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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2010

Contradições

O PCP pede esclarecimentos sobre alegadas contradições no depoimento de Rui Pedro Soares , ex-Administrador da PT, na Comissão de Ética do Parlamento. Segundo o partido comunista, o ex-Administrador da PT denotou falta de seriedade no seu depoimento, deixando visível várias contradições que o PCP quer ver serem esclarecidas. O PCP mostra assim que pretende ver esclarecida toda esta história deplorável que alegadamente envolve o primeiro-ministro. Isto numa altura que os restantes partidos políticos mostram enorme relutância em abordar o assunto. Tem sido curioso assistir ao depoimento de uma multiplicidade de jornalistas e directores de jornais que acusam o primeiro-ministro de ter tentado, directa ou indirectamente, condicionar as várias linhas editoriais. Nem assim se ouve uma explicação plausível por parte do primeiro-ministro que, em recorrentes manifestações de uma espécie de superioridade (embora não se compreenda bem de que forma é que essa superioridade poderia alguma vez exis

Cuba: Paraíso para uns, Inferno para outros

Para além das paisagens idílicas que Cuba nos proporciona, há quem considere o regime dos irmãos Castro como funcional e até desejável; outros como o dissidente Zapata Tamayo que veio a falecer esta semana, viveu no Inferno. Quem se opõe ao regime acaba mesmo por viver no Inferno. O Presidente cubano, Raul Castro considera que "as relações com os Estados Unidos encorajam estes protestos" . E se podemos criticar o embargo dos Estados Unidos e até mesmo defender a ideia que a relação dos EUA com a ilha deixou, historicamente, muito a desejar, não se consegue perceber onde está a relação de um preso - dissidente político - que, durante uma greve de fome como forma de protesto contra as condições deploráveis da prisão em que se encontrava acabou por morrer, e os EUA. O regime dos irmãos Castro é ditatorial, não há por isso espaço à consagração de liberdades individuais. A dissidência é severamente punida. Em suma, é disto que se trata e não das relações com os EUA. Infelizmente,

Ver para crer

A proposta de pôr o Estado a pagar juros de mora quando se atrasar nos pagamentos é um sinal positivo que se espera que se concretize. Parece haver consenso sobre a necessidade de uma maior responsabilização e exigência por parte do Estado, embora, em rigor, o CDS-PP sempre tenha sido o partido mais activo nesta matéria. Um dos problemas da nossa economia é precisamente a cultura de desresponsabilização que é transversal a Estado e a sector privado - demora-se demasiado tempo para pagar, quando se paga. Estas ausências e demoras nos pagamentos criam uma espécie de bola de neve que degenera na falta de liquidez que, por sua vez, tem vindo a ser agravada pelas reduções na concessão de crédito. Todavia, e como é habitual por estas paragens, vai ser preciso ver para crer. Afinal de contas, estamos a viver a era da propaganda repleta de propostas e alterações promissoras que raras vezes se materializam em resultados. Mas esta era da propaganda foi largamente aprofundada pela acção do actua

Estado Palestiniano

Vários países da União Europeia parece concordarem num apoio mais directo à criação de um Estado palestiniano. O Governo israelita continua a advogar a ideia de que ainda não estão reunidas condições para que a criação de um Estado palestiniano. E vive-se assim, há largos anos, num impasse. Israel pretende que sejam respeitadas condições por si impostas para que haja lugar a essa discussão. A questão das fronteiras é mais um pomo de discórdia na já longa disputa entre os dois povos. De igual forma, a divisão ou não da cidade de Jerusalém e a reiterada expansão dos colonatos judaicos são fontes de ininterrupta animosidade. Importa, em rigor, sublinhar que o Governo israelita tem manifestado pouca ou nenhuma vontade em fazer as necessárias concessões para que o diálogo possa ser mais profícuo. De resto, essa recusa de Israel em ceder nada mais é do que o resultado do medo que impregnou a sociedade israelita. Quando parte dos palestiniano escolheram o terrorismo como forma de luta, deitar

Precariedade e desemprego

Enquanto o país vive com a permanente sensação de ingovernabilidade, os portugueses confrontam-se com duas realidades cada mais difíceis de sustentar: o desemprego e a precariedade. Estas duas realidades são recorrentemente apresentadas como sendo inevitáveis, fechando, deste modo, as portas a uma verdadeira solução que permita contrariar a tal inevitabilidade. Curiosamente, ambas as realidades – desemprego e precariedade – são indissociáveis, senão vejamos: o desemprego é amiúde apresentado como a alternativa ao trabalho precário. Assim, os trabalhadores ou aceitam condições deploráveis de precariedade ou acabam no desemprego. Esta premissa tornou-se mais forte numa altura de crise que, em muitas circunstâncias, veio por a nu as fragilidades de gestão de muitas empresas radicadas no nosso país. O resultado, esse, é invariavelmente o mesmo: desemprego e aumento da precariedade. A classe política, designadamente o Governo e alguns partidos da oposição, crêem piamente que o aumento

Entre acusações e desmentidos...

