Avançar para o conteúdo principal

Não há infracções à lei da concorrência

É esta a conclusão do relatório da Alta Autoridade da Concorrência. Parece que não há indícios de concertação de preços e de cartelização. O ónus do problema passa agora para o lado do Governo que vai, naturalmente, sofrer uma acentuada pressão para reduzir o peso da carga fiscal no preço final dos combustíveis.
O relatório, tão esperado, veio apenas confirmar aquilo que já se sabia que iria acontecer – as principais empresas petrolíferas saem incólumes deste processo. A questão do oligopólio da Galp, por exemplo, parece não ser particularmente importante.
O Governo fica agora numa situação mais complicada. Com efeito, a carga fiscal é elevada, em particular comparativamente com Espanha; mas é estranho verificar a proximidade de preços entre as principais marcas e a discrepância de preços quando se compara essas marcas a marcas brancas, normalmente associadas a supermercados. Dir-se-á que essas marcas brancas poderão eventualmente reduzir margens de lucro que depois compensarão com as vendas nos supermercados. Ainda assim, a história continua mal explicada.
Da mesma forma, a livre concorrência não parece ser posta em causa, e também é isso que diz o famigerado relatório. Contudo, a proximidade de preços e os aumentos em escalada e de várias marcas quase em simultâneo, deixam uma suspeição que não cessará com as conclusões do relatório.
Os consumidores virar-se-ão para o Governo, exercendo pressão no sentido deste reduzir a carga fiscal, mas não parece que o relatório possa significar uma reaproximação entre os consumidores e as três principais marcas de combustíveis. A desconfiança generalizada não será certamente eliminada pelo relatório.
Quanto à redução da carga fiscal, essa decisão deve ser, na minha perspectiva, uma decisão tomada a nível comunitário. Sabe-se que a redução não vai resolver o problema da escalada do preço dos combustíveis – o preço do petróleo, segundo os especialistas, vai continuar a subir. Mas o problema em Portugal é particularmente intrincado, consequência da proximidade geográfica com Espanha que pratica preços mais competitivos (carga fiscal menos onerosa), retirando competitividade à economia portuguesa. Os cofres do Estado vão perder dinheiro que se muda para os cofres espanhóis. Afinal, tem sido essa a política em Portugal – manter elevadas cargas fiscais que não se materializam num aumento do bem-estar das populações; antes originam a perda de competitividade da economia portuguesa e de investimento que prefere outras paragens.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa