Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2017

Não tenho discurso, mas não desisto

Não tenho ideias, o actual Governo juntamente com o resto da esquerda e, pior do que tudo, a própria realidade desmentem-me a toda a hora. O Diabo, que eu até podia muito bem venerar, não parece muito interessado em dar uma ajudinha. Talvez ande distraído ou coisa que o valha. E um dia a calamidade bateu-nos à porta. Sei bem que diz o bom senso que a situação, até pela sua gravidade, merece calma e seriedade - características, também sei, próprias dos grandes líderes. Mas eu não resisto e não posso esperar. Desta forma atiro com suicídios - que logo por azar não aconteceram - e faço a defesa do eucalipto, mostrando também desta forma como o Partido Socialista se encontra refém do Partido Ecologista os Verdes.  A primeira ideia - a dos suicídios - não terá sido a melhor das ideias, mas a culpa não foi minha. Passaram-me essa informação e eu acreditei. Caramba também não sou assim tão cínico que não acredite na palavra das pessoas! Mas ainda assim dou comigo a pensar: não terá havid

Culpas e desespero

De quem é a culpa? O que falhou? Quem falhou? São as perguntas que acabaram, como se era de prever, reféns do passa-culpas. Por um lado, aponta-se à Protecção Civil, um conjunto de falhas ao sistema de comunicações integrado, o famigerado SIRESP; outros relatórios apontam o dedo à Protecção Civil que terá levado demasiado tempo a accionar os mecanismos necessários para socorrer as populações. Outros ainda procuraram, e continuarão a fazê-lo, imputar responsabilidades políticas ao Governo em funções, talvez agora com menos recurso a presumíveis suicídios. Com efeito, as palavras levianas de Passos Coelho, quando afirmou conhecer situações de desespero que redundaram em suicídio para depois, perante a não confirmação, insistir, mas desta feita em tentativas de suicídio, podem ter o condão de deitar alguma água na fervura. Ou por outras palavras: as afirmações despropositadas e de mau gosto do antigo primeiro-ministro podem arrastar consigo uma certa contenção de tantos que se enfileir

Comunicação social

A desgraça que se abateu sobre o país serviu para mostrar a debilidade das florestas portuguesas, mas teve também o mérito de mostrar a verdadeira face da comunicação social. Em bom rigor não há novidade quer no que diz respeito ao primeiro assunto como ao segundo.  Depois de dias de exploração do assunto, não raras vezes recorrendo a formas pouco dignas de tratamento das notícias, é agora tempo dos fazedores de opinião afectos ao anterior governo fazerem das suas. Assim, aponta-se o dedo ao Executivo de António Costa, clamando-se pela demissão da ministra da Administração Interna. Assim, aproveita-se a tragédia para atacar o Governo: má preparação, incúria, opções políticas erradas - tudo terá começado e terminado com António Costa. Mesmo questões difíceis de abordar como o SIRESP - resultado da promiscuidade entre PSD e o famigerado BPN - são responsabilidade do actual governo. Ou seja esqueçamos, convenientemente, os bons resultados económicos, que tantas dores de cabeça têm

Passos Coelho igual a si próprio

Aparentemente revoltado com o que se passou no país, o ex-primeiro-ministro enfatizou o falhanço do Estado, um falhanço que persiste, tanto mais que ele próprio teria conhecimento de suicídios "por falta de apoio psicológico em Pedrógão". É certo que imediatamente tanto o Presidente da Câmara de Pedrógão Grande como o Presidente da Administração Regional de Saúde vieram a público negar qualquer suicídio, mas isso não afectará quem, num desespero indisfarçável, procura retirar dividendos da desgraça No entanto e como choveram críticas à precipitação de Passos Coelho, veio o Provedor da Santa Casa da Misericórdia dar o corpo ao manifesto, pedindo desculpas por ter induzido Passos em erro. E assim se esperaria que o infeliz assunto ficasse por aí: uma também infeliz sucessão de equívocos. Não ficou e Passos Coelho viu-se obrigado a pedir desculpa. A desculpa prende-se com a não confirmação da informação e não pelo abjecto aproveitamento político de uma desgraça sem precedente

