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A mostrar mensagens de setembro, 2019

O excesso de confiança também se paga

António Costa não conseguiu ser bem sucedido em nenhum dos debates em que participou, não pelas razões mais óbvias e que se prendem com as parcas capacidades oratórias e dialécticas do primeiro-ministro, mas com o excesso de confiança e soberba que tem vindo a manifestar ao longo dos últimos meses, sobretudo no que diz respeito aos partidos que viabilizaram a solução governativa. A arrogância do primeiro-ministro, coadjuvado pelos apaniguados do costume, dos quais se destaca Carlos César, paga-se nas urnas. Ganha Rui Rio que consegue, por comparação nos debates, sair-se melhor do que o seu principal adversário, e ganha quem está à esquerda do PS. António Costa pode até nem ter pedido maioria absoluta, mas perdeu-a quando quis ser mais do que os outros e sobretudo quando quis colocar quem o viabilizou a sua governação num patamar bem mais abaixo. A factura, a real, está à sua espera nas urnas. Provavelmente uma factura bem mais pesada do que muitos julgariam possível.

Trump: Presidente dos negócios

Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, sempre se comportou como um homem de negócios que acredita que tudo é negociável, sobretudo quando se tem o poder do Presidente dos EUA. Depois de ter sobrevivido a outras acusações de traição, Trump confronta-se agora com a maior ameaça ao seu mandato, e sobretudo às suas perspectivas de reeleição. Depois da própria Casa Branca ter revelado as transcrições em que fica claro que o Presidente americano terá levado o Presidente ucraniano, Volodymir Zelenski a comprometer-se com uma investigação a  Joe Biden, possível adversário em 2020, a margem de manobra de Trump fica incrivelmente reduzida. Pelo caminho há muitos milhões de dólares que poderão ter sido utilizados como forma de "convencer" o presidente ucraniano a entrar no negócio que tem como objectivo prejudicar um adversário político. Difícil é encontrar postura mais grave por parte de um Presidente americano, desde Richard Nixon e o famigerado caso "watergate".

Odeio uma miúda de 16 anos, e agora?

É digno de registo verificar a quantidade de gente que odeia - o termo é mesmo o mais indicado - uma jovem de 16 anos, de seu nome Greta Thunberg, que tem andado por aí a lutar para que se responda à emergência climática. Se a forma escolhida pela jovem é a mais eficiente, é outra questão, mas mesmo que não o seja, nada justifica a torrente de ódio que por aí grassa. É também caso para se lançar um apelo a quem não só odeia Greta, como não se coíbe de andar pelas redes sociais a destilar esse ódio: façam uma introspecção. Procurem a origem desse ódio: é por se tratar de uma jovem? É por ser uma rapariga? É por ter mais massa cinzenta? É por ter coragem? Coisa que o frustrado de telemóvel na mão é incapaz de compreender, quanto mais e alcançar. Ou é pelo facto de ser uma jovem de uns meros 16 anos a falar a verdade que tanto custa ouvir? Será porque essa verdade, quando aceite, obriga a mudanças radicais? Ou será que a causa é bem mais singela? O ódio a si próprio. Coloquem a questã

Somos todos pelo clima

As manifestações, as greves levadas a cabo por centenas de milhares de jovens, o empenho do secretário-geral das Nações Unidas e a incansável dedicação da jovem Greta Thunberg já fizeram mais pela causa do que qualquer político ou conjunto de políticos. No entanto, e apesar de agora sermos todos pelo clima, com medidas pontuais quer por parte de uma classe política que ainda tem dificuldades em introduzir o tema no próprio discurso politico, quer por parte de empresas que sabem que este é bom marketing, a verdade é que nada de substancial mudará enquanto o capitalismo continuar a ser capitalismo e enquanto os cidadãos escolherem verdadeiros mentecaptos dotados de um misto de ignorância e irresponsabilidade nunca antes visto para tomar as decisões políticas. A própria classe política portuguesa, talvez com excepção do CDS que ainda não percebeu este novo contexto,procura estar na linha da frente do combate às alterações climáticas, uns de forma mais coerente, outros mais hipócrit

A grande impossibilidade

A questão climática passou a fazer parte dos programas de quase todos os partidos, o próprio Rui Rio quando questionado sobre as suas preocupações climáticas esganiçou a voz e declarou-se inteiramente pelo ambiente, deixando cair as críticas feitas ao governo socialista a propósito do aumento do imposto sobre combustíveis. No entanto, o que Rui Rio não disse, mas que sabe, seguramente, é que é impossível fazer verdadeiramente face à emergência climática neste sistema económico. E é também esse o principal desafio dos partidos políticos: como apresentar um plano sério de combate aos efeitos devastadores e potencialmente promotores do fim da espécie humana e continuar a viver num sistema económico que se alimenta do crescimento e das desigualdades? Esta campanha eleitoral, em particular, é a mais hipócrita de que há memória, sobretudo porque agora todos temos conhecimento da dimensão do problema e fingir que conseguimos resolver ou minorar os seus efeitos com medidas avulsas que não

