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A mostrar mensagens de setembro, 2009

As palavras do Presidente

Ontem o Presidente falou ao país sublinhando por diversas vezes que estava a dar aos portugueses a sua própria leitura dos acontecimentos. Recorde-se que a última semana da campanha eleitoral foi marcada por uma acesa troca de acusações entre PS e PSD sobre uma alegada vigilância da Presidência. Entre notícias dos jornais com diferentes versões dos alegados acontecimentos e o afastamento de um dos principais assessores do Presidente, prevaleceu o caso da alegada vigilância em detrimento da discussão dos problemas do país. Todo este caso foi fortemente marcado pelo silêncio do Presidente da República. Esse silêncio foi ontem desfeito, embora os esclarecimentos prestados pelo Presidente tenham deixado alguma margem para dúvidas. Mas algumas afirmações do Presidente não deixam de ser graves e indiciam uma clara deterioração da relação entre Palácio de Belém e São Bento. A situação torna-se mais grave no actual contexto: um governo com maioria relativa, um parlamento avesso às políticas d

Cenários

Depois dos resultados eleitorais, embora ainda falte contabilizar os círculos eleitorais da emigração, começa-se a delinear cenários sobre o futuro político do país. É evidente que na actual conjuntura o parlamento e o Presidente da República vêem a sua importância aumentar exponencialmente, enquanto que a comunicação social especula sobre possíveis coligações entre o PS e os restantes partidos de esquerda ou até mesmo entre PS e CDS-PP. O PSD sai destas eleições muito fragilizado, através de uma l iderança que volta a ser atacada em força por quem ambiciona tomar conta do partido. Alguns desses ataques são profundamente lamentáveis, como é o caso das palavras carregadas de acrimónia quer de Luís Filipe Menezes quer de Mira Amaral. Manuela Ferreira Leite merece mais consideração e respeito. E é precisamente de um PSD forte que o país precisa. As palavras "diálogo" e "negociação" vão ter, a partir de agora, um papel central no processo de decisão e com o Parlamento

Extraordinário

Foi este o adjectivo escolhido por José Sócrates para qualificar o resultado que deu a vitória eleitoral de ontem . Extraordinário será cumprir o programa eleitoral sem maioria absoluta; extraordinário será o primeiro-ministro habituar-se à necessidade de negociação e, consequentemente, será extraordinário ver até que ponto a metamorfose de José Sócrates aguenta o clima crispado que se vive na Assembleia da República. Nesta conjuntura de maioria relativa, a humildade e capacidade de estabelecer pontes entre os diversos partidos políticos é essencial para que haja estabilidade governativa. Será que Sócrates aguenta a perspectiva de ter de passar quatro anos a trocar a sua irascibilidade pela tolerância e a sua arrogância pela humildade? Extraordinária foi verdadeiramente a vitória - porque é precisamente de um resultado histórico que se trata - do CDS-PP. O resultado conseguido pelo partido de Paulo Portas premeia a campanha levada a cabo pelo CDS - uma campanha onde foi possível discu

O dia seguinte

A fazer fé na fiabilidade das sondagens e na distância entre PS e PSD, o dia seguinte às eleições será a continuação destes últimos quatro anos e meio com a agravante de neste contexto entrarem outras variáveis como o caso do Bloco de Esquerda ou talvez o PCP. A acreditar que as sondagens, mesmo depois do fracasso das europeias e que dão uma vantagem substancial ao PS, o país vai ter um governo instável, dependente de acordos com os partidos mais à esquerda - no fundo um governo refém da sua incapacidade de governar sozinho ou com uma esquerda ideologicamente arcaica. É sobre o dia seguinte que o país deve reflectir, tendo em conta as dificuldades que muitos têm em olhar para um passado recente caracterizado pela irascibilidade do primeiro-ministro, pela promoção do laxismo como modo de vida e marcado profundamente pela instrumentalização do Estado e por reformas incompletas ou falhadas. A acreditar nas sondagens, a mensagem de pseudo-modernidade versus conservadorismo resultou, assim

