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A mostrar mensagens de outubro, 2015

Dualidade de critérios

Nunca o país, sobretudo no que diz respeito à comunicação social, se mostrou tão exigente com os políticos. Não com todos os políticos, mas com os políticos que integram os partidos de esquerda e que se preparam para apresentar uma solução política em oposição à "solução" apresentada pelo Governo de Passos Coelho. Se dúvidas existem sobre esse acréscimo de exigência, sugere-se o seguinte exercício: assistir aos canais de televisão (com especial relevo para o canal público RTP1) e passar os olhos pelos jornais. A exigência que se pede aos partidos de esquerda, e que não há memória de ter sido sequer aflorada nos partidos de direita, é comparativamente incomensurável. Dir-se-á, numa tentativa de enquadrar tudo num contexto de normalidade, que esta solução avançada pela esquerda é inédita. É bem verdade que sim, mas só esse facto não justifica tão acentuada dualidade de critérios. Por que razão se exige tanto da solução de esquerda e se lidou com tanta naturalidade com a inex

Deprimente

O novo Executivo de Passos Coelho é simplesmente deprimente e sintomático de um Governo a prazo, a muito curto prazo. Deprimente por ver tantas vezes as mesmas caras e por ver novas (velhas) com passados intrinsecamente ligados ao pior que o país tem para oferecer como é o caso do BES. Em 2013 o novo ministro da Administração Interna, Calvão da Silva, atestou a idoneidade de Ricardo Salgado que serviu de defesa junto do Banco de Portugal. O agora ministro sustentou a sua tese na peregrina ideia da importância da solidariedade na sociedade, referindo-se à famosa prenda de 14 milhões que Ricardo Salgado recebeu de um empresário. Podia ser uma piada, mas não é. Seja como for, a pessoa em questão será agora ministro de um dos governos de menor duração da história da democracia portuguesa. Deprimente será também ver aquele conjunto de pessoas tomarem posse para desempenharem funções efémeras, tudo isto porque o Presidente da República insiste em viver com um desfasamento de mais de 40 an

Luaty Beirão

Luaty Beirão decidiu colocar um ponto final na greve de fome. A pressão familiar foi compreensivelmente decisiva para a decisão do activista angolano perante a inflexibilidade do regime ditatorial que assombra aquele país e que teria Luaty morrer de fome, sem grandes sobressaltos. A decisão de Luaty Beirão entrar em greve de fome e as subsequentes semanas de definhamento trouxeram nova visibilidade à questão do regime angolano.  Luaty e seus companheiros reforçaram a ideia de que esse regime pode e deve ser combatido e de que existe uma crescente disponibilidade nesse sentido. Quanto à postura das autoridades portuguesas, mais do mesmo: pusilanimidade, conivência, comprometimento com os negócios e só com os negócios, sempre e apenas com os negócios. Assim sendo, não vale a pena inquietar quem desrespeita grosseiramente dos mais básicos direitos humanos. Os democratas angolanos contarão com o apoio de muitos portugueses; o Governo suportado pela coligação apoiará o regime e os negó

Surpresas

Antes e durante o período eleitoral o país, aos olhos dos ilustres membros e apologistas da coligação PàF, caminhava a passos largos para a recuperação; o país estava bem e recomendava-se. Sem programa eleitoral digno desse nome e com um passado repleto de incompetência, ignomínia e mentiras, a coligação preferiu apontar direcções a um futuro esplendoroso. Todavia, a história está longe de ser aquela que foi contada antes e durante a campanha eleitoral e muitas surpresas se avizinham. A primeira já chegou: a devolução da sobretaxa vai ser afinal ridiculamente menor do que aquela anunciada antes e durante a campanha eleitoral. Ou seja, os funcionários públicos vão receber muito menos do que o prometido - facto conhecido desde Fevereiro, mas convenientemente escondido. Mas mais do que se esconder, mentiu-se. É simples, mentiu-se, mais uma vez mentiram. E o que nos espera do BES ou de outros bancos? E haverá ou não aumento de custos com as PPP's? E em que estado está a Caixa Gera

