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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2019

Sondagens

As sondagens não têm sido particularmente felizes para os partidos de direita, mas a última sondagem da TVI é um verdadeiro balde de água fria para PSD, CDS e PCP. O PS fica longe da maioria absoluta, mas o PSD fica a 15 ponto percentuais de distância, enquanto o CDS passa para o partida trotinete com um resultado trágico: 3,3%. PCP/PEV não consegue mais do que 5.6% - o pior resultado em legislativas. Em sentido contrário, a sondagem da TVI mostra o melhor resultado do Bloco de Esquerda, terceira força política, com uns expressivos 14,7 por cento e o PAN atingindo os 7,9%, passando para terceira força política. Trata-se de mais uma sondagem com todas as limitações que as mesmas comportam, mas que no entanto serve para se discutir um cenário hipotético que, apesar de naturalmente incerto, mostra uma direita francamente enfraquecida. Um enfraquecimento que, de resto, a liderança do CDS já reconheceu e o especialista em ganhar eleições (em sonhos), Rui Rio, finge não existir

Tudo e um par de botas

O PSD, o que resta do PSD que ainda se mexe, acusou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, de "prometer tudo mais um par de botas", isto a propósito das afirmações do ministro sobre a construção de "uma grande área metropolitana entre Lisboa e Porto" e subsequente ligação ferroviária que permitirá ligar ambas as cidades em apenas uma hora. As palavras do ministro que enfatiza o sonho de ligar ambas as cidades em pouco mais de um hora, não constituem propriamente uma promessa, e no melhor dos cenários podemos falar de uma troca de ideias e apresentação de possibilidades, pouco mais do que isso. O PSD, ou que resta do PSD, vem uma vez mais atirar e falhar o alvo. Não há nada nas palavras de Pedro Nuno Santos que justifique a questão da promessa. Não sei até que ponto as mesmas acusações se aplicam a outros ministros do actual Executivo, o que sei é que o anterior governo não só não prometeu nada, ao ponto de matar o que restav

Amazónia. Ponto de não retorno.

O "The Guardian" notícia que as políticas de enfraquecimento das autoridades que protegem a floresta e a desflorestação acelerada, promovidas por Jair Bolsonaro, estão a arrastar a situação na Amazónia para um ponto de não retorno. Ou seja caminhamos para uma irreversibilidade que terá consequências dantescas para o planeta. Importa, pois, dizer e repetir que existem culpados e que esses culpados têm rosto e nome e que quem os apoiou não é menos culpado. Em rigor, o actual Presidente brasileiro não enganou propriamente o eleitorado, manifestando por diversas vezes o desprezo que sente pelas questões ambientais. Afinal de contas reinam por aí alguns idiotas que acreditam que o planeta deles é diferente do dos outros. Mal entrou em funções Bolsonaro tratou de imediato de enfraquece as agências governamentais responsáveis pela protecção das florestas. Depois não escondeu o desprezo que sente pela população indígena que é o garante da sustentabilidade da maior

Estado de emergência (política) de Pedro Santana Lopes

Santana Lopes, movido pelo habitual e tão raro sentido de responsabilidade, viu-se na obrigação de fazer um apelo aos partidos de centro-direita num texto publicado no Facebook intitulado "Imperativo Patriótico". Esta podia muito bem ser a anedota da semana. Uma anedota que contaria com particularidades francamente divertidas: Santana Lopes no papel de cimento do centro-direita e uma sondagem que indica que 77% dos portugueses não o querem como primeiro-ministro nem que ele se banhe em ouro. Agora num tom um pouco mais sério (não custa tentar), Santana Lopes pede para os líderes dos partidos de centro-direita se encontrarem "tão breve quanto possível". A razão? "Um estado de emergência política" relacionado com o binómio direita-esquerda, isto depois de Santana Lopes "ter passado 4 semanas na estrada a ouvir as preocupações dos portugueses", e acrescenta: "As pessoas estão muito preocupadas com a extrema-esquerda e com as polí

