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A mostrar mensagens de novembro, 2015

Cenários longe da tragédia anunciada

Já por aqui abordámos as potenciais dificuldades que o Governo de António Costa enfrentará. Está na altura de exercitarmos uma tentativa de vislumbre dos pontos positivos que podem favorecer o Governo que agora inicia funções. Os acordos entre as esquerdas e a sua necessária solidez são um factor essencial para a estabilidade de futuro deste Governo. Os primeiros sinais são positivos - a união no Parlamento existe, quer em matérias de adopção ou o fim dos exames no quarto ano. Sendo certo que os principais desafios estão ainda por ser ultrapassados, não deixa de ser relevante o consenso já revelado pelas esquerdas - o que significa um aspecto positivo e determinante. Este cenário é também interessante para a própria democracia: um governo que necessita de constante negociação; um Parlamento com uma importância que havia sido entretanto esquecida. Por outro lado, os factores externos: a começar pelas baixas taxas de juro. 2015 foi um ano excepcional e apesar da volatilidade inerent

Velhacaria até ao fim

O pior Presidente da República da história da democracia não perde uma oportunidade para demonstrar que a velhacaria não tem fim. Uma velhacaria que se acentuou com o surgimento de uma solução política de esquerda, encabeçada por António Costa. Cavaco Silva tem, aliás, dois problemas que sempre o acompanharam politicamente: um é a já supracitada velhacaria; o outro prende-se com os interesses que foram essenciais para a sua ascensão e que Cavaco procura a todo o custo salvaguardar; interesses que são coincidentes com aqueles defendidos por Passos Coelho durante estes quatro anos. A tomada de posse do XXI governo constitucional poderia ter decorrido dentro do habitual contexto de normalidade não fosse, claro está, a ameaça de Cavaco Silva. Ora, o Sr. Silva, a escassos meses de abandonar o cargo, não se coibiu de deixar uma ameaça no ar: a demissão do Governo agora empossado, mesmo não podendo dar posse a qualquer outro que seria de imediato inviabilizado pela Assembleia da Repúbl

Dificuldades

Depois da tomada de posse do XXI governo constitucional liderado por António costa, ninguém estará seguramente à espera de facilidades e muito menos o próprio. Desde logo continuamos a não enfrentar os elefantes na sala: a Europa, a Zona Euro, a dívida. Os partidos (com algumas excepções) evitaram fazê-lo na campanha eleitoral. Com efeito, o nosso destino não está, como se sabe, inteiramente nas nossas mãos, muito longe disso. Todavia, a mudança de postura do Governo português nas instâncias europeias será um desenvolvimento importante que terá consequências opostas às que temos conhecido. Pelo menos, deixaremos de ver os nossos representantes políticos apostados em alinhar com a Alemanha no esmagamento de países, como se passou com a Grécia. Não estou a ver Mário Centeno ou António Costa sentarem-se ao colo de Shaüble. Mas as dificuldades também se sentirão por cá. Desde logo com a comunicação social - tão próxima da direita. Não me parece plausível assistir a uma mudança acentuada

Fim de um ciclo

Cavaco Silva,  a muito custo e depois de colocar todas as dificuldades, não teve outro remédio que não fosse indigitar António Costa. Assim, o país terá um novo Governo do Partido Socialista apoiado, no Parlamento, por Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido Ecologista "Os Verdes". A alternativa seria um Governo de gestão, visto de um forma geral como uma solução desastrosa. A notícia é boa porque significa um virar de página, não à austeridade - essa continuará de forma mais suave - mas à forma de fazer política. Passos Coelho e o seu séquito inauguraram uma nova forma de fazer política: contra tudo e contra todos, a começar pela própria constituição da República, sempre a coberto do pensamento único assente na premissa de que não há alternativa. Essa forma de fazer política revestiu-se de outras características: a mentira, sempre a mentira; a incompetência generalizada - a mediocridade não permite outra coisa que não seja a incompetência. Foram tantos

