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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2017

Passos Coelho critica o discurso dúplice do Governo

Sem nada para dizer, Passos Coelho insiste em proferir o já habitual rol de vacuidades que amiúde lhe rebentam na cara. Rebentavam - pretérito imperfeito. Na verdade, hoje já ninguém escuta ou sequer olha para o ainda líder do PSD. Ainda assim, Passos Coelho não desiste. Desta feita acusou o Governo e os partidos que o suportam no parlamento de terem um discurso dúplice em relação à União Europeia. A crítica faz sentido sobretudo vinda de alguém que, na mais inexorável e exasperante ausência de espírito crítico, bajulou até à exaustão os líderes europeus, mais concretamente os responsáveis políticos alemães. Passos Coelho, no alto da sua sapiência, não concebe que se possa criticar o contexto a que se pertence; Passos Coelho, nos píncaros da sua sagacidade, não percebe que o espírito crítico faz parte do pluralismo democrático e que, na ausência do mesmo, resta o vazio e a bajulação, como foi o seu propósito durante mais de quatro anos. Se o PCP sempre foi crítico da UE e da Zona

Arábia saudita e os direitos das mulheres

Parece anedota, mas a Arábia Saudita integrará a Comissão dos Direitos das Mulheres das Nações Unidas. Já em 2015, na ONU, o mesmo país tinha encabeçado um painel dos direitos humanos. Não é anedota, não é falta de noção, são os petrodólares a ditar as regras, por muito ridículas que estas possam ser. Nunca será demais recordar que o reino da Arábia Saudita trata as mulheres de forma ignóbil. Por ali, onde reina o petróleo e a compra de armas às potências mundiais, as mulheres não podem conduzir, nadar, fazer exercício em público. Não podem casar ou sair do país sem autorização masculina - as mulheres têm um guardião masculino. Têm acesso condicionado a universidades, transportes públicos, bancos, etc, já para não falar em direitos essenciais como o voto (apenas podem votar em eleições locais). Tudo sob vigilância apertada da Mutaween (polícia religiosa). Por ali, onde reina o petróleo e a compra de armas aos EUA, França ou Reino Unido, as mulheres são tratadas abaixo de cão.

Os perigos da extrema-direita não desaparecem

Com o resultado eleitoral em França, no passado domingo, e com a mais do que provável vitória do candidato nem-nem (nem de esquerda, nem de direita), dito de centro, pró-europeu e que, embora se encontre fora dos partidos políticos que dominaram a cena política francesa partilha com eles a mesma natureza, os perigos da extrema-direita não desaparecem. Marine Le Pen dificilmente conseguirá vencer a segunda volta das presidenciais, mas deixa uma semente que com facilidade germinará na eventualidade do falhanço de Macron e Macron tem tudo para falhar: ex-banqueiro, neoliberal não assumido, Macron não será capaz de resistir a mais desregulação laboral, menos Estado Social, enfim, mais receita desastrosa que tem contribuído para o afastamento dos cidadãos relativamente aos políticos convencionais - os que têm dominado a cena política nas últimas décadas; os mesmos que abdicaram da ideologia em nome do mercado, os mesmo que se vangloriam com a morte dessa ideologia, rendidos aos encantos

Nem de direita, nem de esquerda

Em França venceu o candidato nem-nem, o candidato que se vangloria de não estar nem à direita, nem à esquerda, facto que redunda amiúde na direita neoliberal. Terá de disputar agora as eleições com a inefável Marine Le Pen. E porquê Macron? O candidato nem-nem é indiscutivelmente o homem preferido pelos negócios e subsequentemente pela comunicação social. Ex-banqueiro, envolvido com a fina flor dos negócios franceses, Macron é adorado. Tanto mais que foi escolhido pela comunicação social que o vendeu como sendo o único candidato capaz de vencer Marine Le Pen. A Europa que não muda também respira de alívio. Por enquanto. E os outros candidatos? Fillion, embora interessante sob o ponto de vista dos negócios, viu-se irremediavelmente comprometido depois de escândalos de corrupção demasiado evidentes; escândalos esses que arruinaram as suas hipóteses. Hamon, o candidato socialista, mais socialista do que muitos e sobretudo mais do que Hollande, não teve tempo para mostrar essa sua nat

