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A mostrar mensagens de fevereiro, 2016

Quantos pais?

A discussão em torno de um cartaz polémico do Bloco de Esquerda, com a imagem de Jesus e uma questão sobre quantos pais tinha o mesmo, esconde-se atrás do argumento do bom gosto ou da falta dele, mas é muito mais do que isso, sendo na verdade mais um indício de que este pais é pequeno, sob demasiados pontos de vista. Todos criticamos o cartaz acusando o mesmo de ser de mau gosto, mas o que a maior parte de nós quer mesmo dizer é que o respeitinho é bem bonito e que existem assuntos intocáveis. O que muitos de nós negam é que gostamos do mundo bem cinzento – a cor do bom gosto. Por outro lado, existem outras questões que mereciam igual ou maior reacção; igual ou maior reflexão. A título de exemplo, deixo uma sucinta lista: - Quantos pais tem a austeridade? Quantos lutaram para uma “solução” chamada troika? - Quantos pais tem a falência do BPN? Do BCP? Do BES? Do BANIF? E de outras que estão prestes a acontecer? - Quantos pais tem o empobrecimento do país? Os mesmos pais que con

Até tu Moody's!

Já se tinha percebido que as coisas não estavam a correr bem a uma certa direita portuguesa. Primeiro não conseguiram a tão desejada e necessária maioria absoluta; depois António Costa entendeu-se com os partidos à sua esquerda, numa solução política verdadeiramente inédita; depois ainda o Presidente estrebuchou, mas sem consequências; mais recentemente o OE2016 é aprovado com os votos da esquerda; pelo caminho Bruxelas e os mercados sobreviveram a um governo de esquerda em Portugal e mais recentemente a insuspeita Moody's dá a sua aprovação ao Governo de Costa, dando crédito positivo pela aprovação do OE e afastando o cenário de eleições antecipadas. Até tu Moody's! Até os tão amados mercados se viraram contra a direita assanhada. Toda a argumentação de Passos Coelho assente na teoria da inevitabilidade caiu por terra em parcos meses. A solução política de esquerda é sólida e já são poucos os piegas que compreendem as políticas dos últimos anos, agora que se está a mostrar

Ainda os desequilíbrios

Existe um exercício profícuo que nos permite dar consistência à ideia de que este Governo nunca contará com o beneplácito da comunicação social, à semelhança do que tem acontecido no passado. Esse exercício consiste num visionamento de canais de televisão, generalistas e informativos, e consiste também na leitura da comunicação social escrita. Na verdade, nem este Governo nem qualquer outro deveria contar com esse mesmo beneplácito; a comunicação social é caracterizada pelo rigor e pela isenção e não o contrário. Porém, o facto é que o Governo de António Costa nem teve direito a qualquer estado de graça, quanto mais alguma espécie de aprovação pelos nossos reputados meios de comunicação social. O OE2016 foi historicamente aprovado pelos partidos à esquerda do PS. O facto é histórico e não há como negá-lo, mas que "história terá o OE da geringonça?", pergunta Bernardo Serrão do Expresso. O cepticismo e uma espécie de niilismo (até certo ponto involuntário) aliados a uma iné

O Orçamento possível

Contrariamente ao que assistimos nos últimos anos, o Governo em funções, coadjuvado pelos restantes partidos de esquerda, negociou com os senhores de Bruxelas o Orçamento de Estado, salvaguardando rendimentos do trabalho e pensões. E apesar de todas as dificuldades externas e internas, Costa conseguiu um feito: passar o Orçamento com a aprovação de partidos que em quatro décadas nunca o haviam feito. Vivemos tempos únicos. É evidente que este não é o orçamento desejável. Existe um aumento da carga fiscal, embora longe do que aconteceu no passado recente e a reposição de rendimentos é módica. No entanto, quebrou-se o ritmo da austeridade cavalar que penalizou incomensuravelmente quem trabalha e trabalhou. Essa é uma grande vitória de todos os partidos que fazem parte da actual solução governativa. É também evidente que são muitas as nuvens cinzentas a pairar sobre nós: uma bolha financeira, uma União desunida, uma moeda sem futuro e um sistema capitalista autofágico. Ainda ass

