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A mostrar mensagens de agosto, 2014

Inexplicável

É desta forma que o ministro da Economia, António Pires de Lima, qualifica o caso BES. Diz o ministro que se trata de uma situação inexplicável para os investidores e para o próprio Pires de Lima. Inexplicável, para Pires de Lima, também é o caso do chico-espertismo da PT. O caso será inexplicável para quem acredita no funcionamento do sistema financeiro e nas parcas formas de supervisão. É inexplicável para quem esqueceu a origem da crise e as similitudes entre o sistema financeiro e organizações de natureza criminosa. O caso BES será inexplicável para o ministro da Economia, mas tem uma várias explicações: uma voracidade inesgotável, presunção, elitismo, promiscuidade entre poder financeiro e poder político (veja-se o cadastro do BES nos últimos dez anos, não havia negócio escabroso e opaco em Portugal que não tivesse o cunho do banco), ineficácia da regulação, de um sector que está há largos anos fora de controlo. O caso BES é mais um, apenas isso. De resto, estamos lon

Sem risco

A frase mais repetida nos últimos dias. Depois de outras frases terem sido regurgitadas pelos mais ilustres representantes políticos e pelo Governador do Banco de Portugal: "O BES é sólido"; "O Estado não vai intervir no BES"; ou ainda "uma coisa é o BES, outra é o GES". Nunca é demais repetir que quem proferiu estas frases, garantindo que estava tudo bem, são os mesmos que repetem até à exaustão a ideia de que esta solução do "bom" e do "mau" não implica riscos para os contribuintes. O mais incrível é que mais um bocadinho estas mesmas pessoas ainda aparecem como salvadoras dos contribuintes e dos depositantes. Anteontem foi a vez da ministra das Finanças papaguear as mesmas palavras, embora lá tenha acabado por reconhecer que não "há soluções sem risco", mas que este "é muito diminuto". Também foi assim com o BPN, tudo inicialmente muito apelativo e depois... a história conhecida, os valores é que nem por isso.

Uma questão de confiança

Governador de Banco de Portugal, Presidente da República e primeiro-ministro afirmaram e reiteraram que estava tudo bem com o BES. Diz-se que teriam como objectivo a salvaguarda  da confiança - elemento essencial no funcionamento do sistema financeiro... também se diz. Porém, ao proferirem tais afirmações e ao darem tais garantias criaram a ideia de que se tratava de um banco sólido - uma ideia esfacelada em escassos dias. Investidores, sobretudo pequenos investidores, acreditaram na história da solidez, confiaram nas palavras do Governador do Banco de Portugal e nas palavras dos responsáveis políticos. Confiaram e hoje perderam tudo. Os grandes... enfim, veja-se o Goldman Sachs . É evidente que o risco faz parte do jogo, mas quando o regulador refere a existência de uma almofada financeira e quando alega a existência de investidores interessados dá a impressão de se tratar de um negócio lucrativo. O Governador do Banco de Portugal falhou, mas falharam também os membros do govern

O Estado não vai intervir e o seu contrário

“ O Estado português não vai intervir no BES”: palavras de Passos Coelho que duraram umas meras duas semanas. E por muito que Passos Coelho tivesse repetido a frase ao longo das últimas semanas, nem por isso passou a ser verdade, bem pelo contrário: o Estado vai intervir no BES e no imediato. O BPN também fora anunciado como um bom negócio, importa não esquecer. Agora é diferente, dizem-nos. No caso do BES separa-se o banco bom – Banco Novo (não é piada é mesmo esta a designação escolhida) do banco mau (que agregará os ativos tóxicos). No fundo são os mesmo do costume a financiar mais este exemplo de crime organizado: um fundo de resolução que capitaliza o banco, com o Estado a entrar com 4,5 mil milhões de euros, dinheiros que não são nossos (empréstimo temporário com dinheiros da troika), a par de uma participação de outros bancos de 400 milhões (e as garantias?). Chega? Qual o valor real do buraco? Não se sabe. Mais tarde vender-se-a o novo banco. Assim, diz o ministério das Fi

Afinal não está tudo bem

Contrariamente ao que vinha a ser dito nas últimas semanas nem a questão BES está controlada, nem tão-pouco está tudo bem. O incauto António José Seguro foi dos primeiros a revelar a sua surpresa, depois de há escassas semanas ter ficado mais descansado na sequência de uma conversa que teve com o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Outros mostraram surpresa, de resto não se esperava que os prejuízos deste semestre atingissem mais de 3,5 mil milhões de euros. Como é que gente tão impoluta, tão bem posta, tão sagaz e tão importante foi capaz de tamanha desonra? Aqueles que não se esquecem da origem desta crise; aqueles que sabem que o funcionamento do sector financeiro apresenta similitudes com o funcionamento de organizações criminosas; aqueles não ignoram a promiscuidade entre este sector e o poder político, já não se surpreendem como António José Seguro se surpreende. Afinal não está tudo bem com o banco do regime e com o grupo económico que o detém; afinal os negó