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A mostrar mensagens de outubro, 2017

Marcelo, o adorado

Muitos, incluindo à esquerda, viram em Marcelo um aglutinador de vontades, um Presidente empenhado em fazer da união a sua marca, alguém que poderia viabilizar a chamada "geringonça". Enganaram-se. Marcelo está longe de ser o que tem sido propalado, apoiando-se num populismo baratucho disfarçado de afectos aos montes. Quanto ao episódio em que Marcelo puxa as orelhas ao Governo, incapaz de não cavalgar a desgraça dos incêndios, nem uma palavra quanto ao facto de já ter conhecimento de que a ministra da Administração Interna seria demitida, preferindo passar a ideia de que seria ele, o Presidente, a exigir essa demissão. Nem uma palavra quanto à dissimulação. Obviamente. Com Marcelo virão novas surpresas desagradáveis. Em primeiro lugar estará ele próprio, o mais amado dos amados, numa espécie de messianismo que nunca, verdadeiramente, ultrapassámos. O primeiro-ministro existe, mas na condição de estar em segundo plano; os portugueses têm de continuar a amá-lo, a si, Mar

Catalunha: pior dos caminhos

D epois de tanta intransigência do Governo espanhol e depois ainda de Puigdemont, Presidente da Generalitat catalã, ter sido encostado à parede até pelos próprios parceiros de coligação este decidiu transferir a decisão da independência para o Parlamento catalão que a aprovou. Importa lembrar que com a independência virá também a mudança de regime: a república. Todavia, escolheu-se o pior dos caminhos, aquele que se encontra repleto de incógnitas, clivagens e provavelmente violência. Certezas, aparentemente, só relativamente à realização de eleições antecipadas. E m contrapartida e praticamente em simultâneo, o Senado espanhol aprovava a aplicação do artigo 155 que pressupõe a suspensão da autonomia numa espécie de carta branca para que o Governo espanhol reponha a legalidade. Novamente o pior dos caminhos, o que se poderá degenerar em mais divisões e em violência. Assim, as questões que se colocam são as seguintes: e se tivesse existido diálogo? E se Rajoy tivesse deixado cair

Santana Lopes: candidatar-se por Portugal

Incapaz de ficar longe das luzes da ribalta, Pedro Santana Lopes candidata-se à liderança do PSD, ou me melhor dizendo PPD-PSD. Assim, e já em plena campanha, o candidato arrepia caminho em entrevistas. Na última afirmou candidatar-se por Portugal, numa espécie de mito do herói desejado. E embora já tenha passado até pelo cargo de primeiro-ministro, ainda se jullga desejado. E talvez não esteja errado a respeito disso mesmo. Na mesma entrevista Santana Lopes dá pistas sobre aquela que será a sua estratégia. Já percebeu que a acrimónia de Passos Coelho não resultou, mas também tem consciência de que não pode antagonizá-lo, sob pena de perder o apoio e votos dos seus órfãos. Santana Lopes chegou a uma conclusão: a estratégia de Passos Coelho, sempre em tons de cinzento, já não produz os efeitos desejados, sobretudo agora que existe uma outra solução política que aplica uma estratégia oposta, obtendo melhores resultados. Santana Lopes sabe bem que os cidadãos, mais ou menos informados,

Perante o vazio  de ideias

A vida não estava a ser fácil para a direita, tanto mais é assim que a própria liderança do PSD acabou por soçobrar às mãos do sucesso da solução governativa de esquerda e perante o mais absoluto vazio de ideias. Depois da Europa ter abrandado a fome de austeridade (entre outras razões, ter-se-á apercebido que existem problemas incomensuravelmente mais graves do que a consolidação das contas públicas de Portugal e Grécia, sendo o Brexit um bom exemplo dessa enormidade de problemas com que a Europa se confronta), ter-se registado uma melhoria da economia mundial, por precária e efémera que seja, e depois ainda da actual solução governativa ter demonstrado que se podia ter as contas em ordem sem dar cabo da vida dos cidadãos, a direita viu-se confrontada com um enorme vazio de ideias, depois de ter aplicado um enorme aumento de impostos. A comunicação social tem a seu cargo o desgaste diário da actual solução governativa, procurando, quer através da selecção das notícias, mas também