O Sr. Ex-primeiro-ministro ouviu bem: nacionalização

A palavra "nacionalização" arrepia uma certa direita, medíocre, neoliberal e incapaz de reconhecer os falhanços enormes do sistema. Passos Coelho, ex-primeiro-ministro-inconformado, pertence a essa direita e mais: é um dos expoentes máximos dessa direita em Portugal. Vem isto a propósito de uma notícia veiculada pelo Jornal Público e que dá conta de uma acordo firmado entre o Estado, representado pelo governo de Passos Coelho e o famigerado SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal e do consórcio que explora essa fileira composto, uma PPP, composta por Galilei (ex-SLN, sim estamos a falar do BPN), ESEGUR, PT, Motorola e Datacomp. O acordo visava uma redução de pagamento por parte do Estado de 25 milhões de euros, e embora o acordo tenha sido firmado no dia 9 de Abril de 2015, só se efectivou e ficou concluído pelo actual Governo de António Costa. O SIRESP, o tal que custou mais de 500 milhões ao erário público, e que passou pelas mãos de vár

Os bons resultados

Primeiro vingou a ideia, por pouco tempo ainda assim, que postulava um inevitável fracasso da solução que juntava Partido Socialista, Bloco de Esquerda e Partido Comunista; depois esperou-se que o Diabo estivesse para chegar, ainda estamos à espera; finalmente, e já num contexto de desorientação, procurou-se reclamar louros sem qualquer espécie de sentido, fosse no que diz respeito à redução do desemprego, fosse nos próprios resultados económicos – tudo era por conta de Passos Coelho. Ora, a realidade teima em ser tão diferente dos sonhos mais ousados do ex-primeiro-ministro. Afinal de Contas, Portugal está oficialmente fora do Procedimento por Défice Excessivo e como se isso não fosse suficiente ainda se propõe pagar, antecipadamente, 10 mil milhões ao FMI, enquanto se financia a juros notavelmente baixos. Para cúmulo dos cúmulos ainda assistimos aos elogios de Schäuble e seus acólitos – são exercícios plenos de hipocrisia, mas que garantidamente causam azia em Passos Coelho, Maria

Viver a ilusão de que o neoliberalismo é o futuro

O neoliberalismo que marca o capitalismo das últimas décadas baseou-se numa grande ilusão: o bem-estar social aliado ao crédito. Ou seja, embora os rendimentos do trabalho tenham vindo a ser consideravelmente reduzidos, o crédito permitia a manutenção quer da ilusão de bem-estar, quer do próprio funcionamento do capitalismo.  No entanto, 2008 deu mais um contributo para que o corredor das ilusões se tornasse progressivamente mais exíguo. Paul Mason, no seu livro "Pós-Capitalismo" faz o diagnóstico com base nas três rupturas sistémicas: climática, demográfica e, evidentemente, financeira. Segundo o autor, uma voz cada vez menos isolada, o capitalismo neoliberal ou moderno aproxima-se do seu fim. Mas a ilusão permanece; a ilusão que permite esquecer que vivemos o pior dos momentos - o de transição que vem invariavelmente acompanhada de confusão. E subjacente a essa ilusão está a ideia de que o capitalismo, apesar desta deriva neoliberal, tem pernas para andar e que a crise

Tempos em que o desprezo era rei

O Presidente da República, mantendo-se fiel a si próprio, mostrou estar junto das populações que foram assoladas pela tragédia dos incêndios. E aquilo que dificilmente seria criticável - o apoio, os gestos de afectos e de solidariedade - começa a sê-lo. O primeiro a abrir as hostilidades terá sido o deputado do CDS, Hélder Amaral, que alega que não bastam "beijinhos no dói-dói". De seguida vieram os comentadores de pacotilha que, finalmente, viram uma oportunidade para criticar um Presidente que é diametralmente oposto a Cavaco Silva e que, também por essa razão, passou a ser detestável. Escusado será dissertar sobre a importância de gestos como aqueles que são agora alvo de crítica, se não se percebe a sua importância, então pouco haverá a fazer. Por outro lado, a ideia que nada haverá a fazer – ideia essa atribuída ao Presidente - estaria relacionada com a força da natureza; se Deus tivesse sido evocado talvez os ânimos serenassem. Situação que poderia bem ter aconteci

(Ainda) não é altura para politiquices

A tragédia que assolou o país tem uma dimensão que não permite que se perca tempo com politiquices, acusações, dedos em riste. Nem tão-pouco será tempo para a política, a genuína e não vulgar, entrar em campo, através de uma qualquer deriva legislativa em cima do acontecimento. O que não quer dizer que se entre num período obscurantista, muito pelo contrário, hoje e no futuro, como deveria ter sido feito no passado, é imperativo de ouvir quem sabe destas matérias. Tendo sempre em vista as alterações climáticas e o seu expectável agravamento. Este será o tempo de acudir a quem necessita e nem seria preciso fazer uma afirmação tão óbvia não fosse um ou outro responsável político vir a terreiro apontar o dedo. E por falar em vulgaridades, Hélder Amaral, deputado do CDS, aponta o dedo ao Presidente, afirmando que "não basta um Presidente dar beijinhos no dói-dói e dizer que não há nada a fazer". Sim, Hélder Amaral tem feito muito para a resolução deste e de outros problemas. N

