António Costa não conseguiu ser bem sucedido em nenhum dos debates em que participou, não pelas razões mais óbvias e que se prendem com as parcas capacidades oratórias e dialécticas do primeiro-ministro, mas com o excesso de confiança e soberba que tem vindo a manifestar ao longo dos últimos meses, sobretudo no que diz respeito aos partidos que viabilizaram a solução governativa. A arrogância do primeiro-ministro, coadjuvado pelos apaniguados do costume, dos quais se destaca Carlos César, paga-se nas urnas. Ganha Rui Rio que consegue, por comparação nos debates, sair-se melhor do que o seu principal adversário, e ganha quem está à esquerda do PS. António Costa pode até nem ter pedido maioria absoluta, mas perdeu-a quando quis ser mais do que os outros e sobretudo quando quis colocar quem o viabilizou a sua governação num patamar bem mais abaixo. A factura, a real, está à sua espera nas urnas. Provavelmente uma factura bem mais pesada do que muitos julgariam possível.
Para a construção de uma sociedade justa e funcional é necessário que a política e que os políticos se centrem na consolidação de três elementos: a protecção do ambiente, o bem-estar social com a necessária eficácia económica e a salvaguarda do Estado democrático. No entanto, estamos a falhar clamorosamente o primeiro objectivo, o que faz com tudo o resto seja inexoravelmente sem importância.