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A mostrar mensagens de novembro, 2008

Terror em Bombaim

As últimas 48 horas na cidade de Bombaím têm sido marcadas pela violência e pelas incertezas. Mas importa procurar fazer uma análise o mais rigorosa possível, pese embora as incertezas sejam, neste momento, muitas. De facto as perguntas sucedem-se. Quem está por detrás da organização responsável pelos atentados? Quais foram as verdadeiras motivações? Há alguma ligação entre o grupo terrrorista em causa e a Al-Qaeda? Existem contudo alguns elementos que nos permitem ficar mais perto da verdade. Em primeiro lugar, tudo indica que os responsáveis por este nível de violência são cidadãos de origem paquistanesa, o que nos permite ter mais algumas indicações sobre as motivações do grupo. Recorde-se a contenda que põe frente-a-frente, durante décadas, a Índia e o Paquistão e que dá notoriedade à região de Caxemira e que certamente será um elemento a considerar. Em segundo lugar, não é possível dissociar esta questão do problema do Afeganistão e da por muitos considerada invasão americana. O A

O regresso do terrorismo

Os ataques terroristas perpretados em vários locais de Bombaim marcam o regresso em força do terrorismo. É verdade que existem várias partes do globo onde o terrorismo e a doutrinação radical que o suporta grassam. Os ataques de Bombaim são um sinal de alerta que mostra claramente que a guerra ao terrorismo não pode sofrer qualquer abrandamento. Com efeito, ainda não sabe bem quem está por detrás deste ataques nem quais as suas motivações - poderá estar relacionado apenas com o problema de Caxemira que afasta a Índia do Paquistão; ou poderá ter um objectivo mais amplo. No essencial, os ataques em Bombaim vem lembrar ao mundo a importância de combater o terrorismo, em particular o que assenta no fundamentalismo islâmico. Segundo algumas fontes noticiosas, o ataque visava atingir norte-americanos e britânicos. Paralelamente, sabe-se já que entre as vítimas mortais há cidadãos oriundos do Ocidente, o que dá uma outra visibilidade ao assunto. Este é também um período sensivel para os EUA e

Tempos difíceis para o Presidente da República

Os últimos dias têm sido marcados pelo caso BPN e por algumas das suas consequências mais imediatas. E como não poderia deixar de ser, o caso ganhou contornos políticos. As conjecturas parecem ser mais do que os factos propriamente ditos, mas a verdade é que o próprio Presidente da República já se insurgiu contra tentativas (justificadas ou nem tanto) de associar a sua pessoa ao caso. Há, no entanto, uma questão que incomodará certamente o Presidente da República - o Conselheiro de Estado Dias Loureiro cujo nome é reiteradamente enunciado cada vez que se fala do assunto. Dias Loureiro desempenhou um cargo de extraordinária importância dentro do grupo e, apesar da suas justificações, há muita dificuldade em perceber como é que alguém que desempenhou funções tão importantes não tinha conhecimento mais detalhado do que se estava a passar. A celeuma em volta de Dias Loureiro não cessará enquanto este não se demitir. Mas há também um silêncio a resvalar para a cumplicidade tanto no PSD como

O eterno adiar de um problema

O estatuto da carreira docente e o modelo de avaliação dos professores dão uma nova dimensão ao problema da educação. Sendo certo que a educação nunca foi caracterizada pelo consensos, a verdade é que se torna cada vez mais difícil cercear o nosso calcanhar de Aquiles. A formação dos cidadãos passa incontornavelmente pela escola, já para não falar da formação dos recursos humanos - a pedra basilar das economias. Consequentemente, adiar este problema é adiar o futuro do país. A visão que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues tem para a Educação está impregnada de uma lógica de resultados a qualquer preço e de políticas economicistas. O modelo de avaliação está falido politicamente, tal como a própria ministra; os consensos estão longe de serem alcançados; os professores estão unidos, como talvez nunca tenham estado; os cidadãos estão cansados desta novela e com cada vez menos expectativas em relação ao futuro. De um modo geral, o problema da educação para além de ser ostensivamente adiad

Processo Casa Pia

Falar deste processo, como de outros dos quais não se conhece ainda uma decisão do Tribunal, levanta vários problemas, sobretudo relacionados com a presunção de inocência dos arguidos. Como é sobejamento conhecido, este processo é o grande teste à Justiça portuguesa. Justiça essa que não há forma de conhecer melhores dias. Depois de tantos falhanços, a convicção generalizada é de que o processo Casa Pia será mais um falhanço a engrossar uma lista que já vai longa. Por outro lado, a questão incontornável das vítimas - pode-se ter dúvidas em relação a muita coisa, mas há uma admissão que aqueles jovens foram vítimas de abusos sexuais, o que justificou a atribuição de indeminizações às vítimas. Se a Justiça falhar, isso constitui nova tormenta para quem teve fé na Justiça e viu todas as expectativas serem goradas. Não se exclui a possibilidade de novos traumas emergirem de um falhanço da Justiça. E finalmente, há um outro ângulo que não pode ser analisado de forma dispicienda e que se pre

