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A mostrar mensagens de maio, 2012

Clima de chantagem

As democracias deixam de o ser, pelo menos na sua plenitude, quando os actos eleitorais decorrem em climas de chantagem ou pressões. Mesmo o referendo na Irlanda em que o tratado orçamental poderá (muito provavelmente) ser aprovado decorre num clima de chantagem. A questão é simples: ou os Irlandeses aceitam o tratado ou não poderão contar mais com a ajuda da UE. Fosse como fosse, caso os Irlandeses chumbassem o tratado (o que não me parece que venha a ser o caso), haveria sempre a possibilidade de se fazer outro referendo... e outro... e outro, até o tratado ser aprovado. O clima de chantagem também ensombra as eleições que vão ter lugar no na Grécia, no dia 17 de Junho. Não tenho quaisquer dúvidas que se a Nova Democracia vencer as eleições deve-o ao clima de chantagem a que os cidadãos Gregos estão sujeitos. Ora, este enfraquecimento das democracias - particularmente doloroso no caso da Grécia - acabará inevitavelmente por enfraquecer a própria Europa. Sabemos que Angela

Os elogios

Não há ainda razão para cantar vitória, mas a agência de notação financeira Moody's e um ministro Holandês fizeram elogios cautelosos ao progresso da economia portuguesa. A Moody's cuja preponderância, a par das outras agências, é excessiva, a mesma que concedia notações elevadas à Islândia, por exemplo, e à outrora sofisticação financeira que de um dia para o outro se transformou em produtos tóxicos. O ministro holandês de um país, cujos responsáveis políticos não se coibiam de dar lições de moral aos países do sul, mas cujo défice ultrapassou a barreira dos três por cento. Os elogios são contidos, mas nem por isso deixam de ser elogios que esbarram na triste realidade de muitos cidadãos que assistem a um retrocesso social sem paralelo. Por outro lado, existe a Grécia, o Estado pária que sofre chantagens dos mercados, das instituições europeias e das pseudo-democracias ou Estados-membros da UE. Uns merecem elogios, os outros reprimendas e até comentários ofensivo

O rídiculo

Christine Lagarde, directora do FMI, disse estar mais preocupada com as crianças do Niger do que com os pobres na Grécia. Afinal de contas os Gregos, segundo Lagarde, fogem aos seus impostos. Segundo as declarações simplistas e simplórias da directora do FMI, os Gregos estão a atravessar as dificuldades que todos conhecem por não pagar os seus impostos e, por conseguinte, não merecem a sua compreensão. Ora, as declarações desta senhora provocaram um coro de protestos na Grécia, mas também no seu país de origem. É novamente o processo de culpabilização da Grécia. Curiosamente, nas tais declarações, Lagarde esquece-se do papel do seu FMI na crise grega e nas ditas crises da dívidas soberanas, a participação da Goldman Sachs na falsificação das contas gregas, a receita desastrosa de que é apologista e que está a destruir o pais e a Europa. Além do mais, esquece-se que muitos gregos pagam uma carga fiscal incomportável. Todas as generalizações são, por natureza, abusivas. Mas a

A difícil situação espanhola

Os principais líderes europeus, preocupados com o resultado que sairá das próximas eleições gregas, têm entre mãos um problema ainda mais grave: a situação espanhola. Espanha, até à bem pouco tempo, era considerada por muitos um exemplo a seguir, inclusivamente no que diz respeito aos seus níveis de endividamento que continuam a estar longe dos valores alcançados por outros países da zona Euro. Hoje constitui um problema. A bolha imobiliária e a fragilidade do seu sector bancário são problemas sem solução à vista. O Estado espanhol vai agora injectar - dinheiro dos contribuintes - 19 mil milhões de euros no banco Bankia, dinheiro que agravará a situação das contas públicas espanholas. A questão é a de saber até quando os cidadãos - muitos não escondem o seu acentuado descontentamento - aceitarão este misto de austeridade e de injecção de dinheiros públicos em bancos. De qualquer modo, o que é certo que é o Estado espanhol tem dificuldades crescentes em se financiar e as fam