Lições sobre o acto de ajoelhar

Passos Coelho, mestre no acto de ajoelhar perante as instituições europeias enquanto acusava os portugueses de pieguice, vem agora, num exercício humilhante, acusar o actual Governo liderado por António Costa de se ter ajoelhado perante a Europa". O mesmo Passos Coelho que na mais das vezes que deu lições sobre como ajoelhar, vem agora acusar Costa de fazer o mesmo. Aliás, Passos foi para além do ajoelhar, procurando ir mais longe do que a própria troika. Nem sei bem como classificar tal atitude. Podemos recorrer a uma miríade de adjectivos para caracterizar a postura do anterior primeiro-ministro, mas o adjectivo que provavelmente encontra um melhor enquadramento é "desesperado". No cômputo geral é de desespero que falamos, sobretudo depois de se perceber que a negociação é possível, contrariamente à postura de total subserviência adoptada pelo anterior governo. A negociação que teve lugar entre o actual Governo e as instituições europeias veio esvaziar de sentido

Lições sobre o acto de ajoelhar

Passos Coelho, mestre no acto de ajoelhar perante as instituições europeias enquanto acusava os portugueses de pieguice, vem agora, num exercício humilhante, acusar o actual Governo liderado por António Costa de se ter ajoelhado perante a Europa". O mesmo Passos Coelho que na mais das vezes que deu lições sobre como ajoelhar, vem agora acusar Costa de fazer o mesmo. Aliás, Passos foi para além do ajoelhar, procurando ir mais longe do que a própria troika. Nem sei bem como classificar tal atitude. Podemos recorrer a uma miríade de adjectivos para caracterizar a postura do anterior primeiro-ministro, mas o adjectivo que provavelmente encontra um melhor enquadramento é "desesperado". No cômputo geral é de desespero que falamos, sobretudo depois de se perceber que a negociação é possível, contrariamente à postura de total subserviência adoptada pelo anterior governo. A negociação que teve lugar entre o actual Governo e as instituições europeias veio esvaziar de sentido

Mais dinheiro para o BPN

O OE2016 prevê a injecção de 567 milhões de euros nas sociedades que gerem os activos tóxicos do BPN, dinheiro esse que deve regressar à Caixa Geral de Depósitos, maior credor. O caso BPN e suas graves sequelas continuam a persistir sob um manto de opacidade inadmissível em democracia. Quanto nos custou o BPN? Ninguém parece saber, os relatórios do Tribunal de Contas para além de desfasados, são insuficientes. A história do BPN não tem fim. O Estado é chamado todos os anos a cobrir prejuízo das sociedades que gerem o lixo, pagando igualmente ao maior credor: a CGD. Entretanto são muitos os que estão ligados ao BPN, incluindo devedores, que nunca foram chamados às suas responsabilidades, entre eles figuras conhecidas e apreciadas. E quanto ao actual Governo, deve ser exigida maior transparência. Mais dinheiro para o BPN, para além de profundamente imoral, significa menos dinheiro para os cidadãos e para as empresas. Percebe-se a dificuldade do Governo de António Costa: ou inject

Mais dois anos?

Passos Coelho prepara-se para mais dois anos à frente do PSD, recandidatando-se ao lugar do Presidente do partido. Não havendo oposição interna o anterior primeiro-ministro de má memória tem tempo para se dedicar à construção de uma nova pessoa. Pelo menos parece ser esse o seu grande objectivo. De liberal, neo-liberal ou coisa que o valha, Passos procura, entre a mixórdia ideológica do partido, resquícios de social-democracia. Provavelmente não as encontrará, mas pouca diferença faz, porque não é só o poeta que é um fingidor, o político também o é. A única diferença está entre ter sucesso ou não e o líder do PSD não é exímio na matéria, mas a audiência também não será particularmente exigente. Mais dois anos de Passos Coelho, ou pelo menos até a situação política se deteriorar à esquerda e surgir então um Messias no Partido Social-Democrata. Mais dois anos, ou durante o tempo em que o séquito de Passos Coelho dominar as bases do partido. A notícia embora nos possa remeter para