...anda o país a adiar indefinidamente a resolução dos seus problemas. Agora foi a vez de Armando Vara ter afirmado que nunca falou com Sócrates sobre a TVI . Depois das suspeições incómodas, surgem, tardiamente, os desmentidos, em particular os de José Sócrates. O primeiro-ministro mostra novamente a sua incapacidade em esclarecer os cidadãos, não exibindo mais do que a sua habitual arrogância e irascibilidade. Pelo caminho fica o país em suspenso, numa espécie de limbo em que nada se propõe, em que nada se discute, em que nada se decide. Os problemas do país, esses, não desaparecem por muito que o Executivo de José Sócrates tente escamotear a realidade, tal como foi feito com o real défice do país - pouco tempo depois das legislativa, pasme-se! O défice anda tão perto dos 10 por cento. São apenas adiados, esquecidos, na melhor das hipóteses. Deixando os eufemismos de parte, este Governo tem um vasto currículo de mentiras, sim de mentiras. Em consequência, por que razão havemos de acr

Passado e presente do PS

O Partido Socialista determinou, para o bem o para o mal, o rumo que o país seguiu e segue ao longo de mais de 30 anos. O PS marcou indelevelmente a História recente do país, quer no período subsequente ao 25 de Abril, quer nestes últimos anos da política portuguesa. Na verdade, o papel do PS na escolha pela via democrática, designadamente no conturbado período que se seguiu ao 25 de Abril e no consequente processo de consolidação do regime democrático, é inquestionável e não pode ser esquecido. Será porventura por essa razão que os acontecimentos das últimas semanas e, em larga medida, dos anos de exercício político deste Governo, são manifestamente perturbadores. De um modo geral, as alegadas tentativas de controlo da comunicação social e o desconforto sempre manifestado pelo Executivo relativamente a essa mesma comunicação social não são concomitantes com a História do partido. De resto, parece que ainda não se percebeu que quaisquer tentativas de controlar a comunicação social acab

Pensar o Estado

Este princípio de ano é indelevelmente marcado pela confluência de três crises: uma crise económica, uma crise na Justiça e, mais recentemente, uma crise política. Enquanto a crise na Justiça que já existia, mas que se tem vindo a agudizar, põe em causa o Estado de Direito e compromete a democracia, a crise económica não será nem debelada nem resolvida enquanto perdurar a crise política que se traduz na acentuada fragilização do Governo, desgastado com o caso "Face Oculta". Ora, nestas circunstâncias, uma discussão sobre o Estado é praticamente inviável, embora se perceba a urgência dessa discussão. Afinal de contas, é preciso discutir as relações entre Estado e empresas privadas e se este modelo de Estado que vigora não potencia uma proximidade contraproducente em que se mistura poder político e poder económico. Paralelamente, será de uma enorme proficuidade analisar os resultados que o modelo de Estado actual produz, designadamente, se o Estado não tem vindo a perder a sua

Nervos à flor da pele

Ontem foi visível o nervosismo dos deputados e ministros socialistas na Assembleia da República, consequência da providência cautelar que teria como objectivo impedir que o semanário Sol viesse para as bancas. Hoje esse nervosismo será agudizado com mais revelações do jornal sobre uma alegada tentativa do Governo de controlar a comunicação social. Fala-se do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF . A PT teria uma papel preponderante no esquema. O país está a viver uma situação particularmente grave. Porquanto existe a confluência de três crises: uma crise económica sem fim à vista; uma crise da Justiça que já estava muito presente, mas com o caso das escutas ganhou proporções incomensuráveis; e a crise política, designadamente a crise do primeiro-ministro que a cada dia que passa parece ter menos condições para se manter no cargo. Pese embora não seja essa a percepção do Governo. De resto, a crise política arrasta consigo a Justiça e vice-versa, e sem a resolução destas, esqueça

