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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2019

Comboios da Fertagus

Problema: aumento significativo de passageiros em consequência  da redução do preço dos passes. Resolução: retirada de bancos no interior das carruagens para libertar espaço para o transporte de gado, perdão, de pessoas. Na prática: transporte a todo o custo, sem qualquer preparação nem cuidado pelos passageiros. Largas dezenas de pessoas em pé em carruagens que parece transportarem seres humanos numa metade, e animais na outra, durante meia-hora, 45 minutos ou até 1 hora.  Perante o considerável aumento de passageiros a resposta não passa pelo aumento da oferta (comboios e carruagens), mas sim pela eliminação de lugares sentados. Tudo isto depois da Fertagus receber mais de 100 milhões de euros dos contribuintes a título de compensação no âmbito de uma parceria público-privada. Exmos Senhores, Começo por dar os parabéns à Fertagus pela iniciativa de se especializarem no transporte de gado, em pé e ao monte. Vem isto na sequência da retirada dos bancos

O sobressalto da direita

Os resultados das europeias podem muito bem ser a antecâmara de um novo desastre nas legislativas. É exactamente isto que perpassa a direita. Sem tempo para se proceder às tão necessárias mudanças, resta adoptar uma estratégia com o objectivo de minimizar os danos. De resto, uma radicalização seria extemporânea, e vista como sinal de desespero. Nuno Melo, candidato eleito pelo CDS, toca aqui e ali nessa radicalização, mas essa é uma estratégia que lhe corre invariavelmente mal, como se viu pelos resultados desastrosos do CDS que esperará até aos resultados das legislativas para decidir o futuro da actual liderança. No caso do PSD, tudo é ainda mais complicado. Sem o necessário apoio interno, Rui Rio manter-se-á em lume brando até Outubro. Depois de resultados que já se anunciam desastrosos, Rio sairá de cena para dar lugar ao desejado neoliberal de pacotilha, estilo Passos Coelho. Rio será, muito provavelmente, o último resquício de social-democracia do PSD. Talvez nesse

Saber resistir à tentação

O Partido Socialista teve um resultado encorajador nas eleições europeias. Com quase 34 por cento dos votos, mais do que os 31 por cento de 2014, e deixando para trás um PSD de rastos, Costa tem razões para comemorar. Paralelamente, outras forças políticas crescem e consolidam as suas posições, designadamente o Bloco de Esquerda e o Partido Pessoas-Animais-Natureza, desenhando-se, consequentemente, outras possibilidades e outras hipotéticas soluções políticas. Surgem, pois, novas tentações. Sugere-se, por exemplo, uma hipotética aliança entre o PS e o PAN, contando que este ainda cresça mais nas próximas eleições legislativas. Esta nova geringonça deixaria de fora Bloco e PCP. No entanto, e apesar de muitos percalços, a actual solução governativa não só tem funcionado, como é, a julgar pelas sondagens, a preferida pelos portugueses. António Costa vai apostar na maioria absoluta. É compreensível, mas importa não perder de vista aquilo que foi um sucesso, contra toda

Alabama: quando julgávamos que já não seria possível

Alabama: quando julgávamos que já não seria possível Para todos os que apregoam que já foi tudo feito no que diz respeito à condição da mulher ou para os que insistem em lançar anátemas e os adjectivos mais depreciativos sobre o feminismo, eis que a realidade nos brinda com um dos mais abjectos retrocessos dos tempos modernos. Século XXI, 2019. Alabama. Estados Unidos da América. Criminalização do aborto. Século XXI. 2019. Alabama. EUA. Proibição do aborto em praticamente todas as situações. Século XXII. 2019. Alabama: Câmara dos Representantes estadual: 74 votos a favor. 3 contra. Senado Estadual: 25 votos a favor. 6 contra. Século XXI. 2019. Alabama. EUA. A interrupção da gravidez só será permitida em casos muito específicos, quando a vida da mulher estiver em risco. Século XXI. 2019. Alabama. Democracia americana. O aborto é proibido em casos de violação e incesto. EUA. Século XXI. Outros seis Estados aprovaram leis que restringem o aborto: Georgia, Kentuck

Diz-me com que andas...

