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A mostrar mensagens de janeiro, 2016

Uma Europa doente

O confisco de bens de valor a refugiados de guerra e pulseiras para os distinguir de outros seres humanos é mais um sinal de que o projecto europeu se transformar num absurdo. Mais, a ligeireza com que se esquece a História de um continente fustigado por ódios é assustadora, sobretudo quando o projecto europeu terá teoricamente nascido para combater e eliminar esses ódios. Não, é evidente que o esta união de Estados europeus foi tão-só um projecto mercantilista que beneficiou os países do centro da Europa, em concreto a alta finança. O que é a moeda única senão uma forma de facilitar a vida a um punhado de países e aos seus bancos? E assim continuará a ser, pelo menos por enquanto. Começa a ser incomensuravelmente difícil defender o projecto europeu, sobretudo quando se percebe que não se trata de um projecto de paz e de coesão social, bem pelo contrário. A forma como se tem lidado com o grave problema dos refugiados é mais um sintoma de uma Europa profundamente doente. As lideran

O regresso tão aguardado

Presos a uma moeda sem qualquer futuro, escravos de uma dívida incomensurável e agarrados à ideia da pequenez, Portugal volta a receber os senhores da Troika. O regresso era anunciado e o incómodo o esperado. Ainda assim, parte da comunicação social procura tirar dividendos da visita com o objectivo de pressionar o governo, destacando a aversão da troika às medidas minimamente expansionistas apregoadas por António Costa. Em suma, assistimos aos comentadores do costume a salientar que tudo isto pode correr muito mal e eles de facto esperam que corra tudo pelo pior. A comunicação social, boa parte, a mesma que se deleitou com a teoria da inevitabilidade, a tal que fez ecos da ideia de que os portugueses viveram acima das suas possibilidades, vê com bons olhos a chegada da troika e os olhares de desconfiança das agências de rating - as que falharam clamorosamente as notações financeiras. Esta é a comunicação social que, longe do rigor que se lhe exige, anuncia que "Bruxelas chumba

O árbitro

A ideia de que o Presidente da República desempenha funções sem particular importância, para além de profundamente errada, pode ajudar a explicar a elevada taxa de abstenção. É claro que outros factores são chamados a uma potencial explicação: indolência, desinteresse, cadernos eleitorais desactualizados, etc. Marcelo afirmou que associa o Presidente da República a um árbitro, colocando de lado as suas próprias convicções. Uma ideia falaciosa que tinha como objectivo a mera angariação de votos. Nem Marcelo vai desempenhar as funções de Presidente da República como um árbitro, nem colocará de lado as suas convicções. Quando for chamado a intervir assistiremos a um Presidente que não limitará a arbitrar, nem tão-pouco teremos um Presidente despido de convicções. A actual solução política encabeçada pelo Partido Socialista e apoiada pelos restantes partidos de esquerda é, indubitavelmente, frágil. Está presa por uma figura que continua a unir a esquerda: Passos Coelho. Como já aqui r

Uma candidata engraçadinha

Existe quem tenha a capacidade de assumir a derrota e quem seja manifestamente incapaz de o fazer, sem avançar com explicações patéticas para essa mesma derrota. Terá sido esse o caso do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, quando procurou justificar a notória derrota do seu candidato com o facto do partido não ter sucumbido à apresentação de uma candidata engraçadinha": "Podíamos arranjar uma candidata engraçadinha, com um discurso ajeitadamente populista que pudesse aumentar o número de votos. São opções e eu não as quero criticar..." Mas ao proferir tal frase já teceu as críticas que diz não querer tecer. A frase é infeliz e tem destinatários conhecidos: o Bloco de Esquerda e Marisa Matias. É lamentável que o secretário-geral do PCP tenha resumido a candidatura de Marisa Matias a uma candidata engraçadinha. Para além da frase conter laivos de misoginia, resumir Marisa Matias a uma candidata engraçadinha anda muito longe da verdade. A candidata do Bloco conse