Os mercados

Os mercados, os sacrossantos mercados, serviram, mais uma vez, de pretexto para anunciar o Apocalipse. As televisões abriram os serviços noticiosos com os quatro cavaleiros do Apocalipse, afinal de contas os mercados não haviam gostado do OE2016, estando o seu desagrado a reflectir-se na subida dos juros. Para jornais, televisões e para o ministro das Finanças alemão Schaüble o alvoroço nos mercados tinha dois rostos: António Costa e Mário Centeno. Questões que podiam ser explicadas com rigor, designadamente o receio dos investidores, simplesmente não existiam. Os problemas com o Deutshbank, o impacto das novas regras de resolução bancária nas expectativas dos investidores ou até o abrandamento da economia mundial não explicavam as oscilações nos mercados. O fundamento era apenas e só as opções político-económicas do Governo Português. É evidente que a direita, alheia aos interesses nacionais, entrou em delírio com aquilo que considerou ser a vingança dos mercados. Mas a desilusão

Um homem sem noção

Passos Coelho inaugurou uma escola que se encontra em funções desde 2013. Sim, é mesmo verdade. Passos Coelho, deputado, inaugurou o Centro Escolar de Lourdelo, no Município de Paredes, com presença garantida do Presidente da Câmara de Paredes do PSD. Passos Coelho é um homem sem noção, já o era enquanto primeiro-ministro de má memória e continua a sê-lo agora na qualidade de deputado. A desfaçatez e a mais inexorável ausência de noção caracterizam o homem que ainda julga ser primeiro-ministro. Já se tinha percebido que a desfaçatez era a prata da casa, mas agora Passos Coelho parece querer enveredar pela carreira de comediante, só assim se explica a declaração em que garante que o Banif, enquanto ele era primeiro-ministro, dava lucro e só assim se consegue perceber a inauguração de um agrupamento de escolas que funciona desde 2013, agora que Passos Coelho é deputado e não primeiro-ministro. Alguém deveria dizer ao Sr. Passos Coelho que lá por andar com a bandeira de Portugal na

Preso por ter cão e preso por não ter

Somos particularmente adeptos da crítica, da crítica pela crítica, apesar de pouco ou nada fazermos para mudar o que consideramos estar errado. Esta posição, diria transversal ao povo português, explica as críticas que recaem sobre o primeiro-ministro António Costa depois de o mesmo ter optado por explicar o OE2016 através de uma sucessão de vídeos. Se António Costa tivesse escolhido o silêncio e a evidente inexistência de explicações sofreria críticas por não prestar os devidos esclarecimentos. Ora, o primeiro-ministro escolheu a transparência e a natural explicação aos cidadãos. Reconheço que se trata de um exercício pouco habitual na nossa democracia e que a mesma tem andado afastada do diálogo permanente entre poder político e cidadãos. Talvez as críticas que recaem sobre Costa também se possam explicar pela falta de hábito. Mas António Costa será sobretudo preso por ter cão e preso por não ter. A irracionalidade, como se tem visto pelas sucessivas declarações de membros da dir

Terceira via

É importante não esquecer que o défice de 2015, responsabilidade de Pedro Passos Coelho e companhia,ultrapassou a meta imposta por Bruxelas e com a qual o anterior primeiro-ministro se entusiasmava e prometia cumprir. Agora Passos Coelho sorri quando diz que já viu este filme. Recomenda-se que veja o filme biográfico que retrata sobretudo os últimos anos de governação de Passos Coelho. O filme é deprimente, mas elucidativo. Dito isto, Costa, depois do massacre aos gregos, procura um caminho intermédio, uma espécie de terceira via que, à semelhança daquela que procurou um caminho intermédio entre o socialismo moderado e o liberalismo económico, pode falhar. Por agora pode ser que funcione, apesar das pressões externas e internas e assim se conseguir salvaguardar, pelo menos para já, rendimentos do trabalho e pensões. De resto, Costa dificilmente poderia fazer diferente e olhando para a esperança de vida de uma Europa decadente e moribunda pode ser que a sua solução ultrapasse em

