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A mostrar mensagens de janeiro, 2011

Agora é a vez do Egipto

As convulsões que se vivem no Egipto são indissociáveis da natureza não democrática do regime e do desemprego que afecta muito em particular os jovens mais qualificados. Recorde-se que o país cresce exponencialmente no que diz respeito à população. Vários estudos indicam a dificuldade que o país tem em criar emprego, designadamente o mais qualificado. De igual forma, a permanência no poder de Mubarak e a inexistência de um regime democrático são reivindicações do povo egípcio. O Presidente Mubarak promete mudanças e mais abertura, mas a sua permanência não é aceite, como se vê pela revolta que tomou conta das principais cidades egípcias. Parece dificil que Mubarak permaneça no poder e o seu principal opositor, ElBaradei, vai ganhando terreno. Importa referir que o Egipto tem especificidades que têm que ser levadas em conta: a sua proximidade com Israel, a sua relação com Israel, a Irmandade Muçulmana que conta com milhões de adeptos no Egipto e não só, a sua dimensão e impo

O desafio da esquerda

Num momento em que se prevê a ascensão da direita, designadamente do PSD liberal liderado por Pedro Passos Coelho, importa que a esquerda adopte um exercício de reflexão. Note-se que a mais do que provável ascensão da direita é culpa da esquerda, designadamente do Partido Socialista que se rendeu a políticas que nem sempre se coadunam com o seu código genético. A esquerda moderada atravessa uma crise em quase toda a Europa. A própria social-democracia encontra dificuldades em adoptar um discurso que galvanize os cidadãos. Todavia, há um desafio que poderá dar à esquerda um novo fôlego: a defesa do Estado Social. Perante uma multiplicidade de ameaças ao Estado Social que em Portugal e em grande parte da Europa é indissociável da própria democracia, a esquerda tem aqui uma oportunidade de ouro de reconquistar os cidadãos. Numa altura em que a social-democracia e até o socialismo se renderam ao liberalismo económico - a Europa é cada vez mais liberal no sentido económico, as

Efeito de contágio

Tunísia, Argélia, Egipto, Iémen são países cujas populações demonstram o seu descontentamento face a Governos pouco democráticos. O caso tunisino é o mais paradigmático e o que até agora produziu resultados concretos, designadamente com a queda do governo e com a fuga do Presidente. De qualquer forma, o descontentamento noutros países da região manifesta-se nas principais cidades. É evidente que existem outras questões latentes, para além da natureza dos próprios regimes. Procura-se mais liberdade, essa é, de facto, uma evidência. Assim como se rejeita a natureza amiúde corrupta e cerceadora de liberdades dos regimes. No caso do Egipto, o Presidente Mubarak está à frente dos destinos do país há trinta anos e fala-se numa sucessão dinástica. Não se pode descurar que as difíceis condições económicas, designadamente o desemprego é uma das principais razões que leva a aumento visível do descontentamento. De resto, o caso tunisino serve de exemplo a outros países da região. Con

Davos: mais do mesmo

Segundo o Jornal "Público", o Fórum Económico Mundial realizado em Davos volta a ser fortemente marcado pela presença do sector financeiro, isto depois de dois anos de alguma retracção. Depois da crise do subprime, o sector financeiro teve menos proeminência em Davos, mas ao que tudo indica, pode-se esperar um regresso à normalidade. Esta notícia não constitui propriamente novidade, trata-se apenas da confirmação de que nada muda, e quando alguma coisa muda é na perspectiva do cidadão comum que assiste a um acentuado retrocesso social. Davos é mais do mesmo: continua-se a insistir em receitas que levaram à crise grave que o mundo inteiro atravessa. É claro que se vai elogiar o crescimento económico de países como a China - à custa da supressão de direitos sociais e a regras de comércio invariavelmente desiguais. Como se a China representasse um bom exemplo da globalização da economia. Os problemas de crescentes dificuldades e de um retrocesso social assinalável em

Redução das indemnizações

A ministra do Trabalho sublinhou que a redução das indemnizações aos trabalhadores é necessária e que deve haver uma aproximação aos restantes países europeus. Pena foi não ter referido que também deveria haver uma aproximação do nível salarial dos Portugueses ao resto da Europa. De resto, é numa altura de graves dificuldades ao nível do emprego que se decide reduzir o valor das indemnizações. Continua-se a insistir que um aumento de produtividade e competitividade só pode acontecer em resultado de um aumento da flexibilidade da legislação laboral. Esta redução no valor das indemnizações enquadra-se nesse contexto. Seria profícuo que se demonstrasse que o mercado de trabalho necessita dessa flexibilização, isto quando o mercado de trabalho alemão em muitos aspectos, é menos flexível que o nosso. De igual forma, a redução das indemnizações a par de outras medidas (que não tardarão em ser aplicadas) no sentido de uma maior flexibilização do mercado de trabalho não são indisso