Venceu o candidato do outro tempo

V enceu o candidato presidencial do outro tempo que finge que pertence a este tempo. Venceu o candidato que escondeu a sua predileção pelo anterior regime e pelos seus protagonistas e que em democracia procurou adaptar-se, não tanto com uma nova estrutura de pensamento, mas antes com frases simplistas e sorrisos amistosos. E é assim que o país escolheu o candidato que menos condições oferece para revitalizar o cargo de Presidente da República. Outros escolheram ficar em casa, desprezando a democracia, uns de forma deliberada outros por pura displicência. Para Costa, paradoxalmente, as notícias não são as piores: a candidata que representava a esquerda aldrabada de Francisco Assis e figuras similares sofreu mais uma derrota clamorosa. A primeira derrota surgiu precisamente com o famoso jantar organizado por Francisco Assis cujo cardápio tinha como estrela o leitão e que, a julgar pela fraca adesão, redundou numa incomensurável quantidade de sandes de leitão. Paralelamente, enqua

Presidenciais: um resumo

Não é difícil esboçar um resumo daquilo que se pode considerar a campanha eleitoral para as presidenciais. Tratou-se de uma campanha medíocre porque os protagonistas também o são. Pouco ou nada se discutiu de substancial, até porque essa discussão não interessa. De resto, comentadores e jornalistas já o insinuaram ou até já o disseram: Marcelo é o candidato que vai vencer e se possível à primeira volta. Quanto ao resto, debates, trocas de ideias, isso simplesmente não interessa. Já temos vencedor e a ver vamos se os portugueses votam em conformidade. Pelo caminho assistimos a tentativas escandalosas de atingir alguns candidatos, designadamente Sampaio da Nóvoa. O Correio da Manhã não se cansou de pôr em causa o currículo do professor e reitor Sampaio da Nóvoa. As acusações são ridículas e sintomáticas do interesse de alguns órgãos de comunicação social na vitória de um determinado candidato. Resta pouco a acrescentar àquilo que foi uma campanha que dificilmente ficará na memória d

E assim se vai matando a credibilidade

A credibilidade, é sabido, constrói-se, sendo naturalmente o seu inverso também verdade. Vem isto a propósito da decisão do Tribunal Constitucional sobre as subvenções vitalícias para titulares de cargos políticos. Recorde-se que o OE 2015 prevê a suspensão total das subvenções vitalícias a políticos que tenham um rendimento mensal superior a 2000 euros. Insatisfeitos, 30 deputados assinaram um requerimento pedindo que a norma fosse fiscalizada pelo Tribunal Constitucional. Quem são esses deputados? Inicialmente não se sabia, ninguém parecia disposto a dar a cara pelo requerimento. Depois de conhecida a lista, verificou-se que esta é composta por "ilustres" do PS e do PSD. Maria de Belém que até à divulgação da lista agiu como se mantivesse uma natural equidistância, afinal consta da lista de signatários. E Passos Coelho tentou ressuscitar as subvenções, mas terá contado com oposição interna. É evidente que esta reversão tem custos que vão para além do 10 milhões ao erár

Democracia e pluralismo

Perdi a conta das vezes que escolhi como tema a democracia e o pluralismo fruto do debate de ideias, o que não deixa de ser curioso. Desta feita volto à democracia e ao pluralismo, designadamente à sua indissociabilidade, a propósito das presidenciais. À indolência da comunicação social, juntam-se comentadores como Marques Mendes que acumula funções de vidente. Marques Mendes, num dos seus magníficos momentos de clarividência, duvida que venha a existir uma segunda volta isto porque as pessoas estão cansadas e vão querer despachar tudo à primeira, como se a democracia fosse uma coisa para despachar. Aliás, o antigo Presidente do PSD para além de saber o que vai na cabeça de cada um de nós, acredita também que as pessoas estão cansadas de eleições e, por conseguinte, vão despachar tudo à primeira. Todavia e abono da justiça, o social-democrata (?) ressalva o facto da sua análise não possuir qualquer fundamento científico, nem tão pouco se tratar de uma análise "rigorosa".

