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A mostrar mensagens de setembro, 2008

O chumbo que assustou o mundo

A Câmara dos Representantes chumbou o plano financeiro do Presidente Bush, numa manobra que surpreendeu o mundo. O chumbo assusta o mundo financeiro e não só, e durante mais alguns dias (pelo menos até quinta-feira), todos vão estar a aguardar ansiosamente pela decisão de Washington. A Europa acusa os Estados Unidos de irresponsabilidade. Ora, a orientação de voto de alguns congressistas republicanos foi mais orientada em função das eleições que se aproximam para a Câmara dos Representantes, no mês que se aproxima, do que propriamente com o interesse do país. A intervenção do Estado americano é uma inevitabilidade, seja através deste plano ou de um plano alternativo; o que parece ser uma certeza é que os mercados não podem estar muito tempo à espera. Entretanto, na Europa continuam, paulatinamente, algumas ameaças de falências e as subsequentes intervenções estatais. Todavia, o plano, que já não será este, não pode ser um mero paliativo não acompanhado de medidas que previnam os excess

Casas em Lisboa

A imprensa escrita tem noticiado situações irregulares que envolvem a Câmara Municipal de Lisboa, na distribuição de casas da própria câmara. As notícias indicam que várias casas da câmara foram atribuídas indevidamente a quem delas não necessita. Convinha que as pessoas envolvidas explicassem aos cidadãos as razões que as levaram a ocupar casas e pagar por elas quantias tão baixas. Afinal de contas, a Vereadora que tem a pasta social está a ser directamente implicada nesta situação – pagando menos de 150 euros por uma casa da Câmara – ainda não deu explicações. Tudo se torna mais grave quando se explica a situação com a falta ou a ineficiência das leis, o que permitiu que isto perdure por décadas. Importa sublinhar que, a provar-se que foram atribuídas casas a pessoas, de forma indevida, coarctando a distribuição das mesmas a quem realmente necessita, há quem deva ser responsabilizado por toda esta situação de manifesto abuso. Urge, portanto, um esclarecimento cabal de quem tem e teve

O próximo debate

Depois do primeiro debate, que pôs frente-a-frente os candidatos presidenciais, Barack Obama e John McCain, segue-se o debate entre os candidatos à Vice-Presidência, Joe Biden e Sarah Palin. Este debate será seguramente interessante, muito graças à curiosidade em torno da desconhecida Sarah Palin. Do debate entre os dois candidatos à presidência dos EUA saiu um empate, pese embora algumas sondagens terem dado a vitória a Obama. Mas o debate entre os candidatos à Vice-Presidência não vai ficar para trás, no que diz respeito ao interesse. Joe Biden, o candidato democrata, domina amplamente assuntos de política externa e tem uma experiência política sem paralelo com Sarah Palin. Em entrevistas anteriores, Sarah Palin mostrou desconhecer praticamente tudo, em particular no que diz respeito à chamada doutrina Bush e em matéria de política externa. Vai ser curioso ver o desempenho da candidata republicana. Parece-me que o debate vai muito desfavorável a Palin que, recentemente, encontrou-se

O boicote

A DECO tinha proposto aos Portugueses que fizessem um boicote às bombas de gasolina, durante o dia de hoje, em sinal de protesto contra a falta de transparência no sector. A ideia seria fazer pressão ao Governo e à Autoridade da Concorrência para inverter a estranha situação que se caracteriza por subidas rápidas e determinadas do preço da gasolina/gasóleo quando o petróleo sobe, e na ausência de uma redução do preço ou na lentidão e inconsequência dessas reduções quando o petróleo baixa consideravelmente. O povo português queixa-se muito de ser ele próprio letárgico, mas quando tem uma oportunidade de mostrar aquilo que pensa, ou fica em casa, ou não participa nos poucos caminhos que tem ao seu dispor para mostrar o que pensa. Até à hora de almoço, era possível ver muitos portugueses a abastecerem o carro, apesar de o dia ser de boicote. Na verdade há um descontentamento generalizado em relação ao preço dos combustíveis, mas quando surge uma forma de mostrar esse descontentamento, fal

