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A mostrar mensagens de fevereiro, 2019

Trump e Kim: o anticlímax

Donald Trump e Kim Jong-un namoraram de forma particularmente intensa antes da cimeira onde se pretendia alcançar um acordo de desnuclearização, Trump abandonou o Vietname - país anfitrião da cimeira - e Kim Jong-un ficará no país para uma visita oficial de dois dias. A reacções a este verdadeiro anti-clímax não se fizeram esperar: a China, eterno aliado do inefável regime norte-coreano, mostrou compreensão, sublinhando a impossibilidade de se atingir um acordo sobre assuntos tão delicados "de um dia para o outro". Já a Coreia do Sul que vive sob a ameaça de conflitos com o vizinho norte-coreano, manifestou a sua "perplexidade", como "o resto do mundo". Eu, humildemente, avanço uma terceira interpretação: trata-se de dois idiotas, coadjuvados por mais idiotas e dessa idiotia não se pode esperar o que quer que seja de relevante. A diferença entre os idiotas é apenas uma: um idiota não foi escolhido enquanto o outro foi, democraticamente.  Em suma,

Os anos de todas as revoltas

O ano passado e este que ainda agora começou ameaçam ser os anos de todas as revoltas, em contraste com aquilo que se passou durante mais de quatro anos de governação encabeçada por Pedro Passos Coelho. Seja através de provas de vida ou através de ataques ao Executivo de Costa, coadjuvado pelos partidos mais à esquerda e ansiosos por mostrar ao seu eleitorado que não venderam a alma ao diabo, seja por via da instrumentalização de alguns sindicatos por parte de uma direita que simplesmente não sabe o que fazer para derrubar a actual solução governativa, recorrendo mesmo a expedientes manhosos como crowdfunding , estes são os anos de todas as contestações. Todavia, seja por via de prova de vida, seja até por instrumentalização por parte da direita, reconhece-se que boa parte das reivindicações são legítimas, quer no que toca às carreiras, quer no que diz respeito às condições de trabalho. Ainda assim, e apesar de se compreender a degradação dos serviços públicos

As nódoas da Justiça

Para uma vasta maioria de Magistrados a Justiça é aplicada sem os preconceitos que fazem de nós seres tão imperfeitos. Depois, existe uma minoria que não consegue ou não quer livrar-se desses preconceitos e dentro dessa minoria existe quem os abrace calorosamente. É o caso do Juiz Neto Moura - o tal que defende o apedrejamento de mulheres adúlteras; o tal para quem a leitura do Antigo Testamento só veio dar legitimidade à sua crueldade; o tal que já não devia pôr os pés num tribunal. As nódoas da Justiça. Vejamos: um homem agride a mulher a soco, ferindo-a gravemente num tímpano. Esse homem é condenado em primeira instância a utilizar pulseira electrónica, pelo facto de se considerar que se trata de uma ameaça à vítima. O dito Juiz retira a pulseira electrónica escudando-se numa interpretação da lei que favorece o mundo de preconceitos onde chafurda.  A mulher em questão vive escondida porque o ex-marido e familiares continuam a ameaçá-la. A Justiça volta a falhar a estas vítimas,

Uma moção cheia de nada

A moção de censura apresentada pelo CDS, e que teve a feliz coincidência de cair na mesma altura em que se soube qual o papel da líder do CDS, Assunção Cristas, no polémico processo de venda do antigo pavilhão atlântico ao genro de Cavaco Silva, resultou, como todos sabiam, numa mão cheia de nada. O CDS conseguiu apenas fazer uma triste figura de si próprio e nem a ideia veiculada de que esta estratégia bacoca poderá afectar negativamente o PSD parece fazer qualquer espécie de sentido. A única coisa que o CDS conseguiu foi cair no ridículo de apresentar a tal moção cheia de nada, condenada à nascença e a parcos meses de períodos eleitorais. O PS saiu reforçado e o apoio dos restantes partidos mais à esquerda, apesar dos inegáveis altos e baixos, não sofreu de forma alguma alteração. Ou seja, a "esquerdas radicais" irredutivelmente junto do PS. Resta uma liderança do CDS marcada pela vacuidade onde não existe verdadeiramente oposição capaz de enfrentar Cristas e pa

Favorecimento no caso Pavilhão Atlântico e como isto anda tudo a correr mal à direita

Assunção Cristas, figura particularmente cara à comunicação social, pelo menos a julgar pelo tempo de antena que as televisões lhe dispensam, acaba por sair mal na fotografia veiculada por uma reportagem da TVI sobre o processo de venda do antigo Pavilhão Atlântico ao consórcio do genro de Cavaco Silva. Desta-se a suspeita de favorecimento daquela que era na altura ministra do Ambiente e Ordenamento do Território. E tanto mais é assim que uma parte do CDS - constituída por quem não se revêm na actual liderança - pede mesmo a constituição de uma comissão parlamentar para investigar o envolvimento de Cristas num negócio que cheira mal independente da forma com que se olhe para ele. Ora, estas suspeitas de favorecimento vêm dar mais um contributo para o enfraquecimento da direita. Sem estratégia e agora a chafurdar em escândalos, envolvendo não só actuais lideranças, como o chefe de eles todos - o inefável Cavaco Silva -, resta a Cristas e a outros fingirem-se de mortos e