E é assim que se une um partido

A existência de vozes dissonantes no seio do Partido Socialista era conhecida e podia ter sido aproveitada pela direita. Podia ter sido, mas não foi. Cavaco Silva ao proferir um dos discursos mais antidemocráticos de que há memória, acabou por unir aquilo que estava potencialmente desunido. O tiro terá sido pela culatra. A reacção imediata dos partidos de esquerda foi precisamente a união e coesão, precisamente o contrário que Cavaco pretendia. A existência de um inimigo externo causa, amiúde, a união de um grupo que encontra um forte elemento em comum e que os une: a existência de um inimigo externo, sobretudo se este se manifestar contra a existência do referido grupo. Não se percebe se terá sido inépcia, mas o facto é que a tentativa ignóbil do Presidente da República foi contraproducente e resultou na união interna do PS e da combinação PS/BE/PCP/PEV. E como Francisco Louça bem referiu "ninguém quer ser o Cavaquista do PS". Resta ao Presidente esperar pela moção d

Grau zero da política

Cavaco Silva representa o grau zero da política e se dúvidas existissem, no dia 22 de Outubro, ainda Presidente teve o condão de as dissipar. Cavaco Silva não surpreendeu ao indigitar Pedro Passos Coelho, mas quando muitos esperavam que o pior já tinha passado, Cavaco profere um discurso que prova que este não é um Presidente de todos os portugueses. Caracterizar o discurso do Presidente como sendo irresponsável, é manifestamente escasso para descrever o que se passou ontem à noite – Cavaco desrespeitou os deputados eleitos, desrespeitou os eleitores dos partidos à esquerda do PS e, por inerência, desrespeitou a democracia. Mas Cavaco vai mais longe: procurou pressionar deputados – eleitos representantes do povo – no sentido de se comportarem como Cavaco pretende. Cavaco podia simplesmente indigitar Passos Coelho com o pressuposto da tradição, apenas indigitar com esse fundamento. Mas não, o Presidente de alguns portugueses não resistiu e comportou-se como o chefe da pandilha – na

Esclarecedor

Os dias subsequentes ás eleições de dia 4 de Outubro têm sido particularmente esclarecedores. Desde logo ficamos esclarecidos quanto às intenções de todos aqueles que, pese embora não reúnam condições de governabilidade, insistem que devem ser eles os escolhidos, pela prosaica razão de terem ficado em primeiro lugar. Pouco interessa serem incapazes de governar e menos interessa ainda que exista uma solução de maioria, o que imperativo é não perder o poder. Curiosamente, há quem se mostre disposto a tudo para se manter no poder: aceitar o que durante mais de quatro anos terá sido simplesmente impossível de aceitar e prescindir de posições na hierarquia como se tudo se resumisse a questão de lugares. Estes dias e os anteriores têm sido esclarecedores no que toca à forma como a generalidade da comunicação social trata quem não está ligado aos partidos dos negócios. Se antes das eleições as diferenças de tratamento eram mais do que evidentes, agora é simplesmente escandaloso. Perante a

São muitas horas de televisão

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou finalmente a sua candidatura à Presidência da República. São muitas horas de televisão - é o que me apraz dizer. Quanto aos apoios dos partidos de direita, não se coloca qualquer espécie de óbice, Marcelo é um potencial vencedor e é sobretudo isso que interessa, as eventuais divergências são facilmente ultrapassadas perante a vitória tão desejada. De resto, é preferível ter um Presidente da mesma cor política, é um facto. A hipocrisia é ignorada por todos. Marcelo Rebelo de Sousa conta com muitas horas de televisão em oposição a candidatos que são ilustres desconhecidos. A televisão é, ainda, a melhor forma de se vender um candidato. A passagem de Marcelo pela televisão não será totalmente indissociável da sua vontade de se candidatar à Presidência da República. Seja como for, são muitas horas de televisão - uma clara vantagem para o Sr. Professor que conta com uma comunicação social rendida aos seus "encantos" e determinada a manter o stat