Obama continua a subir

A última semana foi muito positiva para o candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama. As fragilidades reveladas pelo trunfo de McCain, Sarah Palin, designadamente numa entrevista em que denotou não dominar áreas essenciais; acresce isto a catadupa de falências e ameaças de falências que trouxeram para a ordem do dia a crise financeira, e o resultado é a subida de Obama. Todavia, ainda é cedo para se perceber se a subida de Obama consolidar-se-á nas próximas semanas ou se, pelo contrário, trata-se de liderança anódina que se poderá desvanecer até ao mês de Novembro. Não querendo correr o risco de fazer futurologia, acredito que a liderança de Obama vai-se consolidar. Se a última semana foi positiva para Obama, foi, em sentido diametralmente oposto, desastrosa para o seu opositor, John McCain.É inevitável não associar o candidato republicano ao liberalismo e aos seus excessos que surgem associados à actual crise e as contradições do candidato são evidentes: há escassos meses mostrav

Não faltaram os avisos

A discussão sobre crise financeira cuja dimensão é inevitavelmente global, embora o seu epicentro tenha sido nos Estados Unidos, tem sido caracterizada por uma palavra: regulação. Ninguém parece saber bem como, mas todos clamam por uma maior e mais eficaz regulação. Consequentemente, não deixa de ser curioso ver e ouvir os mais liberais, do ponto de vista económico, clamaram por mais regulação. Hoje o mundo está suspenso pela aprovação do Congresso do plano de recuperação proposto pela Administração Bush, as relutâncias abundam e a incerteza domina a actualidade. É curioso que desde há muito tempo a esta parte são muitos os que pugnam por mais ética e uma maior regulação dos mercados financeiros; são muitos os que advogam um sistema que não deixe os mercados em roda livre. E nem sequer se trata daqueles movimentos anti-globalização, são pessoas que não rejeitam o sistema capitalista, mas antes rejeitam os excessos desse capitalismo, augurando a inevitabilidade desses excessos acabarem

Estratégia de Segurança Rodoviária

Ontem foi notícia um conjunto de medidas a aplicar até 2015, com a designação de Estratégia de Segurança Rodoviária. A introdução da carta por sistema de pontos, alterações no sistema das escolas de condução, a melhoria da sinalização e o aumento dos radares são algumas das medidas que fazem parte da Estratégia de Segurança Rodoviária que tem como objectivo diminuir a morte nas estradas. O objectivo em si mesmo é meritório, continuam a morrer demasiadas pessoas nas estradas portuguesas. Mas existem outras questões que fogem ao âmbito da legislação, como é o caso inequívoco da ausência de civismo que marca indelevelmente o comportamento de muitos condutores e cujas consequências podem também elas ser trágicas. A tentativa de se concertar esforços – são vários os ministérios que vão trabalhar esta questão – é um bom caminho, mas quando o civismo é diminuto ou inexistente tudo se torna mais complicado. Há uma questão incontornável quando se fala de segurança rodovi

O milagre “Magalhães”

Ontem, o Governo desdobrou-se em iniciativas de distribuição de computadores para crianças do primeiro ciclo. A distribuição de um computador “low cost”, baptizado Magalhães, e anunciado como sendo de fabrico português, embora as peças não o sejam e só 30 por cento será nos próximos tempos made in Portugal, é mais uma manobra propagandística do Executivo. Não interessa discutir a pertinência da distribuição de computadores a crianças em idade escolar, até porque essa discussão não deve ter lugar, tendo em conta a proficuidade na utilização de computadores pelas crianças; o que interessa para o caso é discutir a forma como a distribuição é feita – debaixo das luzes dos holofotes. Com efeito, trata-se mais uma vez de analisar a forma e não a substância. O Governo aproveita a oportunidade para passar aos Portugueses a ideia de que aposta seriamente na educação, deixando para segundo plano, outras questões que se prendem com a educação e que são escamoteadas, como o caso da qualidade do en