Explicações sobre o Banif

Banif, mais um buraco, mais uma trapalhada, mais um banco a ir directamente ao bolso dos cidadãos. O que aconteceu ao Banif merece obviamente explicações, a começar pela explicações da ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que recebeu uma proposta de Bruxelas, optando por assobiar para o lado. A questão é que proposta da Comissão Europeia poderia permitir a recuperação do dinheiro do Estado entretanto injectado no banco e seria naturalmente menos onerosa para os contribuintes. Com particular veemência, a Comissária Europeia chegou ao ponto de pedir ao Governo português que apresentasse um plano de reestruturação, até Março de 2015, sob pena de abrir uma investigação "aprofundada" ao Banif. Estou longe de saber se o actual Governo fez tudo que podia ser feito para lesar o menos possível os contribuintes, mas parece-me cada vez mais evidente que o anterior Governo podia ter feito muitos mais para resolver o problema. Resta agora saber por que razão não o fez? T

Desunião da esquerda

Mais uma vez assistimos à desunião das esquerdas, desta feita numas eleições que alguns parece quererem menosprezar. O erro é evidente e a fazer fé nas sondagens teremos um Marcelo durante 5 anos. Tudo graças à mediatização de uma figura com pouco substância e muitos sorrisos, mas sobretudo devido à já tradicional desunião das esquerdas. Parece também evidente que os partidos de esquerda estão mais interessados em marcar posição do que em ter um Presidente substancialmente diferente daquele que ocupou o Palácio de Belém na última década, com todos os malefícios inerentes. Esta tentativa de marcar posição pode também ser consequência da solução de esquerda que governa o país (PS no Governo com apoio parlamentar dos restantes partidos de esquerda). A ideia parece ser: juntos até certo ponto, mas não tão juntinhos assim. Dir-se-á que todos os partidos da esquerda querem manter a sua identidade incólume, como se os apoios e o diálogo pudessem ferir de morte essa identidade. Seja como

Um conjunto de nadas

A uma semana das eleições presidenciais já é possível fazer uma síntese daquilo que foi a campanha: um verdadeiro conjunto de nadas. Evidentemente que os candidatos à Presidência da República merecem um agradecimento por tanta vacuidade. A República merecia mais, mas de um modo geral estes candidatos acabam por ser o reflexo do que somos enquanto país: dissimulados (Marcelo), provincianos (Tino de Rans), desprovidos de conteúdo (todos à excepção de Marisa Matias e Sampaio da Nóvoa), zangados e fora do tempo (Marcelo e Henrique Monteiro), obcecados com um tema, descurando tudo o resto (Paulo Morais), pouco exigentes (novamente todos à excepção de Marisa Matias e Sampaio da Nóvoa), ávidos por visibilidade, por muito efémera que esta possa ser (Marcelo e outros) e dispostos a tudo para conseguir alcançar os seus objectivos (Marcelo). Vencerá aquele que mais conseguir reunir as características acima enunciadas, designadamente: dissimulado, desprovido de conteúdo, pouco exigente, ávid

Toxicidade

Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro de má memória, disse em entrevista que o apoio do PSD não é tóxico para Marcelo e acrescentou a razão que subjaz ao apelo aos eleitores do PSD para que votem em Marcelo: Marcelo tem “da função presidencial uma noção institucional que não difere, na sua natureza, daquela que tem sido a interpretação do professor Cavaco Silva”. Se por um lado suspeitava-se da toxicidade do apoio de Passos Coelho a Marcelo, por outro o ex-primeiro-ministro veio corroborar essa mesma toxicidade comparando a candidato Marcelo Rebelo de Sousa ao ainda Presidente Cavaco Silva. Dir-se-á que se trata de uma similitude meramente institucional, mas as questões institucionais são nucleares para o cargo de Presidente da República. Louvo Passos Coelho pela sinceridade das palavras e pelo contributo para um esclarecimento que se impõe. Ficamos assim a saber que Marcelo partilha a mesma visão institucional que Cavaco Silva. E o que partilharão mais, para além da dita visã