Eleições Presidenciais

O facto mais relevante dos resultados eleitorais para a Presidência da República é indubitavelmente o número da abstenção, um número muito elevado que vai em sentido diametralmente oposto àquele da consolidação democrática. Dentro da abstenção cabem uma miríade de diferentes situações, que vão desde a simples inércia ao descontentamento. Mas é precisamente em relação ao descontentamento com o sistema político, com a partidocracia, com o indissociável estado do país e até mesmo com o regime que se deve reflectir. Este descontentamento contrasta com o Presidente que foi reeleito: alguém que faz parte do sistema político, alguém que não pode ser dissociado da partidocracia, alguém cujas responsabilidades pelo estado do país não podem ser descuradas. Rejeita-se a mudança ou adopta-se uma postura de desistência que enfraquece um sistema democrático que, na minha humildade opinião, só subsiste graças à consolidação de um Estado social que já está na mira de alguns. Quando se pus

A chantagem

Cavaco Silva, Presidente da República e candidato presidencial, recorreu a uma forma de chantagem para conseguir a reeleição à primeira volta. Segundo o candidato, se existir uma segunda volta, os juros da dívida pública acabarão por subir e o país não suportará uma segunda volta. Ora, se isto não é uma forma de chantagem, não sabemos o que será. Na verdade, este tipo de jogo político não é inédito e outros candidatos terão recorrido à mesma estratégia. Todavia, colocar-se a hipótese do país não aguentar uma segunda volta - que faz parte das regras democrática - merece ser discutido. De igual forma, Cavaco Silva vem novamente mostrar a sua postura de total subserviência aos famigerados mercados. Chegámos ao ponto de colocar os eleitores entre a espada e a parede, dizendo-lhe que se os mercados não gostam de alguma regras basilares da democracia é melhor aceitarmos. Já são os mercados a ditar o que os eleitores devem ou não fazer. De resto, é evidente que a democracia é esv

Mudança

Há um facto da campanha eleitoral para o cargo de Presidente da República que é indesmentível: a falta de qualidade das várias candidaturas. Importa também sublinhar as limitações inerentes ao cargo de Presidente da República. Ainda assim, tudo indica que a mudança não parece fazer parte do vocabulário de muitos Portugueses. Não deixa de ser curioso assistir ao constante chorrilho de queixas de muitos cidadãos, muitos dos quais rejeitam a mudança. Estas eleições, ao que tudo indica, tem um vencedor anunciado. A possibilidade de uma reeleição é assaz significativa. Ora, voltamos ao mesmo. Quando os cidadãos têm uma oportunidade de mudar, voltam a insistir nas mesmas pessoas que estão na política há largas décadas, com responsabilidades evidentes no estado periclitante do país; insistem na mesma pessoa que durante estes cinco anos tudo fez para passar incólume aos acontecimentos, reduzindo a sua intervenção à mais absoluta insignificância com o objectivo claro de ser reeleito

O perigo da abstenção

A campanha eleitoral dos vários candidatos para as eleições presidenciais tem-se pautado pelo fraco interesse dos cidadãos. As razões que subjazem a essa falta de interesse são claras: as campanhas são pouco interessantes, as sondagens, estudos de opinião e a comunicação social dá um candidato como vencedor e o desinteresse dos cidadãos relativamente à própria política. Todos os candidatos mostraram muito pouco durante a campanha. A campanha tem-se centrado em quezílias entre candidatos e assuntos laterais ao que realmente interessa aos Portugueses. Tudo indica que o candidato Cavaco Silva será o vencedor, embora a sua campanha tenha sido tão pouco interessante, como, de resto, tem sido habitual. Paralelamente, não se pode refutar a existência de um desânimo colectivo em relação aos políticos e às próprias instituições democráticas. Nestas circunstâncias, é muito provável que a abstenção seja elevada, o que é pouco saudável numa democracia consolidada. Todavia, e segundo os

Revolta na Tunísia

A Tunísia vive tempos conturbados. Depois de semanas de contestação, o Presidente Ben Ali acabou mesmo por sair do país. Entretanto, segundo notícias veiculadas hoje, foi formado um Governo de unidade nacional. Importa contudo perceber o que terá levado o povo tunisino às ruas, ressalvando que, apesar da contestação, a violência não foi exponencial. Ainda assim estima-se que mais de 100 pessoas tenham perdido a vida nas últimas cinco semanas Paralelamente à natureza ditatorial do regime, o desemprego, a corrupção o cerceamento da esperança levou o povo tunisino à revolta. Depois de um jovem se ter imolado com fogo, os ânimos exaltaram e as exigências subiram de tom. Tem que se reconhecer a coragem de muitos tunisinos, em particular jovens, que empreenderam uma luta no sentido precisamente da mudança. Hoje, a Tunísia tem um futuro pela frente que poderá passar pela democracia e por maior justiça social. Resta saber qual vai ser a escolha deste povo corajoso que depois de mais

