Avançar para o conteúdo principal

O que resta ao PSD

Ao PSD resta apenas votar contra o Orçamento de Estado para 2009 por uma simples razão: o PSD tem que mostrar que é diferente do PS e, desse ponto de vista, não poderia estar de acordo com o OE. Infelizmente para o PSD, o Orçamento de Estado para 2009 tem sido considerado, por vários analistas, como sendo um bom Orçamento, e consegue a proeza de agradar a Gregos e a Troianos.
O PSD não tem conseguido dissociar as suas políticas do rumo que tem sido seguido pelo Governo. Esse problema não é exclusivo da actual liderança, mas agudizou-se durante os últimos meses. Manuela Ferreira Leite tem dificuldades manifestas em mostrar ao país que o seu partido pode ser diferente do partido do Governo. A famigerada estratégia de silêncio foi agora substituída por meias palavras e por aparições efémeras da líder do partido.
Os tempos não se avizinham famosos para Ferreira Leite. O partido do Governo está a consolidar a sua posição para vencer as eleições do próximo ano – e não me refiro apenas às legislativas – e o PSD não tem conseguido mostrar aos Portugueses que pode ser uma alternativa viável ao PS.
O Executivo de José Sócrates recebeu uma dádiva dos céus, ou melhor, dos EUA – a crise financeira internacional. Com esta crise, torna-se mais complicado fazer a destrinça entre a crise do país e a crise internacional. Com esta crise, muitos vão esquecer o vasto rol de fracassos do Governo, a começar pela Educação e a acabar na Justiça. Com esta crise, José Sócrates e o seu Governo têm a compreensão dos Portugueses que não os responsabilizam pela degradação do estado do país e pelo seu empobrecimento.
Em síntese, o PS tem hoje a vida facilitada com a crise internacional, e por muito paradoxal que isso seja, a verdade é que apesar dos efeitos nefastos da crise (que ainda estão para vir), o Governo consolidou as contas públicas, permitindo assim a Portugal ser mais forte para enfrentar uma crise que não é da responsabilidade do Governo. E é esta a ideia que se está a impor. Ora assim a vida complica-se inexoravelmente para o PSD.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...