 A menos que os rumores que avançam António Costa como candidato à presidência do Conselho Europeu sejam verdadeiros e, por essa razão, António Costa necessite de bajular figuras como Macron, não se consegue deslindar por que razão o primeiro-ministro português necessite de se aproximar do Presidente francês. Aliás, vozes dentro do próprio Partido Socialista manifestaram a sua vontade no estabelecimento de outras que não àquela que Costa tem ensaiado. De resto, o Presidente francês está longe da ideologia apregoada por muitos socialistas e terá sido decisivo para o enfraquecimento do próprio Partido Socialista francês. Essas vozes, onde se inclui a de Pedro Nuno Santos, preferem aproximações a forças políticas mais progressistas e mostram-se pouco interessados em coligações "de progresso e futuro" como aquela sugerida pelo próprio Macron. Diz-me com quem andas e dir-te-ei o que pretendes.

Passos Coelho juntou-se à festa

Passos Coelho juntou-se à festa da campanha, mas a festa é triste. Passos Coelho juntou-se à festa e apenas deixou um rasto de tristeza. E a festa é triste porque as sondagens não são animadoras; a festa é triste porque existe a ameaça do PSD ficar-se pelo pior resultado de sempre em eleições europeias; a festa é triste porque os principais intervenientes são medíocres; a festa é triste, e como se tudo não fosse já suficientemente desolador, ainda chamam Passos Coelho, aquela figura dickensiana que ninguém quer ter na festa, para animar as hostes. Um fantasma do passado que muitos querem esquecer. É evidente que existe uma razão lógica para o aparecimento do fantasma do passado: a necessidade de consolidar o apoio das bases. O cenário desenhado pelas sondagens já por si é inquietante, mas a possibilidade de um enfraquecimento nas bases é um verdadeiro pesadelo. Assim, Passos Coelho e Paulo Portas aparecem para dar o seu apoio aos candidatos, regurgitando um ou outro luga

Primeiro levaram a qualidade do ar

Primeiro levaram a qualidade do ar Mas não me importei porque passava cada vez mais tempo dentro de casa Depois ameaçaram de extinção um milhão de espécies Mas não quis saber até porque não conseguiria enumerar duas ou três Depois, e apesar de se saber que havia muita gente na terra, continuámos a procriar como se não houvesse amanhã Mas não me importei porque na minha terra havia pouca gente Não haverá amanhã? Em seguida houve quem quisesse impingir a ideia que era preciso fazer muito mais, No entanto não quis saber, eu que já tinha feito tanta reciclagem  Depois ameaçaram-me com o degelo, mas isso não afecta só os ursos polares? Ainda me tentaram convencer que era urgente mudar de vida Porém, mais facilidade tinha em imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo. E depois senti o calor. E depois fugi das águas que engoliam tudo no seu caminho. E em seguida vi partes de cidades desaparecerem debaixo de água. Para sempre. E agora o

Emergência Climática

O Governo português considera não ser necessária a declaração de emergência climática, tal como solicitado pelo Bloco de Esquerda, até porque já fizemos mais do que os outros. Voltando a apontar o dedo aos outros, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente, referiu que os países que já declararam o estado de emergência "não fizeram nada a partir daí", tratando-se de "um passo simbólico". Recorde-se que milhões de estudantes fizeram greve às aulas e membros de grupos de activistas como os pertencentes ao "Extinction Rebellion" chamaram a atenção, bloqueando estradas, pontes e por aí fora. Subsequentemente, Reino Unido e Irlanda declararam o Estado de Emergência Climática. A atitude do Governo português não destoa daquela de outros países que julgam que já fizeram o suficiente apenas porque alegadamente fizeram mais do que os outros, como se planeta pudesse ele próprio ser dividido e nós, por termos alegadamente feito mais do que os o

A Igreja Católica e as suas sugestões de voto

A Igreja Católica Portuguesa decidiu entrar na campanha para as eleições europeias, anunciando os partidos em que os fiéis devem votar. O Patriarcado de Lisboa, com presença também nas redes sociais, porque Deus também aprecia estas coisas, publicou um gráfico com o seguinte título sugestivo: "Os partidos votam assim e eu?" O resultado? Existem três partidos que devem contar com os votos dos fiéis, isto a partir de parâmetros como a eutanásia, aborto, igualdade ou barrigas de aluguer (não, estas não se referem a partidos como o Aliança e Santana Lopes). Assim, os fiéis devem confiar o seu voto ao CDS, Basta ou Nós, Cidadãos, e afastarem-se o máximo que puderem do PS e Bloco de Esquerda, esses filhos do Demo. Entretanto, o mesmo Patriarcado vem mais tarde afirmar que foi imprudente fazer aquelas sugestões. Foi sem querer. A mensagem já foi passada, mas desculpem porque foi sem querer. Na verdade, a Igreja Católica portuguesa, que se encontra ainda nos antí