Um prosaico exercício de futurologia

Não sendo muito dada a exercícios de futurologia, confesso ser difícil resistir à tentação de conjeturar sobre o que aí vem. O mais natural seria Cavaco Silva perante um cenário de ingovernabilidade, questionar António Costa sobre uma solução encabeçada pelo PS com o apoio dos partidos de esquerda - uma solução que dê mais garantias de estabilidade pela simples razão de se tratar de uma solução maioritária. Ou dito por outras palavras, se António Costa apresentar uma solução de maioria, mesmo apenas com apoio parlamentar, e se o mesmo António Costa e os partidos mais à esquerda manifestarem intenção de chumbar um eventual programa de Governo da coligação, então a solução à esquerda devia ser a escolhida. Isto num contexto de normalidade e maturidade democrática. Mas como a lógica e a dita maturidade democrática são amiúde relegadas para um segundo plano, o Presidente indigitará Passos Coelho como primeiro-ministro, deixará este formar governo e assistirá ao chumbo do programa de Gov

Uma modesta adaptação

Karl Marx dizia que todos os factos e personagens de importância na história do mundo acontecem duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Tomo a liberdade de fazer uma adaptação para o contexto político português com uma ressalva: Passos Coelho não tem qualquer importância no mundo. Mas ainda assim ele acontece duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa. Embora me sinta forçada a reconhecer que "tragédia" e "farsa", quando falamos de Passos Coelho, se cruzem com demasiada frequência.

Antes de o ser, já o era...

Antes mesmo de existirem quaisquer certezas quanto a uma solução política de esquerda - Partido Socialista com apoio parlamentar da CDU e do BE - já o PS havia sido condenado. Sem dó, nem piedade, dentro e fora do partido. A ideia de quem ganha é deve formar governo, mesmo em minoria, pese embora exista uma solução maioritária - ideia baseada numa tradição - é uma visão exígua da correlação de forças que deve ser intrínseca à própria democracia. Tudo indica que o Presidente da República vai manter-se fiel à tradição e indigitar Passos Coelho, mesmo correndo o sério risco de ver o programa da coligação chumbado no Parlamento, ignorando PS/BE/CDU e arrastando o país para longos meses de paralisação. Para um dos maiores arautos da estabilidade, as contradições são incomensuráveis. Antes de o ser, o PS já era condenado ao fracasso. Os preconceitos e a ignorância aliadas a uma acentuada ausência de cultura democrática vão diminuindo o país que parece satisfeito com a mais inexorável ausê

Visão exígua da democracia

Depois da alegria efémera da noite das eleições, os indefectíveis apoiantes da coligação de direita questionam a legitimidade de uma solução governativa à esquerda. Durão Barroso, por exemplo, que tem a presunção de saber o que está na cabeça de quem votou Partido Socialista, considera que, caso o PS se aproxime dos partidos da esquerda, estará a defraudar as expectativas do seu eleitorado. Outros, num registo similarmente simplista, consideram que o partido mais votado - ou a solução política mais votada - é que merece ser governo. O facto de se votar em deputados para a constituição de uma Assembleia da República e daí resultar uma solução governativa ou os inúmeros exemplos de democracias europeias que encontraram soluções de governo entre partidos que, individualmente, não foram os mais votados, são questões de somenos. Assim como o facto de PSD e CDS terem feito uma coligação pós-eleitoral que nos governou nestes mais de quatro anos de inferno também parece caído num estranho esq

A melhor solução para o país e para as pessoas

O líder da bancada parlamentar do PSD, Luís Montenegro, proferiu afirmações em tempos que permitiam perceber que o país era uma coisa e as pessoas outra. Segundo o ilustre parlamentar, o país estava melhor, as pessoas é que nem por isso. O líder da bancada ainda procurou retratar-se, mas a frase ficou para a posteridade das imbecilidades. Por aqui e noutros lados, acredita-se que o que é melhor para as pessoas também o é para o país, até porque o país é, evidentemente, as pessoas. E o melhor para o país e para as pessoas é uma solução política de esquerda. O cepticismo e o niilismo vão fazendo as suas vítimas - são muitos, incluindo aqueles que criticaram o governo da coligação - que não vêem com bons olhos essa referida solução de esquerda. Confesso que amiúde tenho dificuldade em perceber as pessoas. Alexis de Tocqueville deparou-se com o receio dos homens perante a mudança: "Não consigo evitar o receio de que os homens cheguem ao ponto de ver em toda a teoria nova um perigo,

