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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2017

Entrevista de Chomsky

O Jornal israelita Haaretz publica uma entrevista com Noam Chomsky em que o proeminente pensador norte-americano diz acreditar que não se pode excluir a possibilidade da Administração americana, num momento de estertor, poder recorrer à encenação de um atentado terrorista. As palavras são indubitavelmente fortes e a ideia verdadeiramente inquietante. Noam Chomsky acredita que a partir do momento em que os eleitores americanos percepcionarem o seu Presidente tal como ele verdadeiramente é, ou seja, um "vigarista" e que as suas promessas não têm possibilidade de serem concretizadas, Trump recorrerá a medidas extremas para arregimentar apoios. Assim, Chomsky não exclui a possibilidade de se assistir a um atentado terrorista que "mude o país instantaneamente". Aquilo que Chomsky profetiza não é inédito na História: quando tudo falha - e tudo falhará, sobretudo no que diz respeito à melhoria das condições de vida dos americanos - procura-se atirar as culpas para im

Trump: o pior ainda está para vir

Depois da clamorosa derrota de uma das medidas mais emblemáticas de Donald Trump, a Administração liderada pelo mesmo assinou uma ordem executiva deitando por terra as políticas ambientais de Barack Obama, dando prioridade aos combustíveis fósseis. Com efeito a derrota das políticas que visavam substituir o Obamacare deram algum alento a quem ainda acalenta a esperança de que nada disto - leia-se Donald Trump - será tão mau como se suporia. O Trumpcare que se preparava para atirar milhões de americanos para uma situação de maior fragilidade ou até para a morte acabou no caixote do lixo. No entanto, Trump volta à carga e desta feita atacando políticas ambientais, apostando no seu retrocesso. Ou seja tudo o que Obama fez - ainda muito insuficiente - será revertido por Donald Trump. Já se sabia, de resto, que as alterações climáticas são "uma invenção dos chineses" e o responsável máximo nesta Administração pelo ambiente considera que o aquecimento global não tem como princ

Levar Portugal a sério II

Torna-se difícil resistir ao slogan do PSD "Levar Portugal a sério". Ocasionalmente, e desta feita num Conselho Nacional, somos brindados com o slogan que tão bem assenta a quem nem se dava ao trabalho de discutir o periclitante estado do sector financeiro em conselho de ministros. O que importa é dizer que se quer levar Portugal a sério. Parece brincadeira mais não é. A ausência do tema em conselho de ministros e emails enviados atabalhoadamente durante as férias de Cristas, os dias já são de oposição e Passos Coelho aproveitou a oportunidade para criticar o plano de recapitalização levada a cabo pelo actual Executivo. Parece brincadeira, mas é sério. Por ocasião de mais uma ronda de levar Portugal a sério, Passos Coelho, teve a difícil tarefa de convencer o seus apoiantes, e de um modo geral o país, de que Teresa Leal Coelho é uma candidata para vencer as próximas eleições autárquicas. Não é fácil, mas é também para levar a sério. É evidente que o facto de Portugal t

60 anos e à beira do abismo

Este foi o fim-de-semana das celebrações do s 60 anos do Tratado de Roma, o que deu origem à C.E.E. Uns dias antes da celebração da data, uma das mais altas figuras da Europa, o Presidente do Eurogrupo, deu mais um contributo para as divisões entre Estados-membros, acusando os países do Sul da Europa de gastarem o dinheiro em mulheres e em copos. Sinais de uma Europa repleta de mediocridade e de egoísmo – uma Europa em futuro. Os principais responsáveis políticos ensaiaram exercícios bacocos de celebração a propósito de uma data que nada diz aos cidadãos , procurando que se esquecesse que esta é uma Europa à beira do abismo. Entre críticas tímidas e celebrações sem particular entusiasmo, todos querem passar a mesma mensagem: apesar dos problemas, a UE ainda tem futuro. Seria desejável que a UE fosse um projecto de futuro, mas não é, graças a figuras, tantas vezes não sufragadas pelos cidadãos; figuras essas obliteradas pelo egoísmo, ignorância histórica e pelos preconceitos. O