Razões para não votar no PS

Embora seja recorrente enumerar as razões que justificam ou não um determinado sentido de voto, e apesar das sondagens serem animadoras para o PS , não resisto em fazer um pequeno exercício de enumeração das razões que estão subjacentes a uma recusa em votar no partido do Governo. Assim, o meu voto não será no PS pelas seguintes razões: Em primeiro lugar, o modelo de desenvolvimento económico e social seguido pelo governo tem vindo a empobrecer o país - o país está longe de conseguir criar riqueza e o actual governo alimentou um país estagnado, esmorecido e sem capacidade de atrair e manter investimento nacional e estrangeiro. A proposta do PS é clara: tudo se resolve com obras públicas porque é esta a concepção de investimento público que o governo tem, e com a distribuição de benesses aqui e ali, muito bempropagandeadas . A equação é, afinal, muito simples: mantém-se uma larga franja da população pobre, alimentada artificialmente e a prazo por subsídios, sem se criar as condições par

A memória

Edite Estrela afirma que Ferreira Leite foi ministra de má memória . Talvez fosse melhor que Edite Estrela não começasse a evocar o passado, porque o seu, em particular na Câmara de Sintra, não foi propriamente brilhante. Se Ferreira Leite deixou uma má memória, o que dizer então de José Sócrates, Mário Lino, António Costa, a inefável Maria de Lurdes Rodrigues, entre outros? Em bom rigor, a ministra da Educação e posteriormente das Finanças, Manuela Ferreira Leite, não deixou saudades a muito boa gente. O estilo característico de Ferreira Leite, mais perto do tecnocrata do que do político, e manifestando invariavelmente uma enorme relutância em usar a palavra, para além daquilo que Ferreira Leite considera essencial, prejudica indubitavelmente a agora líder do PSD. Desde logo, porque Ferreira Leite nunca se mostrou muito disposta a explanar sobre o seu trabalho desenvolvido, em particular na pasta das Finanças. Por outro lado, e ainda falando em memória, importa recorrer a alguns exerc

Com tanta pressão...

Será que o Presidente vai ceder à multiplicidade de vozes que pedem - e a outras que exigem - um esclarecimento sobre o caso da alegada vigilância? Independentemente da atitude que Cavaco Silva possa eventualmente adoptar, a verdade é que existem factos consumados que condicionam, embora não determinem, o período de campanha eleitoral que se vive, isto por um lado; e por outro, o silêncio do Presidente e o afastamento de um dos seus colaboradores mais próximos lançou a confusão, abriu portas a todo o tipo de conjunturas e provoca danos na imagem do Presidente. A questão agora é perceber quando é que o Presidente vai falar sobre o caso. Parece-me que, apesar das pressões exercidas por políticos que atravessam todo o espectro político português, Cavaco Silva só vai falar na próxima semana, após o acto eleitoral de domingo. No entanto, a pressão para que o Presidente fale vai continuar e Cavaco Silva vai estar debaixo de intensa crítica até ao final da semana e, dependendo daquilo que di

Interferências na campanha

O caso da alegada vigilância em Belém tem tido o condão de desviar, uma vez mais, as atenções do país do essencial. As interferências na campanha não se referem tanto à questão da alegada vigilância em si, mas sim ao ao facto de se estar novamente a proporcionar o clima ideal para se fugir ao que realmente interessa aos portugueses. Estas quase duas semanas foram, aliás, o corolário do vazio de ideias que assola todo o espectro político português. Ao invés de se centrar a discussão no TGV, na relação do país com Espanha, na já extenuante conversa da "asfixia democrática" e agora no caso das alegadas escutas, seria de uma maior proficuidade direccionar a discussão para a economia, para a saúde, educação, justiça, Administração Pública e concepção do Estado, entre outros assuntos. Deste modo, seria fundamental que se analisasse estes quatro anos de governação socialista; que se discutissem as fragilidades do modelo económico seguido pelo Governo do PS, que se abordasse a conce