Terror em Islamabad

O atentado terrorista em Islamabad, capital do Paquistão, no Hotel Marriot, traz à actualidade a questão do terrorismo islâmico*. Isto apesar do Iraque, por exemplo, continuar a ser fértil em atentados terroristas. A dimensão do ataque que resultou na morte de mais de 150 pessoas reforça também a instabilidade deste país. O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, e seu primeiro-ministro, Yusuf Raza Gilani, haviam decidido jantar no hotel, acabando, à última da hora, por desistir desses planos. Por outro lado, o hotel é frequentado por muitos estrangeiros que se encontram no país e pela elite paquistanesa. O Paquistão, país que luta contra a ideologia mais radical que subjaz ao terrorismo islâmico – a doutrinação é uma forte realidade neste país –, não encontra formas de combater eficazmente aqueles que professam o radicalismo islâmico. O recém-chegado Presidente paquistanês comprometeu-se no combate aos grupos mais radicais ao mesmo tempo que prometeu lutar contra a ingerência dos EU

Rentrée do PS

Entre uma oposição afundada no silêncio ou no oportunismo e um país resignado, o PS fez a sua rentrée no passado fim-de-semana. A rentrée foi ensombrada pela questão das alegadas divisões dos deputados do partido sobre a obrigação de votarem em conjunto na proposta do Bloco de Esquerda e dos Verdes. Ainda assim, José Sócrates apareceu decidido e convicto dos sucessos do seu Governo. Desta forma, o primeiro-ministro, na qualidade de líder do partido, fez um apanhado das supostas reformas levadas a cabo pelo seu Executivo. A Educação foi uma das visadas, sublinhando-se a catadupa de sucessos e de iniciativas do Governo. José Sócrates relembrou também ao país a iniciativa do PSD em matéria de sustentabilidade da Segurança Social, e os resultados que essa iniciativa poderia ter produzido quando a crise financeira internacional assusta os mais optimistas. O início do ano político não parece estar a correr mal ao partido do Governo. As televisões mostraram a imensa m

Tpizi Livni

É assim que se chama a nova líder do partido Kadima, e provavelmente a nova primeira-ministra de Israel. Para isso tem que 40 dias para formar Governo, através de uma coligação. A antiga agente da Mossad é vista como uma moderada, precisamente aquilo que Israel necessita. Tpizi Livni esteve no Knesset (parlamento israelita) apenas nove anos, uma carreira vista por muitos como curta e que denota falta de experiência. Por outro lado, Livni é advogada e civil e não militar – outra boa notícia para Israel. Além disso, a nova líder do Kadima que, no passado já defendeu teses nacionalistas e mais duras em relação aos territórios palestinianos, tem hoje uma posição mais conciliadora: defende a co-existência de dois estados, um Israelita e um Palestiniano, sem, no entanto, pôr em causa a segurança de Israel. A possibilidade de Livni se poder tornar na nova primeira-ministra pode ser uma boa notícia para o Estado hebraico. Aliás, Livni tem desempenhado o cargo de Ministra dos Negócios Estrangei

Os desafios do Governo

Falta um ano para as eleições legislativas. Assim, importa analisar quais os principais desafios do actual Executivo e não se dispensa uma análise da própria governação socialista. As sondagens continuam a dar uma vitória ao actual partido do Governo, registando-se também uma inédita subida dos restantes partidos de esquerda, nomeadamente o PCP e o Bloco de Esquerda. O CDS tenta livrar-se da sua crescente insignificância e o PSD parece ainda não ter encontrado a estratégia para fazer frente ao Governo. Resta saber se alguma vez vai encontrar essa estratégia ou se o silêncio mascarado de estratégia política poderá alguma vez produzir resultados. No âmbito geral, o Governo tem desafios importantes à porta. Ontem foi a discussão do Código Laboral – questão que vai continuar a provocar acentuada celeuma; no próximo mês, o Governo tem de apresentar o Orçamento de Estado, o que vai mostrar quais os planos do Executivo para o ano que se aproxima. Mas o maior desafio é a economia e