Liberdade de expressão

É indubitável que por cá a liberdade de expressão está longe de ser valorizada, até mesmo por aqueles que a deveriam proteger: os tribunais. Como se explica então, numa pretensa democracia, a decisão de apagar os comentários num blogue que se insurgiu contra práticas abjectas de uma empresa? A publicação de uma denúncia de fraude na contratação por parte de uma empresa de trabalho temporário passou para segundo plano. O que interessa é salvaguardar o bom nome da empresa e abafar quaisquer críticas. A explicação para estas anormalidades passa por essa fraca valorização que se dá à liberdade de expressão. Assim como pouco ou nada valorizamos tudo o que esteja vagamente relacionado com a cultura.. Ora, afogados nesta pequenez de espírito, dificilmente conseguiremos sair do atoleiro de problemas em que estamos metidos. Existe uma multiplicidade de razões que explicam o atraso desta nossa terra. Não tenho dúvidas que a nossa incessante desvalorização da democracia e da cultura

Parcerias

O Governo está a preparar uma renegociação ao nível das famigeradas parcerias público-privadas, O ministro da Economia, também conhecido por Sr. Coiso, fala numa renegociação de trinta por cento. Desde há muito que alimento a ideia de que os cidadãos pouco sabem sobre estes e outros negócios ruinosos que foram feitos ao longo de largas décadas. A informação escasseia e o interesse, de um modo geral, também não abunda. Seja como for, sabe-se que as ditas parecerias público-privadas, em particular as de natureza rodoviária, têm custos incomportáveis e oneram várias gerações. Consequentemente, a sua renegociação é um imperativo para que se possa aliviar o país de mais este encargo. Por aquilo que se depreende das palavras do ministro da Economia, esta renegociação poderá surtir os seus efeitos, embora não se conheçam em detalhe os pormenores das negociações. Em Portugal há quem tenha ganho muito com um negócio que mais não é do que uma renda sem que para isso tenha arriscado fo

Mais austeridade

É esse o entendimento da OCDE cujas previsões económicas para o nosso país conseguem ser ainda mais pessimistas do que as demais. Segundo a análise desta organização internacional, Portugal, para que cumprir as metas orçamentais, terá ainda de adoptar mais medidas de austeridade. O ministro das Finanças já recusou essa necessidade. Porém, o aviso está feito. Embora se comecem a notar sinais de alguma inversão nas doses cavalares de austeridade - designadamente desde a eleição de François Hollande -, a verdade é que não existe uma vontade significativa de inverter o rumo dos acontecimentos. É isso que se depreende da análise da OCDE ou das indicações que a Chanceler alemã que afirma que este não é o momento para se abrandar no caminho da austeridade. Entretanto, o desemprego ganha proporções colossais no seio da UE; o retrocesso social é visível a cada dia que passa, em particular nos países que são alvo de intervenção económica externa. Por cá, o Governo entretém-se e entre

Dois pesos, duas medidas

Quando José Sócrates era primeiro-ministro foi incessantemente acusado de ter - para utilizar um eufemismo - uma relação difícil com a comunicação social. Foram inúmeras as críticas ao então primeiro-ministro. Todos certamente ainda nos lembramos do clima "de asfixia democrática" de que ele era acusado de ter criado em Portugal. Miguel Relvas não parece merecer a mesma atenção e o mesmo tratamento. Depois das acusações de ter pressionado uma jornalista, incluindo ameaças de revelações de detalhes da sua vida privada, não assistimos às mesmas reacções. Talvez o melhor que se consiga seja um "não comento" ou "é prudente aguardar as conclusões da entidade reguladora". Este blogue sempre foi muito crítico dos anos Sócrates, inclusivamente no que dizia respeito à sua relação com a comunicação social. Todavia, fugindo à premissa dos dois pesos e duas medidas, importa relembrar que o caso de Miguel Relvas é grave e são esperadas consequências, não se d

As esperanças do Presidente

Cavaco Silva expressou a sua esperança que a Troika concilie austeridade e crescimento. A sua esperança saiu reforçada depois dos resultados da Cimeira do G8 onde as conclusões são semelhantes. As esperanças do Presidente da República pouco ou nada me dizem e tenho a convicção que o mesmo se passará com os inefáveis senhores da Troika. Não se percebe muito bem como é que se poderá conciliar proficuamente austeridade com crescimento económico e emprego. Este paradoxo não é convenientemente abordado pelo Presidente da República, à semelhança de outros. Ora para haver lugar a crescimento e à criação de emprego é necessário um contexto onde as medidas de austeridade não têm lugar. As ditas medidas expansionistas têm dificuldades em se coadunar com a ditadura de austeridade que tantos estragos já provocou. E como é que reagirá a Chanceler alemã a este pretenso abrandamento da austeridade? E Passos Coelho? E outros que encontram na austeridade fonte de excitação?