"Descrispação", consensos e vazios

Incapazes de refutar as críticas dos adversários, Marcelo afirma ser um homem de consensos, que pretende "conciliar" a esquerda e a direita (bloco central?), e Maria de Belém alguém que se propõe encetar uma "descrispação". De Marcelo ficarão as prestações nos debates, sobretudo naquele que opôs o comentador a Sampaio da Nóvoa. Nesse debate viu-se um Marcelo quezilento, pouco habituado a ser contrariado, incapaz de debater o que quer que seja. Recorde-se que o comentador/candidato, para além da deselegância manifestada nesse e noutros debates, acabou por adoptar uma postura pueril transformando o debate num exercício exasperante, designadamente para quem assistia. Argumentos como o não envolvimento de Sampaio da Nóvoa em partidos políticos, a sua alegada falta de experiência política ("ninguém passa de soldado raso a general) e o pretenso dinheiro que o candidato "desconhecido" terá gasto na campanha foram profusos. Assistiu-se a um debate deploráv

Magistério do afecto

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Portugal precisa de um Presidente que tenha o magistério do afecto. Até me considero uma pessoa sentimental quanto baste e até certo ponto uma romântica, mas não vejo a necessidade de afectos por parte de um Presidente da República. Por outras palavras: procuro os afectos dos que me são próximos, mas dispenso aqueles pretensamente oferecidos por Marcelo, candidato Presidencial. Não sei se deva interpretar esse magistério do afecto num contexto de romantismo, eventualmente até como expressão artística e filosófica do termo, em oposição às expressões iluministas. Em bom rigor, não sei mesmo como interpretar as palavras do comentador/candidato. Ou melhor, desconfio. Desconfio que Marcelo nada tem para dizer e que vai passar as semanas até dia 24 a comer folhados, a sorrir, amiúde sem grande vontade, e a disparar umas frases inócuas, mas aparentemente conciliadoras. Depois dos debates que manifestamente não correram bem, resta a Marcelo os sorrisos

Pedro, já não serves

Ângelo Correia, padrinho de Passos Coelho disse em entrevista ao "i" que Rui Rio "tem reais condições para se candidatar à liderança do PSD". Mais um contributo para o desgaste do já muito desgastado Passos Coelho. Ângelo Correia admite, porém, que Passos será reeleito no congresso de Abril "por não ter oposição". Passos Coelho mostra-se cada vez mais sozinho. Para além dos acólitos do costume, na linha de Marco António Costa e Duarte Marques, Passos está isolado e perante um caminho de desgaste. Longe de ter a capacidade de sobreviver sem estar numa posição de poder e perante o até agora sucesso da solução política de esquerda, resta a Passos o silêncio intercalado pela vacuidade do costume. Paralelamente, Portas saltou fora do barco, deixando Passos sozinho na já referida vacuidade. Depois de anos de empobrecimento, incompetência e inanidade e agora longe do poder resta apenas a inanidade. Passos Coelho já não serve, mas ficará por inexistência de

Debates

Depois de debates que puseram a nu a tibieza d e boa parte dos candidatos e de debates com candidatos que não parece querem ser levados a sério, Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa protagonizaram um dos debates mais esperados. A expectativa era alta e compreende-se: este era o debate que punha frente-a-frente o candidato forjado pela televisão e o candidato que possui características que todos reconhecem como sendo importantes para o desempenho do cargo, não sendo, porém, uma personalidade suficientemente conhecid a . Perante o contraste entre a vacuidade de Marcelo e o humanismo, inteligência e seriedade de Sampaio da Nóvoa, resta pouco a dizer, exceptuando o facto de Marcelo, que tem optado por se fazer de morto para substituir outro morto que ainda ocupa o Palácio de Belém, ter sido obrigado a entrar na campanha. Uma entrada nada promissora. Marcelo conta as semanas, dias e horas até ao dia 24 deste mês. Creio que todos os cidadãos reconhecem a necessidade de revitali