Afastamento de Fernando Lima a dias das eleições

Este é o facto mais estranho de todo este caso. Não se compreende o silêncio do Presidente da República que já em Agosto devia ter falado; é difícil compreender como é que o Presidente tão cioso da proximidade de eleições, afasta o principal envolvido no caso a escassos dias do acto eleitoral. Cavaco Silva sai muito mal deste caso, desde logo porque deveria ter esclarecido os portugueses em Agosto. Em bom rigor, o Chefe de Estado não pode ficar em silêncio quando saem notícias que indicam que os seus colaboradores prestam informações a um jornal porque existem suspeitas que a presidência está a ser vigiada. Outro facto a salientar prende-se com a celeuma que este Presidente levantou no que diz respeito ao famigerado Estatuto dos Açores - atitude que poucos cidadãos entenderam - e o menosprezo que revelou ter por supostas vigilâncias da sua presidência. Esta incongruência deixa uma má imagem do próprio Presidente da República. De um modo geral, não resta muito a fazer: Cavaco Silva tem

Defesa do indefensável

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, vai fazer a defesa da expansão dos colonatos no encontro com o Presidente americano , como aliás tem feito desde que chegou ao cargo de primeiro-ministro. Ora, nestas circunstâncias verifica-se que qualquer expectativa relativamente à paz na região sai gorada, esta posição do governo israelita representa mais um passo atrás no caminho para a construção de um Estado palestiniano, condição sine qua non para a paz na região. Já aqui se tinha alertado para os perigos deste governo conservador contribuir para um agravamento das tensões entre o lado palestiniano e israelita. Com efeito, a expansão de colonatos na Cisjordânia é precisamente um factor que vai agravar as tensões entre os dois lados, desde logo porque está muito perto de inviabilizar o longo caminho até a criação do Estado palestiniano. É consensual - e consensos são raros no que toca ao conflito israelo-palestiniano - que existem determinadas condições para a exequibilidade de q

Virar (ainda) mais à esquerda

Ana Gomes defende a tese segundo a qual o PS deve coligar-se com o Bloco de Esquerda . Não se pense que esta ideia é exclusiva da eurodeputada e candidata autárquica, haverá seguramente dentro do PS e, porventura não só, quem advogue esta coligação. Será curioso verificar como um partido que defende uma verdadeira economia de mercado como é o caso do PS possa coligar-se com um partido cujas propostas nos remetem para um outro tempo histórico com a estatização da economia. Sejamos claros: há um campo onde é possível haver um entendimento entre PS e BE - nas ideias liberais sobre os costumes, sobre o conceito de família e sobre algumas liberdades individuais é possível encontrar uma multiplicidade de pontos em comum. Mas o entendimento fica-se por aí. Em matéria de modelo de desenvolvimento económico-social as divergências são imensas. Não chega dizer que se pretende combater o desemprego, trazer maior transparência para a economia, ou lutar contra a pobreza porque essas são ideias genér

Irão novamente em sobressalto

O descontentamento de muitos iranianos voltou a sentir-se nas ruas de Teerão . A revolta que tomou conta em particular das camadas urbanas mais jovens está longe de estar sanada, muito pelo contrário, e apesar da repressão das autoridades iranianas, foram muitos milhares que mostraram o seu desagrado, gritando pelo nome de Mir-Hossein Mousavi, o principal rosto da oposição ao Ayatollah Khameini e ao inefável Presidente Ahmadinejad. Note-se que existem relatos de sevícias e torturas a opositores que se encontram nas prisões iranianas e nem este facto é suficientemente dissuasor - os jovens não esquecem a sua revolução verde e demonstram não temer a repressão que lhes é imposta. Paralelamente, as milícias pró-regime alimentam o medo que se vive na sociedade iraniana em que, apesar de tudo, os jovens conseguem ser a excepção. Aquilo que inicialmente era uma marcha de apoio ao povo palestiniano rapidamente se transformou num protesto de largas dezenas de milhares de iranianos relativamente

Licenciatura de Sócrates na campanha eleitoral

O assunto da licenciatura de Sócrates, não tanto pelo grau académico, mas antes pela forma pouco transparente como ela foi obtida é uma questão que tem toda a pertinência, mas não será porventura agora o momento para se discutir este assunto. O líder da JSD, Pedro Rodrigues, acredita que não, e que este é um momento tão bom como outro qualquer para se falar da licenciatura do primeiro-ministro . Infelizmente para líder da JSD, a esmagadora maioria das pessoas está mais preocupada com o desemprego, com a justiça, com a saúde do que propriamente com as polémicas em torno da licenciatura de José Sócrates. É certo que as circunstâncias em que o Eng. Sócrates tirou a sua licenciatura nunca foram, para alguns, cabalmente esclarecidas, pese embora a justiça ter dado o esclarecimento que muitos consideraram possível, mas também é verdade que a 10 dias das eleições os assuntos que devem ser levantados por quem se candidata às legislativas deveriam ser de outra natureza. Reconheça-se, de resto,

