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A mostrar mensagens de junho, 2018

A Alemanha e os consensos

Depois de se ter dedicado ao desenvolvimento de exercícios de superioridade e subsequente humilhação, a mesma Alemanha liderada por Angela Merkel pede agora consensos entre os vários Estados-membros da UE, designadamente sobre imigração e moeda única. Depois de se ter dedicado a esses referidos exercícios, Merkel muda o disco e pede que entre Estados-membros, alguns dos quais com uma orientação política fascista e xenófoba, cheguem a entendimentos, depois da própria Alemanha, orientada por Merkel e pelo seu inefável ministro das Finanças Shau ble, ter dado o maior contributo na História da UE para esfrangalhar a UE. De resto, importa não separar essa postura alemã, que resultou num claro enfraquecimento do projecto europeu, da deriva extremista que está a tomar conta de alguns países europeus. A forma como se lidou com a questão grega foi o prenúncio da divisão. Vir agora pedir união cheira a lata desmesurada.

Eleições na Turquia

O resultado das eleições de domingo na Turquia são esclarecedoras: Erdogan, Presidente turco, foi reeleito logo à primeira volta e o seu partido, o APK, conseguiu uma maioria no Parlamento. Excelentes notícias para Erdogan e para o seu partido, o mesmo não será verdade para os turcos e seguramente não o será para a Europa e para o mundo. Na prática estes resultados permitirão concretizar as medidas preconizadas em 2017 e que se traduzem num reforço dos poderes presidenciais e num subsequente enfraquecimento dos poderes do Parlamento. Erdogan tem agora mais instrumentos para consolidar o seu poder que se tornará ainda mais autoritários e de portas abertas para a continuação do processo de islamização que já dura há largas décadas, uma islamização com contornos turcos, mas que não deixa de o ser. A Turquia com o seu modelo de Ataturk que aos olhos ocidentais representa um modelo promissor, desde logo pelo apregoado carácter secular, nunca andou verdadeiramente próxima

A desorientação europeia e o recrudescimento do fascismo

Não há como negar: a UE, transformada que está numa torre de Babel em que ninguém se entende, é o palco ideal para o recrudescimento do fascismo. Entre acusações mútuas, o facto é que perante a inexistência de políticas comuns e consensos em torno de questões sensíveis como o acolhimento de refugiados, sobra o discurso populista e xenófobo. Em suma, o discurso do medo que a Europa já tinha mais do que obrigação de conhecer. Na verdade a UE esteve demasiado tempo empenhada em castigar os Estados-membros considerados pouco cumpridores das regras económicas draconianas, designadamente aqueles que fazem parte da Zona Euro. Entrementes, o eurocepticismo ganhou proporções nunca vistas, fazendo com que o que resta do projecto europeu não passe de uma anedota velha e esgotada.  No espaço vazio deixado por aqueles considerados políticos convencionais, regressou o populismo em todo o seu esplendor. Tudo, claro está, perante a inépcia das instituições europeias. Agora os tais

A cacofonia do PSD

A última semana ofereceu-nos mais um sinal de um PSD desorientado e entregue a uma particularmente audível cacofonia. E no meio da confusão está precisamente o recentemente eleito líder Rui Rio. Por um lado verificou-se falta de sintonia no que diz respeito à posição do partido sobre a luta dos professores. Por outro, essa falta de sintonia ainda é mais visível relativamente ao que deve o PSD fazer se os partidos de esquerda falharem um entendimento quanto ao próximo Orçamento de Estado. Finalmente, a posição da bancada parlamentar do PSD relativamente à questão dos combustíveis foi outro pomo de discórdia, com Rui Rio visivelmente desagradado com a votação da redução do imposto sobre os combustíveis. Depois deste contexto, torna-se por demais evidente que Rui Rio está longe de ser o líder mais ou menos consensual que o partido necessitava. De resto, anda meio-mundo preocupado com a saúde e futuro da “geringonça”, esquecendo-se de olhar para o estado de saúde do maior parti