Improvável, mas tão desejável

Uma hipotética solução governativa de esquerda, entre PS, CDU e BE, é, convenhamos, difícil de se concretizar. Desde logo, António Costa, secretário-geral do PS, conta com pressões daqueles socialistas artificiais que preferem entendimentos à direita – mesmo que a direita seja a direita dos negócios e do oportunismo. Por outro lado, as pressões externas também serão levadas em conta, sobretudo o parecer das instituições europeias e da Alemanha. Finalmente, o Presidente da República não estará, como é expectável, entusiasmado com uma solução política à esquerda. Uma hipotética solução governativa de esquerda embora improvável, seria manifestamente desejável . Aliás já é curioso assistir às reacções de boa parte da direita a uma hipotética aliança do PS aos partidos à sua esquerda. Vale tudo, d esde o regresso ao passado do PREC, às tentativas de alimentar o medo associado a uma solução política que componha partidos não alinhados , de forma canina, com o desastre das políticas de au

Pluralismo

Existe quem advogue que a proliferação de novos partidos terá ajudado à dispersão de votos, facto que se terá verificado mais à esquerda. Nesta afirmação está implícita uma crítica ao surgimento desses novos partidos, considerados pouco estruturados e sem futuro. Uma espécie de empecilho. Ora, partindo desse pressuposto o que é que fazemos ao pluralismo que enriquece as democracias? Ou esse pluralismo só se justifica quando falamos dos 5 partidos com assento parlamentar? E o que dizer daquela ideia, também ela profusa, de que os partidos são demasiado herméticos, distantes dos cidadãos, e que fazia falta o surgimento de novos partidos? Por outro lado, insiste-se em colocar todos os partidos que não têm assento parlamentar no mesmo saco, como se se tratasse de um conjunto de partidos que apenas nasceram para ser empecilhos e para eventualmente recolherem dividendos oriundos dos votos. E, finalmente, há quem se regozije com o falhanço desses partidos, designadamente do Livre/Tempo

Com todos

Com todos não dá. Se António Costa pensa que é possível negociar com todos, estará, muito provavelmente, enganado. Segundo o secretário-geral do PS, o partido está mandatado para negociar com todos os partidos. A ideia é bonita, mas a inexequibilidade é evidente.  Por um lado, Costa dificilmente conseguiria apoio no seu partido no sentido de procurar soluções à sua esquerda, desde logo porque o PS vem abdicando de parte dos seus valores de esquerda. A possibilidade de encontrar um entendimento com os partidos da esquerda seria uma surpresa agradável, confesso. Por outro lado, se Costa avançar no sentido de entendimentos com a direita, como é desejo do Presidente da República e dos próprios partidos de direita, estará a viabilizar as políticas da coligação contra as quais o eleitorado do PS votou. Defraudar os anseios do eleitorado pode ser desastroso para qualquer partido, mas sobretudo para partidos que contaram com o peso do voto útil precisamente para inviabilizar a solução gove

E agora?

Cavaco Silva pediu a Passos Coelho que promova "diligências" que assegurem a formação de um Governo. E agora? Como é que expoentes máximos da arrogância (no PSD e no CDS) vão fazer em minoria, forçados a procurar compromissos? Como é que estes partidos vão procurar compromissos quando toda a porcaria virá agora ao de cima: inexistência de receitas com potenciais privatizações, aumento de custos com PPPs, o enorme problema do BES e a incapacidade de atingir as metas a que se comprometeram, designadamente no que diz respeito ao défice? O BES e não cumprimento da meta do défice com as penalizações conhecidas pelas instituições europeias vão rebentar no colo de Passos Coelho e Portas. Como é que o Partido Socialista poderá viabilizar as políticas desastrosas do PSD/CDS? Como é que será possível fazê-lo sem ficar simultaneamente colado à direita e ao desastre? Ninguém sabe, mas tudo cheira a efémero e a bafio. Pelo caminho teremos as instituições europeias a condicionar as p