Portugal, Espanha, Ibéria

As afirmações de Manuela Ferreira Leite, proferidas no debate com José Sócrates, provocaram uma celeuma que parece estar longe do fim. O primeiro-ministro começa a dar mostras de aligeirar as críticas sobre as palavras de Ferreira Leite, mas o seu séquito anda insaciável quanto a este assunto. Agora foi a vez de Luís Amado falar sobre o assunto e utilizar o termo "ibéria", esquecendo-se que esse termo está longe de ser bem recebido por muitos portugueses. Ao invés de salientar a inequívoca importância de Espanha como parceiro estratégico, tendo sempre como objectivo asalvaguarda do interesse nacional, Luís Amado preferiu invocar a Ibéria e dar uma importância manifestamente desmesurada ao país vizinho. Ora, José Sócrates já terá percebido que talvez seja melhor deixar cair este assunto, principalmente depois das declarações de um ministro espanhol que acabaram por reforçar a posição de Ferreira Leite. Importa sublinhar que o pior que pode acontecer neste domínio está relacion

O anacronismo do PCP

Domingos Lopes, destacado militante comunista, decidiu abandonar o partido e explicar o porquê desse abandono. As explicações deste militante vão na mesma linha de outros que se afastaram voluntariamente ou que foram convidados a sair e centram-se na aversão do partido ao diálogo, a dificuldade visível em lidar com a pluralidade de opinião, e na ortodoxia cega que este partido demonstra ter em relação ao que se passa no mundo. É por demais evidente que a saída do militante em questão não terá sido fruto do acaso, a pouco menos de duas semanas de um importante período eleitoral. As razões que estão subjacentes à saída de Domingos Lopes poderão não ser totalmente conhecidas, mas aquilo que é enunciado pelo ex-militante do PCP em matéria de visão do mundo e democracia interna do partido já é sobejamente conhecido. Aliás, as opiniões de dirigentes do PCP sobre regimes totalitários como o norte-coreano já não provocam espanto em ninguém. Dentro do partido há quem se reveja nototalitarismo

Declarações de Manuela Ferreira Leite sobre o TGV

O debate televisivo entre os dois principais candidatos a primeiro-ministro foi genericamente morno e inconsequente, excepção feita às afirmações da líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, sobre o TGV e a prevalência dos interesses espanhóis em detrimento dos interesses nacionais . As afirmações da líder do PSD foram polémicas e estão a dar azo à proliferação de críticas que recaem sobre as palavras desta forte candidata ao lugar de primeira-ministra. A Presidente do PSD tem razão numa questão de fundo que se prende com os elevados níveis de endividamento do país. Mas ao invés de enfatizar a forte possibilidade do endividamento se tornarinsustentável e da necessidade urgente do país passar a produzir mais bens e serviços transaccionáveis, Manuela Ferreira Leite perde-se em minudências e acaba por cair na polémica, pese embora a importância que as autoridades políticas espanholas estão a dar ao assunto do TGV reforce a ideia que Ferreira Leite procurou passar, ou seja, que os espanhóis tê

Obama e o 11 de Setembro

Assinala-se hoje o oitavo aniversário sobre os atentados do 11 de Setembro . Existe contudo uma diferença entre os sucessivos anos que têm passado desde o 11 de Setembro: hoje os EUA têm um Presidente cuja postura, discurso e políticas são diametralmente opostas à de George W. Bush. Refira-se que uma das maiores diferenças entre os dois presidentes prende-se precisamente com a imagem que projectam do seu país para o resto do mundo. Com efeito, seria grosseiro estabelecer quaisquer paralelos entre a acção política de Obama e aquela que desenvolvida por Bush, mas é facto que hoje o mundo olha para os EUA com outros olhos - Barack Obama já fez mais em matéria de imagem dos EUA em quase um ano de mandato do que muitos presidentes fizeram em dois mandatos. Aliás, Obama herdou uma conjuntura manifestamente difícil deixada pela Administração Bush. Obama teve que refazer aquilo que Bush desfez nos anos em que esteve à frente dos destinos do país. O 11 de Setembro já foi adjectivado de todas as

