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A mostrar mensagens de abril, 2019

Nuno Melo insiste e eu também

O cabeça-de-lista pelo CDS às europeias insiste em afirmar que o Vox não é um partido de extrema-direita, isto apesar das propostas do Vox para ilegalizar partidos independentistas em Espanha, isto apesar de propostas no sentido de liquidar as conquistas de minorias, designadamente com propostas homofóbicas, ou de recusar a igualdade entre homens e mulheres com tentativas de acabar com leis de igualdade e contra a violência de género, isto apesar de ser contra as "invasões" de imigrantes. Ainda assim, para Melo o Vox, que mais não é do que o resto putrefacto do franquismo, não é um partido de extrema-direita. Disse-o e repetiu. Ora, corre-se o risco de pensar que caiu a máscara a Melo e criaturas similares que misturando alhos com bugalhos (uma extrema-esquerda difusa com extrema-direita, como se ambas atropelassem os direitos humanos) procuram normalizar o que não pode ser considerado a norma, nem pode ser considerado aceitável, desde logo por representar um

Onde anda a extrema-direita espanhola?

Todos sabem, excepto Nuno Melo que não vê no partido Vox um partido de extrema-direita. E mais: candidato a eurodeputado pelo CDS admite com naturalidade que um partido de extrema-direita possa fazer parte da sua família política europeia. São posições como esta que pretendem normalizar partidos comprometidos com os resquícios do fascismo, prontos a atropelar os direitos humanos, que constituem um perigo para o futuro da Europa. Nuno Melo, candidato a eurodeputado, provavelmente não concordará, até porque da normalização até à admiração não vai uma grande distância. De resto, as eleições de domingo mostraram precisamente que os resquícios do franquismo não desapareceram, apenas saltaram do PP que teve um dos piores resultados de sempre, para o dito "Vox". Portanto, a extrema-direita espanhola é o Vox e se dúvidas existissem, estas eleições tiveram o condão de clarificar e elucidar cabecinhas como a de Nuno Melo.

Moro: tão ilustre convidado

Para que não brotem ironias em algumas cabeças, declara-se que existe um mundo de ironia na frase em epígrafe, mas vem essa frase a propósito da presença de Sérgio Moro, super juiz com fascínio por Lula da Silva, e super ministro que não era para ser, mas acabou por ser, na Faculdade de Direito de Lisboa. Tão ilustre convidado, juiz e ministro elevado a estrela, contou com uma plateia entusiasmada e com os cumprimentos de Augusto Santos Silva, ministro português dos Negócios Estrangeiros. Falou sobre justiça, portuguesa e brasileira, e deixou na gaveta referências ao Presidente menos popular das últimas décadas - Jair Bolsonaro - que conta com uma taxa de aprovação de apenas 35%.  Tão ilustre convidado, tão famoso como a sífilis foi outrora, brindou mui ilustre e atento auditório com a sua sapiência, não se sabendo se ofereceu algumas dicas, mais tácitas, no que diz respeito a golpes. E tão ilustre faculdade rende-se a tão pouco.

O que salta à vista é um país fragilizado

Independentemente da legitimidade dos grevistas, que não coloco em causa, a verdade é que com a greve dos motoristas de matérias perigosas salta à vista um país vulnerável. E apesar dos mecanismos ao dispor do Governo em caso de emergência, a verdade é que Portugal, num ápice, fica refém de um grupo profissional. Repito: esta conclusão não invalida a legitimidade de quem faz greve. Em escassos dias, passou-se a olhar para o fundo dos depósitos. Fica-se com a ideia de que também neste particular vivemos sempre no limite, sem estratégia, apenas no limite. Não deixa de causar alguma inquietação perceber que numa tarde instala-se o pânico e acaba-se o combustível. Em suma, esta greve, independentemente da sua legitimidade, coloca em evidência um país cuja única estratégia parece ser a de viver no limite. É necessária uma reflexão, sobretudo num país que preferiu o automóvel a tudo o resto.

O melhor e o pior do ser humano numa só noite

O terrível incêndio na catedral de Notre Dame não só mostrou um país e todo o mundo em sofrimento, como nos lembrou o engenho do Homem que há mais de 800 anos erigiu Notre Dame. Na mesma noite, já por si carregada de sofrimento e de angústia, Donald Trump brinda-nos com um tweet sugerindo a utilização de helicópteros para combater o incêndio. Não poderia existir maior contraste, patente numa só noite: o génio da Humanidade, aliado à sua resiliência, por um lado; a pequenez, a idiotia e uma soberba sem limites, por outro.

O populismo de Marcelo

Caracterizado por ser um populista "leve" ou "benigno", sem nunca evidentemente deixar de ser populista, Marcelo Rebelo de Sousa lá vai fazendo o seu caminho até à reeleição,  como quem não quer a coisa, entre  selfies  em funerais, verdades, mentiras e desmentidos e um puritanismo a toda prova. Marcelo lá vai cuidando do povo. Marcelo lá vai dominando o povo. Todavia, as últimas semanas não foram as mais felizes, sobretudo depois de director da Polícia Judiciária Militar e chefe de gabinete do ministro da Defesa dizerem uma coisa, enquanto Marcelo diz o seu contrário e depois ainda de mais uma manifestação de populismo bacoco, elaborando uma lei que impede a nomeação de familiares em Belém até quase à reencarnação - até ao sexto grau, melhor dizendo -  tudo para provar o seu carácter impoluto e as suas melhores intenções. Tudo para mostrar que ele estará sempre um passo à frente no que diz respeito à ética. Assim, como mostra estar um passo à frente no ridículo.