Moção de censura

A moção de censura que será apresentada pelo CDS é nada mais, nada menos, do que uma prova de vida de uma direita que não sabe muito para onde ir. A escassos meses de eleições (europeias e legislativas) e perante a incapacidade de fazer uma oposição inteligente, a direita não tem muitos caminhos para além daquele que serve para mostrar que está, de alguma forma, viva. No caso concreto do CDS, torna-se cada vez mais visível a incapacidade do partido de cavalgar no insucesso do PSD e nem a visibilidade facultada pela comunicação social, designadamente pelas televisões, é suficiente para fazer crescer o partido. Nestas circunstâncias e a escassos meses de eleições, Cristas arrisca aquilo que considera ser um trunfo, mas cujo efeito, mesmo contando com os votos favoráveis do PSD, é perfeitamente nulo. A moção de censura está condenada à nascença por não contar com votos suficientes para ser aprovada e aproxima-se vertiginosamente do ridículo tendo em conta a aproximação do tal perí

O estranho caso do fascínio da comunicação social com a Aliança

O estranho caso do fascínio da comunicação social com a AliançaAs sondagens indicam que o recém-criado partido Aliança não passará dos 3% das intenções de voto. Outros partidos atingem ou andam perto desse valor irrisório e não contam com o tempo de antena e páginas de jornais que a Aliança conta. Dir-se-á que a razão prende-se naturalmente com Santana Lopes, por se tratar de uma figura mediática que já ocupou cargos relevantes e que até já foi primeiro-ministro. Ainda assim, este seu partido é uma insignificância no cenário político. De resto, tomara a outros partidos contarem com tanta atenção. Este estranho fascínio não se justifica apenas com a figura que criou o partido, é mais, muito mais do que isso. A direita anda de rastos, dividida entre os que vêem esperança em Rio e aqueles que sonham com o D. Sebastião de Massamá. Pelos intervalos está Assunção Cristas e a mais gritante vacuidade, levada ao colo pela mesma comunicação social que, desesperada por um novo fôleg

ADSE: uma guerra injusta

Esta guerra entre Estado e empresas no sector da saúde, com as últimas a rasgarem contratos com a ADSE é profundamente injusta para os beneficiários que, recorde-se, pagam inteiramente este subsistema de saúde. Mais: as razões invocadas por essas empresas, designadamente pelo Mello Saúde e Luz esbarram na lei e denotam uma ganância que não se justifica nem num contexto de capitalismo selvagem. A ADSE reclama 38 milhões de euros com base num parecer da Procuradoria-Geral da República, os privados que se julgam acima da lei apoiam-se na chantagem e rasgam contratos, manifestando um desprezo abjecto pela saúde das pessoas - o lucro, o sacrossanto lucro, fala sempre mais alto. E quanto às tabelas de preços, a gula sempre foi apanágio destas empresas, por conseguinte não se encontra qualquer razão de espanto. Ora, o que esta guerra nos mostra é que a chantagem também pode ser cartelizada e que o Estado tem que ter cuidado extremo nas relações que estabelece com estas empresas

Ódios de estimação

Há um ódio de estimação pela intelectualidade de esquerda e há também um ódio de estimação promovido em parte por essa mesma intelectualidade relativamente à direita, com, convenhamos, demasiadas generalizações. No entanto, o ódio de estimação pela intelectualidade de esquerda fomentado por uma direita extremista tem vindo a ganhar contornos preocupantes, designadamente com a ascensão de tiranetes que estão empenhados num processo de destruição das democracias. Ora, dito isto, importa perceber as causas que subjazem a esse ódio de estimação com consequências particularmente nefastas para as democracias. De resto, esse ódio recrudesce à medida que a incompreensão relativamente aos tempos em que vivemos aumenta e que a esperança diminui - um ódio que dá força e é naturalmente alimentado pela extrema-direita; um ódio que se espalha por todo o lado: através da forma bacoca de se fazer politica, através da arte e pela crítica à transgressão tão inerente à arte; pelos "bons cos