A luta de Obama

O Presidente Barack Obama entrou na fase mais importante do desafio de reformar a saúde nos Estados Unidos - a fase da aprovação ou não do Congresso. A luta de Obama é a todos os títulos meritória, trata-se afinal de melhorar um sistema de saúde que envergonha os americanos, providenciando um alargamento da cobertura, maior transparência no que diz respeito aos seguros e contenção de custos aliada à sustentabilidade do sistema. Para se conseguir atingir estes objectivos será necessária um mudança de sistema e, mais grave, uma mudança de mentalidades. Para nós europeus, o sistema de saúde americano fortemente apoiado em seguros de saúde privados, não faz qualquer sentido. A inexistência de um modelo público e tendencialmente gratuito como a regra e não como a excepção é inconcebível para qualquer europeu. A sociedade americana nunca escondeu a valorização do individualismo em detrimento de valores mais próximos dasolidariedade. A concepção de modelo social europeu simplesmente não faz

As incoerências do PSD

No PSD, Aguiar Branco, não se coibiu de comentar o caso Freeport enquanto a líder do partido escolhia nomes envolvidos em processos judiciais para a lista de deputados do partido; a Presidente do partido e o PSD referem incessantemente a "asfixia democrática", obra do PS de José Sócrates, e desloca-se à Madeira para fazer elogios ao feudo de Alberto João Jardim, falando mesmo - espante-se! - de modelo de governação. Ora, estas incoerências fragilizam o partido e muito em particular a imagem da Presidente, Manuela Ferreira Leite. É precisamente no que toca àtransparência , honestidade e frontalidade que Ferreira Leite cultiva uma imagem muito mais consolidada daquele de José Sócrates e é, ironicamente, sobre a verticalidade de Ferreira Leite que recaíam os maiores elogios e que agora recaem muitas críticas. De resto, um dos pontos mais fortes de Manuela Ferreira Leite (e não são tantos quanto isso) prende-se com o seu carácter que no meio de um passado político muito criticado

Desemprego e qualificação

A notícia que os jovens qualificados portugueses são mais afectados pelo desemprego , em particular o de longa duração, do que a generalidade de jovens nas mesmas condições noutros países da OCDE não causa espanto a ninguém. É sobejamente conhecida a falta de apetência do país para aproveitar os recursos humanos existentes. Quando se relaciona o desemprego e a qualificação surgem invariavelmente os argumentos que defendem que a principal razão para a existência do fenómeno prende-se com a panóplia de cursos superiores sem saída profissional. De certa forma esse argumento não é desprovido de sentido, apesar de ser redutor considerá-lo como o principal responsável pelo desemprego entre os jovens mais qualificados. De facto, existem outras duas razões que subjazem ao fenómeno em análise: a primeira está relacionada com a falta de visão estratégica de muitos empresários que rejeitam os mais qualificados, preferindo ignorar assim que os mais qualificados, independentemente da área de formaç

Muita polémica, poucas ideias

A três semanas das eleições legislativas verifica-se que o país político pouco ou nada mudou, os partidos que estão na corrida eleitoral fogem a sete pés das questões essenciais para se refugiarem em polémicas etricas partidárias. De resto, o caso da TVI é mais um elemento que acaba por adiar a discussão dos assuntos que interessam aos portugueses, nomeadamente em relação ao emprego, justiça, saúde, educação. Com efeito, as polémicas que invadem páginas de jornais e tempos de antena servem, entre outras coisas, para desviar as atenções do essencial, sendo que o mais grave é que raras vezes assistimos a um desfecho. Perde-se tempo com conjecturas e os eleitores continuam à espera de discussões elucidativas sobre as propostas dos partidos políticos. Sublinhe-se, porém, que o caso da TVI parece configurar um sério atentado à liberdade de comunicação e que dessa forma constitui um caso grave que ao qual urge dar resposta. Infelizmente, os portugueses terão de se contentar com o pior de doi