Chegou, venceu e cumpriu

Chegou, venceu e cumpriu. Pelo menos no que diz respeito à redução de salários do Executivo que lidera, embora também já tenha cumprido o que prometeu em matéria de idade de reforma, por exemplo. Hollande, o novo Presidente Francês, mostra ter vontade em cumprir as medidas anunciadas na campanha eleitoral. A medida em concreto é simbólica, mas também moralizadora em tempos de forte clivagem entre cidadãos e os seus representantes políticos. É evidente que ainda é cedo para se tirar o pulso à concretização das medidas anunciadas por François Hollande, mas não deixa de ser auspicioso que o recém eleito Presidente Francês tenha demonstrado vontade um cumprir exactamente o que prometeu. Para nós Portugueses e Europeus interessa saber mais sobre o Tratado Europeu cozinhado por Merkel e por Sarkozy (no seu tempo aumentou o salário do Executivo ao contrário de Hollande). Essa é uma questão central para o mandato de Hollande. Caso não lute por outro Tratado, será convivente com o

Um ano de Troika

Um ano de Troika. Um ano de retrocesso social. Um ano de pobreza. Um ano de ataques ao Estado Social. Um ano de supressão de uma perspectiva de futuro. Um ano de mentalização ou saída efectiva do país. Um ano de neoliberalismo em todo o seu esplendor. Um ano de desemprego. Um ano de promessas num amanhã melhor, depois da inevitabilidade das medidas. Um ano da preponderância do dinheiro sobre tudo o resto. Mais um ano de resignação. Um ano de Troika.

Eleições na Grécia

Depois de uma miríade de negociações falhadas, a Grécia volta a eleições para a escolha de um Governo. O resultado foi imediato: na sua aversão aos conceitos de democracia, as bolsas caíram; a directora do FMI referiu a possibilidade da Grécia sair "ordenadamente do euro", a Alemanha já mostrou a sua indisponibilidade renegociar a ajuda à Grécia. Não restam quaisquer dúvidas que estas próximas eleições vão ter como pano de fundo um clima de incessante chantagem, muito em particular quando as principais sondagens apontam como vencedor o partido Syrisa, considerado como estando demasiado à esquerda do espectro político. A Grécia é a prova viva como os mercados encontram dificuldades crescentes em conviverem com a democracia. Não é excessivo afirmar que mercados e democracia não se coadunam, o que nos leva a uma discussão que merecia mais profundidade. As eleições na Grécia voltam a inquietar os principais líderes europeus que há muito esqueceram a importância dos sis

Preocupações

Governo, Banco de Portugal, representantes das principais instituições da União Europeia, comentadores, etc, todos mostram preocupação com os elevados números do desemprego. Uns têm dificuldades em dormir à noite, outro vêem no desemprego uma nova oportunidade (sim, as palavras foram proferidas, não se trata de uma infeliz piada), outros ainda mostram apenas uma ténue preocupação com a proliferação de desempregados. Todos têm em comum a apologia da austeridade como panaceia para todos os nossos males. Neste cenário de morte lenta tão do agrado destes senhores, o desemprego é uma das consequências mais óbvias. Quanto às receitas para combater este flagelo são as da cartilha neoliberal: menos direitos para os trabalhadores, despedimentos mais fáceis a mais rápidos. O resultado está à vista. Falências, desemprego, pobreza. Tira-lhes o sono, inquieta, percepcionam novas oportunidades. Não há dúvida que estes senhores vivem completamente desfasados da realidade e para alguns tam