Moção de censura

Já são perto de 30, mas quem está a contar? E apenas uma resultou na queda de um Governo - o de Cavaco Silva, não se tendo perdido, verdadeiramente, nada. Agora é a vez do CDS, a reboque da tragédia dos incêndios, procurando vender uma explicação simplista, apanágio da demagogia: a responsabilidade dos incêndios e da tragédia que os mesmos causaram são responsabilidade do Governo de António Costa, desde logo porque em quatro meses - desde Pedrogão - não se fez o que em quatro décadas não se tem feito. Assunção Cristas, líder do partido desde a saída do famigerado Paulo Portas, tem-se sentido bem. Com um PSD apagado e em transição, o CDS procura crescer, mas apenas em número de votantes, porque em matéria de maturidade política o que se tem visto sob esta liderança deixa muito a desejar: demagogia barata, ausência de ideias e de projectos e um simplismo hediondo. Afinal de contas, e em muitos casos, tem sido precisamente essa a receita para ganhar eleições. Apoiado por um PSD à pr

PSD: Clarificação ideológica

Considerado um "catch all party", o partido que pretende chegar a todos, numa tradução particularmente livre, o PSD prepara-se para uma nova liderança, sendo que um dos candidatos - Pedro Santana Lopes - promete uma clarificação do partido. Não se sabe se essa será uma clarificação também ela de natureza ideológica, mas se for, em que espaço ideológico ficará o PSD? Continuará na senda do neoliberalismo, caminho percorrido, com especial, prazer por Pedro Passos Coelho? E o que será feito dos herdeiros do ainda Presidente do partido? Rui Rio, aparentemente, ainda terá a social-democracia na cabeça, o mesmo não se passará com Pedro Santana Lopes que dificilmente resistirá ao populismo que lhe é inerente e, consequentemente, apelará ao séquito de Passos Coelho com as políticas de centro-direita, a resvalar para o misto de neoliberalismo e mediocridade a que Passos Coelho nos habitou. Pese embora um certo falhanço do neoliberalismo na Europa, a verdade é que ele, um pouco me

Artigo 155

A í está o famigerado artigo 155 da Constituição espanhola, finalmente evocado por Mariano Rajoy. Quer isto dizer que se suspende a autonomia da região da Catalunha e governa-se a partir de Madrid. Ora e apesar das pretensas ilegalidades cometidas pela Generalitat e profusamente evocadas por Rajoy, a verdade é que a aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola pressupõe o enfraquecimento da democracia, não serão os representantes eleitos para governar a região a tomar decisões, mas sim o poder central. Indiscutivelmente assiste-se a uma perda de soberania. O resultado da suspensão da autonomia anula também qualquer espécie de diálogo e espera-se assim uma maior pressão por parte dos independentistas. Espera-se em consequência, uma declaração formal e inequívoca de independência. Está em jogo a autonomia, a monarquia, e agora, mais do que nunca, a própria legítimas aspirações democráticas dos Catalães. Rajoy espera dobrar os independentistas, através, num primeiro momento,

"Enquanto fui ministra não houve uma tragédia de grandes proporções"... isso e pode ser que chova. Rezemos.

Percebe-se que Assunção Cristas se sente galvanizada com os resultados obtidos em Lisboa; compreende-se que Cristas se sinta satisfeita por ninguém falar de Paulo Portas; compreende-se ainda que a líder do CDS encontre particular felicidade no facto de, perante o quase vazio de poder no PSD e face ao enfraquecimento do maior partido de direita, o seu próprio partido tenha vindo a sentir um novo alento. Mas não resistir a tanta demagogia sobretudo em tempos difíceis não a engrandece como a ex-ministra da Agricultura e afins poderá pensar. Enquanto foi ministra o seu Governo aplicou cortes nas florestas e incrementou a plantação de eucalipto com as consequências que todos conhecemos, e nos intervalos rezava para que chovesse. Agora, emproada na bancada da oposição, sente que vale tudo para deitar o Governo abaixo e sente sobretudo que este seria o melhor momento para que isso acontecesse: tem do seu lado os resultados positivos das autárquicas, a par de um PSD em gestão, à espera de