Crise financeira e a campanha eleitoral americana

A crise financeira que já resultou na falência da Lehman Brothers e na ameaça de falência de outras instituições financeiras tem sido o centro da campanha eleitoral nos EUA. Neste particular, Barack Obama poderá recuperar algum terreno, tendo em conta que a sua visão da economia se coaduna menos com o actual sistema do que aquela do seu opositor, John McCain. Ora, John McCain tem-se insurgido contra aquilo que ele considera ser uma economia de casino, em que vigora a corrupção e a ganância. Mas afinal não é o seu partido o maior defensor da mais extrema liberalização económica e o mesmo que rejeita qualquer intervenção do Estado, sendo apologista da ridícula mão invisível? São estas contradições que podem comprometer a campanha do candidato republicano. Os americanos devem agora exigir uma clarificação das posições do senador do Arizona. Afinal, agora McCain já perfilha a ideia de maior regulação? E no passado, qual era a sua posição? Importa também referir qual tem sido a posição trad

A pior crise desde 1929

É assim que é descrita a crise que começou com problemas no sector do crédito hipotecário americano e que ainda está longe do fim. A falência do banco de investimento Lehman Brothers e a desconfiança e negativismo que essa falência gerou dá origem às mais horríficas profecias. A ideia de que esta crise é pior do que aquela que ficou conhecida por Grande Depressão parece, pois, fazer parte de algum exagero. Até porque hoje existem mecanismos diferentes daqueles que estavam ao dispor no final dos anos 20, princípio dos anos 30, nos Estados Unidos. Seja como for, é relativamente consensual entre os especialistas que esta crise, ainda longe do fim, é muito grave e põe, de certa forma, à prova uma parte importante do sistema capitalista. O que não é o mesmo que dizer que esta crise é o último estertor do sistema capitalista, como tem sido prática de alguns comentadores. O sistema terá os mecanismos necessários para fazer face a este novo desafio, o que não invalida a necessidade urgente de

Ainda as sequelas do subprime e a mudança de estratégia dos EUA

A falência do banco de investimento Lehman Brothers representa uma viragem na política das instituições federais americanas. Desta vez, a Reserva Federal não se imiscuiu no processo de falência deste banco, com o objectivo de impedir que essa falência se concretizasse. Recorde-se que há poucas semanas, a Fed interveio através de mecanismos financeiros que têm implicações directas do dinheiro dos contribuintes americanos, salvando outras instituições de crédito. Desta vez foi o Banco Central Europeu a ver-se forçado a injectar no mercado 30 mil milhões de euros. O Lehman Brothers Holding acabou por provar do seu próprio veneno. Resta se as falências ficarão por aqui. Dificilmente. Era inevitável que a Reserva Federal Americana – leia-se o Estado americano – cessasse as constantes tentativas de salvamento de bancos de investimento e de outras instituições financeiras. Aliás, esse comportamento do poder político reforça a tese de que a necessidade de regulação do mercado financeiro é impe

A complexidade das eleições americanas

A complexidade das eleições americanas não se prende apenas com o processo eleitoral propriamente dito, que apresenta significas diferenças relativamente ao nosso, mas está essencialmente relacionada com a dificuldade que nós, europeus, temos no entendimento do próprio eleitorado americano. Sendo óbvio que toda a generalização é abusiva, não deixa de ser difícil de compreender como é possível que tantos americanos tenham como intenção votar no ticket McCain/Palin. As últimas sondagens, pós Convenção Republicana, mostram uma ligeira recuperação da candidatura de McCain. A razão que parece justificar essa ligeira recuperação está na escolha do candidato republicano para a Vice-Presidência. Sarah Palin que, num primeiro momento e aos olhos de muitos comentadores, incluindo a autora deste blogue, parecia ter sido mais um erro de casting do que uma boa aposta, tem-se revelado, pelo contrário, na catapulta da candidatura de McCain. Com efeito, Sarah Palin ostenta orgulhosamente os seus ideai