Boris Johnson

Boris Johnson é o novo primeiro-ministro inglês, substituindo Theresa May. Boris, como é conhecido, apenas Boris, é considerado um político irreverente, eufemisticamente. Contudo, o pior de Boris Johnson não é a sua "irreverência", chamemos-lhe assim, mas a forma irresponsável como levou o país para a asneira do Brexit, bem como as promessas de um Brexit à força, tudo isto levado a cabo porque quem tem sérios problemas de legitimidade democrática. Recorde-se que Johnson foi escolhido pelo Partido Conservador e por inerência veio a ocupar o cargo de primeiro-ministro. Jeremey Corbyn, líder do Partido Trabalhista referiu mesmo que Boris Johnson havia sido escolhido por menos de 100 mil pessoas. Dito isto, as negociações referentes à saída do Reino Unido da União Europeia serão encabeçadas por quem contou com os votos de menos de 100 mil pessoas. Isto, claro está, se existir alguma espécie de negociação porque a vontade parece ser de sair mesmo sem acordo. As

Não há planeta para a globalização

No seu livro "Down to Earth" Bruno Latour afirma, sem margem para equívocos, que não existe planeta para a globalização, estabelecendo uma relação entre as desigualdades, a desregulação e as questões ambientais num contexto de morte da solidariedade dos mais ricos em relação a todos os outros. De resto, num planeta sem espaço para todos, qual o sentido da solidariedade e num cenário em que não existe um futuro comum qual a razão dessa solidariedade, quando o que interessa é sobreviver?  Latour refere a Cimeira de Paris, em 2015, como ponto de viragem. Nessa cimeira, as várias lideranças políticas ter-se-ão apercebido de que modernidade com quem sempre sonharam não passará de um mero sonho. Não há planeta para a globalização.  O filósofo, antropólogo e sociólogo defende a necessidade de repensarmos conceitos como a modernidade, as fronteiras, o global e o local, referindo igualmente a necessidade de se dar início a novos planos para habitar a terra. Este e outros pontos

Bonifácios e afins

As Bonifácios e afins permitem trazer à luz do dia o racismo latente e disfarçado que corre nas veias de muitos. As bonifácios e afins, mesmo procurando sustentar as suas bacocas teses em pretensos factos históricos ou traços culturais, cai no ridículo e acaba a falar da vizinha de outra "raça" que é ainda mais racista do que os "brancos", trazendo desta forma a conversa para dentro de um táxi. As Bonifácios e afins permitem também perceber que este é um problema que poucos querem abordar, até porque Portugal é supostamente um país diferente, mais tolerante, mais acolhedor. É bom pensamos assim. É bom porque nos enche o ego e nada precisamos de fazer para mudar porque não é preciso mudar o que está bem. As Bonifácios e afins trouxeram à luz do dia o racismo que por aí grassa, mostrando um país que nunca foi verdadeiramente tolerante, mas que apenas faz um esforço hercúleo para se convencer colectivamente dessa tolerância. Não chega expor ao rídiculo as

EUA: como é que vai ser até 2020?

Donald Trump que já anunciou a sua recandidatura em 2020 tem duas opções: ou intensifica a sua postura repleta de ignomínia ou retrai-se, amenizando o discurso. A primeira opção permite-lhe galvanizar os grupos de apoiantes; a segunda pode contribuir para não afastar ainda mais todos os outros, sobretudo os indecisos. Para já tudo indica que Trump escolherá a primeira opção, a que lhe é natural, a que permite criar divisões e que lhe garantirá, deseja ele e o seu séquito, a governação. De resto, o ataque racista às congressistas e o subsequente discurso onde inacreditavelmente o Presidente americano incita uma multidão a gritar: "Send her back, send her back", são sinais dessa escolha, o que significa que tudo vai ainda piorar, num país em que o Presidente age impunemente e tem subsequente carta branca para proferir as afirmações mais ultrajantes. Não esqueçamos os perigos de manifestações ou exercícios racistas levados a cabo pelas mais altas figuras polít

Racismo na Casa Branca

Há muita coisa que se tem revelado inédita com a actual Administração Trump, mas o Presidente americano conseguiu ir ainda mais longe, demonstrando o seu lado mais primário (sim, existe um lado ainda mais primário) ao escrever tweets racistas dirigidos a quatro congressistas americanas, curiosamente todas mulheres. Trump consegue superar-se e fazer um exercício, por escrito, convidando aquelas mulheres (embora não as nomeie) a regressar aos seus países, isto apesar de três delas terem nascido efectivamente em território americano. Se já era particularmente difícil encontrar forma de descrever este desastre de Administração, confesso que agora tornou-se inexoravelmente impossível. O Presidente, este ou qualquer outro, que faça aquele tipo de afirmações não pode continuar a sê-lo, desde logo por estar a dar um forte contributo para o acentuar de divisões que infelizmente continuam a existir, num exercício que representa a perfeita antítese do que deve ser a acção do Presid