E assim se destrói todo um conceito de greve

Na greve, à semelhança de outros acontecimentos da vida, não pode caber tudo e mais alguma coisa, designadamente o recurso à greve para cumprir agendas politicas distantes, muito distantes, dos trabalhadores ou para alimentar egos de dirigentes, alguns deles que nem sequer são dirigentes dos sindicatos. Ora aquilo que a Ordem dos Enfermeiros tem vindo a fazer enfraquece todo o conceito de greve, não só pelo carácter cirúrgico da mesma, ou pelas exigências impossíveis de cumprir ou até por se tratar de uma guerra pessoal da actual bastonária, mas sobretudo porque se trata de uma greve desumana. Recorde-se que o direito dos trabalhadores, no caso em apreço o direito à greve, inscreve-se numa matriz humanista que nada tem a ver com este desprezo manifestado por alguns em relação a esses mesmos princípios humanistas. Dito por outras palavras, quem se dispõe a passar por cima de tudo e de todos, colocando em causa a própria vida das pessoas, não pode estar à frente do que quer que seja

E depois da Síria, ainda cheira a guerra fria

E depois da Síria, ainda cheira a guerra fria agora com a Venezuela entalada entre os EUA e a Rússia. Sendo certo que Maduro, que acabou ferido de morte também depois de perder apoios sobretudo entre países vizinhos, conta ainda com o apoio de países como a China, a Turquia e o México, parece ser a Rússia a tomar uma posição mais visível. Do outro lado, os EUA, com Trump a declarar o seu apoio a Guiadó (quase) ainda antes do mesmo avançar para a auto-proclamação de Presidente. E será também esse apoio americano, na pessoa de Trump, a inviabilizar a mudança de posição das próprias forças armadas venezuelanas. De resto, não se está a ver os militares venezuelanos, com o peso de todo a personalidade de Símon Bolívar sobre as instituições militares, a abandonar Maduro para abraçar Guiadó e Trump. Depois do banho de sangue na Síria, o mundo voltou a sentir o cheiro a guerra fria, desta feita com clara vantagem para a Rússia - factor que fortaleceu consideravelmente a posição do própr

Venezuela: De que lado?

A questão central, no que diz respeito ao poder presidencial venezuelano, passou a ser de que lado nos encontramos, se do lado de Maduro, se do lado do auto-proclamado Presidente Guaidó. A questão, por muito redutora que possa ser, passou a ser essa, com acusações de partidos como o PSD e o CDS aos partidos mais à esquerda. O PS está naturalmente do lado do Governo e do lado de Guaidó, tanto mais que entrou no rol de países a reconhecer o auto-proclamado Presidente. Acaba por ser o Bloco de Esquerda, pela voz de Marisa Matias, a colocar algum bom senso na questão, afirmando estar o Bloco do lado de António Guterres e das Nações Unidas, ou seja ao lado de ninguém, nem do ditador, nem do auto-proclamado Presidente Guaidó, desprovido de qualquer legitimidade. De resto, parece claro e a democracia assim o dita, que só existe uma solução para o problema venezuelano: eleições presidenciais. Ninguém clama que este será um compromisso fácil de aceitar, mas ficarmos de um lado ou de outro

O mais beato dos beatos

O Presidente da República enquadra-se nos mais beatos dos beatos e daí não viria mal ao mundo, ou pelo menos a Portugal, se Marcelo Rebelo de Sousa não misturasse alhos com bugalhos, leia-se, beatice com a República laica, naturalmente. A última pérola prende-se com a excitação de Marcelo relativamente à vinda do Papa a Portugal e a frase que postula que ele - Marcelo - recandidata-se ao cargo por se quem melhor pode desempenhar a tarefa de receber o Papa. Para além da frase denotar uma megalomania do Presidente mostra também a referida excitação que Marcelo não consegue conter nem em nome do Laicismo. É evidente também que num país constituído por número significativo de outros beatos, a frase, a promessa e o axioma causam impacto particularmente positivo. Lamentavelmente, Marcelo encontra-se imune a quaisquer críticas que belisquem este seu modo de ser que confunde as funções de mais alto magistrado da nação com a de beato. E seja como for, essa recandidatura, prometida

E se fingíssemos que o racismo não existe?

Na verdade é precisamente isso que temos vindo a fazer e, no pior dos cenários - naqueles em que é particularmente difícil escamotear - alegamos, de forma invariavelmente condescendente, que o nosso racismo não é tão mau quanto o dos outros e que se calhar, bem vistas as coisas, nem é bem racismo, são ideias pré-concebidas, eventualmente mal concebidas. O problema ocorrido no Bairro da Jamaica (conjunto de prédios em alvenaria promovido a bairro) foi o suficiente para levantar a questão do racismo e do incómodo que o assunto traz para aquele pano de fundo de que tanto gostamos e que apelidamos de "brandos costumes". Deste modo subsiste uma divisão que começa a ser cada vez mais notória entre aqueles que consideram que o racismo deve ser amplamente discutido e outros que, em nome de um argumento que postula que a mera associação de determinadas situações à palavra racismo fortalecerá movimentos de extrema-direita. Bom, não será necessária uma análise particularmente exa