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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2019

Só uma reedição do bloco central poderá salvar Rui Rio

O PSD está a passar por uma crise e o futuro próximo não augura nada de bom, com perspectivas de votação na casa dos 25 por cento. De resto, os resultados eleitorais saídos das eleições europeias já denotam que a crise é mais profundado que se esperaria. As razões subjacentes a este difícil período prendem-se sobretudo com as divisões internas entre aqueles saudosistas de Passos Coelho e com impetuosidade mais próxima da direita e aqueles saudosistas do PSD do antigamente mais próximo da social-democracia. Creio, ainda assim sem forma de encontrar uma fundamentação sólida, que os saudosistas de Passos Coelho e daquele seu neoliberalismo de pacotilha e de bater punho, representam a maioria e o futuro do partido. Perante este cenário e perante uma bancada parlamentar e parte do partido em posição de hostilidade, resta muito pouco a Rui Rio para sobreviver no pós-período eleitoral. Em rigor, resta apenas a esperança na reedição de um bloco central que acalmaria os nervos de

"O Bloco de Esquerda não manda no país".

A frase, mais concretamente "o Bloco de Esquerda não manda no Parlamento nem no país" foi proferida, sem surpresa, por Carlos César, presidente do PS e instigador de serviço. Vem isto a propósito de taxas moderadoras e de uma pretensa responsabilidade financeira - não confundir com servilismo aos senhores feudais de Bruxelas. Carlos César tem sido o instigador/desbocado de serviço do PS incumbido de fingir que não precisa dos partidos à esquerda do PS para nada. Talvez se Carlos César fingir um pouco mais nós todos acreditemos nessa suposta independência do PS, aliada, claro está à responsabilidade "financeira" - não confundir com fidelidade canina. É claro que o Bloco de Esquerda não manda no país, assim como Carlos César não manda em nada, excepto talvez em dois ou três apaniguados à espera de promoção e de toda a sua família com queda para o serviço público Carlos César talvez pertença ao grupo de ingénuos que considera que o PS vai mesmo cons

Brincar às guerras

A frase espelha um conjunto de observações cuja autoria só poderia ser de Donald Trump. A ideia de que se o Presidente americano quiser declara guerra ao Irão, invariavelmente proferida da forma mais pueril possível, não será assim tão linear, desde logo por porque Trump precisará do Congresso para o fazer, embora alguns dos seus conselheiros não perfilhem essa opinião. Seja como for, um conflito com o Irão, arrancado a ferros, terá resultados imprevisíveis, facto que tem vindo a travar os ímpetos bélicos do Presidente americano que, por enquanto, terá de se contentar com ameaças e manifestações pueris de força. A guerra será também desejada por Israel entretanto entregue a uma direita também ela belicista e que vê no enfraquecimento do Irão uma vantagem objectiva; por outro lado, existem facções no próprio Irão que não escondem a vontade de entrar em guerra com o grande e pequeno satã (EUA e Israel). Para já Trump entretem-se com brincadeiras de guerra, ignorando

Trump: os perigos de uma recandidatura

Donald Trump anunciou esta semana a sua recandidatura à presidência dos EUA. Donald Trump tem encontrado dificuldades em esconder a sua inclinação para o conflito. Donald Trump precisa de apoios para conseguir ser reeleito. Donald Trump necessita da indústria do armamento, provavelmente quem mais contribuiu para a eleição e contribuirá para esta reeleição. A indústria do armamento necessita e promove conflitos armados, naturalmente. Trump ostentou orgulhosamente o que essa indústria vendeu a regimes como o Saudita que se dá ao luxo de cometer crimes e atrocidades dentro e fora de portas, mas a indústria quer mais e Trump, perdido algures na sua própria imbecilidade, quer ser reeleito, contando para tal como exércitos de gente mal resolvida, pejada de preconceitos e incapaz de escapar à inanidade que reina nas suas próprias vidas, gente que, obtusamente, julga estar a perder numa guerra absurda e ilusória de status quo . Consequentemente, estão reunidas as condições p