Candidatura de Rangel

Paulo Rangel anunciou ontem a sua candidatura à presidência do PSD. Num discurso muito virado para o país e menos para o partido, Rangel não escondeu a sua vontade de governar o país. O eurodeputado que afirmava cumprir o seu mandato e apoiar uma eventual candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, vem agora apresentar uma candidatura "desprendida" e solitária. Espera-se agora o anúncio da candidatura do deputado Aguiar Branco para um maior definição dos próximos meses do PSD. Esta candidatura pode ter vantagens relativamente às demais, em particular por se tratar de alguém que venceu as eleições europeias, como cabeça de lista pelo PSD; outra vantagem que é também percepcionada como desvantagem é a sua curta experiência no PSD -o que pode igualmente ser vista como vantagem numa altura de clara saturação dos mesmos rostos, das mesmas ideias (quando existem), das mesmas pessoas. Além disso, Paulo Rangel é exímio em matéria de retórica e oratória, ficamos a aguardar a sua excelênci

O desconforto do PS

O Partido Socialista, nomeadamente algumas personalidades do partido, começam a sentir manifestas dificuldades em esconder o desconforto perante as acusações de tentativa de condicionamento de liberdades por parte do primeiro-ministro. O jornal Público dá conta desse mesmo desconforto desta vez sentido por Jaime Gama . É natural que assim seja. Das duas uma: ou o desconforto existe perante a possibilidade do primeiro-ministro e líder do partido ter tentado condicionar a comunicação social - acusação muito grave - ou esse desconforto revela-se perante a fragilização de José Sócrates e consequentemente do partido. Começa a ser evidente que Sócrates vai ter muitas dificuldades em recuperar de mais este episódio que começa a transformar-se no maior obstáculo que Sócrates já teve que enfrentar. Além disso, não vai contar com a solidariedade do partido. O PS, quer pela sua história, quer pelos interesses pouco louváveis que comandam o partido, não pode conviver saudavelmente com este ambient

Avisos do sector bancário

Os responsáveis pelo sector bancário vieram a público chamar a atenção para a inevitabilidade da passagem do ónus da crise para os seus clientes. Ou dito de outra forma: a crise do nosso país em matéria de dívida pública vai ter um impacto nos clientes . É curioso verificar que o Estado português colocou um guarda-chuva de dinheiro sobre os bancos para os proteger e estes, para além de não assumirem as suas responsabilidades, ainda afirmam que a factura de um aumento dos custos do financiamento no exterior terá como consequência um aumento dos spreads. Pior: estes senhores não se coíbem de pedir aumentos de impostos, quando foram beneficiários directos da boa vontade do Estado e quando os impostos que pagam são anedóticos. É evidente que o discurso destes responsáveis não poderia ser outro. A ganância, a imoralidade e insensibilidade social fazem parte do jogo. Apesar da crise internacional que teve o seu epicentro no sector financeiro, embora não tanto nos bancos comerciais, os lucros

Relativização da democracia

Os acontecimentos dos últimos dias mostram uma relativização da democracia e dos seus fundamentos e liberdades. O impacto que certas transcrições de escutas provocaram é comparável a uma pequena detonação e não a uma bomba atómica como seria de esperar. Se fizermos um ligeiro exercício de análise de outras democracias europeias ficamos assombrados com as diferenças. As instituições democráticas funcionam e, embora a indiferença dos cidadãos também se verifique, existe uma sociedade civil que reage ao invés de se resignar, e mais significativo, os representantes eleitos consideram seu dever prestar esclarecimentos aos cidadãos. A nossa democracia sai fragilizada com os últimos acontecimentos e nem as alegadas tentativas de condicionamento quer da comunicação social, quer do Presidente da República provocam uma reacção dos cidadãos digna de registo. O facto de haver a suspeição de que o poder político alia-se ao poder económico com o objectivo de tentar condicionar liberdades fundame

Controlo da comunicação social

O Jornal Sol noticia hoje que a investigação do caso Face Oculta acabou por revelar tentativas por parte do Governo de controlar a comunicação social . A gravidade destas acusações são um indubitável atentado à própria democracia. O despacho dos juízes refere mesmo uma espécie de plano governamental para afastar jornalistas incómodos. Será porventura à luz deste despacho que devemos olhar para a saída de Manuela Moura Guedes da TVI, José Manuel Fernandes do Público, e para a conversa do primeiro-ministro revelada por Mário Crespo da SIC Notícias. Ora, perante a gravidade destas acusações, o primeiro-ministro continua a refugiar-se no silêncio. Esta tem sido uma semana difícil para o Governo. O imbróglio da Lei das Finanças Regionais, as acusações de Mário Crespo e agora estas revelações são muito provavelmente decisivas para o futuro próximo do primeiro-ministro e do Governo, embora seja de assinalar a resistência deste primeiro-ministro. A verdade é que depois de tantos casos, suspeiç