Vitórias e derrotas

É natural que depois de um período eleitoral se discuta quem venceu e quem saiu derrotado. Todavia, o resultado das eleições legislativas de domingo traduz-se mais em vencidos do que em vencedores. É também evidente que a coligação PàF venceu as eleições, na medida em que foi a solução política mais votada, mostrando assim que o medo continua a fazer as suas vítimas. No entanto, a vitória da coligação foi também e paradoxalmente uma derrota: a perda da maioria absoluta pode inviabilizar uma solução política ou pelo menos condicionar a governação. Será curioso verificar como é que expoentes máximos da arrogância vão passar o tempo a pedinchar compromissos. Quanto ao Partido Socialista só se pode falar de derrota. Depois de anos de austeridade cavalar, a inépcia dos responsáveis do partido, aliada à presença física, e não só, de figuras que já não merecem confiança por parte do eleitorado, e ainda a tal preponderância do medo, contribuiu para uma derrota sem refutação possível. Res

Masoquistas? Sem dúvida.

Masoquistas? Sem dúvida. Para quem gosta de dor, nada melhor do que umas boas doses de PàF, que é o mesmo do que dizer umas boas doses de austeridade que se traduz em mais cortes no Estado Social, mais desvalorização salarial, mais angústia, mais emigração, mais precariedade, mais promiscuidade entre poder político e poder económico, mais destruição da economia do país, mais dívida, menos futuro. Tudo isto e mais que, na verdade, é menos, na medida em que cessaram as receitas provenientes das privatizações, resta quase nada passível de ser vendido. E foi isto que se escolheu, mais umas doses de obscurantismo, pobreza, ausência de futuro. Agora colocam-se outras questões, como formar governo em minoria com o claro beneplácito do Presidente da República. Mas a mensagem é clara: somos masoquistas, incluindo aqueles que insistem na não escolha. Todavia nem tudo é negativo e a vitória do PSD/CDS é, em larga medida, uma derrota que torna a governação numa impossibilidade, sobretudo depois

Masoquistas? Talvez.

Apesar da não conceder grande importância às sondagens, a verdade é que se começa a instalar a ideia de que a coligação vai sair vencedora das eleições de Domingo e que o PS naturalmente será o grande derrotado. A comunicação social tudo tem feito para consolidar essa ideia, desde falar em maioria absoluta para a coligação, até discutir o sucessor de António Costa na liderança do Partido Socialista. Se esta ideia vingar, a reboque de uma comunicação social claramente comprometida com o poder político, designadamente com a coligação, não resta muito a dizer. O que se passa com o país? Masoquistas? Talvez. Para quem gosta de dor, nada melhor do que umas boas doses de PàF, que é o mesmo do que dizer umas boas doses de austeridade que se traduz em mais cortes no Estado Social, mais desvalorização salarial, mais angústia, mais emigração, mais promiscuidade entre poder político e poder económico, mais destruição da economia do país, mais dívida, menos futuro. Tudo isto e mais que, na v

O perigo da abstenção

Muitos acreditam que o país está pior do que estava, mas são poucos os que parecem decididos em enveredar pela mudança. O descrédito na política e nos políticos não é suficiente para explicar o distanciamento e até os elevados níveis de abstenção. Ora, eu acredito que isto vai pelo mau caminho, mas não ajo no sentido de conseguir a mudança, nem através do simples gesto do voto. Parece ser a ideia que perpassa a mente de muitos. O perigo da abstenção, sobretudo quando esta atinge valores tão inquietantes como nos últimos anos, prende-se precisamente com a inviabilização da mudança. A percentagem daqueles que votam sempre nos mesmos partidos é significativa e os que oscilam são insuficientes para proceder a verdadeiras mudanças. Os que se abstêm contribuem de facto para que nada mude e o pior é que me parece que não existe essa percepção. O desinteresse pela política não se explica apenas com a ausência de qualidade dos principais actores políticos, mas encontra razão de ser numa es