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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2017

Quando o crime é um mal menor

Há casos que merecem profunda reflexão: o da fixação de Oeiras com Isaltino Morais é paradigmático dessa mesma necessidade. Isto a propósito das sondagens que dão Isaltino vencedor em Oeiras com maioria absoluta e da mais do que provável vitória do candidato pelo movimento "Isaltino - Inovar Oeiras de Volta". Recorde-se que aquela que já foi uma figura proeminente no PSD acabou condenado em 2009 a sete anos de prisão e perda de mandato pelos crimes de fraude fiscal, abuso de poder, branqueamento de capitais e corrupção passiva. Agora, depois de ter cumprido metade da pena a que fora condenado, Isaltino regressa para reconquistar Oeiras. Dito isto, não haveria muito a acrescentar, supunha-se. Ora, alguém que foi condenado por crimes perpetrados durante a vigência dos seus mandatos não deveria voltar a ganhar a confiança dos eleitores. Porém, é precisamente isso que acontece, vingando frases como: "é corrupto, mas faz muito por Oeiras" ou "é corrupto, mas sã

O PSD está a mudar?

António Costa, primeiro-ministro e secretário-geral do PS, teceu duras críticas à mais recente deriva populista do PSD. Aproveitando um comício em Loures - cujo candidato pelo PSD é o inefável André Ventura - Costa não poupou nas palavras referindo o desaparecimento do carácter humanista do PSD, estando este partido, sob a liderança de Passos Coelho, a corromper um legado determinante para a democracia portuguesa. E então? O PSD está mesmo a mudar? A resposta parece ser afirmativa. O PSD insiste no apoio ao candidato André Ventura que não se coíbe de proferir declarações racistas; o líder do PSD lança inquietações sobre a nova lei da imigração, sem tocar, obviamente, nos vistos Gold que tanto impacto negativo tiveram durante a sua governação; Passos Coelho parece disposto a tudo para conseguir umas migalhas políticas e esse "tudo" consubstancia-se numa deriva populista com laivos de intolerância. Sim, o PSD, sob esta liderança, está a ensaiar uma mudança - a pior que se

Eleições na Alemanha e a novidade da extrema-direita

Parece claro que Angela Merkel foi castigada nas eleições de domingo: perdeu 7% do eleitorado e viu o seu parceiro de coligação, SPD, afastar-se por completo de uma solução governativa. Certa também é a derrota, histórica, do próprio SPD que terá sido castigado precisamente por ter participado na solução governativa que agora chegou ao seu fim. Quanto à CDU parece também ter havido lugar a um castigo. Presume-se que parte do eleitorado ter-se-á afastado devido às políticas de imigração da Chanceler alemã, vista por uns como altruísmo, por outros como oportunismo tendo em consideração tratar-se potencialmente de mão-de-obra barata. Considerando-se também uma terceira visão: a que rejeita o acolhimento de refugiados. Terá sido precisamente esta terceira visão a castigar a CDU. Outra novidade prende-se com a ascensão do partido de extrema-direita, AfD, no Bundestag, com mais de 80 deputados.  Parte do eleitorado da CDU terá mudado para o lado do AfD. A entrada de um partido de extrem

As flores que eu plantei

E m mais um comício à procura de um milagre eleitoral, Pedro Passos Coelho, sem originalidade – facto que se notou até na banda sonora que fora profusamente utilizada nas campanhas de António Guterres - lamentou-se por não colher as flores que plantou. Ou seja, o lamento prende-se com o facto de não estar no Governo a ser elogiado interna e externamente. Por entre exageros como referir-se à democracia portuguesa como sendo incompleta, o ainda líder do PSD falou naqueles que andam a “colher flores para colocar na jarra”, chamando a atenção para o facto de não terem sido esses a “regarem e a semearem as flores”. E depois de anos de insistência na austeridade até à morte e depois de anos de profecias sombrias sobre o futuro do país, Passos Coelho procura capitalizar os bons resultados da economia portuguesa, alguns do quais verdadeiramente surpreendentes. Ora, a estratégia passa agora por insistir na ideia que postula que os bons resultados económicos são fruto do trabalho do Govern