Qualidade dos candidatos

Da campanha para as eleições presidenciais já é possível retirar a seguinte ilação: a qualidade dos intervenientes deixa muito a desejar. A campanha por tudo menos pela discussão dos problemas do país. Mesmo levando em consideração que os poderes do Presidente não são de índole executiva, seria profícuo para os eleitores assistir a uma discussão mais centrada nos problemas do país. Não é isso que acontece. Note-se bem que a campanha daqueles que são considerados os dois candidatos principais - Cavaco Silva e Manuel Alegre - tem sido caracterizada por uma tibieza confrangedora. Cavaco Silva - o tal que procura não se aproximar da imagem de político - tem na sua candidatura pessoas envolvidas no grave problema do BPN, e quanto aos problemas do país, o candidato fala da sua experiência, como se essa sua tal experiência fosse indissociável do estado do país. Manuel Alegre, comprometido com o Bloco de Esquerda e, simultaneamente com o Governo, parece confuso. Está numa posição

Crise política

O candidato presidencial Cavaco Silva não excluiu a possibilidade de ocorrer em Portugal uma crise política. Os ânimos no PS exaltaram-se. E os cidadãos assistiram novamente a um exercício de verdadeira inutilidade das afirmações dos candidatos presidenciais. A possibilidade de uma crise política começou a desenhar-se poucos meses após a reeleição deste Governo. Nunca existiram condições para a Governação, as coligações nunca se formaram e os acordos pontuais entre Governo e outros partidos com assento parlamentar foram virtualmente inexistentes. Consequentemente, onde é que está a novidade nas palavras de Cavaco Silva. Na melhor das hipóteses as palavras de Cavaco Silva poderão indiciar que o candidato está aberto à possibilidade de contribuir para a queda deste Governo, aprofundando a crise política que já existe. Ou será que alguém acredita que o actual Governo governa? O actual Governo aumenta impostos, o preço dos serviços e corta em subsídios e salários - isso não

Dia de teste

Hoje é dia de teste para Portugal com as duas emissões de dívida com o objectivo de financiamento nos mercados. Mais uma vez o país parece suspenso. A ameaça do FMI, as notações financeiras das agências de rating, os juros condicionam a vida dos país. É claro que toda esta turbulência é o resultado da inépcia de quem Governa o país e da desunião da União Europeia, com especial preponderância da Alemanha, um dos nossos maiores credores. De qualquer modo, o país anda ao sabor dos mercados internacionais. O Governo tenta tranquilizar as hostes, em particular as internacionais, dando garantias de cumprimento das metas propostas. Mas o facto é que os abutres já pairam sobre o corpo moribundo, esperando nós que somos o corpo moribundo que os abutres (mercados) refreiem a sua sua voracidade devido à ajuda do Banco Central Europeu. Para os Portugueses esta situação é sufocante. Entre as ameaças e as medidas de austeridade que nunca serão verdadeiramente suficientes, ainda há as e

Até quando?

A intervenção do FMI em Portugal apresenta-se como inevitável. A constante ameaça da intervenção desta instituição em Portugal está-se a tornar sufocante. Há longos meses que se fala na forte possibilidade de Portugal recorrer a ajuda externa. Hoje, mais do que no passado recente, essa ajuda parece inevitável. Importa agora perceber os impactos da entrada desta instituição em Portugal e as respectivas consequências políticas. Os impactos serão onerosos para os cidadãos. A ideologia subjacente ao FMI não se coaduna com as necessidades sociais da populações. Os seus pareceres e exigências técnicas redundam amiúde em recessões com mais consequências dramáticas para os cidadãos. Resta se ainda é possível ir ao bolso depauperado da maioria dos portugueses. Os funcionários públicos serão, novamente, um alvo preferencial da intervenção do FMI. Quanto às consequências políticas, a necessidade de recorrer a ajuda externa implica um falhanço do Governo, mas também do PSD que aprovou