Amazónia: o anúncio de um crime

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou que entregará a Amazónia para exploração de empresas norte-americanas. Esta ideia contém em si mesma um mundo de perigos; este anúncio vem na sequência de promessas eleitorais, ou seja, quem votou em Bolsonaro votou nisto. E o que é isto? Será um verdadeiro atentado contra o planeta ou alguém acredita que bons samaritanos preparam-se para explorar, perdão preservar, a floresta  amazónica? Ou alguém está convencido de que os americanos estão interessados numa qualquer outra coisa que não o lucro, rápido e em abundância? De resto é essa a essência do capitalismo, ou será que no entendimento de Bolsonaro o capitalismo é também outra coisa? Como o nazismo é. Mas o Presidente brasileiro vai mais longe, para além de dar aos americanos a exploração, o que levanta outras questões que se prendem com os próprios recursos brasileiros e a ingerência externa para deitar a mão a esses recursos, promete rever as demarcações indígenas. E

Sobre o vazio de ideias

Poder-se-iam escrever tratados sobre o vazio político que impera entre os partidos portugueses, sendo que esse vazio não é seu exclusivo, verificando-se inclusivamente situações ainda mais gravosas. No entanto, por cá o vazio é apanágio de partidos que abdicaram de ter qualquer espécie de discussão ideológica ou até, sob o ponto de vista mais prático, de discussões sobre um rumo para o país. Da esquerda à direita o cenário revela-se desolador e o Presidente da república mostra-se mais empenhado nos afectos do que nas ideias. Contudo, esse vazio é ainda mais significativo entre a direita. PSD e CDS, ambos com fracas lideranças, agarram-se ao que podem, como se verifica agora com o caso do nepotismo que reina no PS. Ambos os líderes agem como se esse nepotismo fosse exclusivo do PS, quando todos sabemos que não é. Paralelamente, o assunto é esticado até ao limite e à náusea o que enfraquece o seu efeito, O perigo que existe neste vazio, sobretudo da direita, prende-se com

Problemas de memória

O país mediático está refém dos graus de parentesco. Cavaco Silva está refém de problemas de memória, vamos partir do pressuposto de que se trata de um problema clínico e não a simples mentira. Ora, a comunicação social só agora percebeu que existem relações familiares no seio dos Governos, sendo certo que, na ausência de ideias concretas, resta aproveitar as relações familiares deste Governo, até à última gota, até ao último grau de parentesco. É perante este cenário que Cavaco Silva deixa o convento para não só criticar um Governo que ele teve de dar posse, mas que abomina, como veio a público afirmar que nos seus três governos não existiram essas mesmas relações. As capas do defunto jornal "Independente" vieram lembrar a todos as nomeações de não uma, nem sequer duas, mas quinze mulheres de ilustres ministros de Cavaco, como Marques Mendes, Durão Barroso ou o ainda mais ilustre Dias Loureiro. Por um lado concluímos que o país político é manifestamente pobre, com uma c

Direita e comunicação social: um desespero partilhado

Se falamos de desespero e vazio de ideias nos partidos de direita, o que dizer da comunicação social, boa parte dela com a agenda da direita? A procura desenfreada por relações familiares e políticas entre os membros do PS é paradigmático desse desespero e desse vazio partilhados, ao ponto de se publicarem mentiras, sem o menor pudor. O Jornal I chegou a afirmar/informar, na capa, que Fernando Medina havia nomeado a sua mulher como adjunta quando era secretário de Estado, o que nem sequer é verdade - uma mentira facilmente desmontável pela documentação existente. Mais preocupante do que as famigeradas fake news , são as notícias veiculadas por jornalistas. Um exercício que enfraquece a própria comunicação social que não se distingue das redes sociais e afins. É este o desespero da comunicação social com uma agenda política de direita. De resto, o mesmo jornal dá conta que o filho de António Costa decidiu participar na campanha eleitoral para as Europeias, em regime de v

Brexit: para além da compreensão de todos

O processo de saída do Reino Unido da União Europeia ultrapassou em muito a capacidade de entendimento de todos, incluindo, creio eu, dos próprios intervenientes. A inépcia está instalada e não tarda muito estaremos perante um ou vários sketches humorísticos dos Monty Phyton. Mas talvez a primeira-ministra britânica, Theresa May, tenha finalmente encontrado um potencial caminho que não leve ao mais completo desastre de há memória em negociações deste nível.  Deste modo, May, que sabe estar politicamente esgotada, pede a colaboração do líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, enquanto solicita à UE uma nova extensão do artigo 50 ainda com o objectivo de conseguir uma saída com acordo no dia 12 de Abril. Recorde-se que May não consegue apoios junto do seu próprio partido. Assim, a primeira-ministra ganha tempo para tentar ela própria convencer Corbyn a juntar-se a ela nestas terríveis negociações. O líder trabalhista por sua vez já manifestou a sua irredutibilidade relativa

Todos os avisos são poucos

Em entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa deixou alguns avisos relativamente à ascensão de forças políticas populistas com potencial autoritário e, embora ele próprio não seja um estranho ao populismo, fez bem em salientar os perigos que se avizinham para a Europa e para Portugal. O Presidente disse-o bem: em Portugal os partidos políticos à esquerda do PS, o próprio PS, PSD e CDS têm conseguido travar as derivas populistas que surgem, no entanto existem alguns sinais inquietantes que não podem ser ignorados. Marcelo ao referir a importância dos partidos reforça também a responsabilidade que esses partidos têm que; uma responsabilidade que, por vezes, é esquecida como a polémica das nomeações familiares no seio do Governo bem demonstra. E se por um lado todos os avisos são poucos, a referida responsabilidade destes partidos é cada vez maior. Não existe melhor antídoto contra o populismo e contra as derivas autoritárias do que partidos democráticos estáveis e compromet