A segunda candidatura

A notícia é - não há outra forma de o dizer - péssima: Donald Trump anunciou que irá candidatar-se a um segundo mandato. Perante um público apoteótico na Flórida, Trump anunciou que estará empenhado em continuar a fazer a América grande (novamente). E claro que depois da primeira vitória, a todos os títulos inesperada, ninguém arrisca prognósticos. Uma segunda candidatura, apesar de expectável, é ainda assim a pior das notícias pela razão mais singela de todas: Trump é, sem margem para dúvidas, o pior Presidente das última décadas e ainda assim mantém um conjunto de votantes que se mantém fiel, o que diz muito sobre parte dos americanos, sobretudo no que diz respeito a temas como o racismo, a misóginia, o conservadorismo - palavra bonita para dizer fervor religioso e intolerância. Trump é um produto da América e é fundamentalmente um produto do partido republicano que, não satisfeito com o neoliberalismo reinante, deixou entrar nas suas hostes os mais fervorosos defensor

A silly season é a pausa que a direita precisa

Silly Season e férias no verão andam de mãos dadas. A silly season não só tem a dimensão mais leve e não raras vezes patética, como representa uma pausa que este ano será particularmente bem-vinda para os dois partidos de direita. Os resultados das eleições europeias de tão negativos, obrigam as actuais lideranças dos partidos de direita a colocarem tudo em pausa para não só deixar assentar a poeira como redefinir estratégias .O objectivo será naturalmente controlar os danos causados pelos resultados eleitorais das europeias para que os mesmos não se repitam em Outubro, nas legislativas. Ora, se por um lado é difícil não reconhecer que estas são lideranças anódinas, também é uma possibilidade que essas lideranças venham a ser substituídas por outras ainda piores: com os apaniguados de Passos Coelho no PSD e os populistas à moda de Nuno Melo no CDS à espreita. Em suma, o futuro pode ser ainda mais sombrio não só para a direita como para a própria democracia.

"A batalha das nossas vidas"

António Guterres, por ocasião de uma visita a Tuvalu, na Polinésia, deixou-se fotografar para a capa da revista Time, apelando à urgência do combate às alterações climáticas. Na capa vê-se o secretário-geral das Nações Unidas com água até aos joelhos e com um olhar que denota profunda inquietação. Guterres coloca as Nações Unidas na linha da frente deste combate, procurando influenciar a opinião pública para que esta obrigue os governos "a mudar". A posição adoptada por Guterres tem o condão de colocar a questão no contexto político, ao invés da bitola costumeira de colocar o ónus no comportamento individual. O problema atingiu uma dimensão que vai muito para além disso, tornando-se urgente centrá-la e colocá-la no contexto correcto: na política e sobretudo na política dos cidadãos e não da influência dos lobbies e das grandes multinacionais. E este é um desafio colossal, tendo em consideração a forma como a política está presa a esses lobbies. No entanto, é re

Sérgio Moro

O famoso juiz da operação anti-corrupção Lava-Jato, elevado a ministro da Justiça pelo inefável Presidente Bolsonaro despreza os mais elementares princípios do Estado de Direito democrático. Nada de novo, muitos já o tinham afirmado, mas agora vemos tudo bem condimentado com mensagens trocadas entre 2015 e 2018 entre Moro, juiz dos casos de corrupção, e o procurador que liderava as investigações. Ora, o Juiz do processo, que devia julgar os factos, mostra-se particularmente activo nos pedidos que faz ao procurador - uma espécie de juiz justiceiro que o Estado de Direito não admite. De resto, o site Intercept , responsável pela divulgação das mensagens, mostra um juiz/patrão e um procurador/empregado, facto inaudito que, uma vez mais, choca com os princípios mais elementares do Estado de Direito. Moro claramente cometeu uma ilegalidade, o que coloca em causa este e outros processos julgados pelo juiz, mas mais: este juiz chegou a ministro, embora sempre afirmasse não

As preocupações de Marcelo

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República/comentador político, incapaz de conter as suas opiniões, considerou pertinente manifestar os seus temores sobre uma crise na direita. Mais: o comentador político e Presidente da República considerou ser muito provável a direita portuguesa entrar em crise nos próximos anos. A direita, essa, é que não apreciou particularmente os comentários e as profecias do Presidente até porque "crise interna" é frase que nunca cai bem. As preocupações de Marcelo são legítimas. De facto, a democracia precisa de partidos fortes, à direita e à esquerda. No entanto, os comentários que vão para além da manifestação dessa preocupação e que remetem para os tempos em que o Presidente tinha a seu cargo a missa dominical num canal de televisão é que serão excessivos. Mas excessos é com ele. Invariavelmente inocentes. Dizem.