Da ingenuidade

Ia jurar que vivíamos num sistema semi-presidencialista, com forte preponderância da Assembleia da República. Vivi anos convencida que era da Assembleia da República que saíam os governos. Pensava também que ao Presidente da República não cabia a tarefa de examinar programas políticos ou acordos entre partidos e, na minha ingenuidade, acreditava que esses programas ou acordos não passavam pelo crivo do Presidente da República. Estava enganada. O regime, na óptica de Cavaco Silva, é Presidencialista, a Assembleia da República tem muito menos importância que se imaginava e os programas políticos e acordos têm mesmo de passar pelo crivo do Presidente da República que escolhe o que mais lhe apraz. Não espanta pois que Cavaco Silva ainda não tenha indigitado António Costa, preferindo passar-lhe trabalhos de casa, com o objectivo claro de minar os acordos firmados entre PS/BE/PCP e PEV. Cabe ao PS e aos restantes darem garantias ao Presidente da República; a existência de acordos entre os

A tradição já não é o que era

A demora do Presidente em tomar uma decisão mais não é do que uma forma de inquinar a democracia representativa e porquê? Porque se se tratasse de uma solução exactamente com os mesmos contornos, mas envolvendo partidos do chamado arco de governação, tudo estaria já resolvido. Com efeito, PCP, PEV e BE são vistos como elementos estranho num corpo - elementos que seriam e têm sido naturalmente rejeitados. As palavras do Presidente traduzem isso mesmo. Todavia, esquece-se que esse corpo não interpreta PCP, PEV e BE como elementos estranhos. Parte do povo chega mesmo ao ponto de escolher esses ditos elementos estranhos. Só assim se explica a insistência do Presidente em dar a palavra a todos os que rejeitam esses elementos, os mesmos que têm beneficiado de um sistema inquinado, deliberadamente inquinado, refém da eterna solução PSD/PS/CDS: banqueiros, empresários, consultoras e alguns economistas que agem como se eles próprios - e só eles - fossem o corpo que rejeita os elementos est

Conjecturas

A indefinição do Presidente da República, aliada a uma exasperação e desespero da direita, resulta numa profusão de conjecturas. Todos especulam, todos arriscam exercícios de futurologia, todos caem em profecias inconsequentes, desde o governo de gestão, passando pela indigitação de António Costa e culminando num hipotético Governo de iniciativa presidencial. Cavaco Silva preferiu a indefinição, escolheu uma retórica nada adequada a um Presidente da República e, pelo menos na Madeira, tentou mostrar a sua boa disposição quer com douradas, quer com bananas, o que é próprio de alguém que perdeu por completo o pouco respeito que tem pelos cidadãos. Tudo para proteger os seus apaniguados – os mesmos que aldrabam compulsivamente - veja-se a questão da sobretaxa. Pura aldrabice, Já resta pouco a dizer deste Presidente que não acabará o seu mandato com qualquer dignidade, mas antes com o raciocínio tolhido pelas suas preferências, caindo invariavelmente no ridículo de colocar os seus pre

Ninguém quer um Governo de gestão

Depois de uns dias na Madeira, sem pressas para o que quer que seja, o Presidente da República entretém-se ouvindo mais umas personalidades, deixando escapar experiências do passado que não encontram paralelo com o que se passa hoje. Cavaco esteve 5 meses em gestão (eu diria mais, tendo em conta a inércia em momentos decisivos), mas porque sofreu uma moção de censura por parte do PRD; sem maioria parlamentar o Presidente da altura, Mário Soares, dissolveu a Assembleia da República e convocou novas eleições. Hoje Cavaco não pode fazê-lo. Ninguém quer um Governo de gestão e Cavaco - que tanto gosta de ouvir "pessoas" - prefere ignorar esquerda e direita e até candidatos à Presidência da República. Marcelo Rebelo de Sousa já afirmou que o país precisa urgentemente de um Orçamento de Estado e, apesar de contido nas palavras, não revela qualquer entusiasmo com a possibilidade de um Governo de gestão. Nem o próprio PSD se mostra interessado nessa possibilidade, apesar de insisti