Dijsselbloem e a falta de vergonha

A falta de vergonha tem feito escola junto de uma classe política que, infelizmente, também se encontra à frente dos destinos da Europa. Dijsselbloem é um excelente exemplo da dita falta de vergonha. O ainda Presidente do Eurogrupo que, ao que tudo indica desempenhará essas funções até Janeiro de 2018, manifestou a sua intenção de se recandidatar.  Recorde-se que Dijsselbloem sofreu uma derrota clamorosa, através do seu partido, nas últimas eleições holandesas e, em consequência, deixará de ser ministro das Finanças. Todavia, as regras flexíveis do Eurogrupo permitem que o seu Presidente não tenha forçosamente de ser ministro das Finanças. Recorde-se também que Dijsselbloem voltou a manifestar os seus preconceitos contra a Europa do Sul, mas de forma mais brejeira do que é seu costume, facto que está a dar azo a pedidos de demissão de vários representantes políticos europeus. O que o Presidente do Eurogrupo e outros não querem perceber é que falsos socialistas e sociais-democrat

Sobre a liberdade de expressão

A propósito da polémica envolvendo a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Jaime Nogueira Pinto e uma tal de "Nova Portugalidade", não posso deixar de escrever algumas linhas sobre o assunto, designadamente sobre os novos arautos da liberdade de expressão. Recorde-se que a propósito de uma "conferência" protagonizada exclusivamente por Jaime Nogueira e que contava com a organização da dita "Nova Portugalidade" caiu o Carmo e a Trindade a propósito de uma alegada tentativa de silenciar opiniões veiculadas por Jaime Nogueira Pinto. Percebeu-se mais tarde, pelo menos quem quis perceber, percebeu, que a história andou a milhas de distância de qualquer tentativa de silenciamento. No entanto desta história mal contada emergiu uma nova classe de arautos da liberdade de expressão, os mesmos que, paradoxalmente, defendem ideias de um passado que cerceou essa mesma liberdade de expressão. Existe paralelamente uma clara tentativa de cavalgar outros moviment

Dijsselbloem, rua!

O ainda Presidente do Eurogrupo – o mesmo cujo nome nos obriga a recorrer incessantemente à função copia e colar – e pertencente ao partido que sofreu a mais humilhante derrota nas eleições holandesas, acusou os Europeus do sul de gastarem o seu dinheiro em “copos e mulheres” e depois “pedirem ajuda”. As declarações feitas a um jornal alemão centram-se igualmente na alegada social-democracia de Dijsselbloem, onde a solidariedade se confunde com xenofobia, sexismo e imbecilidade. Contudo, importa lembrar que Dijsselbloem não está sozinho, tendo cont ado com a companhia de Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, já para não falar de Schaüble, ministro das Finanças alemão. Este alegre grupinho fez da austeridade uma espécie de texto sagrado no qual a culpa sempre recaiu sobre os trabalhadores, os desempregados, os pensionistas – os tais que viveram acima das suas possibilidades, os tais que gastam tudo o que têm em copos e mulheres. Dijsselbloem, à semelhança dos restantes mem

O melhor que pode fazer pela sua imagem

Durante algum tempo pensou-se que o melhor que se pode fazer pela imagem seria recorrer a serviços especializados nessa área que abrangem um espectro que vai do aspecto físico à postura, passando claro está pela retórica. Hoje sabe-se que o melhor que se pode fazer pela imagem é um encontro com Donald Trump, facto que só por si dispensa tudo e mais alguma coisa. A título de mero exemplo veja-se as maravilhas que um encontro com Trump fez por Ângela Merkel. Mesmo os mais críticos das políticas da Chanceler alemã rapidamente se colocaram ao seu lado naquele surreal encontro com o Presidente americano. Para além da já famigerada situação que envolve apertos de mão, Ângela Merkel acabou por contar com a compreensão do mundo inteiro, num encontro que fez maravilhas pela sua imagem, muito mais do que qualquer agência ou qualquer perito poderiam fazer. Por cá, o melhor que poderia acontecer a Passos Coelho, por exemplo, seria precisamente um encontro com Trump. De resto, o ainda líder

Ainda a Coreia do Norte

Em visita à Coreia do Sul, o Secretário de Estado americano Rex Tillerson,  afirmou que uma acção militar contra a Coreia do Norte é uma opção, acrescentando que a política assente na"paciência estratégica" chegou ao fim. Paralelamente, Tillerson defendeu a instalação do sistema de defesa anti-míssil na Coreia do Sul, facto que tem exasperado a China. Com estas afirmações assentes na ideia de que a Coreia do Norte insiste na tecnologia nuclear pode ser o prenúncio de um conflito militar tão desejado por Steve Bannon, uma das personagens mais influentes desta Administração. Com estas afirmações percebe-se que esse conflito pode muito bem ser uma realidade se a Coreia do Norte insistir nos testes que inquietam os países vizinhos e não só. Por outro lado, não é expectável que Kim Jon-un, líder da Coreia do Norte, passe subitamente a adoptar um comportamento mais consonante com o que Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão pretendem. Acresce ainda que é pouco provável à actual