Consequências políticas do terramoto na TVI

O afastamento de Manuela Moura Guedes e consequente cancelamento do Jornal de Sexta da TVI já estão a ter consequências políticas assinaláveis e a procissão ainda vai no adro. José Sócrates está a sofrer as consequências de ter dado tanta importância a esse serviço noticioso, fazendo do mesmo uma espécie de inimigo pessoal número um. Não admira pois que sejam muitos os que advogam a tese que o PS ou pessoas próximas do ainda primeiro-ministro estejam de alguma forma ligadas ao fim do Jornal Nacional de sexta-feira. Independentemente das razões que subjazem ao cancelamento do serviço noticioso, a verdade é que José Sócrates sai sempre mal na fotografia. Mesmo estando completamente inocente de todo este imbróglio, José Sócrates dificilmente conseguirá passar uma imagem impoluta sem qualquer ligação com o fim do incómodo jornal da TVI. Aceitando como plausível a hipótese contrária, ou seja que existe algum envolvimento, directo ou indirecto, não se percebe como é que alguém poderia ter s

Difícil convivência com a democracia

Não tem sido fácil ao ainda primeiro-ministro, durante estes mais de quatro anos, conviver com as vicissitudes da democracia. O primeiro-ministro acusa a sua mais directa adversária nestas eleições legislativas de não ser também ela uma defensora da liberdade de opinião. Para sustentar a sua tese, o primeiro-ministro refere o afastamento de Pedro Passos Coelho das listas de deputados do PSD. Talvez o ainda primeiro-ministro até tenha alguma razão, pese embora não tenha escolhido as palavras mais acertadas (usar-se o termo "asfixia" é um claro exagero). Todavia, o comportamento de José Sócrates no que diz respeito ao respeito pelas liberdades esteve longe de ser exemplar. Aliás, criou-se um clima desfavorável à consolidação da própria democracia, com condicionamentos de vária ordem, que afectou em particular quem trabalha na Administração Pública. É escusado referir exemplos de condicionamentos, até porque todos nos lembramos desses episódios. A poucas semanas das legislativas

Até ao mais ínfimo detalhe

Na senda de tudo controlar, o PS, segundo a comunicação social, tentou c ontrolar os debates televisivos que antecedem as eleições legislativas . Felizmente os temas ficarão a cargo das direcções das televisões que não cederam aos anseios dos partidos políticos. Em bom rigor, o PS não fez nada que outros partidos já tenham feito, ou tentado fazer, no passado. Na política a imagem tem um papel central e as televisões continuam a ser o veículo privilegiado de difusão da imagem dos políticos. Não se trata da força da palavra, do ímpeto do discurso ou da importância do conteúdo; hoje, tudo passa pela imagem e por aquilo que a televisão mostra - fraquezas, deslizes, ataques certeiros. Embora o PS não tenha enveredado por um caminho muito diferente dos outros partidos no que toca à manipulação da comunicação social, a verdade é que o primeiro-ministro não pode contar com muito mais do que a imagem, tendo em conta que o seu discurso é caracterizado pela vacuidade e seu o passado político rec

Ausência de soluções

Depois da apresentação dos programas políticos dos partidos que concorrem às próximas eleições legislativas fica-se com a indelével sensação que nenhum tem capacidade de apresentar soluções viáveis para resolver os problemas mais prementes do país. Programas impregnados de generalidades e políticos sem ideias representam uma combinação que não augura nada de bom para o futuro do país. O PS insiste nos mesmos erros, em particular na área da educação e justiça. Paralelamente, o PS continua vazio de ideias no que diz respeito à Administração Pública e a formas de encetar as reformas que o país tanto necessita. O PSD não faz particularmente melhor ao anunciar as suas intenções mas sem dizer de que forma é que as mesmas serão executadas. São notórias algumas diferenças entre um PSD que fala em menos Estado, um PSD que sublinha o seu conservadorismo e um PS que defende a manutenção do actual modelo económico e que defende o carácter intervencionista do Estado, não abdicando de mostrar o seu