, amenizar a sua queda para o fascismo. Embora Macron seja um produto do neoliberalismo que arrasta as democracias para a sua decadência, acaba também indiscutivelmente por ser o menor dos dois males. De resto, acreditar que Le Pen poderia de alguma forma encontrar receitas para fazer face ao capitalismo mais selvagem é puro engano. Desde logo, as parcas medidas apresentadas pela candidata da Frente Nacional não resolveriam coisa alguma e apenas transformariam a França num país de intolerância, arredada do resto da Europa, fechada sobre si própria, definhando sobre o que lhe resta da sua outrora grandeza. Por outro lado, não se imagina uma Europa sem a França e Le Pen lutaria por uma França sem a Europa. É certo que a UE é hoje liderada pela mediocridade, mas também é certo que o futuro deste continente difici

Um debate feio

A escassos dias da segunda volta das eleições em França, assistiu-se a um debate agressivo e feio entre os dois candidatos à presidência: Marine Le Pen, agora convenientemente conhecida apenas por Marine, e Emmanuel Macron, o candidato nem-nem - nem de direita nem de esquerda, agora convenientemente conhecido pelo candidato da direita e da esquerda, da França aberta, tolerante e cosmopolita. Apesar da forma fortemente quezilenta, o debate não teve propriamente substância, resumindo-se a uma espécie de acerto de contas entre dois candidatos que tudo fazem e tudo dizem para chegar ao Eliseu. De resto, se há uma coisa que o debate não teve foi propriamente qualquer laivo de pudor. Mas o confronto entre os dois candidatos - diz-se por aí - mostra dois países diferentes. Le Pen entusiasmará aqueles que já arregimentou, outros juntar-se-ão a ela na precisa medida em que o descontentamento tem vindo a grassar, ainda assim suficientes para chegar à presidência; Macron não entusiasmará o p

O tal que mandou emigrar

Passos Coelho decidiu assinalar o 1.º de Maio com a afirmação de que terá sido durante a vigência do seu mandato que o emprego mais subiu, proferindo palavras carregadas de azedume e que pretendiam concluir que este Governo está a colher aquilo que ele e os seus apaniguados terão semeado. Passos Coelho, procurando a todo o custo contrariar a tese de que está morto politicamente, faz nova prova de vida (ou tenta) acusando do Governo de ser ridículo. E já que falamos em ridículo, regressemos, por momentos, ao passado: Durante o Governo de Passos Coelho a desregulação do mercado de trabalho conheceu o seu auge. Durante aqueles mais de quatro anos infernais o emprego criado era não só parco como acentuadamente precário, tanto mais que foram adoptadas tímidas medidas para fazer face aos elevados números do desemprego e todos estarão recordados das aldrabices em torno desses números quer com estágios quer com formações inconsequentes. Durante o tempo em que Passos Coelho era primeiro-mi

Dia do trabalhador

Ontem comemorou-se mais um dia do trabalhador, com mais promessas de melhorar a vida dos trabalhadores. Mais promessas que esbarram numa guerra do capitalismo selvagem que não conhece cartel. Ontem lembrou-se também os 500 mil trabalhadores americanos que há quase 130 anos protestaram contra a excessiva carga horária, reivindicando as 8 horas de trabalho. 10 morreram às mãos da polícia de Chicago. Ontem, dia do trabalhador, foi igualmente o dia escolhido por Passos Coelho para reclamar para si a redução significativa da taxa de desemprego; ele, Passos Coelho, o tal primeiro-ministro que não só aplicou medidas contra os trabalhadores - medidas que redundavam em desemprego, baixando o custo do trabalho, promovendo a precariedade - como foi o mesmo primeiro-ministro que convidou os portugueses a emigraram. O certo é que a cada ano que passa – a cada celebração do dia do trabalhador – a vida dos trabalhadores complica-se com mais precariedade, menos rendimento, menos segurança, mais hu