Protelar, protelar, protelar

Protelar. Parece ser esta a palavra do dia. Pelo menos para o Presidente da República que mostra estar disposto a ouvir meio mundo e arredores, tudo com o objectivo de protelar, protelar, protelar. Essa é a palavra de ordem. Um sinal inquietante, por duas razões: a primeira porque mostra que Cavaco Silva está contra uma solução legítima saída do Parlamento, estando portanto contra o próprio Parlamento e contra a vontade dos cidadãos; por outro lado, importa ter em conta os custos que uma demora na decisão acarreta, a paralisação a que o país estará sujeito é prejudicial para todos. Mas tudo pode ainda piorar, basta para isso, e depois da demora, o Presidente da República recusar a solução de esquerda, deixando Passos Coelho em gestão. Num contexto em que impera uma maioria de esquerda no Parlamento teria a sua componente cómica não fossem as consequências graves dessa decisão. Todavia há muito em jogo, o que justifica quer a demora na apresentação de uma solução, quer a eventuali

A importância do laicismo

É difícil conceber as democracias sem o carácter laico do Estado – um carácter que não invalida de todo a ideia de religião, bem pelo contrário, o respeito entre religiões e entre religiões e o mundo secular é precisamente maior nos Estados laicos, onde não existe a imposição de uma religião ou a preponderância de um confissão religiosa sobre as outras. Vem isto a propósito dos atentados terroristas em Paris. A importância do laicismo – valor indissociável da República – deverá estar sempre em cima da mesa em qualquer discussão, sobretudo quando se fala na integração ou na natureza multicultural das sociedades europeias. O laicismo implica uma neutralidade do Estado face à religião, o que pressupõe o já referido respeito por todas as religiões. Ora, a própria concepção de Estado para uma parte do Islão impossibilita a existência do laicismo. Deste modo, o Estado é instrumentalizado pela religião, designadamente na aplicação da lei sharia – uma lei que desrespeita as liberdades e o

Como?

Os acontecimentos da passada sexta-feira em Paris ultrapassam a força das palavras para os descrever. Atentados terroristas concertados, com o objectivo de espalhar a barbárie, em contextos de rotina, dia-a-dia e quotidiano que oferecem tantas vezes uma falsa sensação de segurança. O Estado Islâmico reivindicou os atentados. Como combater o Estado Islâmico será a pergunta que voltará a assombrar as nossas consciências. Como combater aqueles que vivem uma espécie de realidade distópica?, aqueles que vivem na crença do Dia do Juízo Final e vivem as suas vidas em função desse Apocalipse. Como combater quem não tem medo de morrer? Como fazer frente a quem parece estar numa competição sangrenta com a al-Qaeda?, quem tem como finalidade levar a humanidade para o século VII? Como lutar contra quem pretende viver como o profeta viveu e impor esse modo de vida a todos? Como combater quem marca infiéis e apóstatas para morrer? De que forma podemos lidar com quem pretende purificar o mundo, i

Desespero

A direita anda de cabeça perdida e quando considerávamos que tudo estava a ir a descarrilar, Passos Coelho,consegue ir ainda mais longe, muito longe, longe demais. Clamar por uma revisão constitucional extraordinária “para que o Parlamento possa ser dissolvido” é simplesmente ridículo, mas utilizar expressões como “ Se não querem governar como golpistas...” e “… se preferirem governar como quem assalta o poder...” ou ainda “fraude eleitoral e um golpe” é absolutamente irresponsável e inaceitável. Passos Coelho não é um comentador, é ainda primeiro-ministro (derrotado) e tem naturalmente responsabilidades acrescidas. Paralelamente, toda a retórica de Passos Coelho é falsa. Existe não só legitimidade, como tudo isto, num país com alguma cultura democrática, seria considerado normal, ao contrário do que o ainda primeiro-ministro insiste em afirmar. Coelho e os seus acólitos preferem acicatar os ânimos de uma direita desesperada que alimenta a esperança – a última – que Cavaco Silva n

Dificuldades

Antes, durante e depois da queda do Governo subsistem as dúvidas e prevalecem as dificuldades em torno de um Governo de esquerda. Tivéssemos sido nós tão exigentes no passado e teríamos evitado a torrente de erros que ainda hoje nos oneram. De qualquer modo, não me recordo de assistir à exposição de tantas dúvidas como se tem assistido a tudo o que diz respeito Governo PS apoiado pelo BE, PCP e PEV. Tivéssemos nós sido tão exigentes com o Governo de Passos Coelho, mesmo com as irrevogabilidades que o marcaram, e talvez as coisas tivessem sido diferentes. Porém, reconheço que um Governo de esquerda enfrentará dificuldades adicionais. Desde logo as pressões a que estão sujeitos, desde a comunicação social às instituições europeias. Quanto aos mercados, por muito que a dita comunicação social não esconda os seus anseios, a verdade é que a instabilidade parece perturbar mais (e ainda assim pouco) do que a existência de um Governo de esquerda. Seja como for e apesar das pressões preval

E agora?