O luxo que polui

O luxo que polui anda pela costa portuguesa, aproveitando-se de leis permissivas e de um país, salvo raras e honrosas excepções, distraído. Lisboa é assim a sexta cidade portuária da Europa com mais emissões poluentes, segundo um Estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambientes. Segundo esse estudo a "Carnival Corporation, maior operador de cruzeiros de luxo do mundo, emitiu 10 vezes mais óxido de enxofre nas costas europeias do que os 2060 milhões de carros europeus. No caso português, a associação ambientalista Zero comparou dados e chegou à conclusão de que as emissões dos navios de cruzeiro na costa foram 86 vezes superiores às emissões da frota automóvel que circula em Portugal. A Zero fala nos padrões "pouco rigorosos sobre o enxofre marítimo" e chama a atenção para o contributo destas emissões "para a acidificarão em ambientes terrestres e aquáticos". Tudo para sustentar o luxo que polui. Louva-se a notícia pela chamada de atenção par

O desprezo de Donald Trump

O Príncipe Carlos terá passado mais de hora e meia a falar de alterações climáticas com Donald Trump que, por sua vez, terá contribuído para a conversa com acusações a países como a China ou a Índia, mostrando ignorância, má diplomacia e, sobretudo, um desprezo inacreditável pelo problema das alterações climáticas. De resto, dedicou mais tempo a questões etimológicas e semânticas sobre a expressão "alterações climáticas", "Clima extremo" e "Aquecimento global". O mais inquietante é que o planeta já não se pode dar ao luxo de perder tempo com a inépcia, o egoísmo ou a senilidade de quem deveria estar na linha da frente no combate ao problema e que, ao invés, representa mais um problema, particularmente grave. Trump, Bolsonaro e afins dão o mais negativo contributo possível porque não só perdem tempo como contribuem directamente para o agravamento do problema com a adopção de políticas anacrónicas que se traduzem no aumento de subsídios ao

Política de baixa densidade

A política de baixa densidade é praticada na sequência do vazio que impera em alguns partidos políticos e até no desespero que tem vindo a tomar conta de partidos desesperados pela perda de lugares. Mas a política de baixa densidade não é exclusivo desses partidos de direita, o PS, aqui e ali, vai caindo na mesma esparrela. O principal arauto dessa política de baixa densidade é Carlos César, curiosamente Presidente do Partido Socialista. Carlos César não só pratica a política da baixeza como aprecia essa ignóbil forma de fazer política. Assim, e já particularmente associado ao caciquismo que nunca deixou de fazer escola no PS, junta-se-lhe o gosto pela política baixa assente na provocação e na brejeirice e repleta de frases feitas para as manchetes dos jornais como por exemplo: "Marques Mendes é um comerciante político". Até podemos encontrar alguma verdade na frase, mas o Presidente do PS devia procurar abster-se de tecer comentários desta natureza. Ao invés fi

A sanha persecutória das Finanças

A Autoridade Tributária e Aduaneira, vulgo Finanças, é incapaz de controlar o seu ímpeto para cobrar impostos a torto e a direito, justificando-se falar em sanha persecutória sobre os contribuintes. A máquina fiscal, pouco oleada mas manobrada por gente sôfrega pela cobrança, deleita-se com a criação de novas formas de cobrar impostos, não deixando nada a dever à imaginação mais fértil. Assim, assistimos à cobrança de impostos em rotundas ou a sugestão de fiscalização de casamentos e baptizados. Ora, num país onde uma minoria endinheirada e influente escapa a essa sanha, sob pretexto de dificuldades técnicas que não aparentemente não se verificarão na cobrança e fiscalização dos pequenos contribuintes, e onde uma esmagadora maioria sente a mão de ferro das Finanças, dura na cobrança e irresponsável nas devoluções, resta apenas o ridículo. Esse ridículo enfraquece aquilo que deve ser a seriedade de um serviço do Estado. O Governo, designadamente o ministro das Finanças,