Bernie Sanders

A corrida à Casa Branca é tarefa árdua e Bernie Sanders parte com clara desvantagem: sem apoio de Wall Street e de todos os que têm interesse na manutenção do status quo e marcado ainda por uma comunicação social que o considera marxista (um verdadeiro anátema nos Estados Unidos), resta a Sanders o apoio daqueles que lutam por uma mudança no actual estado de coisas, sendo essa a grande vantagem do candidato democrata - conta com o apoio inequívoco de tantos que se têm manifestado com a ditadura da alta finança. Apelidado de perigoso radical (comunista) quando na verdade se trata de um social-democrata aos olhos de qualquer europeu, Bernie Sanders tem mostrado ser substancialmente diferente da sua principal adversária no Partido Democrata, Hillary Clinton. Contrariamente à ex-primeira-dama, Sanders está disposto a lutar contra a preponderância de Wall Street, devolvendo a democracia a quem efectivamente ela pertence: ao povo americano. Essa é a principal diferença, a promessa de rec

Desequilíbrio

Sou apologista de uma comunicação social isenta e rigorosa, coisa inexistente em Portugal. Uma comunicação social isenta e rigorosa contribui para o aprofundamento do pluralismo tão necessário à democracia, mas ao invés mostramos satisfação com a existência de órgãos de comunicação social ideologicamente comprometidos e que tratam os telespectadores, leitores e ouvintes como se fossem néscios. Paralelamente o desequilíbrio tornou-se evidente nos últimos anos: a direita domina toda a comunicação social contribuindo assim para a existência de uma opinião pública ideologicamente envenenada. Na televisão, maná de muitos portugueses, tudo se resume ao seguinte: entre programas do entretenimento mais bacoco inserem-se blocos de pseudo-informação sem qualquer rigor e com o único objectivo de moldar as posições políticas. A título de exemplo atente-se à forma como o OE2016 tem sido tratado pela comunicação social, comparativamente a todos os orçamentos de Passos Coelho, invariavelmente inco

E agora?

A direita anda desorientada, é um facto. Depois de anos de políticas de empobrecimento baseadas invariavelmente na teoria da inevitabilidade que visaram os "piegas" e depois de perderem o poder, PSD e CDS tudo fizeram para que o OE2016 sofresse o chumbo das instituições europeias. Todavia, o OE2016, após as negociações encetadas por Costa e por Centeno, passou pelo crivo da Comissão deixando Passos Coelho e os seus acólitos órfãos de argumentos. Afinal pode-se negociar e conseguir resultados diferentes dos apregoados por PSD e CDS. Afinal a postura de subserviência não é condição sine qua non para os representantes políticos portugueses. Afinal podemos andar erguidos e não vem daí mal ao mundo. E agora? O que resta à frouxa linha de argumentação de PSD e CDS? Resta criticar os aumentos de impostos contidos no orçamento, o tais que atingem bens importados longe de serem considerados de primeira necessidade e inventar uma nova ideia de classe média. PS e restantes partid

Coisas impressionantes

Era uma vez uma senhora alemã, reputada lá para os seus lados, que confessou aos seus vizinhos ter tido um cãozinho capaz de feitos impressionantes. O cãozinho, infelizmente para a senhora, já não faz parte da sua vida, mas ela continua a elogiar os feitos impressionantes do pequeno animal. E que feitos impressionantes foram esses? A senhora atirava uma bola e o cãozinho, com um vigor impressionante, ia buscar a bola até aos locais mais recônditos para a trazer de volta; o cãozinho quando via a senhora em questão abanava freneticamente a cauda, mas apesar do entusiasmo, o rafeiro obedecia cegamente às ordens da senhora: "senta", "dá a pata", culminando invariavelmente com uma lambidela no rosto. O cãozinho, embora rafeiro e longe de ser um animal considerado esperto, era absolutamente fiel à protagonista desta história, nunca rejeitando uma única ordem da senhora alemã. Os tempos mudaram e o cãozinho que gostava de mostrar os dentes a algumas pessoas, curiosa

Afinal é possível

Negociar sempre foi palavra maldita para o anterior primeiro-ministro, o peso da bacoca teoria da inevitabilidade aliada a uma mediocridade exasperante assim o exigiam. Desse modo, passámos mais de quatro anos a ouvir que tinha de ser assim porque tinha de ser assim. Invariavelmente munido de argumentos pueris, Passos Coelho engole agora um sapo de tamanho colossal, para utilizar um adjectivo que o líder do PSD tanto apreciava. E agora? Afinal é possível negociar e António Costa, sem sucumbir aos profetas da desgraça, mostrou que é possível fazer diferente. E agora? Como fica o pueril linha argumentativa de Passos Coelho? Como fica a melhor amiga de Passos Coelho, a TINA (There is No Alternative)? Com a passagem do OE2016 pelo crivo da UE, Costa mostrou como é que se fazem as coisas. Mas, Passos Coelho, encurralado por uma inusitada mediocridade, estará muito longe de reconhecer que estava errado. Tudo indica que Costa ganhou. Costa mostrou que não é com uma subserviência canin