Do lado errado da História

Os anos de Passos Coelho foram marcados por políticas nefastas, a coberto da troika, outras vezes orgulhosamente para além da troika, mas ficam igualmente marcados por uma postura de subserviência perante o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäulbe, e por uma falsa superioridade perante países que se encontravam sob a alçada da troika. Durante anos escolhemos sentar ao colo da Alemanha enquanto olhávamos de alto a baixo para outros que estavam em situação similar ou pior do que a nossa. Um orgulho, portanto. Vem isto a propósito de novas revelações do ex-ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, nas quais fica novamente patente a postura de subserviência, muito própria de sabujos, por parte dos representantes políticos portugueses. Varoufakis afirma que em 2015 existia um acordo secreto entre a Chanceler alemã Angela Merkel e a Grécia. Um acordo que veio a contar com a rejeição do ministro das Finanças alemão numa reunião do Eurogrupo e teve o apoio de apenas dois países,

A derrota de May

Theresa May jogou o tudo por tudo nas eleições do passado dia 8 de Junho. Aquilo que parecia promissor rapidamente se transformou num pesadelo: a perda da maioria absoluta no Parlamento.  O que surpreende em Theresa May nem é tanto o resultado, mas a crença que a primeira-ministra tinha em si própria que podia vencer as eleições sem grande esforço - uma espécie de situação garantida. Ora, May manifestou ser absolutamente incapaz de levar a cabo uma campanha eleitoral, com episódios de ausência dos debates, até propostas de cobrar dinheiros aos defuntos. No entanto, a sorte de May, é que o líder trabalhista tem sido pintado como um radical por uma comunicação social contra si. Corbyn ainda assim conseguiu um excelente resultado, insuficiente para chegar a primeiro-ministro, mas incomparavelmente melhor do que se esperava. Corbyn não contou com os votos daqueles que ainda têm uma fé inabalável no neoliberalismo; os que ainda acreditam que esta forma de capitalismo lhes trará o confo

Obstrução à justiça

James Comey, ex-director do FBI, que acabou despedido por Donald Trump, enviou um documento ao Comité dos Serviços de Inteligência que deixam a pior das imagens do Presidente americano. De resto, torna-se impossível não se falar em obstrução à justiça. Por mais do que uma vez Trump fez pressão sobre o director do FBI para deixar cair as suspeições que envolviam a si à Rússia e sobre Mike Flynn, seu conselheiro. Trump começava por falar em lealdade para se dirigir directamente a Comey para que este deixasse cair a investigação que incidia sobre Mike Flynn. Nunca o ex-director do FBI tinha falado tantas vezes com um Presidente americano. Posteriormente, Comey prestou declarações mais detalhadas no Comité dos Serviços de Inteligência do Senado, onde não só afirmou que tomou notas do encontro com Trump por acreditar que o Presidente pudesse mentir, como o acusou, de facto, de difamação, a si como ao FBI. As declarações de Comey são demolidoras para Donald Trump. Depois do que agora

Qatar: um bode expiatório para incendiar o Golfo Pérsico

A Arábia Saudita encabeça uma longa lista de países que anunciaram o corte de relações com um pequeno país do Golfo Pérsico: o Qatar. Alegadamente o Emir do país terá feito declarações na internet que sustentam o apoio ao Irão e a grupos extremistas. O mesmo Emir já afirmou não ter feito essas declarações, mas sim ter sido alvo de um ataque informático e os próprios serviços secretos americanos perfilham a mesma posição, embora sejam conhecidas as posições deste país de não repúdio do Irão xiita ou de grupos como os Irmãos Muçulmanos ou o Hamas. Muito longe ainda assim da violência de grupos como o Daesh. No entanto, parece pouco, muito pouco para uma decisão desta envergadura, sobretudo quando a mesma tem na linha da frente o berço do salafismo e wahabismo e que dá enquadramento ao terrorismo sunita inspirador de grupos como o Daesh e al-Qaeda, a começar pelo recurso à educação via madrassas. Esta posição de países como a Arábia Saudita vem dar um forte contributo à instabilidade

E se Jeremy Corbyn vencer as eleições no Reino Unido?