Demissões

A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, demitiu-se e Costa aceitou, consequência directa da intervenção do Presidente da República que num discurso repleto de "recados", passou ao lado do essencial: a necessidade de todos os agentes políticos e da sociedade no seu conjunto encontrarem caminhos para minimizar os efeitos de um clima que, por muito que por aí se apregoe, já não é o que era, para além de caminhos para combater todos os que de forma mais ou menos deliberada têm responsabilidades pela destruição da floresta. No dia seguinte a mais uma tragédia que resulta de incêndios, não parece haver ponderação suficiente para que se investigue, a fundo, a razão para o que aconteceu naquele fatídico dia, e muito menos haverá tempo para esperar pelas conclusões das investigações. Não podemos honestamente considerar que a existência de mais de 500 ignições entra num contexto de normalidade, nem podemos acreditar que este ou qualquer outro Estado têm meios

Responsabilidade política

Ora aí está uma conjugação de palavras que dará pano para mangas, pelo menos enquanto a comunicação social assim o desejar. Depois de mais uma tragédia fruto dos incêndios, vozes se levantam, nos partidos de direita e na comunicação social, clamando por responsabilização do Governo, que se consubstanciará na demissão da ministra e quem sabe do próprio primeiro-ministro. O problema é sempre político, embora seja também cultural. O problema é político, desde logo porque é competência do Estado salvaguardar a segurança dos seus cidadãos e, no que toca a incêndios, o Estado falhou, como tem falhado nas últimas décadas. O que as alterações climáticas têm vindo a produzir tornou esses falhanços tragicamente mais evidentes. E o Estado falha sobretudo na divulgação de informação e na fiscalização. Nem tão-pouco olha com a atenção devida para os negócios que por aí proliferam à custa da florestaqueimada. Por outro lado, são conhecidos as más práticas na floresta. A título de exemplo e segun

Catalunha ainda sem solução

Recorde-se que o Governo espanhol tinha dado um ultimato a Puigdemont, presidente do Governo da Catalunha: tinha até segunda-feira, às 10h, para clarificar a questão da independência, sempre com a ameaça da suspensão da autonomia como pano de fundo. Ontem esse prazo chegou ao fim, e o Governo espanhol decidiu dar até à próxima quinta-feira, data em que Puigdemont deve fazer não só a clarificação como explicar ao Governo central como vai repor a legalidade. Puigdemont, por sua vez, enviou carta a Rajoy propondo a abertura ao diálogo, sem no entanto fazer qualquer clarificação quanto à questão da independência, apontando, ao invés, para um prazo de dois meses para que sejam encetadas conversações. O que se depreende destes novos prazos é que ambos os lados parecem dispostos apenas a ganhar tempo, sobretudo a Generalitat de Puigdemont. Com efeito, nem mesmo o Governo espanhol se mostrou assim tão empenhado em evocar o famigerado artigo 155 da Constituição e subsequente suspensão da

OE 2018: Uma boa e uma má notícia

O Orçamento de Estado (OE) 2018 já é conhecido e pode ser, de forma talvez abusivamente sucinta, caracterizado pelo alívio fiscal nos rendimentos do trabalho e num aumento de impostos em produtos como o açúcar, sal, automóveis, tabaco, etc. Paralelamente é possível verificar que existirá alguma reposição de rendimentos retirados pelo anterior Governo. Os partidos de esquerda, procurando conservar a sua personalidade, não se comprometem com este OE, esperando-se alguma margem por parte do PS para negociar com estes partidos. Relativamente aos partidos de direita, Maria Luís Albuquerque, que ocupou o cargo de ministra das Finanças, considera que o OE segue uma “estratégia errada”, classificando-o como uma oportunidade perdida. Recorde-se que estas são palavras proferidas por quem empobreceu o país, a coberto da troika, e que se pudesse teria ido ainda mais longe nesse empobrecimento, enquadrado numa espécie de neoliberalismo à moda do burgo - um misto de ideologia neoliberal e de i

PSD: um novo capítulo?

