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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2016

A irresponsabilidade de Trump

Donald Trump, inacreditavelmente candidato republicano à presidência dos EUA, voltou a fazer das suas, mas desta feita com uma gravidade incomensuravel: apelando aos fanáticos por armas para fazerem "algo" contra Hillary. Os apelos são velados, mas não deixam de ser apelos e sempre sujeitos a uma interpretação literal. Aliás a segunda amenda a que Trump faz referência não deixa espaço para dúvidas. As palavras de Trump resultaram em críticas acérrimas quer por parte de membros da campanha de Hillary, como da comunicação social. Trump diz o que lhe vem à cabeça, numa guerra que ele acredita ser contra o politicamente correcto, e em que o candidato republicano escolheu o lado da mais inexorável ausência de lucidez. Até ao mês de Novembro - mês de eleições - não será difícil adivinhar que as asneiras e irresponsabilidades possam chover em catadupa. No entanto, há um aspecto positivo a retirar de toda esta trapalhada: assim se vê que Donald Trump, especialmente para quem tiv

Uma história triste que se repete

A imagens de Portugal durante o mês de Agosto variam entre praias repletas de gente e fogo em todos os distritos, ou quase todos. Durante décadas a história triste do mês de Agosto repete-se sem que se consiga debelar um problema que, para além dos custos materiais, tem um efeito devastador nas populações que sofrem com os incêndios. Diz-se que muito se fez nestes últimos, o próprio primeiro-ministro fez questão de o afirmar. No entanto, em 2013 o Governo de então decidiu promover o eucalipto, facilitando a cultura do mesmo, sob a premissa do costume: maior quantidade de dinheiro no mais curto espaço de tempo., mesmo que não inteiramente assumido. Resta saber que impacto é que essa política terá para o país. Assim como veremos como o facto do incêndio florestal ter deixado de ser, desde Setembro do ano passado, um crime de investigação prioritário determinará a gravidade do problema em questão. Uma lei contra o parecer da própria Procuradoria-Geral da República. É também evidente

De costas voltadas para a Europa

Recep Tayyip   Erdogan sai, pela primeira vez desde o golpe, e para visitar Vladimir Putin. O líder turco, com ambições de sultão, insiste em voltar as costas à Europa - estratégia que aparentemente estará a consolidar desde o golpe falhado do mês passado. Com poderes reforçados e numa senda de liquidar inexoravelmente a oposição, Erdogan prepara-se para se aproximar da Rússia, ao mesmo tempo que se afasta da Europa, a mesma que anda há décadas a alimentar a ideia de uma Turquia Estado-membro da UE; a mesma que negociou um acordo para se ver livre dos refugiados que tem hipóteses mínimas de ser cumprido. A aproximação da Turquia à Rússia coloca uma miríade de novos problemas à NATO e não só. Trata-se afinal de um aliado do Ocidente, membro da NATO, secularizada, mas não tanto. E parece ser esse o caminho que Erdogan quer escolher como sendo o desígnio da Turquia - menos secularizada, mais islamizada, mas sob controlo férreo do mesmo Erdogan que também se prepara para se perpetuar

Política e negócios

Dir-se-á que falar de Paulo Portas e promiscuidade entre política e poder económico já não faz sentido na medida em que o mesmo já não ocupa cargos de representação política. Ou seja, à semelhança de outros, depois de serem políticos passa a valer tudo, mais cherne, menos cherne. É evidente que o passado destes políticos cruza-se invariavelmente com as empresas com as quais passaram a colaborar (resta saber até que ponto colaboraram com essas empresas quando eram representantes do povo. No caso de Portas a Mota-Engil foi apenas mais um exemplo. Depois de ter feito negócios na qualidade de ministro, com claros benefícios para a referida empresa, agora o ex-ministro passará a trabalhar também para uma petrolífera mexicana - fica por saber como é que os mexicanos se lembraram de tão proeminente e famigerada figura. Talvez tudo tenha acontecido quando Portas gozava umas férias por aquelas paragens ou numa ou noutra visita oficial ao referido país. O pior desta história não é o período

Ética… quando convém

Desde logo importa lembrar que a política subjuga-se à ética e que os secretários de Estado do actual Governo esqueceram o princípio acima enunciado. Sou das que consideram que, depois da promiscuidade entre esses membros do Governo e uma empresa privada, ainda para mais em conflito com o Estado, só existe uma saída: demissão. Todavia, não deixa de ser curioso ver a oposição exigir um comportamento ético dos outros, com toda a veemência humanamente possível, esquecendo que em suas próprias casas reina a promiscuidade, com maior ou menor nojo. Essa oposição é a mesma que vocifera incessantemente que se desrespeitou a ética republicana, sem que aprofundem o que consideram como sendo a ética republicana. Para esta oposição a ética é quando convém. Os secretários de Estado do actual Governo erraram e não emendam a mão demitindo-se. Ignoram que estão desta forma a contribuir para o descrédito da política que se tem esquecido de se subjugar à ética e concedem argumentos a uma oposição,

