Avançar para o conteúdo principal

Islândia à beira da falência

Esta ilha habitada por pouco mais de 300 mil pessoas atravessa um período manifestamente complexo. A crise financeira que a Islândia atravessa é considerada como sendo a maior, e a palavra de ordem nos últimos dias tem sido “bancarrota”.
Com efeito, o endividamento à banca atingiu proporções insustentáveis e o crédito mal parado subiu desmesuradamente. E para se ter uma pequena noção da gravidade do problema, dizer apenas que a dívida do sector financeiro é doze vezes superior ao valor do Produto Interno Bruto.
Nestas condições, justifica-se a utilização de uma retórica pouco habitual para um primeiro-ministro que sublinha a possibilidade de colapso do próprio Estado islandês se o sector financeiro do país falir. De qualquer forma, já se sentem os efeitos da crise financeira no país: segundo a Rádio Renascença, já cerca de 300 operários portugueses a trabalhar na Islândia manifestaram as suas preocupações junto ao Sindicato dos Construtores do Norte, isto porque as obras vão ter de pagar tendo em conta a falta de pagamento aos trabalhadores.
Em traços gerais, as hipotéticas soluções para atenuar a crise passam pelo recurso ao FMI, isto apesar do Governo islandês já ter pedido ajuda financeira à Rússia. Mas é o FMI que poderá encontrar e aplicar uma solução mais fidedigna.
Entretanto, a Islândia continua a tomar medidas no sentido de conter os efeitos da crise: assume o controlo de instituições bancárias, suspende as operações da bolsa, procede ao abandono da correlação da moeda do país com ou euro.
Outra consequência da vulnerabilidade da Islândia à crise global (porque é disso que se trata), prende-se com os crescentes problemas diplomáticos que a crise está a fazer eclodir: Londres congelou contas dos bancos falidos para proteger os depositantes britânicos e insiste que vai continuar a congelar os activos das sociedades islandesas no Reino Unido; Reiquejavique responde na mesma moeda, criando um mal-estar diplomático a ter em conta.
Por fim, o futuro da Islândia não se avizinha promissor, mas uma possível intervenção do FMI poderá ser essencial para que a Islândia saia rapidamente da situação em que se encontra. Todavia, os islandeses necessitam de retirar algumas lições da crise. Afinal de contas, o sistema financeiro representa uma fatia abismal da economia do país, e tem sido graças a esse sistema financeiro que a Islândia tem enriquecido, mas será que continua a valer a pena? A procura de uma solução para o problema financeiro do país, não dispensa a análise subsequente à própria economia islandesa e ao peso do sector financeiro nessa economia.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa