Avançar para o conteúdo principal

Terror em Islamabad

O atentado terrorista em Islamabad, capital do Paquistão, no Hotel Marriot, traz à actualidade a questão do terrorismo islâmico*. Isto apesar do Iraque, por exemplo, continuar a ser fértil em atentados terroristas. A dimensão do ataque que resultou na morte de mais de 150 pessoas reforça também a instabilidade deste país.
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, e seu primeiro-ministro, Yusuf Raza Gilani, haviam decidido jantar no hotel, acabando, à última da hora, por desistir desses planos. Por outro lado, o hotel é frequentado por muitos estrangeiros que se encontram no país e pela elite paquistanesa.
O Paquistão, país que luta contra a ideologia mais radical que subjaz ao terrorismo islâmico – a doutrinação é uma forte realidade neste país –, não encontra formas de combater eficazmente aqueles que professam o radicalismo islâmico. O recém-chegado Presidente paquistanês comprometeu-se no combate aos grupos mais radicais ao mesmo tempo que prometeu lutar contra a ingerência dos EUA.
Os problemas que a constante instabilidade deste país levantam prendem-se, por um lado, com o radicalismo islâmico que, contrariamente às promessas do anterior Presidente Musharraf, não cessam de crescer, designadamente através de madrassas e de formas eficazes de doutrinação; por outro, nunca é demais recordar que este é um país com tecnologia nuclear, e interessa ao mundo quem está à frente dos destinos do país.
Em conclusão, o grave atentado terrorista que destruiu o Marriot e matou mais de 150 pessoas é mais uma chamada de atenção para uma zona que só tem conhecido períodos de instabilidade, também terreno fértil para o radicalismo. Aliás, a questão do Paquistão não pode ser dissociada do problema do Afeganistão onde a ameaça talibã volta a ensombrar o futuro do país.

* “Terrorismo islâmico” é uma designação contestada por alguns. Contudo, não deixa de ser pertinente usar-se essa designação quando a mesma corresponde à realidade e visa diferenciar este terrorismo de outros cuja fundamentação é diferente.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...