Fascismo

A palavra, o conceito, a ideia, são considerados por muitos coisa de um passado que já não regressa. Tudo terá morrido na primeira metade do século passado. E apesar de alguns governos, sobretudo na Europa, adoptarem o fascismo como base de governação, a UE continua existindo como se nada fosse, como se nada fosse consigo. Viktor Órban, primeiro-ministro da Hungria, e o seu partido Fidesz, aprovaram uma medida que visa criminalizar quem preste auxílio a imigrantes sem documentos e assim acabar com o trabalho das ONG. Se isto não é fascismo não sei o que será. Recorde-se que este é apenas um dos muitos atropelos do Governo de Órban aos Direitos Humanos e que a família europeia a que Órban pertence remete-se, uma vez mais, ao silêncio. Essa família é o Partido Popular Europeu. Em Itália, o ministro do Interior, o execrável Matteo Salvini, quer recensear os ciganos para expulsar os estrangeiros, mais uma lista, adiantando ainda que "quanto aos ciganos italianos, ta

Mais um sinal dos EUA

É oficial: os EUA abandonaram o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. O anúncio foi feito por Mike Pompeo, secretário de Estado, e por Nikki Haley, embaixadora dos EUA na ONU. O motivo? Haley já tinha acusado o Conselho de ter adoptado uma postura anti-israel e recentemente acrescentou que o organismo é "hipócrita". Nesse sentido, os EUA têm vindo a reclamar por uma reforma profunda no Conselho dos Direitos Humanos, sem sucesso. Agora o anúncio foi feito, um pouco na senda de outros que resultaram no fim de vários acordos entre os EUA e outros países ou organismos internacionais. Tudo se torna particularmente inquietante quando o contexto é aquele caracterizado pela política de tolerância zero de Trump no que toca à imigração e que tem culminado com crianças separadas dos pais que foram detidos. Imagens e gravações de crianças a chorar em armazéns torna tudo ainda pior, mesmo que aparentemente o Presidente tenha manifestado a intenção de pôr alguma á

Separar crianças dos seus pais - o último grito da Administração Trump

Donald Trump prometeu lutar contra a imigração ilegal e está a fazê-lo da pior forma possível e imaginável, separando crianças imigrantes dos seus pais. Para tornar tudo ainda mais surreal - para além do facto de se tratar de um país construído por imigrantes e cujas populações autóctones ou foram dizimadas ou entregues à doença, ao jogo e ao álcool - é a forma desumana como se faz essa separação.  Assim, o mundo vê imagens de crianças enjauladas a chorarem pelos pais; assim o mundo ouve uma gravação feita nos EUA onde se escutam as vozes de crianças a chorarem pelos pais - as gravações foram efectuadas nos centros de detenção, muitos dos quais armazéns, onde estão engaioladas estas crianças. De resto, estima-se mais de 2 mil crianças imigrantes já foram separadas das suas famílias, tudo bem enquadrado na luta contra imigração sobretudo na zona de fronteira com o México. Tudo isto se está a passar na América onde um néscio de cabelo amarelo e de má índole comport

O "bye bye" de Marques Mendes

Marques Mendes, de cognome o irrelevante, procura dar provas de vida mimetizando Marcelo Rebelo de Sousa, num misto de sabe tudo com a coscuvilhice da vizinha do rés-do-chão. Tal como Paulo Portas, Mendes é um apaixonado por frases ocas, como aquela que profetiza o "bye bye" do PS à maioria absoluta se o partido não encontrar novas causas. Permita-me discordar, mas o "bye bye" à maioria absoluta acontecerá muito provavelmente e tornar-se-á uma inevitabilidade se o Governo fizer o jogo da direita. Ainda há escassas semanas um estudo internacional dava conta do elevado grau de satisfação dos portugueses no que diz respeito ao seu Governo, ocupando Portugal um dos lugares cimeiros. O estudo salientava também a forma exponencial como essa satisfação cresceu. É evidente que nem tudo são rosas e que o desinvestimento dos últimos anos em áreas essenciais como a Saúde ou a Educação não foi suficientemente debelado. Ainda assim, parece evidente que os cidadãos