Portugal e a Europa

O nosso destino é indissociável do destino dos restantes Estados-membros da União Europeia, designadamente dos países do Sul da Europa, o que explica, em larga medida, a pressão das instâncias europeias ao Governo português, sobretudo agora que o Executivo de António Costa entregou o esboço do Orçamento de Estado. Com a indefinição política em Espanha, onde existe a possibilidade de um governo de esquerda e com os italianos a mostrarem que não estão dispostos a sucumbir às pressões de Bruxelas, resta apertar com Portugal – país cujas lideranças políticas dos último anos podiam dar verdadeiras lições sobre fidelidade canina. António Costa, pelo menos até agora, dá sinais de querer reverter essa postura, dando outra imagem do país longe da insignificância que outros quiseram aprofundar no passado recente. Costa e a solução que a esquerda encontrou chega a ser motivo de inspiração em Espanha. Mas pode ser que a mudança esteja de facto a chegar. Por cá assistimos a uma multiplicid

Interesse nacional

Passos Coelho e o seu séquito passaram mais de quatro anos a fazer a apologia do interesse nacional, como pedra angular de toda a política do seu Executivo. Aliás o interesse nacional servia para justificar o injustificável, designadamente o empobrecimento colectivo. A Europa e o interesse nacional, sobretudo com o pedido de "ajuda" externa, tornaram-se absolutamente indissociáveis. De pin na lapela e terço na mão direita, quando as circunstâncias eleitorais o justificavam, Passos Coelho dizia agir dentro daquilo que era o interesse nacional e foi assim que se seguiu cegamente as imposições de Bruxelas, como qualquer bom lacaio sequioso por agradar ao chefe, mostrando trabalho e procurando ir ainda mais longe do que a troika. Será que é em nome desse mesmo interesse nacional que o PSD, agora na oposição, mostra-se tão esperançoso num chumbo do OE2016? Ou será esta mais uma incongruência da social-democracia recém descoberta por Pedro Passos Coelho .

A social-democracia de Passos Coelho

Passos Coelho, doravante conhecido como o social-democrata, vê a sua legislatura manchada por mais um escândalo ao aumentar a remuneração mensal do Presidente, vice-Presidente e vogal da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) em 150 por cento. A título de exemplo: o Presidente da referida ANAC deixou de receber 6030 euros para receber 16.075 euros. A isto acresce a retroactividade da medida. Aumentos estes feitos nos últimos dias da legislatura, já em governo de gestão e com uma pressa louca de concluir negócios como a venda da TAP. Sublinhe-se que em sentido contrário ao da lei, estes números foram convenientemente mantidos em segredo, apesar do desconforto quer da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública e da Comissão de Economia e Obras Públicas da Assembleia da República. Escusado será dizer que Passos Coelho, doravante conhecido como o social-democrata, foi responsável pelos cortes sem precedentes nos trabalhadores da mesma Administração Pública.

Excitação colectiva

É possível afirmar que vivemos momentos de excitação colectiva, designadamente de comentadores e jornalistas associados a uma agenda que não é aquela que serve os cidadãos, designadamente através de uma opinião fundamentada, com rigor e com isenção (no caso concretos dos jornalistas). A razão para tal excitação colectiva são os ventos que sopram de Bruxelas; ventos esses que bem podem ser de pequena intensidade, mas aos olhos dos comentadores e jornalistas do regime são verdadeiras tempestades. Primeiro foram as diferenças entre os partidos da esquerda que nunca poderiam resultar numa união de esforços; depois terá sido a posição dos sindicatos que podia dividir PS do PCP; mais tarde verificou-se que os mercados que não entraram em sobressalto com a solução de esquerda; posteriormente o mesmo se passou com aqueles que jogam e dominam em larga medida os mercados numa espécie de arbitragem comprada - as agências de notação financeira; depois uma carta de Bruxelas, como outras que Mari