Encerramento de Guantánamo

Barack Obama tem em perspectiva encerrar o campo de prisioneiros Guantánamo - uma das principais causas da degradação da imagem dos EUA internacionalmente. A decisão de Obama só peca por tardia, pese embora o recém-eleito Presidente norte-americano sempre se tenha manifestado contra a existência de um campo de prisioneiros que desafia os mais elementares direitos humanos. Com efeito, existiu um contexto difícil para os americanos, cujo expoente máximo terá sido o 11 de Setembro, mas tudo o que se seguiu aos ataques terroristas foi não só contraproducente como maculou a imagem dos EUA. Tornou-se mesmo paradoxal a existência de um campo de prisioneiros com contornos difíceis de aceitar na terra da liberdade e da democracia. Os estragos que Guantánamo, a guerra preventiva e o unilateralismo americano tiveram consequências desastrosas para a credibilidade americana e para a capacidade deste país influenciar o curso dos acontecimentos internacionais. Apesar da forte possibilidade de Guantán

O regresso de Hillary Clinton

Nos últimos dias tem-se falado da possibilidade do recém-eleito Presidente Barack Obama escolher Hillary Clinton para o cargo de secretária de Estado. Esta possilidade tem sido veementemente criticada por todos aqueles que viram em Obama a derradeira ruptura com o passado. Obama, sua vez, procura consensos e está a fazer aquilo que prometeu; ou seja, dialogar e trabalhar com pessoas com visões muito diferentes das dele. A procura incessante do recém-eleito Presidente americano de se aproximar de todos é, de facto, uma inovação relativamente ao ainda Presidente Bush. Trata-se, portanto, de uma mudança drástica de estratégia - a de Bush já provou ser um falhanço; a de Obama é promissora. Quanto à escolha de Hillary, esta denota uma grande verticalidade de Obama que, ao contrário daquilo que muitos desejariam, procura unir o país para ultrapassar as dificuldades crescentes, não virando as costas a quem pensa de modo diferente. Recorde-se que as primárias do partido democrata foram acessas

A ironia dos "6 meses sem democracia"

O discurso de Manuela Ferreira Leite, proferido num encontro com militantes do PSD, correu manifestamente mal. A polémica frase foi imediatamente aproveitada pelo PS para criticar a Presidente do maior partido da oposição. Toda a celeuma levantada em torno das declarações de Ferreira Leite serão, em muitos casos, exageradas. Contudo, se com a frase Ferreira Leite pretendia criticar o Governo, o tiro saiu completamente ao lado. As declarações da Presidente do PSD vêm novamente pôr em evidência as claras dificuldades de comunicação de Manuela Ferreira Leite. Primeiro foi o silêncio, depois as meias frases e agora surgem os discursos carregados de ambiguidades. Em política a falta de clareza no discurso e a ausência de projectos podem ser fatais. E por muita credibilidade que a actual Presidente do partido tenha, por muito bem que tenha exercido os diferentes cargos que ocupou, o país quer uma alternativa ao partido do Governo, e na ausência dessa alternatva, dessa clarificação, ganha o p

Obama e a hegemonia americana

A eleição de Barack Obama não invalida o esforço que a próxima presidência vai empreender no sentido de salvaguardar a posição hegemónica americana. E tanto mais é assim que o recém-eleito Presidente não se coibe de mostrar isso mesmo. A diferença entre Obama e o ainda Presidente Bush prende-se com o estilo e a forma de salvaguardar essa mesma supremacia. O Presidente Bush optou por seguir uma via unilateral, cometendo erros de palmatória como a guerra preventiva e Guantánamo. O resultado foi invariavelmente negativo, com a generalidade da opinião pública a insurgir-se contra os EUA. Obama, por seu lado, parece ter a intenção de adoptar um rumo diferente, mais multilateral, com a intenção de se aproximar dos seus aliados. E se por um lado, Obama mostra quer adoptar outro rumo, em particular no que diz respeito à política externa; por outro, não é menos verdade que o seu grande objectivo vai continuar ser a manutenção do status quo . Em todo o caso, são perceptíveis as mudanças na actua