Legislação laboral: o perigo de todos os perigos

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, avisou para os perigos inerentes a uma união entre PS, PSD e CDS em torno da legislação laboral. A CGTP, em Conselho Nacional, aprovou uma resolução com marcação de uma concentração nacional para o próximo dia 6 de Julho como forma de protesto precisamente contra a proposta de lei do Governo no âmbito da legislação laboral, que contará com o apoio do PSD. Deste modo, a CGTP prepara já uma luta contra a aliança entre PS e partidos de direitos naquilo que é considerado um retrocesso em matéria laboral. Com efeito, se o PS insistir em agravar a precariedade, piorando as condições da contratação colectiva e enfraquecendo o trabalhador nas relações laborais, a solução política de esquerda sai ferida de morte. É também evidente que essas alterações contarão com o beneplácito de PSD e CDS. De um modo geral, a questão das mudanças na lei laboral podem muito bem ser o teste supremo a esta solução de governo. É também neste particular que o P

A condenação da ONU

A resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU condenando com particular veemência a conduta de Israel que visou o povo palestiniano veio deixar Israel e Estados Unidos completamente isolados. O mundo já tinha condenado a violência exercida pelo Estado israelita, sobretudo depois da decisão dos EUA de transferirem a embaixada americana para Jerusalém. A comunidade internacional veio assim, através desta resolução da ONU, confirmar e consolidar a forte censura à violação dos direitos humanos perpetrada por Israel e com o beneplácito dos EUA. Mais concretamente, é salientado o uso excessivo de força contra civis palestinianos e é ainda solicitada a criação de um "mecanismo internacional de protecção dos territórios palestinianos". E nem uma palavra com o intuito de condenar o Hamas. A política de Trump para a região acaba assim perfeitamente isolada, rodeada apenas de críticas que ecoam por todo o mundo. Críticas que pouca ou nenhuma diferença fazem a um

Trump e Kim: direitos quê?

Todos cantaram vitória, como se esperava. O encontro entre Donald Trump, Presidente norte-americano, e Kim Jong-un, líder norte-coreano, foi apresentado por ambos como um sucesso. De resto, Trump inventou uma vitória, exacerbando uma mão cheia de nada e o inefável e aparentemente imprevisível Kim Jong-un voltou a ser uma vedeta, mudando apenas de papel e deixando obviamente cair o papel de vilão. É também por demais evidente que entre estes dois protagonistas não há lugar para conversas sobre Direitos Humanos. Trump está-se nas tintas para direitos que desconhece e Kim viola esses direitos com a mesma naturalidade com que se toma o pequeno-almoço todos os dias. Entre sorrisos amarelos, momentos constrangedores envolvendo apertos de mão e o empolamento de tudo e mais alguma coisa, apresentada sempre como uma vitória, e entre ainda ilusões de desnuclearização e respeito  pelos anódinos compromissos assumidos, os Direitos Humanos ficaram de fora de qualquer discussão. Desde logo

O encontro é histórico, o resultado é que nem por isso

O mundo prepara-se para o que sairá do encontro histórico entre o Presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que será, muito provavelmente pouco mais do que nada: nem os EUA conseguirão a desnuclearização total da Coreia do Norte, nem a Coreia do Norte conseguirá ter uma relação diferente com os EUA e com o mundo, nem tão-pouco deixará de ser vista como uma ameaça e nada mais. Com efeito Moon Jae-in, líder da Coreia do Sul veio dar um inédito contributo para a paz na região, aproximando-se, de forma igualmente inaudita de Kim Jong-un, aproveitando de forma exímia os jogos de inverno e a China fez-se valer da sua importância para a Coreia do Norte. No entanto e apesar dessa aproximação, Trump continuou com a retórica repleta de acrimónia, com o líder norte-coreano a responder mais ou menos na mesma moeda. E depois dessas quezílias e de desmarcações de encontros, os dois líderes finalmente sentam-se à mesma mesa na ilha de Sentosa, em Singapura

Zangam-se as comadres

Não se conhecem propriamente as verdades, até porque essas já são sobejamente conhecidas. Trata-se afinal de mais uma Cimeira dos G7 com a participação de Donald Trump. Os desentendimentos são mais que muitos e zangam-se as comadres. A comadre Trump encontra-se, também para variar, numa posição isolada. O maior desentendimento teve lugar entre Justin Trudeau, primeiro-ministro canadiano, e Donald Trump, inacreditavelmente Presidente americano. Tudo a propósito do proteccionismo americano. Em bom rigor, esse proteccionismo não só havia sido esperado, depois de de uma crise financeira de dimensões incomensuráveis, como havia também sido prometido por Donald Trump. Em suma as comadres zangaram-se por causa de dinheiro, imbuídas naquele espírito de superioridade em relação aos outros e incapazes de lidar com uma comadre egocêntrica e a manifestar alguns sinais de senilidade, agem de forma desorientada e não fazem a mais pequena ideia do que fazer. Resta, por conseguinte, zangarem-