Quatro moções de rejeição, correspondentes a cada um dos partidos da oposição, coadjuvados pelo PAN. Depois de quatro moções de rejeição, depois do chumbo do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas, o que vai Cavaco Silva fazer? A comunicação social insiste nas três possibilidades que se apresentam, como se todas fossem equivalentes, isto porque não se pode dizer abertamente que a pior das soluções, na óptica dessa mesma comunicação social, seria a indigitação de António Costa com o apoio parlamentar de PCP, PEV e Bloco de Esquerda. Num contexto de maturidade democrática, não estaríamos sequer a perder tempo com suposições; num contexto de maturidade democrática não assistiríamos com tanta insistência, e por parte de quem tem responsabilidades políticas, a ouvir argumentos simplistas e redutores como a história de quem ganha governa – num exercício que reduz o parlamento a uma autêntica insignificância e a nossa inteligência a nada. Infelizmente, não vivemos num contexto de matu

Injustiças

Agora que a queda se precipita, sentimo-nos impelidos a olhar em retrospectiva. Assim, confesso que no meio de tanto texto opinativo cometi uma injustiça ao afirmar que tudo o que saía deste Governo era forçosamente negativo. Afinal de contas, este Governo de Passos Coelho e Paulo Portas que agora conhece o seu fim serviu para alguma coisa: serviu para unir a esquerda, como não se viu em décadas. Este é o grande legado de Passos Coelho e de Paulo Portas. Por conseguinte, é injusto afirmar que estes senhores não serviram para nada. Serviram e de que maneira. Pauto-me por princípios elementares de justiça e quando cometo alguma injustiça só conheço paz de espírito se me retratar. Ora, servem estas linhas para o efeito. Peço desculpa por ter afirmado que Passos Coelho e Paulo Portas não serviram para nada de construtivo. Serviram e, desse ponto de vista, só desse, não exageremos, estou-lhes infinitamente grata. Graças à sua mediocridade, à sua ignomínia, à sua incompetência e à sua

Por todas as razões, mas especialmente por estas

A queda do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas e a exequibilidade de uma solução de esquerda representam excelentes notícias, por todas as razões, mas especialmente por um determinado conjunto de razões: a forma e a estratégia adoptadas pelos representantes políticos no contexto europeu. O Partido Socialista, apoiado pelos restantes partidos de esquerda, abandonará seguramente aquela postura de subserviência aliada a uma inflexibilidade bacoca a que a direita, infelizmente, nos habitou. Assim deixaremos de ver os nossos representantes políticos encolhidos perante os mais fortes e apostados em tristes tentativas de prejudicar quem é mais fraco e pensa de forma diferente. Foram tantos os episódios pueris. Tantos e tão tristes. Imaginemos o seguinte cenário: a configuração política na Europa, designadamente entre os países que compõem a zona euro começa a sofrer alterações. Países como Espanha ou Irlanda passam a ter governos menos entusiasmado com a austeridade. Neste cenário, e

Santa paciência

Influenciada pelo espírito beato do novo ministro da Administração Interna - o mesmo que atestou a idoneidade de Ricardo Salgado - e depois de saber que o Dono Disto Tudo verá a sua pensão triplicar, para uns míseros 90 mil euros, só me ocorre dizer: santa paciência. Geralmente, associo mais estas peripécias de um país campeão das desigualdades à obscenidade no sentido pornográfico, barato e vulgar do termo, mas depois de ouvir o ministro da Administração interna, sinto-me inspirada, quiçá inspirada por Deus. O ministro da Administração Interna tem razão: Deus nem sempre é nosso amigo e não será seguramente amigo dos Lesados do BES e de todos os outros lesados - os portugueses. Mas Deus é amigo de Salgado. De resto, esta deve ser uma amizade profunda: pelo menos tem perdoado Salgado pelos seus pecados. Talvez seja tudo responsabilidade do Espírito Santo. Talvez Calvão Silva, o tal ministro da Administração Interna nos possa ajudar a compreender esta obscenidade. Seja como for, haja