O medo da secessão

A instabilidade que se vive na Catalunha é acompanhada pelo silêncio europeu. Recorde-se que a tentativa de se referendar a independência da Catalunha redundou em detenções de organizadores do referendo e apreensões de boletins de votos e subsequente onda de manifestações acompanhadas por alguma violência. Mariano Rajoy defende-se, alegando que a lei é para cumprir; os independentistas clamam por democracia e postulam que a impossibilidade do referendo se realizar é um atropelo à vontade popular e democrática. Já antes, em 2010, a questão independentista ganhou nova expressão com a inviabilização do Estatuto da Catalunha por via da actuação do Tribunal Constitucional espanhol. Entretanto, muitos clamam pelo direito à autodeterminação do povo catalão. E a monarquia é outra variável desta complexa equação. A questão Catalã é antiga e suscita, à semelhança de outras derivas independentistas, apreensão por parte dos poderes instituídos. A União Europeia não é excepção, escolhendo o si

Um cowboy nas Nações Unidas

Perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, Donald Trump afirmou estar determinado em destruir "totalmente" a Coreia do Norte caso esta insista no caminho da provocação. As reações foram imediatas, desde murmúrios que invadiram a sala, passando por quem colocasse as mãos no rosto, culminando em semblantes carregados de inquietação face a um discurso que nada resolve o problema, contribuindo apenas para o agravar. De resto, por este caminho Trump acabará por adoptar a retórica lunática dos norte-coreanos. Estilo não lhe falta para lá chegar. Em jeito de provocação, o Presidente americano ainda teve tempo de intitular Kim Jong-un o "homem foguetão" que dispara para todos os lados. Tudo misturado com a velha retórica: " america first ". Embora nada disto constitua propriamente novidade, não é menos verdade que se há uma coisa que nem os EUA nem o mundo precisam é de um cowboy desequilibrado também ele a disparar em várias direcções: para além da Coreia d

Lisboa: o grande desaire

A sondagem da Universidade Católica para o Jornal de Notícias apresenta um cenário trágico para o PSD, com Assunção Cristas, candidata pelo CDS, à frente da escolha de Pedro Passos Coelho para o PSD - Teresa Leal Coelho. O vencedor, segundo a sondagem, será, sem surpresas, Fernando Medina, actual Presidente da Câmara e candidato pelo PS. A dúvida está na possibilidade ou não de uma maioria absoluta. É evidente que esta é apenas uma sondagem, realizada semanas antes da eleição, e que apresenta 12 % de indecisos. Assim como os desaires das próprias sondagens não são facilmente esquecidas. Todavia, a confirmar-se uma derrota desta dimensão em Lisboa, Passos Coelho terá que retirar ilações dos resultados até porque mesmo sabendo que a vitória seria quase impossível, poucos esperariam um resultado que colocasse o CDS à frente do PSD. O ainda líder do PSD ensaia desde já a sua defesa, lembrando a necessidade de não extrapolar resultados locais para o contexto nacional, Para o CDS este r

Boas notícias, novamente

A semana acabou da melhor maneira para o actual Governo: o rating de Portugal deixou de pertencer à categoria lixo, pelo menos para uma das agências de rating mais conhecidas - a Standard & Poor's. Esta é uma das tais que ainda está por pagar pelos erros cometidos no passado, a par de muitas outras. E a semana que agora tem início parece ser igualmente promissora com o ministro das Finanças, Mário Centeno, a anunciar uma redução da carga fiscal para todos os escalões e com o primeiro-ministro a referir que Outubro é o mês em que se dá início à redução da dívida portuguesa, acompanhado por Centeno que promete a maior redução de dívida das últimas duas décadas. São indubitavelmente boas notícias, embora não exista a tendência, sobretudo por parte do ministro das Finanças, para embandeirar em arco. Nota-se um misto de contentamento com cautela. Mas a melhor notícia é que por este caminho a mediocridade reinante no PSD, desprovido de qualquer espécie de discurso, caminha pa

Macron nem chega a ser desilusão

Emmanuel Macron não fora pródigo numa qualquer tentativa de esconder a sua agenda neoliberal, designadamente no que diz respeito a questões laborais. De um modo geral, poucas tentativas terá feito no sentido de esconder a sua atracção pelo neoliberalismo. Durante a campanha eleitoral o agora Presidente francês e ex-banqueiro assumiu uma reforma laboral, filha orgulhosa do capitalismo selvagem e fortemente contestada, que será agora plenamente executada. A dita reforma laboral promete flexibilizar despedimentos e contratações, num registo velho e gasto onde a facilidade em despedir sobrepõe-se invariavelmente à facilidade e vontade em contratar. Paralelamente, a reforma de Macron prevê ainda limites às indemnizações em caso de despedimento e uma mudança de paradigma com patrões e trabalhadores a negociarem sem a intervenção de sindicatos, numa clara tentativa de enfraquecer o sindicalismo francês - um dos mais sólidos do mundo. Infelizmente para o próprio sindicalismo e para a esqu