Em nome da revolução

Em nome da revolução (bolivariana) valerá a pena sacrificar um povo, o seu povo? Vale. Sob o regime autoritário/chavista de Maduro vale e assim vai a Venezuela com o povo - em nome de quem foi feita a revolução  - privado dos bens mais essenciais, em fuga, reprimido ou até morto em manifestações.  19 de Abril marcou o 207º aniversário da revolução de 1810 que deu à Venezuela a sua independência, data também marcada por protestos, pela repressão da Guarda Nacional Bolivariana e pela morte de dois civis e de um militar. Recorde-se que há escassas semanas atrás o Supremo Tribunal assumiu as funções de um Parlamento eleito democraticamente e, embora a medida tenha sido revertida, as palavras que ecoam na cabeça de muitos venezuelanos não se dissiparam e a sensação da golpe de Estado permanece presente. Por outro lado, importa lembrar que ainda durante esta semana Nicólas Maduro anunciou a sua intenção de aumentar em 500 mil os membros da milícia bolivariana, armando todos eles. E a en

Eleições no Reino Unido

Depois do famigerado Brexit que contou com a demissão de David Cameron, Theresa May ficou incumbida de dirigir um processo de saída que ninguém sabe muito bem como culminará. A primeira-ministra britânica afirma agora pretender a convocação de eleições com vista a eleger "um governo forte, com um mandato claro para negociar a saída do Reino Unido da UE". Aparentemente May procura um reforço de legitimidade para dar continuidade a um processo que se avizinha difícil e cujo desfecho é, como se disse, imprevisível. Seguramente também procura ganhar tempo. Com a aprovação do parlamento britânico, as eleições terão assim lugar um Junho, três anos antes do que seria previsto. Segundo alguns analistas May estará a aproveitar as sondagens que lhe dão a maioria das intenções de voto, havendo quem arrisque profetizar que este é o caminho escolhido para uma saída dura, o "hard" Brexit. A primeira-ministra britânica navega em águas desconhecidas e, na verdade, compreend

Uma Europa cada vez mais isolada

Depois de passarem anos a acusar os países "intervencionados" de serem responsáveis todo o mal do mundo, os principais responsáveis europeus tardam em mudar a estratégia, preferindo apostar no erro, enquanto a Europa, mais concretamente a UE, vai ficado progressivamente mais isolada. Primeiro foi a crise do sector financeiro rapidamente transformada em crise das dívidas soberanas; depois o Brexit; para complicar os EUA escolheram Trump para a presidência e agora a Turquia vira regime autoritário declarado, afastando-se também ela da Europa.  Sem capacidade de se unir, com protagonistas medíocres como o inefável Presidente do Eurogrupo que apenas fomentam as divisões da forma mais abjecta, deixando a indelével impressão que almejam uma Europa minimalista composta por países do centro e norte da Europa, o projecto europeu passou para o domínio da fantasia. Hoje temos uma Europa desunida, com personagens não sufragadas e medíocres, sem o Reino Unido, sem poder contar com

Turquia: a morte de uma democracia

Sob um manto de suspeição, venceu o sim no referendo que transforma o que restava da democracia num regime autocrata - presidencialista como Erdogan prefere designar. Um regime presidencialista, sem separação de poderes, onde o cargo de primeiro-ministro simplesmente desaparece e no qual Erdogan poderá designar e destituir os membros do Governo que ele bem entender, com a morte do próprio parlamento. Diz-se que nem Mustafa Kemal Ataturk - pai dos turcos - terá ido tão longe. Recorde-se que já depois do "golpe de Estado" de dia 15 de Julho do ano passado, Erdogan ordenou uma multiplicidade de purgas que apenas vieram confirmar a deriva autoritária daquele que é agora Presidente da Turquia com poderes ilimitados. Na sequência desse "golpe" (falhado) mais de 130 mil funcionários públicos foram despedidos, 43 mil foram detidos (muitos pertencentes ao poder judicial) e Erdogan ordenou ainda o encerramento de mais de 100 órgãos de comunicação social. Tudo culmina agora