Crise na Educação

Primeiro falámos em turbulência, depois em impasse, e agora impõe-se a palavra "crise" para descrever o actual estado da Educação. Com os professores de costas voltadas para a equipa ministerial e os alunos a cavalgarem a onda de descontentamento, a ministra manifesta sérias dificuldades para resolver uma situação que já tem contornos de crise. De uma coisa podemos estar certos: a ministra já não tem condições políticas para se manter à frente da pasta da Educação, e só não cai porque as eleições estão à porta. De facto, há algum tempo que nao se via tanto descontentamento. É notório que esse descontentamento é fruto de um acumular de situações que se estão a tornar insustentáveis e já nem o espírito reformista da ministra consegue escamotear os falhanços. O descontentamento começou a ganhar forma com a ostensiva antagonização de que os professores foram alvo; aumentou de intensidade com a filosofia impregnada de facilitismo que tomou conta da Educação; e ganhou uma dimensão

Impasse na educação

Depois da chuva de ovos dos últimos dias, o país vive um impasse: enquanto a ministra não demonstra ter intencões de recuar no controverso processo de avaliação dos professores, por outro lado, algumas escolas e a esmagadora maioria dos professores luta contra o mesmo processo de avaliação. Politicamente, não há muito a fazer. A proximidade de eleições condiciona os movimentos do primeiro-ministro - se recuar no processo de avaliação isso será interpretado como sendo um sinal de fraqueza; se continuar a insistir na aplicação do modelo de avaliação em causa terá de lidar com as insurgências quer dos professores, quer das escolas que se mostram a sua recusa em aplicar o dito modelo de avaliação. No entanto, nem tudo são más notícias. Por um lado, a oposição, designadamente o maior partido da oposição parece estar à espera que as eleições cheguem para escolher um novo líder do partido, e por conseguinte, o PSD nem chega a incomodar verdadeiramente o Governo. Por outro lado, o país tem mui

Decisão inédita

O recém-eleito Presidente das Maldivas, Mohamed Nasheed, decidiu criar um "fundo de poupança" com o objectivo de comprar novas terras, para o caso das ilhas serem engolidas pela àgua. Trata-se de 1194 ilhas que correm o risco de ficarem abaixo do nível de àgua. Imagine-se, pois, a migração de 300 mil habitantes destas ilhas para outros territórios por razões que se prendem essecialmente com as alterações climáticas. Afinal de contas é mesmo disso que se trata. A decisão de Nasheed pode não ser a única. Existem outras ilhas ou arquipélagos em situação similar. O Jornal Público refere os casos das Fiji, das ilhas Salomão, Vanuatu e da Nova Caledónia. Existem estudos que apontam para uma tal subida do nível das àguas que põe em causa a existência das ilhas Maldivas. Nestas circunstâncias, o Presidente Mohamed Nasheed tomou uma decisão que, apesar de inédita e poder causar alguma estranheza, pode mesmo salvar o país. O mundo tarda em encontrar estratégias globais que visem minora

Fragilização da justiça, fragilização do país

A recente condenação de Fátima Felgueiras de três dos vinte e três crimes de que era acusada é mais uma machadada na credibilidade da justiça portuguesa. Nem tão-pouco a fuga da autarca para o Brasil parece que venha a ser alvo de condenação. Numa altura em que os cidadãos se encontram entre o estado de exasperação com o funcionamento do país e os habituais momentos de letargia, o caso Fátima Felgueiras só vem confirmar aquilo que muitos consideram ser verdade - a justiça é ineficiente, em particular quando se trata do crime de corrupção Ora, a corrupção e a inexistência de uma punição deste tipo de crime constitiu um elemento que mina indelevelmente a confiança que os cidadãos têm no país. E se o país travessa um longo período de problemas económicos, a verdade é que é precisamente nestas alturas que os cidadãos precisam de confiar nas suas instituições democráticas. A ideia que perpassa é a de um país em que existe um determinado tipo de comportamento, que até pode constituir crime,

A educação pelas ruas da amargura

O actual Governo ficará nos anais da história como sendo um dos principais responsáveis pela degradação da qualidade do sistema educativo. A frase é forte e poderá ferir susceptibilidades. Não deixa, porém, de se poder concretizar. A manifestação dos professores no passado sábado é apenas mais uma gota de água num oceano de trapalhadas e filosofias erradas. A educação anda assim pelas ruas da amargura. Não é uma situação recente, pelo contrário, tem-se arrastado nas últimas décadas. Todavia, nos últimos três anos a educação tem sido alvo de filosofias baratas e aparentemente politicamente correctas, que não passam de falácias cujos resultados são contraproducentes. Concretizando o que foi dito anteriormente, o Governo de José Sócrates decidiu seguir duas vias no que diz respeito a políticas de educação: uma que aceita e abraça o facilitismo encapotado por políticas de inclusão; outra, que se prende com a ostensiva antagonização dos professores como parte do proces