Ainda vou ter saudades deste Governo

Se tudo correr de acordo com o previsto, o Executivo de Passos Coelho tem os dias contados. Não surpreende, afinal de contas perderam a maioria na AR e foram demasiados anos de arrogância, prepotência, ignomínia e incompetência. Com efeito, tudo indicaria ser impossível ter saudades do Governo apoiado na coligação PàF. E estranhamente parece não ser bem assim, de resto há um aspecto a ter em conta: poucos governos terão caído tantas vezes no ridículo como este que agora aparentemente se aproxima do fim. E quando pensávamos que a política não podia ser mais divertida, é então que aparece Calvão da Silva, novo ministro da Administração Interna, uma espécie de beato, apologista de referências medievais ("forças demoníacas" é simplesmente delicioso), uma espécie de figura anacrónica, tudo menos uma espécie de representante do Estado. As pressas e as negas a que Passos Coelho se sujeitou deram nisto. Ou seja, tudo isto prometia, não fosse a curta vida do Governo. As saudades

Deslumbramento da comunicação social

Uma eventual solução governativa de esquerda terá de contar, invariavelmente, com a comunicação social mais ideologicamente comprometida de que há memória. Esse comprometimento é visível há muito tempo, mas tornou-se escandaloso quer na campanha eleitoral, quer nos dias que se seguiram à desilusão de não ver uma maioria absoluta da direita. Se dúvidas persistem, recomenda-se alguma atenção a Francisco Assis. Este "socialista" tem todo o direito a discordar do rumo seguido por António Costa - o pluralismo, de resto, é apanágio das democracias -, mas existe também alguma dificuldade em compreender toda a atenção que o senhor em questão tem merecido. Francisco Assis, uma figura pouco relevante na cena política portuguesa, é agora o menino mais do que querido de boa parte da comunicação social. É escusado relembrar a multiplicidade de jornalistas, comentadores e afins que estão comprometidos com o ainda governo. Mas será uma opinião diversa da manifestada pela direcção dos p

A mudança pode estar a caminho

Espanha vai a eleições daqui a pouco mais de um mês e a última sondagem do El Pais mostra a possibilidade de o Partido Popular perder mais de 80 deputados, o PSOE perder cerca de 15, assim como de um resultado muito significativo para os movimentos Ciudadanos e Podemos. Outros partidos de esquerda poderão eleger um número significativo de deputados. No Partido Trabalhista inglês a escolha de Jeremy Corbyn mostra claramente a vontade de mudança e de um regresso aos valores socialistas do partido. A ver vamos como se comporta o Sinn Féin (partido veementemente contra a austeridade) na República da Irlanda. E em Portugal, a possibilidade de uma inédita união de esquerda é real e só parece contar com um óbice: o Presidente da República. Depois de anos de austeridade imposta pelos partidos pertencentes à família do Partido Popular Europeu, com a conivência dos partidos socialistas, muitos cidadãos europeus mostrar querem combater essa hegemonia. Os partidos e movimentos de cidadãos par

Esquerda

Existe uma inaudita preocupação com a fidelidade dos vários partidos de esquerda aos seus respectivos ideários. Aliás, não me recordo de assistir a tanta preocupação com os partidos de esquerda, sobretudo com Bloco de Esquerda e PCP, como nas últimas semanas. Existe a preocupação que os aludidos partidos, num contexto de uma possível solução de esquerda, repudiem às características ideológicas mais ou menos conhecidas, mais ou menos deturpadas. Por outro lado, existe também o receio contrário, um receio que se traduz na saída da UE e da NATO e da subsequente incapacidade do país respeitar os compromissos internacionais, por força da fidelidade que estes partidos têm em relação à sua ideologia. De resto, esta ideia tem sido usada, até à exaustão, pela coligação, jornalistas, comentadores do regime e até pelo próprio Presidente da República. Ora, o PCP, o BE e, até certo ponto do próprio Partido Socialista, não vão repudiar as características que compõem o seu ideário. O PS pode