Crise grega

Sob a ameaça de saída - expulsão é o termo mais indicado - do Euro, a Grécia continua a procurar uma saída para a crise política resultante das últimas eleições. Os sacrossantos mercados dão sinais de forte inquietação e os principais líderes europeus insistem nas ameaças cada vez menos veladas. Outro problema que se avizinha quer para a ditadura neoliberal instalada na Europa quer para os próprios mercados prende-se com a possibilidade de um partido considerado de extrema-esquerda poder vencer as próximas eleições. Assim, a crise grega continua a fazer o seu caminho. O país, cansado das receitas de austeridade, prepara-se agora para um novo período eleitoral, sob permanentes ameaças de expulsão da moeda única. Continua a ser paradoxal e exasperante ver-se o berço da democracia ver essa mesma democracia permanentemente condicionada. A escolha dos eleitores está desde logo condicionada pela ameaça de saída do Euro. Ainda assim, a haver eleições é muito provável que a tal esq

Ir para a rua

Nem de propósito, o secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, disse em entrevista que estava disposto a ir para a rua caso o Governo ponha em causa as funções sociais. O líder do PS tem já amanhã, dia 12 de Maio, uma oportunidade de ouro de ir para a frente de uma manifestação, desta vez global, isto porque o Governo já está a pôr em causa as funções do Estado. O Executivo de Passos Coelho, escondido invariavelmente no memorando da Troika e na teoria da inevitabilidade, tem continuamente posto em causa as tais funções sociais de que Seguro falou. É assim na Saúde, com cortes substanciais e taxas moderadoras que nada fazem pelo pretenso equilíbrio do SNS, apenas afastam quem necessita de serviços médicos; é assim na educação e ensino superior - são muitos os que abandonam os estudos por dificuldades económicas; e será brevemente assim na Segurança Social com pretensões de privatizar, descapitalizando o sistema e voltando a engordar os do costume. A isto a

Ainda o 1º de Maio

O presidente do grupo Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos, em entrevista a um canal de televisão rejeitou a prática de dumping e assegurou que este tipo de promoções (de cinquenta por cento) não se voltarão a repetir. Até aqui, não há muitos comentários a fazer, o presidente do grupo tem naturalmente direito a fazer a sua defesa. Resta, porém, saber se não houve lugar à prática de dumping. Compete à entidade reguladora e fiscalizadora investigar e chegar às suas conclusões. Todavia, Alexandre Soares dos Santos, afirmou não ver qual o problema da mesma campanha se ter realizado no primeiro de Maio, insurgindo-se mesmo contra aqueles que se inquietaram com o facto. Acrescentou também que a campanha do Pingo Doce retirou visibilidade ao dia. Ora, não é seguramente uma campanha de um supermercado medíocre que retira visibilidade ao primeiro de Maio, o que eventualmente terá dado visibilidade ao Pingo Doce terá sido a selvajaria que se instalou nos seus supermercados

O impasse grego

A situação na Grécia, após as eleições de Domingo, permanecem pouco claras. O segundo partido mais votado, não obstante o bónus de deputados atribuído ao primeiro mais votado, continua em negociações com vista à formação de um Governo. Porém, tudo indica que a Grécia vai passar por novas eleições e o próprio líder do partido incessantemente caracterizado como sendo de esquerda radical - o Syrisa - também parece agir em conformidade. O incómodo para a Europa é notório. Desde logo o impasse, depois a possibilidade, embora remota, de um partido que pretende romper com as políticas advogadas pelos principais líderes europeus inquieta quem não se coíbe de insistir na inevitabilidade. A vitória de Hollande em França também não contribuiu para apaziguar aquelas almas que dirigem a Alemanha e se passeiam pelas instituições europeias. O impasse grego acabará por redundar na convocação de novas eleições. A tarefa do Syrisa não é fácil - o partido comunista grego, agarrado a uma ortod

Instabilidade política na Grécia

Uma das consequências notórias da crise económica e social que assola fortemente a Grécia é a inexistência de estabilidade política. Das eleições realizadas no passado domingo não saiu, tal como se esperava, qualquer maioria e o partido mais votado - Nova Democracia - já afastou a possibilidade de conseguir reunir consensos para governar. Resta assim, o segundo partido mais votado - o inesperado Syrisa que tenta negociar com outros partidos no sentido de formar uma coligação. As probabilidades de o conseguir são escassas. A possibilidade da convocação de novas eleições ganha assim forma. Seria preferível. no entanto, que desta mais recente negociação saísse uma coligação com capacidade para governar. Seja como for, a democracia nem sempre é sinónimo de estabilidade ou da estabilidade que mais convém. Algumas características do sistema eleitoral grego talvez também merecessem revisão. De qualquer modo, não restem dúvidas que estas incertezas e a mera possibilidade da esquer