Theresa May julgava que tinha feito uma jogada de mestre ao invocar a necessidade de novas eleições para que destas saísse um governo forte e sólido com o objectivo de negociar o Brexit. Todavia, saiu-lhe o tiro pela culatra e da vantagem significativa com que partiu restam uns meros três porcento de vantagem ou ainda menos. A vitória esmagadora transformar-se-á, no melhor dos cenários, numa vitória tangencial. Mas e se Jeremy Corbyn, líder Trabalhista, vencesse as eleições?  Desde logo, as negociações com vista ao Brexit seriam consideravelmente diferentes: Corbyn, contrariamente à sua adversária conservadora, não defende um Hard Brexit e arrasa inexoravelmente a frase de May, repetida até à exaustão: "No deal is better than a bad deal". Por conseguinte, uma vitória de Corbyn seria mais vantajosa para os britânicos, mas também para a Europa. Paralelamente, com Corbyn como primeiro-ministro, o Reino Unido assistiria a uma inversão nas políticas de austeridade - as mesm

Esta também é por conta de Passos Coelho

Passos Coelho não deixa escapar uma, mostrando-se implacável no que toca a reclamar louros. Desta feita, o ex-primeiro-ministro lembra, com toda a ênfase possível, que foi no seu Governo, e apenas no seu Governo, que se baixou aquilo que é comummente designado por rendas excessivas pagas à EDP. De fora do discurso exaltado de Passos Coelho, ficaram tanto o facto da troika ter visado precisamente os Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (rendas excessivas), como o facto do seu Governo ter feito manifestamente pouco, sobretudo em relação ao que a própria troika pretendia, já para não falar na demissão do secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, precisamente resultado da pressão das eléctricas.  Quem oiça Passos Coelho fica com a ideia de que o anterior primeiro-ministro foi responsável por uma redução drástica das tais rendas e pelo cerceamento da promiscuidade que existe há décadas entre poder político e poder económico, no caso a EDP. A redução drástica das rendas

Basta

A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que é tempo de dizer “basta” aos ataques terroristas. A conferência de imprensa decorreu depois de mais uma noite de terror, desta feita na capital, Londres. A afirmação de Theresa May é certeira: basta de atentados terroristas. Mas basta também de vendas incomensuráveis de armas à Arábia Saudita, terra pródiga na génese e na proliferação da ideologia extremista que está subjacente a esses atentados; basta de, em nome de petrodólares, se cometerem erros crassos; basta de acções que resultam em vazios de poder ocupados por grupos extremistas; basta de apoios, por parte de países como os EUA, Reino Unido ou França, a grupos ou indivíduos apostados em derrotar quem ocupa o poder em países do Norte de África e do Médio Oriente, simultaneamente apoiantes ou executores do jihadismo. Infelizmente, Theresa May não se referia ao que está acima enumerado, até porque ela própria apoiou ou contribuiu e contribui para o pior dos contextos.

Trump retira EUA do Acordo de Paris

Está confirmado, Donald Trump, o Presidente do carvão, retirou os EUA do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. Recorde-se que Obama tinha assinado o acordo, considerado histórico, mas ainda assim insuficiente. A decisão desta Administração americana não surpreende. Trump, em campanha eleitoral, desacreditou por inúmeras vezes o assunto, chegando mesmo a afirmar que as alterações climáticas eram "invenção dos chineses". Por outro lado, o Presidente americano mostra-se um fervoroso adepto do carvão (sim, é mesmo verdade) e tem retirado apoios às energias renováveis. Recorde-se também que o Acordo de Paris tem como objectivo reduzir substancialmente a poluição ambiental, com especial foco na emissão de gases com efeito de estufa, considerados os causadores das alterações climáticas. 185 países assinaram, ficando de fora a Síria em guerra e a Nicarágua por considerar que o Acordo não ia suficientemente longe. A estes países junta-se agora os EUA. De resto, a decisão

Uma Europa mais forte

A Europa não tem outro caminho que não passe pelo seu fortalecimento, sendo que, muito provavelmente, terá de fazer esse caminho sozinha. Angela Merkel tem, por conseguinte, razão quando afirma que nós Europeus temos de tomar o destino nas nossas mãos, chamando a atenção para o facto de não podermos contar com os EUA sob a presidência de Donald Trump. O Presidente americano deu a sua resposta da forma e pela via habitual: repleto de classe, via twitter. O mundo está em acelerada mudança e há um facto a relevar: a Europa está mais isolada, num contexto em que vingam líderes como Donald Trump, Erdogan ou Putin; num contexto em que a UE deixa de ter no seu seio o Reino Unido. Assim, parece que o caminho passará pela consolidação do eixo franco-alemão, com Merkel e Macron como protagonistas. O eixo franco-alemão já foi central à UE, mas com resultados francamente negativos, até para o mais fervoroso europeísta. Existindo uma verdade difícil de rebater nas palavras da Chanceler alemã