Espanha, tudo na mesma

A não aplicação de sanções a Portugal e Espanha teve, claramente, muito mais a ver com a instabilidade política em Espanha do que com Portugal. Ou seja, inadvertidamente, beneficiámos dessa mesma instabilidade. Quem da mesma não retira qualquer benefício são os espanhóis. Na verdade, em Espanha ninguém se entende e o Rei não é propriamente uma figura que possa procurar os consensos necessários. A esquerda mantém-se desunida, com tergiversações de todas as partes, na  direita o PP e o Ciudadanos continuam afastados e um bloco central está fora de questão. O que resta? Um PP isolado, sem maioria. Tudo na mesma. Estão reunidas todas as condições para a marcação de novas eleições. Porém o que é curioso tem a ver com o facto de se baralhar as cartas e voltar a dar para sair o mesmo resultado: um PP sem maioria e um PSOE mais enfraquecido, enquanto o Podemos pode sair ligeiramente fortalecido, mas não o suficiente. E o que é também curioso prende-se com a escolha dos espanhóis, pelo men

IMI: Uma tempestade num copo de água

Em plena silly season e depois de um período manifestamente difícil para uma oposição desnorteada, a comunicação social, despida de assuntos, faz uma tempestade num copo de água em torno do IMI. Desde logo, o principal critério das notícias veiculadas não é o rigor. Propagou-se a ideia de que este Governo pretende taxar a localização, disposição solar ou vista, como se esses critérios fossem uma inovação do actual Executivo. Não é assim. Os referidos critérios já existem e fazem parte do IMI. O que passa a existir é uma variação mais alargada que na prática podem aumentar o valor associado ao imóvel em 20 por cento, como podem reduzi-lo em 10 por cento. Podemos naturalmente discordar da medida, o que não se justifica é tanta celeuma e tanta ausência de rigor nas notícias que abordam o tema. É também evidente que os comentadores de serviço, descredibilizados por se terem associado à tecnocracia de Bruxelas e à mediocridade do anterior Governo, procuram avidamente assuntos que lh

O Diabo anda por aí, ainda

Desenganem-se aqueles que consideram que o Diabo, conceito medieval, havia morrido há séculos. Aparentemente ele continua bem vivo, não no imaginário colectivo, mas na imaginação de algumas criaturas que pululam pelo mundo da política. Primeiro foi Passos Coelho que, à imagem de um qualquer profeta da desgraça de trazer por casa, anunciou que o Diabo chegaria em Setembro. Porventura algumas crianças, recordando precisamente que o mês de Setembro é o mês de regresso às aulas e altura de rever aquele professor(a) de que ninguém gosta, acabem por dar razão a Passos Coelho - o Diabo chega mesmo em Setembro. Agora foi a vez de Donald Trump considerar que Bernie Sanders, ao aliar-se a Hillary Clinton, fez "um pacto com o Diabo". Bernie Sanders, por inerência, seria uma espécie de Fausto e Hillary como Mefistófeles, o Diabo, isto se Trump tivesse lido o "Fausto". Confesso que há tempos que ando em pulgas para fazer uma qualquer analogia entre o inefável Trump e o an

Se as ideias ainda tivessem importância

Se, em política, as ideias ainda tivessem importância, Donald Trump não teria a mais pequena possibilidade de vencer as próximas eleições presidenciais. Se a existência de qualquer estrutura de pensamento tivesse relevância, Trump nem sequer seria nomeado pelo Partido Republicano, ou por qualquer outro partido. Infelizmente, como se vê, basta a irracionalidade e o preconceito que, de mãos dadas, fazem a festa num contexto em que a inanidade é rainha.  Hillary Clinton, por sua vez, e pressionada por Bernie Sanders, propõe o aumento do salário mínimo, fazer frente a Wall Street, designadamente no justo pagamento de impostos de modo a financiar programas sociais, promete lutar pela igualdade salarial entre homens e mulheres, a par do fim das propinas a estudantes de baixos rendimentos. Este é um programa de esquerda; estas são medidas de esquerda; Hillary fala ao país do seu ideário e parte do país simplesmente não quer saber e talvez até se assuste quando confrontado com qualquer co

Trump: um pesadelo que se poderá tornar realidade

Ainda há escassos dias, estas páginas andavam acompanhadas por um optimismo relativamente às eleições presidenciais americanas, sobretudo depois de uma sondagem do New York Times avançar com 76 por cento de probabilidade de Hillary vencer as presidenciais. Todavia, e depois da convenção republicana ter chegado ao fim, outras sondagens – uma multiplicidade – avançam ou com uma luta renhida ou mesmo com a vitória de Donald Trump. Na verdade, poucos acreditavam que Trump conseguisse ultrapassar os adversários do próprio Partido Republicano, mas o inefável Trump conseguiu; até há bem pouco tempo poucos acreditariam que Trump pudesse mesmo chegar à Presidência americana e agora as sondagens parecem querer ir nesse sentido. Continuo, apesar de tudo, a acreditar que Hillary Clinton conseguirá a eleição, mas para isso precisa de conquistar sobretudo os americanos que tem maior propensão para não votarem, o que manifestamente não está a acontecer. E terá que o conseguir nos próximos mes