Coreia do Norte

A existência de armamento nuclear, concretamente a bomba H (bomba de hidrogénio), por parte da Coreia do Norte, embora ainda por confirmar pela comunidade internacional, levantou já uma multiplicidade de inquietações. Inquietações que vão para além dos países da região. A confirmar-se da realização do teste nuclear de hidrogénio, é expectável um incremento dos desequilíbrios geo-estratégicos. Recorde-se que a Coreia do Norte é um país isolado mesmo depois do fim da guerra fria e tem contado com lideranças déspotas e fortemente autocráticas, inspiradas numa espécie de Estalinismo, designadamente Kim Il-Sung (Presidente Eterno), Kim Jong-il e agora Kim Jong-un; um país que conta com uma divisão da vizinha Coreia do Sul - a chamada Zona Desmilitarizada da Coreia. A insistência numa ideologia apelidada de Juche – auto-suficiente - e a postura de permanente ameaça que pode resvalar para o confronto resultou num isolamento que teve custos incomensuráveis para o povo norte-coreano. Ainda

Contradições

Já se sabia que Marcelo Rebelo de Sousa não estava nada habituado a contraditório. Foram muitos anos de conversa prazenteira e inconsequente com uma Judite ou entrevistador similar. Todavia, não deixa de ser surpreendente ver Marcelo afundar-se nas suas próprias contradições. O debate com Marisa Matias teve esse condão. Se por um lado, os anos de televisão permitiram que o Professor ganhasse uma visibilidade inaudita, em larga medida devido a tanta vacuidade; por outro, esses mesmos anos contribuíram para uma acentuada exposição de algumas posições que, se fosse possível, o Professor gostaria de esquecer, pelo menos até às eleições. Essas contradições abrangem temas como a saúde, o sistema financeiro, a aprovação do anterior governo e até a acção do Tribunal Constitucional. Hoje essas posições podem custar votos, sobretudo quando é necessário conquistar algum espaço ao que resta do centro e à esquerda. Confrontado com algumas das suas contradições, Marcelo fica limitado ao sorri

A tibieza dos debates

A tibieza dos debates é indissociável da tibieza dos candidatos. Exceptuando Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias, assistimos a um chorrilho de acusações e um incomensurável vazio de ideias. Marcelo, candidato da comunicação social, procura conquistar votos com o sorriso e com uma pretensa atitude conciliadora. Não precisa de mais para ganhar. Ideias é coisa que caiu em desuso. Restam os sorrisos. Maria de Belém procura escapar à sua própria vacuidade, sem sucesso. Confrontada com as suas ligações ao mundo empresarial, procura escapar novamente, e novamente sem sucesso. Henrique Neto ataca sem contemplações, mas a exposição de ideias também não é com ele. Paulo Morais não consegue ir para além da corrupção e Edgar Silva tem dificuldade em se destacar da multiplicidade de candidatos. As excepções são Marisa Matias pela frontalidade na abordagem dos assuntos mais difíceis e Sampaio da Nóvoa pela inteligência e pela sensatez. A tibieza dos debates contribui para um desinteresse qu

Um cheque em branco

Os portugueses estarão seguramente cansados de passar cheques, o último terá sido ao Banif. Assim sendo, compreende-se ainda menos o facto de muitos se prepararem para passar mais um cheque, desta feita em branco e cujo destinatário é Marcelo Rebelo de Sousa. Trata-se de um cheque em branco porque o candidato mais bem colocado para vencer as eleições evita opinar sobre o que quer que seja e quando o faz insiste na superficialidade dos seus comentários. Noutras ocasiões os parcos comentários colidem com o que o comentador/candidato presidencial dizia há escassos meses, como foi com o caso do SNS em que se viu Marcelo transformado num acérrimo defensor do SNS quando há pouco tempo elogiava o ministro Paulo Macedo e impingia a justiça dos cortes na saúde. Marcelo, com a ajuda da comunicação social, criou um boneco simpático, com uma mensagem aparentemente simples, quase conciliador. Sem contraditório e dono e senhor de um espaço televisivo em horário nobre, Marcelo fez o seu caminho.