Democracia e esperança

Apesar dos constantes ataques às democracias, e no caso que aqui interessa, à democracia americana, a verdade é que esta mostra uma resistência notável. Os referidos ataques, começam num sistema dominado por lobbies (verdadeiros soberanos) e acaba na eleição de um Presidente que chafurda no lamaçal do neoliberalismo e da boçalidade. No entanto, e apesar de uma fragilização aterradora a que tem vindo a ser sujeita, a democracia americana - a verdadeira, a que conta com o povo soberano e a que encontra respostas junto desse povo - resiste. Um bom exemplo dessa resistência é a congressista Alexandria Ocasio-Cortez que contou com o forte espírito de organização das comunidades e do seu activismo para vencer as eleições primárias para o 14º Distrito de Nova Iorque pelo Partido Democrata. E o que é que a eleição de Ocasio-Cortez trouxe de extraordinário? Se hoje os EUA vivem sob o reinado da imbecilidade, não é menos verdade que existe ainda quem se encontre fora das garras do

A pior campanha eleitoral de sempre

É particularmente arriscado decretar esta campanha para as eleições europeias como sendo a pior de sempre, mas se não chegar a ser, andará muito perto.  É também evidente que nem todos os candidatos ao Parlamento Europeu são responsáveis pela mediocridade reinante. Existem excepções, sendo que algumas, infelizmente, não podem contar com a visibilidade que lhes é merecida e que a democracia impõe.  No entanto, e de um modo geral, os candidatos ao Parlamento Europeu mostram não ter uma ideia para a Europa e centram amiúde a discussão na política interna, longe, muito longe das questões europeias. Um bom exemplo dessa mediocridade reinante é a campanha encabeçada por Nuno Melo, candidato pelo CDS, que, para além de não ter uma só ideia sobre a Europa (talvez por ser um dos eurodeputados que menos gostará do Parlamento Europeu, a julgar pelas ausências), confunde tudo e o seu contrário. É neste contexto que se compreende a exibição, por parte do ainda eurodeputado, de uma fotografia

Batemos no fundo

 Joe Berardo, enaltecido e louvado por classe financeira e política, respondeu jocosamente às perguntas colocadas pelos deputados, representantes escolhidos pelo povo. Sem respeito e sem qualquer espécie de pudor, Berardo, comendador, mostrou o quão fácil é bater no fundo, e não não terá sido o empresário a bater no fundo, mas todos nós enquanto sociedade que, de uma forma ou de outra validamos, este género de personagens e este sistema que as premeia. É deplorável assistir ao enxovalhamento de deputados nas fagimeradas comissões de inquérito. Em rigor, Berardo não inaugurou uma nova era, limitou-se a ir mais além nesse enxovalhamento de deputados e por conseguinte dos portugueses. Berardo foi mais longe porque, sem vergonha, pôs a nu fragilidade de um sistema financeiro ao serviço dos chicos-espertos endinheirados e influentes, que não se coíbe de pedir dinheiro aos contribuintes e clientes para benefício dos Berardos deste país. De facto, batemos no fundo: a putativ

Dia da Europa

Comemora-se hoje o dia da Europa, estamos a escassas semanas de eleições europeias e por cá continuamos a fingir que discutimos a União Europeia, com debates entre os candidatos para o Parlamento Europeu. De um modo geral, fica quase tudo por discutir, um hábito que, de resto, não é de agora. Os debates andam invariavelmente pela superficialidade enquanto boa parte dos cidadãos nem sequer compreende como funciona a União, o que torna a UE aquela coisa abstracta e forçosamente longínqua. De duas uma: ou se olha para a UE incomodado ou nem sequer se está a prestar alguma espécie de atenção. É neste ponto que nos encontramos, um pouco por toda a Europa. Em Portugal arrisco a segunda hipótese como a mais recorrente. Como é habitual ganha a indiferença. O Dia da Europa comemora-se sem contar com os seus cidadãos que compreenderiam melhor a UE se valores como a solidariedade a caracterizassem -  o que daria uma razão válida e compreensiva para fundamentar esta união de países,