Sanções

O regime de Pyongyang, em consequência do teste nuclear de 3 de Setembro, foi alvo de novas sanções, mais abrangentes e com o apoio dos seus aliados Rússia e sobretudo China. Na resposta Kim Jong-un, líder endeusado da Coreia do Norte, fez novas ameaças aos EUA, com promessas de infligir a "maior dor de sempre". Sendo certo que a gravidade das sanções só não foi mais longe porque precisamente a Rússia e China intervieram no âmbito das Nações Unidas, também é verdade que a repreensão passada ao regime de Pyongyang contou ainda assim com o apoio de países que tradicionalmente são complacentes com os desvarios do regime mais fechado do mundo, prova em como a Coreia do Norte ultrapassou os limites ao fazer o maior teste nuclear de que há registo. As sanções visam concretamente têxteis e crude originando um maior isolamento do país. O objectivo das Nações Unidas é claro: obrigar o regime a travar o desenvolvimento de tecnologia nuclear que se consubstancia numa ameaça constan

Fazer melhor no presente sem esquecer o passado

O país assiste a uma das maiores greves de enfermeiros do passado recente. Indignados e revoltados, os enfermeiros reivindicam melhores condições de trabalho, mais respeito pela carga horária e, não esquecer, mais dignidade para uma classe que presta um serviço imprescindível ao Serviço Nacional de Saúde. No cerne da contenda está também a recusa do Ministério da Saúde em aceitar a integração de enfermeiros especialistas, facto que acarreta naturalmente custos para o erário público, sem no entanto deixar de constituir um factor de injustiça que merece atenção e subsequente resolução por parte do Executivo e não repreensão e um paternalismo bacoco que são tantas vezes características do diálogo entre Estado e cidadãos, neste particular agrupados numa classe profissional. Todavia, e embora seja crucial fazer melhor hoje, importa não esquecer o passado e evidentemente levar em conta os 14 mil enfermeiros que, desde 2010, saíram de Portugal. Não esquecer, pois, a degradação das condiç

Prémio Nobel da Paz e o desprezo pelos Direitos Humanos

A conselheira do Estado birmanês, Aung San Suu Kyi, refugiou-se num silêncio que tem vindo a ser alvo de críticas, quebrando-oapenas para defender o exército de Myanmar acusado de perseguir violentamente a minoria muçulmana Rohingya no Estado de Rakhine. Aung San Suu Kye, cujo poder na Birmânia, actual Myanmar, é incomensurável, preferiu passar uma borracha sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, nada fazendo para proteger a minoria em questão, chegando mesmo ao ponto de se colocar ao lado do exército do país, acusado de cometer verdadeiras atrocidades contra todo um povo que, para sobreviver, teve de fugir. Aung San Suu Kye que recebeu o prémio Nobel da Paz em 1991 preferiu ignorar atropelos aos Direitos Humanos. O que dizer de um Prémio Nobel da Paz que age em sentido contrário ao que prémio simboliza? Alguns dirão que não se trata da primeira pessoa a receber o dito prémio e a cometer esses mesmos atropelos, tantas vezes antes e depois de ter sido laureado.Obama é, p

EUA: Regresso do obscurantismo

O v erão está a ser dominado por fenómenos meteorológicos destrutivos  afectando  um país que, ao contrário da esmagadora maioria, faz um regresso orgulhoso ao obscurantismo – os EUA. Um obscurantismo que contrasta com inegáveis avanços científicos que permitem prever, com assinalável rigor, fenómenos meteorológicos como o Irma. As t empestades que dão origem a furacões nunca vistos são indissociáveis da subida da temperatura dos Oceanos, ou por outras palavras: os furações mais destrutivos de que há memória são o resultado das alterações climáticas. Todavia, e apesar das evidências, a comunicação social americana dá conta de que os funcionários do centro de investigação da Fl o rida terem sido aconselhados a evitar falar sobre aquecimento global. Todavia, e apesar das evidências, muitos americanos votaram em alguém que considera que as alterações climáticas são uma invenção chinesa e que agora em plenas funções age em conformidade , deixando um rasto inacreditável de ignorân