Eleições

Embora a democracia esteja longe de se esgotar no acto eleitoral, é sempre de louvar assistir a actos eleitorais que enriquecem a vida democrática. Foi precisamente a isso que se assistiu este domingo, em França e na Grécia. Os resultados esses merecem uma análise mais profunda. No caso francês, a vitória esperada de François Hollande deixa antever alguma mudança na política francesa com claro impacto no contexto europeu. A dúvida reside no carácter afoito de Hollande e se este não sucumbirá à timidez das medidas, o que se poderá traduzir na não concretização do seu programa político. Seja como for, acredito na timidez dessas medidas, mas conservo alguma esperança que ainda assim, esta mudança traga claros benefícios para a Europa. Pelo menos o directório franco-alemão deixará de contar com a pujança dos tempos mais recentes. Ainda em relação ao caso francês. importa olhar para o panorama da direita, agora com a saída anunciada de Sarkozy. Especialmente atente-se à subida

Entrega da casa

Na auge da voracidade, banca, empresas construtoras atiraram-se aos cidadãos/clientes mais incautos como cães esfaimados. O crédito jorrava, as avaliações era megalómanas, construía-se como se não houvesse amanhã. Tudo isto foi permitido porque a classe política nas últimas décadas decidiu ser conivente com uma situação que mais dia menos dia atingiria um ponto de insustentabilidade. Pelo caminho o mercado de arrendamento - sempre pouco dinâmico - nunca foi olhado com a atenção que merecia por quem toma as decisões políticas. O resultado está à vista: um mercado que se divide em rendas ridiculamente baixas e rendas escandalosamente altas, isto num contexto de acentuada degradação que destrói a beleza das cidades portuguesas. Agora coloca-se a possibilidade de as famílias poderem entregar as casas aos bancos. Os níveis de incumprimento batem recordes todos os dias, deixando visível que está na hora de pagar a tal voracidade acima referida. Os bancos - principais responsáveis

A miséria

A miséria mostra-se de várias formas. A mais evidente é aquela que implica a incapacidade de suprimir necessidades básicas. A mesma que terá levado muitos cidadãos a deslocarem-se a um conhecido grupo de supermercados para adquirir bens que lhes permitam suprimir essas necessidades durante meses. Mas a miséria também pode adquirir outras formas que dificilmente podem contar com a compreensão dos outros. A pior forma é a miséria de espírito própria de quem se apropria indevidamente de um dia em que se celebram conquistas sociais para fazer promoções e ainda se vangloriar de estar a prestar um serviço aos cidadãos, quando na verdade apenas os sujeita a situações degradantes. O melhor exemplo deste tipo de miséria pode ontem ser visto na TVI, onde um responsável pelo famigerado grupo tentou explicar o inexplicável. Pejado de boas intenções, o tal responsável não foi capaz de reconhecer que toda a situação é humilhante e que representa uma verdadeira afronta por decorrer preci

Dia do trabalhador

O 1º. de Maio de 2012 ficou marcado em Portugal pelo triste episódio da cadeia de supermercados Pingo Doce. A falta de princípios da empresa que paga impostos fora de Portugal e a existência de um país onde tudo parece ser permitido a quem detém o poder ficaram demonstradas ontem. Quanto ao grupo em questão, não há muito a dizer. A inexistência de escrúpulos e de valores abunda por aquelas partes. Todavia, ontem foram longe de mais. Deliberadamente gozaram com os trabalhadores e com os mais necessitados que na ânsia de conseguir os descontos prometidos rapidamente adoptaram comportamentos selvagens. Tudo foi permitido ontem, num país claramente à deriva, entregue à miséria e ainda parte convencido que a solução será trazida por quem está no poder (político e económico que tantas vezes se confundem). Ontem, dia do trabalhador, assistiu-se a uma vergonha mais interessante para a comunicação social do que qualquer outra coisa. Felizmente aqueles que saíram à rua precisamente