Como será o PSD depois de Passos Coelho? Poder-se-á falar num novo capítulo da história do partido? Duas figuras de proa avançam com candidaturas que procurarão dar uma outra imagem ao partido: menos cinzenta, mais social-democrata, mais próxima dos cidadãos. Um - Santana Lopes - não quererá ouvir falar em bloco central; já Rui rio parece mais próximo dessa ideia. Um - Santana Lopes - falará do PPD-PSD e da sua herança até à exaustão; outro - Rui Rio - tentará ir pela via social-democrata, afastando-se da deriva neoliberal de Passos Coelho, o que lhe poderá custar votos entre os apaniguados do ainda líder do partido. A conjuntura não é a melhor: a geringonça, apesar de um ou outro percalço, vai permanecendo, com o beneplácito do Presidente da República. As condições económicas são claramente favoráveis e muitos continuarão, pelo menos nos próximos tempos, a associar a imagem do PSD ao Diabo que nunca chegou. Por outro lado, há uma quantidade indeterminada de órfãos de Passos Coelh

A quase independência da Catalunha

A independência da Catalunha acabou mesmo por ser declarada, mas com efeitos suspensos. O Governo espanhol responde pedindo esclarecimentos sobre esse pedido de independência, esperando-se a suspensão da autonomia da região. E já anteriormente o ministro da Justiça espanhol declarou que o Governo não será alvo de chantagem pelo Sr. Puigdemont, líder da Generalitat que procurou abrir a porta ao diálogo, para rapidamente ver essa possibilidade inviabilizada pelo Governo espanhol.  De um modo geral, e apesar da rapidez dos acontecimentos, parece que a intransigência de Rajoy manter-se-á. Com efeito, o líder do Governo espanhol quer uma vitória total sobre as pretensões independentistas catalãs, não se mostrando interessado numa meia-vitória. Rajoy insistirá em esmagar a deriva independentista, fazendo da Catalunha um exemplo do que pode acontecer caso se coloque em causa a unidade do país. Paralelamente, este imbróglio até dá jeito a um líder fraco que vê uma oportunidade de mostrar qu

A questão catalã e a inexistência de diálogo

O Governo Catalão prepara-se para declarar a independência, em função dos resultados do referendo de dia 1 de Outubro. Não há certezas quanto à forma como o Governo espanhol reagirá a essa declaração de independência, mas suspeita-se que Rajoy poderá tentar recorrer ao artigo 155 da Constituição para tomar as rédeas do próprio Governo regional e eventualmente procurar deter o líder da Generalitat. A inexistência de diálogo é o sinal mais inequívoco de que tudo se poderá complicar. Rajoy, líder fraco e sem grande apoio, encontrou na questão catalã o cavalo de batalha que lhe pode permitir algum fortalecimento. Esta é aliás uma questão antiga e terá sido o próprio Rajoy, ainda nos tempos idos em que não ocupava o cargo que ocupa hoje, a movimentar-se com o objectivo de travar as pretensões autonómicas desta região espanhola. Todavia, essa falta de diálogo - a recusa em ouvir os catalães, os mais e os menos independentistas, terá um preço que não se sabe se o próprio Rajoy estará dis

Os maus resultados do PCP e o futuro da “geringonça”

O s maus resultados do PCP, designadamente da CDU, no contexto autárquico deve-se, muito provavelmente, a um conjunto de razões que podem partir da redução da abstenção com novos votantes a procurarem a mudança em autarquias tradicionalmente comunistas; p elo expectável desaparecimento de votantes pertencentes a gerações mais antigas; culminando provavelmente com movimentos cíclicos em que o PCP sai beneficiado com o voto de protesto, o que não se verificou tendo em conta a inexistência de razões para esse voto. A reação da cúpula do partido não podia ter sido pior, chamando a atenção, desde logo, para um potencial arrependimento do eleitorado e, num segundo momento, apontando o dedo aos restantes partidos da “geringonça”, acusando-os de culpa pelos maus resultados da CDU. Ora, o absurdo e a cobardia parece terem tomado conta da Soeiro Pereira Gomes, acontecimento, aliás, que não será inédito entre os comunistas, sobretudo em tempo de vacas magras. No entanto e apesar desse ab