Hugo Chavéz novamente no seu melhor

O Presidente da Venezuela, que tantos admiradores tem em Portugal, voltou a dar mostras do seu melhor ao expulsar o embaixador americano na Venezuela. Ora, Chavéz segue assim o exemplo do caricato líder da Bolívia, Evo Morales, que fez o mesmo ao embaixador americano na Bolívia, desencadeando a natural reacção dos Estados Unidos. Além disso, Chávez recebeu ainda esta semana dois bombardeiros russos em seu território, naquilo que é visto como uma clara provocação de Chavéz e manifestação de força de Moscovo. O mundo atravessa um período de grandes incertezas: as relações entre os Estados Unidos e a Rússia sofreram uma degradação sem precedente nas últimas duas décadas; do lado americano alinham os tradicionais aliados, com especial destaque para a União Europeia; do lado russo, aparecem países que pelas mais diversas razões não alinham com o Ocidente e procuram a todo o custo aparecer, mostrar ao mundo que existem. É o caso da Venezuela cuja existência seria anódina, não fos

Obama e o antiamericanismo

O aparecimento de Barack Obama, a sua candidatura ao partido democrata e a sua nomeação têm contribuído para o refrear dos ímpetos mais antiamericanistas. Isto apesar de Obama ainda não ter sido eleito Presidente dos Estados Unidos. Não se trata apenas de uma animosidade relativamente à Administração Bush, passou-se para a desconfiança que cai sobre o próprio povo americano. Não obstante a diversidade que caracteriza esse mesmo povo, a verdade é que a nomeação de Sarah Palin, candidata à Vice-Presidência ao lado de John McCain, ultraconservadora, serviu para relembrar ao mundo a existência de uma América retrógrada, radical, com laivos de manifesto imperialismo. É essa América que a Europa detesta e que Barack Obama tem feito esquecer. E também é essa América que foi responsável pela guerra no Iraque, pelo fracasso no Afeganistão, pelo enfraquecimento da influência americana, e tem sido em parte incapaz de dar resposta aos efeitos de uma crise económica que ainda assola os EUA e o mund

Onde está o querido líder?

A pergunta em epígrafe tem toda a pertinência. De facto, onde está Kim Jong-il, o “querido líder”? Ou melhor: qual o estado de saúde de Kim Jong-il? A ausência do ditador norte-coreano na parada militar realizada, esta semana, que assinalava o 60.º aniversário do regime comunista em vigor na Coreia do Norte, veio contribuir para alargar o leque de especulações em torno da ausência prolongada do líder. Paralelamente, o líder norte-coreano não é visto desde meados deste mês, e crescem assim as teorias que apontam para complicações do estado de saúde de Kim Jong-il. Aliás, um jornalista japonês avança com a teoria de que o líder já estará morto há anos e que terá sido substituído por sósias. De um modo geral, são muitos os rumores que pretendem justificar a ausência do líder da República Popular da Coreia do Norte. A ausência de Kim Jong-il e a possibilidade deste padecer de complicados problemas de saúde, trazem à discussão o assunto da sucessão e do destino desta ditadura estalinista. S

Reflexões sobre o discurso mais aguardado

O discurso de Ferreira leite era aguardado com grande expectativa, resultado da estratégia de silêncio levada a cabo pela Presidente do PSD. É claro que a estratégia redunda num sentimento de insatisfação porque se torna quase impossível corresponder a essas expectativas entretanto criadas. Assim, o discurso de Ferreira Leite, embora tenha sido, na minha opinião, genericamente profícuo, perde o seu efeito graças à estratégia adoptada pela líder do partido. Mas a estratégia de silêncio talvez seja o menor dos problemas de Manuela Ferreira Leite (MFL). As querelas internas representam um problema a que urge dar resposta. Agora foi a vez do ex-Presidente, Luís Filipe Menezes, mostrar-se disponível para um congresso anti-Manuela Ferreira Leite. Sendo certo que Menezes continua a ser ele próprio, ou seja, incapaz de aproveitar os silêncios para reflectir – uma espécie de antítese de Ferreira Leite. Mas a verdade é que já outras figuras do PSD tinham criticado a estratégia da líd