Ameaças de demissão

A semana política fica marcada pela instabilidade ao nível do Governo a propósito das mudanças propostas pelos partidos da oposição relativamente à Lei das Finanças Regionais. Ou dito por outras palavras: a oposição prepara-se para aprovar mais dinheiro para a Madeira e o Governo não aceita essa alteração. Esta semana foi notícia a possibilidade do ministro das Finanças se demitir caso a lei seja aprovada, em consequência coloca-se também a hipótese da demissão do próprio Governo . Quanto à lei propriamente dita e que é, afinal de contas, o pomo da discórdia, não há muito a dizer. Trata-se, na sua essência, de mais uma benesse atirada para uma região já por si muito endividada, e num contexto de graves dificuldades financeiras do país. Com efeito, os partidos da oposição, designadamente o PSD nem têm uma linha de argumentação sólida que justifique a alteração proposta. No que toca ao PS, e em particular ao Governo, parece que esta lei está a ser aproveitada para uma novavitimização e n

O desafio da Europa

A recusa do ministro francês da Imigração em conceder a nacionalidade a um estrangeiro que obriga a mulher a usar o véu islâmico é mais um sinal do choque entre hábitos e costumes (frequentemente de índole religiosa) dos imigrantes e os costumes, tradições, cultura, laicismo e a própria Lei dos países de acolhimento. Sejamos claros: tem imperado uma perversão completa dos valores europeus concomitantes com o respeito pelos Direitos Humanos em favor da integração de imigrantes. Um pouco por toda a Europa assiste-se a uma tentativa de integrar a qualquer custo os imigrantes, sendo que esse custo é invariavelmente a nossa ideia de sociedade. Não é, pois, por acaso que a sharia é olhada por alguns como uma alternativa para os muçulmanos à Lei dos países e ao Estado de Direito - seria uma espécie de lei específica para a comunidade muçulmana a residir na Europa. Não interessa que os cidadãos de um país tenham de respeitar a Lei desse país, nem tão-pouco parece relevante que essa mesma shar

Mário Crespo e José Sócrates

Começou outra novela cujo enredo se vai complicando com a entrada de novas personagens. Em síntese, Mário Crespo escreveu um artigo no qual acusa o primeiro-ministro de o classificar como sendo um problema entre alguns impropérios. Esta é mais uma acusação de tentativa por parte do primeiro-ministro de condicionar a comunicação social, mais uma entre várias. Entretanto, o Director de programas da SIC, que estava no mesmo restaurante, veio a público confirmar e refutar as acusações do jornalista da mesma estação . Esta é mais uma novela de curta duração. Não existem provas que a conversa terá ocorrido tal como Crespo a descreveu e o primeiro-ministro já sobreviveu a situações mais intrincadas. De um modo geral, há situações menos transparentes que indicam uma eventual tentativa de condicionar jornalistas: o caso de Manuela Moura Guedes, a saída do Director do Público, José Manuel Fernandes, e agora a conversa de José Sócrates sobre Mário Crespo poderão até ser eventualmente explicáveis,

Pressões da China

Perante a possibilidade do Presidente Barack Obama receber o prémio Nobel da Paz, Dalai Lama, a China reagiu com as ameaças do costume. Segundo as autoridades chinesas, uma eventual recepção de Obama do líder espiritual tibetano compromete as relações entre os dois países. As ameaças cada vez menos veladas das autoridades chineses surtem, amiúde, efeito. Mas não me parece que venha a ser este o caso. A Administração Obama não se coibiu de criticar veementemente o regime chinês devido aos episódios de censura que puseram em causa a permanência da empresa Google na China. Existe certamente uma certeza: uma eventual recepção por parte do Presidente americano do Dalai Lama fragiliza as relações com a China, mas denota aquela verticalidade que não se coaduna com a Realpolitik . Em Portugal, aquando da visita do Dalai Lama ao nosso país, o Governo e a Presidência mostram a sua total subserviência e ausência de espinha dorsal. Enfim, não terá sido o primeiro episódio do género, nem será segur

Unidade dos portugueses

No início das comemorações centenário da República, o Presidente da Republica e o primeiro-ministro apelaram à unidade dos portugueses. O período que o país atravessa é difícil e mais grave, não se vislumbram melhorias no horizonte. Curiosamente muitos dos vícios da I República não se afastam assim tanto dos tempos que atravessamos, esses vícios abriram a porta a 48 anos de ditadura. O Presidente da República e o primeiro-ministro apelam à unidade dos portugueses. Essa unidade é, indubitavelmente, determinante para ultrapassarmos os problemas actuais. Mas seria igualmente importante que a classe política fizesse uma profunda análise da sua acção nos últimos anos. A mentira, a suspeição, a incompetência e os interesses mesquinhos estão a corroer a República e a destruir a Democracia. A unidade também se consegue com responsabilização. Coisa rara nos tempos que correm. Esta reflexão tem que ser feita também por quem nos pede unidade.