O azedume tomou conta do PSD

Passos Coelho não chega a fazer propriamente frente ao rei do azedume no PSD: Cavaco Silva que embora tenha falado há mais de uma semana, por ocasião da Universidade de Verão do PSD, deixou todo um rasto de azedume que parece persistir ainda hoje. Passos Coelho bem tenta ultrapassar aquele que foi outrora seu chefe, Cavaco Silva, mas é difícil - o grau de azedume do ex-Presidente da República é incomensurável e na verdade é na mediocridade que Passos Coelho e Cavaco Silva se encontram ao mesmo nível. Pouco interessa que a voz azeda de Cavaco Silva seja uma raridade; à mesma soma-se a de Passos Coelho e a de meia-dúzia de apaniguados. Todavia, a realidade do país não parece ter relevância para o ex-Presidente - uma realidade que destruiu o seu manancial de profecias apocalípticas; nem tão-pouco fará caso do coro de críticas da comunicação social estrangeira que visaram precisamente o ex-Presidente da República, o rei do azedume. Passos Coelho bem que tenta chegar aos calcanhares

DACA

Para Donald Trump a perseguição aos imigrantes não conhece limites. DACA, um programa criado pelo seu antecessor Barack Obama que visava dar alguma protecção a filhos daqueles que entraram nos EUA de forma ilegal, terá o seu fim às mãos do inefável Presidente americano. O programa tinha como principal objectivo dar uma oportunidade a imigrantes que entraram em território americano de forma ilegal. Curiosamente, é na terra de imigrantes, no famigerado melting pot , que a perseguição aos imigrantes se faz sentir de forma mais acesa. Mais ainda com Donald Trump à frente dos destinos do país, coadjuvado por bandos de Republicanos que se entregaram a uma ou outra forma de fanatismo. Sem um pingo de humanismo, entregues ao puro egoísmo. Com o fim do DACA podem começar as deportações em massa, sabendo-se desde já que a facilidade que o programa concedia, designadamente no acesso às universidades e no que diz respeito ao emprego. está sob a mira de Donald Trump, ficando apenas a dúvida qu

Kim Jong-un tem motivos para sorrir?

Após as ameaças a Guam, visando interesses americanos, e depois de um teste com uma bomba de hidrogénio que provocou um sismo artificial, o regime norte-coreano manifesta intenção de continuar o rol de ameaças, chegando ao ponto de ameaçar directamente os EUA com novos "presentes" na calha. Questiona-se se será apenas a sobrevivência do regime que está em causa e que justifica a conduta de Kim Jong-un. O facto é que o regime não parece disposto a cessar ou até abrandar o rol de provocações dirigidas sobretudo aos EUA. Perante uma China que profere críticas mas que não manifesta qualquer intenção de retirar apoio  ao regime norte-coreano, até por preferir o actual estado de coisas do que uma Coreia unida sob influência americana, Kim Jong-un parece ter percebido que pode efectivamente levar tudo ao limite. O facto de um conflito contra a Coreia-norte desencadear uma retaliação visando os vizinhos Coreia do Sul e Japão e o facto ainda de um conflito desta natureza se pod

PCP e a Coreia do Norte

O teste, desta feita com recurso a uma bomba de hidrogénio, é não só mais um exercício em que Kim Jong-un enceta nova manifestação de força, como é mesmo a mais inquietante manifestação de força do surreal regime norte-coreano. Kim Jong-un, apesar das incertezas e das encenações, revela estar disposto a tudo para se perpetuar no poder, recusando ser mais um ditador a cair como tantos outro antes de si. As ameaças, sobretudo com recurso ao nuclear e a mísseis interbalísticos , são o instrumento de eleição do líder norte-coreano que intensificou as referidas manifestações de força sobretudo depois da eleição de Donald Trump. O teste da bomba “H”, depois de ameaças directas à ilha de Guam, são motivos de forte inquietação, embora não para todos. O líder do PCP, na festa do Avante que contou com uma delegação do partido comunista da Coreia do Norte, prefere apontar o dedo exclusivamente aos americanos, ao velho e conhecido imperialismo americano, ilibando por inerência um regime