As mensagens de Schaüble

Pese embora o ímpeto populista e de extrema-direita de alguns países europeus, representantes políticos como Schaüble, ministro das Finanças alemão, insiste na receita desastrosa que, em larga medida, nos trouxe até aqui. Schaüble deixou a sua mensagem, novamente a Portugal: "certifiquem-se de que não será necessário novo resgate". Ainda no mesmo tom paternalista, mas acéfalo, o ministro alemão acredita ainda que os bons resultados conseguidos por alguns países "devem-se à pressão" que os governos sofreram para atingir metas.  Schäuble faz parte de um conjunto de políticos que ainda não percebeu que os problemas da Europa estão muito longe dos resultados económicos de países periféricos e que estas afirmações, a par de outras, e de uma conduta persecutória, ajudou a fragilizar os partidos políticos tradicionais que hoje são vistos como incapazes de resolver os problemas dos cidadãos, abrindo assim espaço para que o populismo, o ódio, a intolerância medrem como

Eleições na Holanda: o mal já está feito

Geert Wilders, o líder do Partido da Liberdade, declaradamente xenófobo e anti-islâmico, não venceu as eleições na Holanda. Dir-se-ia que essa é razão suficiente para se respirar de alívio, no entanto, não creio que assim seja.  Na verdade, o mal já está feito e não estou certa que Wilders fique particularmente aborrecido por ter saído derrotado das eleições até porque o seu discurso colhe particularmente bem fora de uma governação que tão mal está a correr, por exemplo, a Donald Trump. Wilders teria dificuldades acrescidas num contexto em que a negociação faz parte do jogo político, jogo esse que o líder do Partido da Liberdade não saberia jogar. Com efeito, sem partidos para se coligar, desde logo Wilders teria poucas hipóteses de conseguir governar e mesmo se conseguisse vencer poderia sempre jogar a cartada da vitimização por mais ninguém estar interessado numa eventual coligação. Seja como for, repito, o mal está feito: Wilders cresceu, ganhou ainda mais notoriedade, e veio

Cristas dá pontapé em Passos

No sentido figurado, é claro. Em entrevista ao jornal Público, a líder do CDS e candidata pelo mesmo partido à Câmara de Lisboa, resolveu revelar que Passos Coelho que não levava os assuntos relacionados com a banca a conselho de Ministros e que terá sido em férias que Cristas terá tido conhecimento da resolução do BES, tendo mesmo assinado de cruz.  Segundo a líder do CDS, a não discussão do assuntos relacionados com a banca faria parte de uma visão de Passos Coelho. E assinar de cruz fará parte da visão de Cristas? A líder do CDS não revelou. As revelações de Cristas, não sendo as melhores para a já tão deteriorada imagem de Passos Coelho, fazem parte da estratégia da líder do CDS que procura distanciar-se do antigo parceiro de coligação, não perdendo de vista, claro está, o próximo período eleitoral local. Com esta entrevista, em que a líder do CDS acrescenta que Passos Coelho "não teria vontade" de se coligar para as autárquicas, Cristas dá um pontapé em Passos Coe

Olhar o monstro de frente...

...E resistir à tentação de acabar a olhar para o lado. Pacheco Pereira escreveu um artigo no jornal Público sublinhando o facto dos partidos de esquerda estarem a ignorar o perigo silencioso do populismo e do seu crescimento, designadamente em Portugal. Nesse artigo é utilizado o exemplo dos refugiados Yazidi que chegaram nas últimas semanas a Portugal e a rejeição de uma parte da população que fala entre-dentes, e que rejeita o acolhimento de imigrantes e até de refugiados. E os que rejeitam são os "abandonados" de que fala Pacheco Pereira e que todos conhecemos: pessoas que estão na classe média ou numa classe-média baixa que se sentem abandonadas pelos partidos mais tradicionais, e têm a percepção de ter perdido muito, sem esperança de vir a recuperar o que perderam. "Isto nunca mais volta a ser o mesmo" e "antigamente é que era bom" são frases que se ouvem com cada vez mais insistência. Estas pessoas perderam com o capitalismo, na sua versão mais