O desfecho esperado

As eleições angolanas culminaram com os resultados esperados: uma clara maioria para o partido do Presidente José Eduardo dos Santos, o MPLA. Há, porém, sinais positivos que podem indiciar algumas mudanças absolutamente necessárias para o progresso do país. As eleições decorreram num clima de normalidade e os observadores internacionais foram unânimes em considerar o acto eleitoral como regular. Este é o melhor sinal para o futuro de Angola. O ano que se aproxima traz novas eleições, estas mais importantes para o futuro do regime. As eleições presidenciais que se aproximam vão ditar se o regime se mantém inalterável ou não. Angola continua a ter claras dificuldades em lidar com os mais básicos princípios democráticos, designadamente a liberdade de expressão e de imprensa. O regime não resiste à tentação de exercer um controlo absoluto dos principais órgãos de comunicação social. De resto, alguns órgãos de comunicação social portugueses sabem bem o que significa criticar o regime – as

Um hino à incompetência

A notícia de que a Câmara do Seixal e a Câmara do Barreiro perderam fundos comunitários por atrasos na entrega do processo de candidatura, quando tiveram meses para concluir o envio da candidatura, merece maior escrutínio por parte dos munícipes que são os grandes prejudicados com mais este hino à incompetência. Mais grave ainda parecem ser as reacções dos dois responsáveis pelas câmaras. O edil do Barreiro recusa taxativamente qualquer razão evocada pela oposição para se demitir; ao Presidente da Câmara do Seixal não lhe passará, tão-pouco, pela cabeça a possibilidade de se demitir. No fundo, a cegueira que conspurca o executivo camarário quer do Seixal, quer do Barreiro não permite ver para além de interesses que nem sempre se coadunam com os interesses dos cidadãos desses concelhos. No caso do Seixal, tudo parece mais complicado. Os principais partidos da oposição não dão uma resposta que seria necessária, face ao à-vontade com que o Presidente da Câmara do Sei

Rentrée política

Este fim-de-semana é pródigo em regressos de alguns líderes de partidos políticos. O PCP regressa com a famigerada Festa do Avante! – uma estranha amálgama de divertimento inócuo ao ar livre com comícios políticos pejados de ideologias caducas. O PSD regressa com a Universidade de Verão e com o mais do que aguardado discurso de Manuela Ferreira Leite, depois de um interregno marcado pelo mais sepulcral silêncio. A 32ª. Festa do Avante! não vai trazer nada de novo, é mais um acontecimento a ser acompanhado por uma comunicação social que anda ávida de notícias, para além da recorrente onda de criminalidade. A Festa do Avante! não deixa de ser curiosa – com tanta gente, cria-se a efémera ilusão de que se trata da festa de um grande partido político. Apenas isso, uma ilusão. O discurso do Secretário-Geral do partido também não se pauta pela novidade, limita-se a seguir a velha cartilha do partido, com recurso a mais ou menos artifícios. A líder do Partido Social Dem

Dia de eleições

O povo angolano vai às urnas votar nas legislativas, o clima será muito provavelmente de normalidade, embora todos os dados apontem para uma mais do que provável vitória do partido de José Eduardo dos Santos, o MPLA. Estas eleições poderiam representar uma oportunidade de mudança para Angola, o que parece desde já inverosímil. Apesar de tudo, a ausência de conflitos é já um bom presságio para o futuro do país. O MPLA tem tudo para vencer, a começar numa máquina partidária incomparável e a culminar no poder inequívoco sobre os principais órgãos de comunicação social; a título de exemplo, o principal canal de televisão angolano tem feito uma cobertura alargada da campanha do MPLA, enquanto a cobertura é mínima no que diz respeito à campanha do principal partido da oposição – a UNITA. Angola tem vindo a desperdiçar a oportunidade criada com o fim de uma guerra que devastou o país; Angola acabou por se render ao temperamento difícil de um Presidente que se perpetua