Reza-se e promete-se muito pouco

Depois de cada tragédia envolvendo armas nos EUA, condena-se, reza-se e agora promete-se pouco, muito pouco, sobretudo entre membros do Partido Republicano. Naquele que é já considerado o mais mortífero ataque dos tempos modernos  envolvendo armas, condenou-se e rezou-se. Quanto à questão central - a proliferação e facilidade na aquisição de armas - nem uma palavra, designadamente do  Presidente americano que insistiu em puxar pela protecção divina , sendo que a explicação assente na doença mental repete-se até à exaustão. E desenganem-se aqueles que eventualmente pensam que aquele não seria o momento para se abordar a questão e que a mesma será tratada em tempo devido. Não será, nem agora, nem tão cedo. Sabe-se que nas hostes do partido Republicano o direito de possuir armas não é discutível. Trata-se afinal de um direito constitucional que se sobrepõe à segurança pública. Repete-se: o direito constitucional de porte de arma está acima da segurança de todos. E contra isto, aparent

Não deixará saudades

Incapaz de ajustar à nova realidade, porque é nesse momento que se vislumbra o seu fim, Passos Coelho abandona a liderança do PSD, deixando caminho livre para que das guerras intestinas, perdão primárias, saia um líder. E a nova realidade foi a total incapacidade de formar uma maioria parlamentar, deixando espaço a que António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins se entendessem. Dois anos volvidos, ansioso por um Diabo sob a forma de novo resgate, o líder do PSD, apesar de não considerar os resultados autárquicos tão negativos como se chegou “a pintar”, considera ainda assim não reunir condições para continuar. Num discurso para as hostes sociais-democratas, o ainda líder do partido não deixou cair a sua propensão para a vitimização e para a incompreensão, relevando, uma vez mais, o facto da comunicação social não o ter compreendido, mostrando esta apenas aspectos negativos da sua liderança. Não se chega a perceber de que comunicação social é que Passos Coelho fala, sendo

Autárquicas: o fim de Passos Coelho

O s resultados das eleições autárquicas não foram particularmente surpreendentes: o Partido Socialista viu a sua dimensão autárquica aumentar. Quanto aos restantes partidos da esquerda, os resultados terão ficado aquém do desejado pelos mesmos. Quanto ao CDS o seu crescendo prende-se com a decadência do PSD. E o CDS apenas conseguiu chamar a si votos de quem já se apercebeu que Passos Coelho está politicamente acabado, sem discurso, desorientado e apostado em fazer escolhas verdadeiramente desastrosa s como terá sido o caso de Teresa Leal Coelho para a Câmara de Lisboa. E o fenómeno das candidaturas independentes terá igualmente contribuído para a perda de votos e de mandatos do PSD. Sobretudo do PSD. De um modo geral, o PSD sofreu uma derrota impossível de ignorar, cujo melhor exemplo será precisamente o resultado do partido em Lisboa. A tal leitura nacional que tem alimentado os pesadelos de Passos Coelho tornou-se um imperativo, e o resultado dessa leitura será a contesta

Votos e bastonadas

A Catalunha procura a sua independência desde o século XVII. As revoltas ora com o apoio do reino francês, ora com os austríacos foram reprimidas e o aumento de autonomia conseguido no início do século XX acabou condicionado por Primo de Rivera e depois severamente cerceado por Francisco Franco. A democracia trouxe naturalmente mais autonomia, com o reconhecimento da língua catalã, reconhecimento da nacionalidade, criação da Generaliat e do Parlamento – o Estatuto da Autonomia para a Catalunha. Esses avanços, no entanto, poderiam ir mais longe, através de um compromisso espanhol para reforçar a autonomia que incluía a questão dos impostos que acabou travada pelas autoridades espanholas e cujo papel principal pertenceu ao Partido Popular. E em 2014 são anulados 14 artigos – um sucesso para o PP e uma desilusão para a Catalunha. A par deste defraudar de expectativas veio a austeridade também ela com o rosto de Rajoy – um forte contributo para o fim do diálogo. O referendo de ontem