Uma indesejada maioria absoluta

O segredo do sucesso desta legislatura, que agora se aproxima do fim, prende-se com a inexistência de uma maioria absoluta e da subsequente necessidade de se estabelecer acordos. É bem verdade que a história da democracia portuguesa, e não só, está pejada de casos em que os acordos falharam, como a chamada "geringonça" só terá sido possível graças à existência de um adversário comum a toda a esquerda: o PSD de Pedro Passos Coelho, facto que desta feita não se repetirá. O Partido Socialista já aparece com maioria absoluta em algumas sondagens e, embora António Costa não a apregoe com particular entusiasmo, é também evidente que uma maioria absoluta seria ouro sobre azul para o PS. Porém, o mesmo não se pode dizer para o país. Uma maioria absoluta implica que os partidos à esquerda do PS deixariam de puxar a governação para a esquerda. Nesse contexto, o PS acabaria atraído pelo centro-direita, invariavelmente disfarçado com as vestes socialistas, mas muito longe das polí

As apostas de Rui Rio

Rui Rio voltou a cair no desnorte a que já nos tinha habituado. Desta feita no debate com Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda. Depois de ter conseguido um ou outro vislumbre de normalidade, voltou ao registo do costume: um misto de sobranceria e incapacidade de mostrar ao que vem. Visivelmente revoltado com as sondagens que invariavelmente dão um resultado trágico para o PSD, e depois de ter ficado visivelmente irritado quando Catarina Martins fez observações a propósito da relutância de Rio em ser deputado. " Quem se candidata tem de respeitar quem elege" terá sido a frase a provocar maior irritação, o presidente do PSD volta a dar novos tiros no pé. Sucintamente, Rio mostrou toda a sua indignação relativamente à vasta panóplia de sondagens manifestamente desfavoráveis. Perante um cenário dantesco, Rio vira-se contra essas sondagens e pergunta se vai uma aposta em como estão todas erradas. Até seria caso para rir, não fosse a forte sensação que vergonha alh

E subitamente... um estranho fascínio com museus

O museu, melhor dizendo, centro interpretativo do Estado Novo, já provoca um estranho fascínio, mesmo antes de abrir, mesmo enquanto mero projecto. De repente são muitos os que vem a público defender a importância de um museu sobre Salazar - por muito que os responsáveis pelo projecto se desdobrem em entrevistas alegando o contrário, a verdade é que a localização mostra-nos boa parte da intenção. De resto, a insistência com a localização e o entusiasmo do autarca de Santa Comba Dão são particularmente elucidativos. E de repente muitos se interessam sobre a divulgação e estudo sobre este período histórico: e de repente muitos afirmam estar contra uma espécie de censura ou branqueamento da história´. Confesso que é surpreendente a existência de tantos a clamarem pelas liberdades e pela importância da História. Será um renascimento para estes assuntos ou será que se perdeu o pouco que restava de vergonha em esconder o fascínio com Salazar, uma criatura carregada de mitos? Seguramen

Um arranque tardio

O PSD esteve praticamente sem liderança, até agora. Rui Rio, Presidente do Partido, reduzido ou ao disparate ou até mesmo à insignificância, parece ter acordado agora para uma realidade que lhe é manifestamente desfavorável. Rio mostra-se mais combativo nos debates televisivos, mesmo que ocasionalmente conte com adversários que julgam colher dividendos nas indefinições e nas subsequentes contradições, como é o deputado do PAN, André Silva. No entanto, o arranque de Rio será tardio. O líder do PSD não conta com uma imagem favorável junto da opinião pública, por um lado, e, por outro, não tem o partido verdadeiramente do seu lado. De resto, há quem aguarde com ansiedade pela queda de Rio, uma óbvia inevitabilidade. Só falta saber a real dimensão dos estragos. Seja como for, e com o destino traçado, apesar deste arranque, Rio coze em lume brando, enquanto o partido aguarda por uma nova liderança, longe da social-democracia de que todos apreciam falar. Seja como for, o que aí vem, par

O prenúncio de um desastre à direita

A campanha para as eleições de 6 de Outubro já está na rua, mas ninguém, à direita, consegue esconder o desastre que se anuncia. E nem sequer é necessária muita atenção para se perceber o peso que esmaga ambas as candidaturas, a do CDS e sobretudo a do PSD. Assunção Cristas, sem saber para que lado se virar desde que Rio assumiu a liderança do PSD, procura assegurar que não perde votos. Convencida de que o CDS estará longe de aumentar o número de votos, tudo se resume agora a não perder e, sobretudo, a não perder por muito. Rui Rio, por sua vez, incapaz de se fazer sequer compreender, vai piscando o olho ao Partido Socialista, convencido que essa será a sua derradeira hipótese de conservar o lugar. No entanto, é também evidente que Rio não se manterá na liderança do PSD em qualquer um dos casos: o de perder clamorosamente as eleições e aquele ainda menos provável que seria uma hipotética aliança com o PS. A primeira hipótese dispensa fundamentação e a segunda prende-se com a mais