Brincar com o fogo

Assistimos nos últimos dias a exercícios e a palavras que pode muito bem cair no conceito de brincar com o fogo. Depois de lançar 59 rockets contra o regime de Bashar al-Assad, num gesto que para além de exasperar a Rússia – maior aliado de Assad – causou uma confusão, que nasce da incapacidade da actual Administração americana definir estratégias e segui-las, a gora assistimos a novo exercício próprio de uma criança mimada e sem educação que tem ao seu dispor a mais vasta panóplia de brinquedos – uma frase que não define apenas Kim Jong - u n, "líder supremo" da Coreia do Norte. Trump é também ele uma criança mimada e sem educação e que também t e m ao seu dispor a mais vasta panóplia de brinquedos, mas desta feita os melhores e os mais poderosos; tudo sem certezas de que um Congresso repleto de mediocridade possa ter capacidade de travar a criança de cabelo cor-de-laranja. O único aliado da Coreia do Norte, a China, dá sinais crescentes de também ela estar farta da c

Um mundo novo

Tempos houve em que a subserviência era característica maior dos representantes políticos, sobretudo no contexto europeu. Todos se recordam da postura do Governo português perante as instâncias europeias e perante o ministro das Finanças alemão. Tempos diferentes, dir-se-á. Não, políticos diferentes apenas isso. Exemplo: Portugal ainda não saiu do procedimento por défice excessivo, embora esteja quase lá. Ainda assim e perante as constantes ameaças, os actuais representantes políticos não se vergam, mostram personalidade e sobretudo mostram o que é representar os cidadãos portugueses. É evidente que existe uma diferença entre Passos Coelho e o seu séquito e o actual Governo: Passos Coelho e seus acólitos perfilhavam na totalidade a ideia de que se deve matar um povo com doses cavalares de austeridade, apostando numa postura de total subserviência. Tantas vezes Gaspar, Coelho e Albuquerque se baixaram que se lhe viu o rabo. Visão que a todos nos embaraçou. Façamos um exercício fá

PSD: sondagens e as más notícias

Chamo a atenção para duas evidências: as sondagens valem o que valem e o PSD, nos últimos meses, tem vindo a descer nas intenções de voto, factos que merecem ser relevados. Agora foi a vez da Aximage indicar que se as legislativas fossem hoje apenas 24,6% dos eleitores votaria PSD. Aliás PSD e CDS, juntos, não ultrapassam os 30%, mais concretamente 29,4%.  Toda a esquerda sobe, com especial destaque para a CDU que passa dos 6,8% para os 7,6%. A incapacidade de Passos Coelho aceitar a realidade e o sucesso do actual Executivo sem recurso a doses cavalares de austeridade, paga-se nas intenções de voto. Esta é mais uma má notícia para Passos Coelho, a par dos resultados económicos, da aprovação do actual Executivo ou até do facto do país se preparar para sair do procedimento por défice excessivo. Apesar disto tudo e da desgraça nas autárquicas que se avizinha, Passos Coelho mantém também neste aspecto uma coerência assinalável: não se demite. Como não se demitiu no passado, até

Demonstrações de força

P oucas opções restam a um Presidente que vive para alimentar o seu incomensurável ego, que afasta quem lhe faz sombra e que, tantas vezes, mais não é do que uma criança irritante sempre em busca da atenção alheia. Procurar resquícios de sensatez na acção militar dos EUA na Síria é um exercício inútil. Esses resquícios simplesmente não existem. Depois de, ao que tudo indica, o regime sírio cometer mais um acto ignóbil contra a sua população, os EUA reagiram, à maneira de Trump: inusitada e insensatamente. Escusado será discernir pelo vasto rol de contradições de Donald Trump, também referentes ao problema sírio. Com taxas de popularidade que não o satisfazem e partilhando da necessidade de dar provas daquilo que é capaz, sempre numa confusão da busca pessoal de protagonismo com o papel do país que governa no mundo, Trump encontrou a oportunidade de exercer uma manifestação de força, surpreendendo tudo e todos. Já se sabia que este não seria um Presidente como os outros, mas tal

A última entrevista de Passos Coelho

Não será bem a última, mas podia ser. Passos Coelho já não um líder desesperado, é um líder derrotado, que tudo faz para esconder a sua derrota, agarrando-se à questão da Caixa Geral de Depósitos, procurando acusar o Governo de ter cometido erros, esquecendo-se, naturalmente, da acção do seu próprio Executivo. Pelo meio encetou tentativas de reconhecimento da existência de aspectos positivos que se prendem com a actual governação, procurando fazer esquecer as ânsias pelo Diabo, mas sem que conseguisse evitar um horrível cheiro a falsidade. Sem uma ideia que não passe pela austeridade em doses cavalares, perdido num tempo em que essa austeridade, pelo menos nas doses que ele próprio apregoa, não colhe nem entre os portugueses, nem sequer pelas instituições europeias, pelo menos com a intensidade do passado, o antigo primeiro-ministro resiste. Passos Coelho demonstrou, uma vez mais, que não tem nada para oferecer, como na verdade nunca teve. Confrontado com a prestação positiva do a