Pára tudo

Podemos discutir tudo e o seu contrário, mas a verdade é que insistimos em fugir da discussão mais importante, a mesma que deveria ser prioritária em todos os contextos: como poderemos salvar o que resta do planeta terra? Obviamente que existe uma lógica por detrás dessa dita insistência: só poderemos salvar o que nos resta se mudarmos radicalmente de vida. Só será possível salvar o planeta se deitarmos por terra o capitalismo baseado no consumo e na assimetria na distribuição de rendimentos com a evidente concentração de capital nas mãos de uma ridícula minoria. E como já muitos antes de mim já afirmaram: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo. Outro aspecto que merece reflexão é o facto de serem os mais novos a ganharem consciência da urgência de salvar o planeta e serão eles a lutar enquanto os mais velhos funcionarão, como já funcionam, como forças de bloqueio, acomodados, egoístas e ignorantes. É difícil não relativizar tudo o resto quan

Ainda há futuro para a "geringonça"?

Tudo começou com as maiores reservas, profecias apocalípticas e um termo depreciativo: "geringonça". Volvidos quase quatro anos, o balanço era francamente positivo até sexta-feira da semana passada. A crise criada em torno do descongelamento do tempo integral do tempo de serviço dos professores pode não ter feito as vítimas mais evidentes à direita, como pode ter comprometido o futuro de uma solução política única e exemplar - a "geringonça". António Costa quis fazer cheque-mate à direita, mas pelo caminho pode estar a fazer cheque-mate junto dos partidos que o apoiaram, sobretudo quando parte para a chantagem das eleições antecipadas, convencido de uma pretensa maioria absoluta que, estou plenamente convencida, nunca chegará. Depois de Cristas e Rio procurarem salvar o que resta dos tiros nos pés que desferiram, importa também à esquerda o empenho na reflexão sobre o futuro de uma geringonça que podia muito bem repetir-se se Costa não fosse igual a si pr

CDS: tiro (de canhão) no pé

Foi precisamente um tiro de canhão que Assunção Cristas deu no próprio pé. Primeiro deixou que o seu partido se colocasse junto do PSD e dos partidos à esquerda do PS na questão do descongelamento do tempo integral do tempo de serviço dos professores, e agora volta atrás, colocando a possibilidade de votar contra. Depois de uma manobra que rapidamente se percebeu ser desastrosa, Cristas procura agora emendar a mão, mas a verdade é que já não sobre muito para emendar. Resta agora esperar por Rui Rio que só falará hoje (domingo). Não faltará muito para se começar a colocar em questão a própria liderança do CDS, provavelmente esse tempo será o subsequente ao resultado das eleições europeias e para os mais ponderados, depois das legislativas. Não faltará muito, pois, para se olhar novamente para o táxi como habitat natural do CDS. De resto, esta manobra do partido é apenas o último estertor de uma liderança que para não destoar do outro partido de direita, tem-se revelado um mar d

Sobre a irresponsabilidade

A crise criada em torno da contabilização total do tempo de serviço dos professores revela da parte de quase todos os intervenientes políticos uma irresponsabilidade notável. Comecemos precisamente por quem criou o problema – em tempos difíceis que exigiam sacrifícios, repetem até à exaustão – PSD e CDS, encabeçados pelos inefáveis Pedro Passos Coelho e Paulo Portas são os responsáveis pela injustiça. Hoje os seus herdeiros, que são contra a medida, votam favoravelmente com a intenção clara de fazer cair o Governo. A escassos meses de eleições. É evidente que se trata de um tiro no pé. De um modo geral torna-se impossível esconder a incomensurável hipocrisia que está por detrás desta aprovação. Ainda assim e com lideranças acéfalas e desesperadas, estes partidos insistem. Os partidos à esquerda do PS, apesar de fazerem parte da solução política que está a governar o país, escolheram ser fiéis ao que sempre defenderam. Com efeito, não havia margem para fazer diferente.