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Um hino à incompetência

A notícia de que a Câmara do Seixal e a Câmara do Barreiro perderam fundos comunitários por atrasos na entrega do processo de candidatura, quando tiveram meses para concluir o envio da candidatura, merece maior escrutínio por parte dos munícipes que são os grandes prejudicados com mais este hino à incompetência.
Mais grave ainda parecem ser as reacções dos dois responsáveis pelas câmaras. O edil do Barreiro recusa taxativamente qualquer razão evocada pela oposição para se demitir; ao Presidente da Câmara do Seixal não lhe passará, tão-pouco, pela cabeça a possibilidade de se demitir. No fundo, a cegueira que conspurca o executivo camarário quer do Seixal, quer do Barreiro não permite ver para além de interesses que nem sempre se coadunam com os interesses dos cidadãos desses concelhos.
No caso do Seixal, tudo parece mais complicado. Os principais partidos da oposição não dão uma resposta que seria necessária, face ao à-vontade com que o Presidente da Câmara do Seixal tentou, sem sucesso, explicar o sucedido. No caso dos cidadãos, a passividade tomou conta do Concelho – uns divertiram-se na Festa do Avante!, enquanto assistiam embevecidos ao discurso do Secretário-geral do partido a carregar nas políticas do Governo, quando no Concelho comunista onde se realiza a festa, a incompetência atingiu níveis intoleráveis; outros simplesmente não querem ter mais preocupações do que aquelas que os perseguem no quotidiano.
É esta passividade que condena o país ao mais inexorável fracasso. Não se exigem responsabilidades, não se exige uma resposta consonante com a inacção que levou à perda de milhões de euros para os concelhos em questão. E mesmo que a candidatura não tivesse uma resposta positiva, é obrigação das câmaras fazer tudo o que está ao seu alcance para tentar melhorar as condições de vida dos seus cidadãos. Não basta pedir cada vez maiores contribuições dos cidadãos para financiar rotundas, festas parolas e outras formas de despesismo, e ainda assim não cumprir com o mínimo que lhes é exigido. De resto, a palavra “demissão”, quando utilizada neste contexto, justifica-se plenamente.

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