Ainda Barack Obama

Enquanto o mundo ainda festeja a vitória de Obama,o recém-eleito e o ainda não empossado Presidente dos Estados Unidos, já faz diligências no sentido de escolher a equipa que vai governar os Estados Unidos nos próximos quatro anos. Barack Obama tem dado boas indicações sobre quem vai escolher, mostrando que procura consensos e diálogo, não fechando as portas a quem se situa num outro espectro político. De resto, Obama sempre foi o candidato da união como factor determinante para que o país e os americanos possam ultrapassar as enormes dificuldades com que se deparam. O recém-eleito Presidente americano teve sempre o condão de não criar crispações, nem mesmo nas acesas primárias do seu próprio partido. Aliás, Obama conseguiu afastar-se inexoravelmente do jogo político mais abjecto. Em abono da verdade não se está a procurar santificar Barack Obama, mas o que é certo é Obama tem sido superiormente diferente dos seus opositores políticos. Aliás, Barack Obama parece pretender escolher pess

Esperança e desilusão

A eleição de Barack Obama galvanizou o mundo, e tanto mais é assim que os festejos começaram nos Estados Unidos, passando pela Europa, culminando na Ásia. Obama é hoje, mais do que nunca sinónimo de esperança. Mas a esperança e a desilusão andam, amiúde, de mãos dadas. De resto, as expectativas criadas em torno de Obama podem rapidamente transformar-se em desilusão. Em primeiro lugar, importa recordar que Obama terá como principal missão recuperar a força dos Estados Unidos, a nível internacional. Isso passa por regenerar a imagem que os EUA transmitem ao mundo, mas implica também recuperar uma posição estratégica que permita manter a actual ordem mundial; ou seja, garantir aos EUA a posição de superpotência mundial. Em segundo lugar, recorde-se que a posição de superpotência é garantida através da supremacia militar, geoestratégica e, claro está, económica. A supremacia económica, na qual se engloba naturalmente a supremacia tecnológica, não permite que os EUA adoptem uma posição que

Presidente Obama

Barack Obama é o 44º. Presidente dos EUA. Depois de semanas e meses de esperança, os EUA e o mundo respiram de alívio. Raras vezes, nos últimos anos, os americanos e o resto do mundo desejaram tanto a mudança. A responsabilidade é, em larga medida, da Administração Bush que ficará seguramente na história como uma das piores Administrações americanas. Há poucos meses atrás, o dia de hoje parecia impossível. Hoje, esse dia concretizou-se. Hoje, o mundo volta a ter esperança, mesmo que muitos tenham a noção de que Obama não vai produzir milagres. É sobejamente conhecida a apetência que os países têm para olhar para os seus próprios interesses, e nessa matéria, os EUA não têm diferenças substânciais com os restantes países. Além do mais, os americanos procurarão defender a sua posição hegemónica - é da natureza de qualquer superpotência. De qualquer modo, o dia é de esperança. Esperança no fim da guerra do Iraque, esperança no regresso à estabilidade do Afeganistão, esperança num sistema f

Nacionalização do BPN

O Banco Português de Negócios vai ser nacionalizado - operação inédita em Portugal, pelo menos desde 1975. O Governo português decidiu nacionalizar um banco privado, isto porque dificilmente algum banco ou instituição privada estaria interessada numa hipotética aquisição do banco. Têm sido muitas as vozes que apoiam a medida do Governo. Porém, fica a dúvida sobre o impacto no sistema financeiro português de uma queda do banco em questão, tendo em conta que se trata de um banco de pequena dimensão. Por outro lado, espera-se que a anterior administração seja punida. E embora haja provavelmente lugar a uma investigação, espera-se que a mesma produza resultados. Recorde-se que os problemas do BPN não são novos e trazem à memória outras complicações que surgiram num outro banco, este com uma outra dimensão. Apesar de se poder compreender a medida do Governo que visa a nacionalização do banco, não deixa de ser dificil de aceitar que um banco com um buraco financeiro muito significativo e cuj

Subida nas sondagens

José Sócrates e o seu Governo têm vindo a subir nas sondagens. Tal como se tinha previsto, a crise tem um impacto positivo para o Governo. Associado a isso, a oposição não tem capacidades para fazer frente a um Governo que é tudo forma e nada substância. Deste modo, não é difícil prever que as próximas legislativas serão mais favoráveis ao partido do Governo, embora ainda falte um ano para esse período eleitoral. Importa também lembrar que, em alturas de crise, uma parte do eleitorado mostra-se mais avesso à mudança – há um pouco a ideia que postula a necessidade de estabilidade e que a mudança pode ser um risco. Tudo ganha uma dimensão maior num país reticente. O primeiro-ministro e a sua equipa vão, assim, gerir o tempo até 2009, tendo perfeita noção que sem mudanças nos partidos da oposição, num contexto de crise cuja responsabilidade não é imputada ao Executivo de Sócrates, com a distribuição de benesses e com uma comunicação social, em muitos casos, subserviente, o próximo ano ser