PSD e o símbolo da revolta

Ou melhor, a ausência das setas a ladearem o PSD é que instou a revolta, tudo a propósito da remodelação do site do partido em que a sigla dispensa as famigeradas setas. O que é que esta polémica diz do PSD? Em primeiro lugar que tudo serve para atacar a actual liderança de Rui Rio e, em segundo que o vazio ocupado apenas parcialmente pela mediocridade de que Passos Coelho foi fervoroso precursor, é ainda maior do que se pensava e alimenta-se das mais gritantes vacuidades. Simplesmente não há capacidade para mais. Não há. De resto, as medidas agora propostas para combater o problema demográfico do país são disso paradigma: propõe-se atirar dinheiro para cima dos problemas e com isso esperar que estes se resolvam. A propósito da perda das ditas três setas, a militante Virgínia Estorninho, em declarações ao Observador, indignada, afirma: "Tiraram-nos as setas e enfiaram-nos num quadrado". A frase, para além de promissora do ponto de vista humorístico, revela aind

Saber negociar

É evidente que algumas negociações são particularmente difíceis e amiúde quando mais tempo duram piores resultados são conseguidos para todas as partes. Parece ser esse o caso das negociações entre Ministério da Educação e professores relativamente à devolução do tempo de serviço que foi congelado. De resto, até os juristas estão divididos quanto a quem terá razão nesta contenda. No entanto e apesar da questão de substância do que está em causa, não se pode obviamente desprezar a forma como se conduz as negociações e, neste particular, parece evidente que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, terá manifestado uma inaudita intransigência que terá exasperado os sindicatos. E tudo se torna mais grave quando promessas haviam sido feitas aos sindicatos e até inscritas no Orçamento de Estado. Ou seja, fica a ideia de que uma das partes pura e simplesmente não tem palavra. Por outro lado, o Governo justifica a sua posição - dois anos em vez dos nove pedidos pelos

Satisfação com o Governo

Segundo o European Social (E.S.S), um estudo internacional realizado de 2 em 2 anos, desde 2002, os portugueses embora particularmente desagradados com o estado da economia, sentem-se muito satisfeitos com o desempenho do Governo. Portugal ocupa assim o 4º lugar de uma lista encabeçada por Suíça, Noruega e Holanda (1º, 2º e 3º lugares respectivamente). Olhando em retrospectiva, é fácil verificar que este resultado não encontra precedentes num passado em que o melhor lugar conseguido foi em 2006 com 3,61, quando agora o resultado é de 5,02. Mais assinalável ainda é verificar a recuperação nos últimos anos, entre 2014 e 2016 o resultado passou de 3,01 para os tais 5,02, numa escala de zero a dez e em 2012 o resultado atingira um mínimo histórico de 2,15. Ora, e apesar da insatisfação verificada noutros indicadores como o da economia, este resultado é mais um sinal de forte aprovação do Governo e dos partidos que têm vindo a fazer parte desta solução. E este resultado é mais um f

Adios Rajoy

Pela boca morre o peixe, no caso de Mariano Rajoy, chefe do Governo espanhol até há escassos dias, pela soberba morreu Rajoy. Pedro Sáchez, líder do PSOE, é agora o novo chefe do Governo espanhol. Depois de uma vasto conjunto de atitudes que nós portugueses também conseguimos identificar em alguns líderes nacionais, designadamente arrogância, mentiras e uma estranha ilusão assente na premissa de quem ganha eleições é que governa, Rajoy disse adeus. Em bom rigor, não disse "adeus" porque praticamente nem assistiu à discussão que culminou com o seu afastamento, em mais um acto de soberba - um comportamento que parece fazer escola entre os mais medíocres. De resto, é possível encontrarmos paralelismos entre Rajoy e o saudoso, para boa parte do PSD, Pedro Passos Coelho. Desmintam-me se não é possível encontrar semelhanças pelo menos no que toca à já referida soberba? E o que dizer da arrogância? E da tal estranha ideia de que em democracia parlamentar basta ganhar eleiçõ