Ainda o FMI

Como seria de esperar o ano começou com o regresso em força do FMI. Embora ainda não se tenha oficialmente pedido qualquer intervenção desta instituição, a verdade é que o país volta a ficar refém de uma eventual "ajuda" do FMI. Na campanha para as presidenciais, vários candidatos mostram-se contra uma intervenção desta natureza. Esse parece ser um ponto comum entre os vários candidatos presidenciais. A forma de abordar o assunto é que difere: Cavaco Silva é apologista da inércia relativamente às pressões - pouco oficiais - de alguns Estados-membros no sentido de Portugal recorrer a ajuda externa; os outros candidatos mostram-se mais apologistas de uma postura de maior intervenção. De facto, a ameaça da vinda do FMI torna-se exasperante. Alguns advogam que essa é a melhor opção, mas convinha perceber os resultados dessa mesma opção na Grécia e na Irlanda antes de se fazer uma defesa tão veemente da entrada do FMI em Portugal. Já se percebeu que o projecto Europeu c

Campanha eleitoral II

A campanha eleitoral para as eleições presidenciais continua a ser marcada pelo caso BPN a que agora se junta a história do candidato Manuel Alegre e da publicidade para o BPP. Se a campanha já revelava uma tibieza indissociável dos próprios intervenientes, tudo parece piorar a cada dia que passa. Já se percebeu que Cavaco Silva não se sente confortável com o caso BPN, tanto mais é assim que o candidato preferiu criticar a actual administração, deixando de lado os seus companheiros, verdadeiros responsáveis pela falcatrua que tanto dinheiro custa aos contribuintes. Mas também é perceptível que o candidato Manuel Alegre ainda não encontrou o seu rumo para a campanha. A sua relação com Bloco de Esquerda e Partido Socialista não é fácil de gerir, e o seu apoio do PS - partido do Governo - traz dificuldades acrescidas. Com efeito, a insistência no caso BPN pode revelar-se contraproducente para Manuel Alegre, como foi visível durante o dia de ontem quando o candidato mostrou a

Campanha eleitoral

A campanha eleitoral dos candidatos à presidência da República está acesa, muito em particular destaca-se o confronto diário entre Manuel Alegre e Cavaco Silva. As trocas de acusações, sempre com o BPN como pano de fundo, são agora o aspecto central da campanha. Manuel Alegre insiste em pedir esclarecimentos a Cavaco Silva sobre as famigeradas acções do banco falido e Cavaco Silva insiste em não esclarecer cabalmente toda a situação, optando antes por fazer, por sua vez, acusações a Manuel Alegre. A questão do banco que faliu e que foi socorrido, contra sua vontade, pelo contribuinte tem o seu interesse. O cargo de Presidente da República deve exigir integridade e transparência - questões de somenos para muitos cidadãos. Já se percebeu que quem esteve envolvido nas falcatruas do BPN teve ou tem uma relação de grande proximidade com ainda Presidente da República; também já se percebeu que Cavaco Silva nunca esclareceu tudo o que envolveu a compra das ditas acções. Importav

Democracia e igualdade

Em tempos de crise, escasseiam as oportunidades para se discutir a importância da democracia e da igualdade. A defesa de uma sociedade livre e justa passa a ser relegada para segundo plano e é a própria consolidação democrática que é posta em causa. O anátema da igualdade prolifera e não raras vezes defende-se o indefensável. O pior exemplo é-nos dado pelas pseudo-elites, muito em particular no contexto da política. A Justiça pouco faz para salvaguardar a ideia de igualdade. Poucos terão dúvidas que existem dois tipos de cidadãos, uns mais privilegiados que outros. Nesta matéria, como noutras, a classe política é a primeira a dar o mau exemplo, como se vê tanto ao nível executivo como até ao nível presidencial. Se se insistir em passar a ideia de que de facto existem dois tipos de cidadãos, será a própria democracia que será esvaziada de sentido. E se a classe política já faz tão pouco pela credibilização das instituições democráticas, o que dizer do conceito de igualdade

Tapar o sol com a peneira

O Presidente da República e candidato presidencial Cavaco Silva tem feito vários reparos à actual administração do BPN, isto depois de todos os candidatos terem atacado o candidato precisamente devido ao facto de ser accionista da SNL que detinha o BPN. É curioso verificar que agora o Presidente da República mostra a capacidade para falar do assunto, apenas e só depois de ter sido reiteradamente atacado pelos seus adversários. Assim como é também curioso que o candidato Cavaco Silva só fale do presente e nunca do passado. O passado, como se tem visto ,causa nervosismo. Na verdade, uma das ilações que se pode retirar desta sórdida história - a mais simpática - é que o ainda Presidente procura tapar o sol com a peneira. Toda a história do BPN cheira mal, não se trata apenas da questão do candidato ser accionista. A resposta aos ataques dos adversários surge então sob a forma de ataques à nova administração. Sobre o passado, nem uma palavra. Tudo indica que este é o candida