Os Velhos do Restelo

Confortavelmente instalados nos principais canais de televisão, os Velhos do Restelo de hoje vendem a ideia de que tudo está, obviamente, errado com este país e, claro está, com o Executivo e Presidente da República. Ambos já foram colocados no mesmo saco. Dizem-nos com razão que a dívida é insustentável, mas rejeitam qualquer tentativa de negociação; oferecem-nos queixumes em relação ao fraco crescimento económico, mas por alturas em que Passos Coelho era primeiro-ministro e o crescimento era risível apenas nos concediam um silêncio sepulcral; reclamam dos impostos, da austeridade (criteriosamente escolhida), do marasmo, quando eles foram os principais promotores do retrocesso. Ligar a televisão e dela brotar as palavras de Medina Carreira, Ferraz da Costa, José Miguel Júdice, Marques Mendes, Gomes Ferreira, António Costa (o errado), entre outros é o pão nosso de cada dia. É por demais evidente que nem tudo vai bem e que o país não se transformou subitamente num paraíso à face

Quando aqueles que se arrogam diferentes são os mais iguais

Donald Trump fez campanha e ganhou eleições apregoando ser diametralmente oposto aos demais políticos enredados num sistema que ele tão veementemente contestava. No entanto, Trump, seu séquito e família mostram a cada dia que passa que afinal conseguem manifestar um desprezo ainda maior por princípios básicos de ética. O que não deixa de ser irónico, o que não deixa, esperemos, esquecer os perigos do populismo. Desde nomear familiares para desempenhar cargos vitais na sua Administração, passando pelas somas obscenas gastas em escassos meses, passando ainda por histórias mal contadas envolvendo invariavelmente russos, e agindo como um déspota sem um pingo de educação, Trump consegue o pior possível e imaginável. O populismo tantas vezes associado a uma espécie de messianismo de homens que se dizem melhores do que os demais, políticos que cospem na política e se orgulham disso mesmo, só pode dar maus resultados. A ver vamos se o que Mike Flynn diz ter para dizer não poderá compro

Brexit, a UE e EUA

O Brexit é facto consumado: o Reino Unido já evocou o famigerado artigo 50 e todos os procedimentos estão a decorrer para que a saída efectiva do país se concretize. Por estas páginas já se disse que se considera o Brexit um erro com consequências manifestamente negativas para todas as partes envolvidas. Sendo certo que as instituições europeias e seus protagonistas não devem adoptar uma postura nem demasiado condescendente, nem demasiado rígida, também não é necessário, nem tão-pouco profícuo, que o Presidente da Comissão se refira à opção britânica ou ao apoio americano a essa opção como se referiu. Já por demasiadas ocasiões líderes europeus se referiram ao assunto com uma ligeireza que não se admite a este nível diplomático. Para quem não esteve atento, Jean-Claude Juncker afirmou que se o Presidente americano está feliz com o Brexit, apoiando inclusivamente outros Estados-membros no sentido de seguirem o exemplo do Reino Unido, então ele, Juncker, talvez devesse "promove

Venezuela: o fim da democracia

Falar-se da Venezuela e de democracia revela-se uma tarefa difícil. Um país que tem uma direita reacionária, invariavelmente deitada com os negócios de exploração, e uma esquerda populista, que caiu numa deriva autoritária, vê o que resta da sua democracia ameaçada de morte. O Supremo Tribunal do país resolveu destituir os poderes da Assembleia Nacional – composta maioritariamente por partidos da oposição -, procurando, aparentemente, substituir a própria Assembleia Nacional, num acto que constitui um golpe fatal na democracia do país. Depois do aumento da contestação interna e externa, o Supremo Tribunal recuou nas suas intenções, depois do Presidente Nicólas Maduro ter apelado a essa reversão para que se pudesse manter a “estabilidade institucional”. Seja como for, os estragos são demasiados e esta tentativa do Supremo esvaziar os poderes da Assembleia Nacional, substituindo-se, é um golpe potencialmente fatal. Recorde-se que o país atravessa um dos seus piores períodos, com