Estado da Nação

Para além da reposição de parte dos rendimentos e da resistência à tentação de aplicar cortes tão do agrado do anterior governo, o actual Executivo dedicou-se quase exclusivamente à redução do défice, e com algum sucesso. No entanto, essa redução do défice tem sido feita à custa do desinvestimento, à semelhança do que tem sido feito no passado, ou da não reposição do investimento necessário para o funcionamento adequado dos serviços, comprometendo, consequentemente, o próprio Estado Social. Assim, e para se atingir as metas anunciadas com pompa e circunstância, o Governo deixa que a degradação na Saúde, Educação, transportes e noutros serviços do Estado considerados essenciais, continue a fazer o seu caminho. Deste modo, o estado da Nação que se discute só pode ser visto de uma forma genericamente negativa. O Governo de António Costa escolheu os ditames europeus, sem qualquer contestação, em detrimento da melhoria dos serviços públicos. O ministro das Finanças, também Presidente

Um desastre climático por semana

A frase em epigrafe foi proferida por Mami Mizoturi, representante especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas - "um desastre climático por semana". Torna-se impossível não perceber a gravidade das alterações climáticas quando o ritmo dos desastres climáticos é tão acelerado. Ora, este responsável acrescenta ainda que "as alterações climáticas não são do futuro, acontecem hoje". Isto depois do próprio secretário-geral das Nações Unidas ter feito capa da Time dentro de água, desalentado. O desespero é evidente. A estratégia sugerida passa, desde já, por mais investimento em infra-estruturas, ou seja procurarmos uma adaptação às mudanças. Já. No meio de cenários tão desoladores, encontramos ainda assim uma boa notícia: a cada vez maior visibilidade e assimilação do problema, o que implicará uma maior pressão, uma militância mais acérrima e uma maior exigência de uma inexorável mudança. Está a chegar o dia em que líderes como Trump deixe

A necessidade da "geringonça"

As eleições legislativas aproximam-se a passos largos e a necessidade de se reeditar a actual solução governativa torna-se cada vez mais evidente. Em primeiro lugar a "geringonça", constituída por BE, PCP e Verdes + PS, inviabilizará um cenário de governação a solo por parte do PS ou de governação do PS com acordos pontuais com o PSD, aqui numa reedição do bloco central que tão nefasto foi para o pais. Em segundo lugar, a geringonça obriga o Partido Socialista a governar à esquerda. É bem verdade que mesmo com esta solução política o PS inclina-se amíude para a direita, mas imagine-se então o PS a governar sozinho e ávido, por uma lado, por agradar às suas clientelas e, por outro, a Bruxelas. Finalmente, os contributos de BE, PCP e Partido Ecologista "Os Verdes" são essenciais para uma solução política de sucesso que dá um forte contributo para o enfraquecimento de movimentos populistas que grassam um pouco por toda a Europa. Cabe ao PS não deixar que

Dança das cadeiras com a Alemanha a mandar

A Alemanha voltou a mostrar quem manda na União Europeia, desta feita através de uma jogada política de última hora que, na prática, resultará na escolha de Ursula Von Der Leyen para o cargo de Presidente da Comissão Europeia, substituindo Jean-Claude Junker. A jogada de Merkel deixou os socialistas exasperados por não cumprir o sistema de escolha de um dos  Spitzenkandidaten,  cabeças de lista. A escolha de Ursula Von Der Leyen que contará com alguma oposição (vamos ver quanta) no Parlamento e a escolha de Lagarde para o BCE são derrotas para os socialistas europeus, mas também deixam um sabor amargo na boca dos cidadãos europeus que assistem a estes golpes encabeçados por países como a Alemanha e a França e seus acólitos, tudo em manifestações pouco consonantes com a democracia. Estas escolhas demonstram uma vez mais que na dança das cadeiras é a Alemanha que manda numa Europa à deriva, a milhas de distância dos seus cidadãos.