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Rentrée do PS

Entre uma oposição afundada no silêncio ou no oportunismo e um país resignado, o PS fez a sua rentrée no passado fim-de-semana. A rentrée foi ensombrada pela questão das alegadas divisões dos deputados do partido sobre a obrigação de votarem em conjunto na proposta do Bloco de Esquerda e dos Verdes. Ainda assim, José Sócrates apareceu decidido e convicto dos sucessos do seu Governo.
Desta forma, o primeiro-ministro, na qualidade de líder do partido, fez um apanhado das supostas reformas levadas a cabo pelo seu Executivo. A Educação foi uma das visadas, sublinhando-se a catadupa de sucessos e de iniciativas do Governo. José Sócrates relembrou também ao país a iniciativa do PSD em matéria de sustentabilidade da Segurança Social, e os resultados que essa iniciativa poderia ter produzido quando a crise financeira internacional assusta os mais optimistas.
O início do ano político não parece estar a correr mal ao partido do Governo. As televisões mostraram a imensa máquina socialista no seu auge, a par de um líder que, mal ou bem, ainda é um líder. Em oposição aos restantes partidos políticos que, de uma forma ou de outra, têm lideranças anódinas – em particular os partidos situados mais à direito do espectro político.
Em suma, o PS tem cavalgado nas costas de uma oposição pouco digna desse nome e vergada à tibieza das respectivas lideranças. A um ano de eleições e não obstante a crise que assola o país, agravada pelo sentimento generalizado de insegurança, o PS caminha a passos largos para uma reconquista eleitoral. A questão, neste momento, é a de saber se o PS perde ou não a maioria absoluta, e se são os partidos de esquerda que contribuem para essa perda. De todo o modo, ainda é cedo para conjecturar cenários – em política, como em muita coisa na vida, tudo pode acontecer. Mas, neste momento, a ausência de alternativas credíveis joga, indubitavelmente, a favor do partido do Governo.

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