As contradições do partido republicano

O estado de graça da candidata republicana à vice-presidência americana foi efémero. Sarah Palin foi a aposta de McCain para congregar os votos das mulheres e da ala ultraconservadora do partido republicano. Os planos saíram furados para o ticket republicano. Afinal, Palin traz muitos mais problemas do que eventuais soluções e compromissos. De um modo geral, a escolha de McCain para o coadjuvar na conquista da Casa Branca já estava, de certa forma, condenada à partida e pejada de contradições. McCain, ao escolher a Governadora do Alasca, perdeu força na argumentação de que o seu opositor tinha pouca experiência – Palin não é propriamente detentora de muita experiência política –, e ao tentar reunir os votos de mulheres desiludidas com o falhanço da candidatura de Hillary Clinton, McCain escolheu alguém que é, genericamente, a antítese da ex-candidata democrata. O pior tem surgido, contudo, nestes últimos dias. Na verdade, o grande trunfo de Palin prendia-se com

A subida de Obama

Barack Obama tem vindo a subir nas sondagens, depois de uma Convenção do partido democrata que correu muito bem ao candidato à presidência dos Estados Unidos. Menos sorte parece ter tido o candidato republicano, John McCain, que viu a Convenção do seu partido ser obscurecida pelo furacão Gustav. A subida de Obama prende-se com o sucesso da Convenção democrata, com o reiterado apoio de Hillary Clinton, com a união do partido, mas também com a apresentação de propostas do candidato. Esta é a questão essencial para Obama. Aliás, se o senador do Illinois for exímio na apresentação de propostas, em particular no que diz respeito a soluções para atenuar a crise que assola a economia americana, a probabilidade de vencer as eleições é muito elevada. Com efeito, Obama vai continuar a subir nas intenções de voto – a Convenção foi apenas uma rampa de lançamento para o candidato dar a conhecer as propostas que tem para o país: na área da economia com propostas concretas para

Angola: uma oportunidade de mudança

Depois de uma guerra civil cujo fim não se vislumbrava, Angola tem vindo, desde então, a mudar. As mudanças ainda estão longe daquilo que seria necessário e são mais notórios em volta dos grandes centros urbanos, designadamente Luanda; há, porém, uma vasta maioria de Angolanos que não tem acesso a um bem-estar social condigno. Apesar de tudo, estas eleições legislativas, a realizarem-se no dia 5 deste mês, podem trazer algumas mudanças necessárias a um país rico em recursos naturais. É verdade que as eleições do próximo ano (presidenciais) têm uma importância pouco comparável, mas ainda assim, o clima de estabilidade que tem antecedido o acto eleitoral de 5 de Setembro é um bom presságio para o país. É impossível traçar-se cenários sobre os resultados das legislativas, embora me pareça óbvio que o MPLA (partido do Presidente José Eduardo dos Santos) será o partido vencedor. Se assim for, as tais mudanças poderão ter de aguardar mais algum tempo até se concretizarem. Diga-se em abono d

Dois minutos

Não é habitual neste blogue tratar-se assuntos relacionados com o concelho do Seixal, mas o caricato da seguinte situação impõe algumas linhas sobre o assunto: a Câmara do Seixal perdeu a oportunidade de se candidatar a fundos comunitários, no valor de seis milhões de euros, porque se atrasou em dois singelos minutos. Ainda que seja necessário apurar-se responsabilidades e por essa razão seja ainda prematuro comentar-se o insólito (ou talvez não – o mesmo aconteceu na Câmara do Barreiro, mas desta vez por dez minutos), uma coisa é certa: quem perde são os cidadãos do concelho que poderiam vir a usufruir de novos equipamentos. As autarquias, embora tenham tido uma importância incontestável para o desenvolvimento do país, são também, em muitos casos, exemplos de má gestão, displicência e de uma elevada dose de mentalidade serôdia. A Câmara do Seixal, liderada pela CDU, não entra propriamente no rol dos melhores exemplos – o elevado endividamento, a fixação com rotundas, ou obras de vult