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Crise financeira e a campanha eleitoral americana

A crise financeira que já resultou na falência da Lehman Brothers e na ameaça de falência de outras instituições financeiras tem sido o centro da campanha eleitoral nos EUA. Neste particular, Barack Obama poderá recuperar algum terreno, tendo em conta que a sua visão da economia se coaduna menos com o actual sistema do que aquela do seu opositor, John McCain.
Ora, John McCain tem-se insurgido contra aquilo que ele considera ser uma economia de casino, em que vigora a corrupção e a ganância. Mas afinal não é o seu partido o maior defensor da mais extrema liberalização económica e o mesmo que rejeita qualquer intervenção do Estado, sendo apologista da ridícula mão invisível?
São estas contradições que podem comprometer a campanha do candidato republicano. Os americanos devem agora exigir uma clarificação das posições do senador do Arizona. Afinal, agora McCain já perfilha a ideia de maior regulação? E no passado, qual era a sua posição? Importa também referir qual tem sido a posição tradicional do partido republicano sobre estas matérias.
McCain tenta desenvencilhar-se das suas contradições. Hoje, os americanos estão mais atentos aos excessos de um sistema financeiro que foi regido pela mais obtusa avidez e que promoveu práticas pouco transparentes. Um sistema que é auto-regulado, embora exista, teoricamente, um conjunto de instâncias incumbido de garantir o cumprimento mínimo de regras.
Nestas circunstâncias, Barack Obama, o candidato democrata, está particularmente mais à vontade. Aliás, Obama tem vindo a criticar o actual sistema, defendendo posições mais próximas da transparência que se exige e da necessária regulação. A ver vamos se esta questão das incongruências da candidatura do republicano, John McCain, determinará o rumo da campanha. As últimas sondagens dão uma diferença de apenas um por cento entre os candidatos. Mas a falência da Lehman Brothers e o perigo de falência de outras instituições financeiras a fazerem lembrar tempos mais remotos são acontecimentos recentes. Ainda estão por contabilizar os efeitos da crise em ambas as campanhas eleitorais

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