Coreia do Norte

A Coreia do Norte tem sido notícia pelas piores razões: desde o assassinato do irmão mais velho de Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, até ao lançamento de mísseis que inquietam dos países vizinhos, designadamente a Coreia do Sul que agora também se vê a braços com uma crise política em consequência da destituição da Presidente, e o Japão que já teve mais certezas relativamente ao apoio americano, designadamente desde a tomada de posse desta nova Administração. Existe uma tensão permanente naquela região e a instabilidade que o líder da Coreia do Norte revela, agora até com relações diplomáticas deterioradas com países como a Malásia, em consequência do assassinato do irmão, não augura nada de bom. Sendo certo que a dita instabilidade não é propriamente novidade, mas a mesma associada a situações concretas de demonstração militar, inquietantes sobretudo para os países vizinhos, tem tido o condão de aborrecer até aqueles países que tradicionalmente não se opõem ao regime norte-cor

A Geringonça não tem funcionado para Portugal

As palavras só podiam ser de Passos Coelho que, numa feira de pastéis de nata, enchidos e bebidas, faz questão de aprofundar a questão. Ora, segundo o anterior primeiro-ministro, aquilo que é designado por Geringonça não tem funcionado para Portugal, apesar "do sucesso intelectual internacional e do interesse académico e político. Passos Coelho vai mais longe dando a entender que esta é uma solução aparentemente boa, mas só à distância, visto de perto é um horror, sobretudo para ele que tanto desespera pelo Diabo. É evidente que o ministro das Finanças francês que recentemente confessou ter inveja dos resultados da economia portuguesa, só pode proferir tais afirmações porque se encontra a uma distância considerável de Portugal, o que inviabiliza um olhar mais de perto para o horror que é esta geringonça. De um modo geral, a direita não tem discurso por se encontrar esvaziada de argumentos. Para além dos indicadores económicos genericamente positivos, até o Eurostat revelou

Presente de despedida

François Hollande prepara-se para deixar o Palácio do Eliseu e numa cimeira organizada por si e que teve lugar em Versalhes - centro de ostentação da monarquia francesa - deixou o seu presente de despedida: "ou há uma UE a duas velocidades ou ela explode". Segundo o ainda Presidente francês, a UE a 27 "já não pode ser uniforme a 27 e a ideia de uma Europa a várias velocidades suscitou resistência, mas hoje essa ideia impõe-se, senão é a Europa que explode". Ora, onde é que fica o projecto europeu nesta Europa sonhada a duas velocidades? Onde fica a coesão, ambição maior da Europa? Ou alguém acredita que uma Europa a duas velocidades cinge-se à vontade de uns irem mais longe em matéria de defesa, harmonização fiscal, cultura ou juventude, em diferentes graus de integração? E essa ideia não é precisamente contrária ao propósito da UE? Com este presente de despedida, a Europa reconhece a existência da hegemonia de alguns Estados; a Europa reconhece a visão derroti

Dia Internacional da Mulher

Contrariamente a muitos outros dias com celebrações bacocas cujo intento é alimentar a máquina consumista, o dia internacional da Mulher não só tem uma História, contada poucas vezes é certo, como uma quantidade incomensurável de outras histórias vividas todos os dias com dificuldades que teimam em subsistir. O dia em que se recorda as operárias têxteis de uma fábrica em Nova Iorque, em 1857, que entraram em greve reivindicando a redução do horário de trabalho e um aumento do salário (recebiam menos de um terço do que os homens), acabando fechadas dentro da mesma fábrica, não pode ser esquecido.  Naquele dia morreram 130 mulheres. O dia em que é recordada a marcha de 14 mil mulheres em 1908, reivindicando também o direito ao voto merece ser celebrado. O dia em que se recorda todas as mulheres que lutaram por direitos que ainda hoje não são totalmente garantidos, mesmo em países considerados mais avançados, não será esquecido. A propósito desta luta que está longe de ch

Uma Administração caída em desespero

Donald Trump, afundado em baixas taxas de popularidade, arredado de qualquer espécie de estado de graça, procura manobras com o objectivo de desviar as atenções da sua curta presidência ruinosa. E nem nesse sentido Trump consegue ser bem sucedido. Agora foi a vez de apontar o dedo a Obama, acusando o anterior Presidente americano de o ter colocado sob escuta. Provas? Nenhumas. Na realidade alternativa onde Trump e o seu séquito habitam não são necessárias quaisquer provas para fundamentar o que quer que seja, quanto mais uma acusação com a gravidade daquela que visa Barack Obama. De resto, na ausência de provas fica a teoria da conspiração tão apelativa aos apoiantes de Trump, verdadeiros apaixonados pelos factos alternativos. Pese embora se trate de uma acusação ridícula, Trump lá vai conseguindo depositar a dúvida nas cabeças mais ocas. Esta acusação feita de madrugada, através do twitter, revela desespero por parte de uma Administração encabeçada por alguém que não faz a mín

Mais conversas com os russos

Mais conversas com os russos é sinónimo de mais problemas para a nova Administração Trump. Agora é a vez do Procurador-Geral, Jeff Sessions, ter sido apanhado em conversas com o embaixador russo, com a agravante de ter sido apanhado a mentir sob juramento. Jeff Sessions tinha sido ouvido para a confirmação do cargo de Procurador-Geral e por essa ocasião havia sido questionado sobre as alegadas conversas entre membros da campanha de Trump e membros dos serviços secretos russos. Foi precisamente nesse contexto que Sessions, sob juramento, garantiu desconhecer as referidas conversas, acrescentando que ele próprio jamais havia tido contactos com os russos. Mentira. Mesmo depois de ter sido apanhado na mentira, Sessions ainda procurou defender-se com a seguinte frase: "falo com muita gente". E agora Republicanos? Depois de Mike Flynn, conselheiro sénior para a segurança nacional, ter sido apanhado nas mesmas mentiras, que incluíram o próprio vice-Presidente Mike Pence, ag

O renascer do espírito americano

Donald Trump deu o seu primeiro discurso no Congresso e procurou adoptar uma pose mais presidencial. A parca substância, essa, é a mesma: insistência nas políticas anti-imigração, designadamente com a intenção de publicar uma lista contemplando todos os crimes cometidos por imigrantes, o que nos volta a lembrar tempos difíceis e a aposta na militarização (ainda mais) da América. Nada melhor para fomentar o ódio e divisões do que apontar o dedo a um grupo específico para logo depois o colocar numa lista. Trump não sabe ou não quer saber que nunca se construiu o que quer que fosse em cima de ódio. Por outro lado, e para fazer renascer o espírito americano para que a América seja novamente grandiosa, Trump reverte políticas ambientais e culturais. Assim, a nova Administração prepara-se para aumentar o orçamento para a defesa enquanto procede a cortes nas políticas ambientais e nas políticas de apoio às artes. E assim vai a América, a caminho da estupidificação e a um passo do abismo

Foram demasiadas quintas-feiras, foram demasiados dias

Cavaco Silva resolveu oferecer ao país mais um exercício insidioso, relembrando aqueles que já haviam esquecido o anterior Presidente da República - o pior que já passou pela política portuguesa. Entre as vacuidades do costume, Cavaco resolveu dar a conhecer as suas reuniões com o primeiro-ministro na altura, José Sócrates. O que o livro revela é sobretudo a incapacidade manifestada por Cavaco Silva de esquecer José Sócrates.  Sendo certo que Sócrates marcou o país - pelas piores razões -, não deixa de ser curioso verificar que Sócrates marcou igualmente o anterior Presidente da República. É evidente que no livro existem apenas ataques desferidos a terceiros, sem nunca Cavaco admitir os seus erros que foram muitos. É também evidente que este livro não constituiu qualquer exercício de cidadania, mas uma espécie de um ajuste de contas de alguém que apesar de arredado das grandes decisões, e talvez por isso mesmo, não se conforma com o passado e não se ajusta ao presente. Azedume e

E o culpado é...

Paulo Núncio. Contrariamente à cerimónia dos óscares, aqui não há engano: Paulo Núncio deu o corpo ao manifesto e assim se espera que o assunto seja encerrado. E aqueles que anseiam por mais esclarecimentos podem esperar sentados, apesar da tímida disponibilidade revelada pela ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque. Embora Paulo Núncio tenha dado o corpo ao manifesto, assumindo a culpa, as Finanças, o sistema informático e o Diabo a sete serão os verdadeiros culpados. Paulo Núncio assumiu a culpa política, esperando-se deste modo que, à parte de um conjunto louvável de intenções, o assunto morra, até porque há outros assuntos na calha, envolvendo todos eles sms e o ministro das Finanças. Passos Coelho e a sua ministra das Finanças, a tal dos swaps, a mesma que não acerta uma para caixa, mas sem jamais perder a compostura, remetem-se ao silêncio e deixam que outros repitam até à exaustão a necessidade de esclarecer este assunto. A ex-ministra diz-se disponível para esclar