
Em primeiro lugar é fundamental referir o contexto que permitiu que o fenómeno da mundialização/globalização fosse a pedra de toque do mundo em que vivemos. O fim da bipolarização – a queda da URSS – e a hegemonia americana são condições centrais para a transformação a que se continua a assistir no domínio económico, social, cultural, geográfico, etc. Por outro lado, a mundialização não seria possível sem as transformações verificadas na área da informática, só os desenvolvimentos nessa área tornaram possíveis operações financeiras que, de outro modo, seriam inexequíveis. A complexidade inerente a muitas operações financeiras tem uma resposta à altura: o desenvolvimento vertiginoso na área da informática.
A mundialização/globalização é um fenómeno incontornável que se traduz em transformações a nível mundial, e naturalmente, acarretam mudanças constantes na vida de cada um de nós. Uma marca indelével da mundialização é o neoliberalismo, largamente imposto por instâncias supranacionais como o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial ou a OMC (Organização Mundial do Comércio); mas de igual forma importa enfatizar a importância que a superpotência EUA tem para a construção da matriz da mundialização.
A mundialização tem como consequência a existência a nível global de “menos Estado”, ou dito de outro modo, os países têm perdido grande parte dos instrumentos outrora considerados essenciais para a governação de qualquer país. De igual forma, as empresas multinacionais parecem ter, hoje, uma preponderância muito acentuada.
Outra consequência óbvia da mundialização/globalização é a inexorável supressão de postos de trabalho e o aumento do desemprego. O problema reside no facto de que os postos de trabalho que desaparecem não serem acompanhados por um substituição equitativa. Assim, crescem as desigualdades sociais e assiste-se a um aumento da exclusão. No sentido inverso, as riquezas são cada vez mais avultadas. Os postos de trabalho são distribuídos maioritariamente pela área dos serviços, o que coloca novas dificuldades na criação de mais emprego.
Mas a globalização ou mundialização tem outras implicações: a banalização da comunicação social, o culto da instantaneidade e o crescente individualismo associado a fenómenos como o consumismo exacerbado são fenómenos indissociáveis da mundialização.
Do ponto de vista económico, saliente-se a ausência de controlo financeiro. O neoliberalismo impõe políticas aos Estados que têm, amiúde, consequências negativas ao nível do emprego, fiscalidade, consumo, etc. A crescente pobreza que se verifica nos países mais desenvolvidos é convenientemente olvidada pelos arautos deste sistema.
Contudo, e paradoxalmente, verifica-se que em muitos países, designadamente em vias de desenvolvimento, as respectivas populações, em parte significativa, saem de uma situação de pobreza. É facilmente constatável que muitos chineses, por exemplo, encontram-se hoje numa melhor situação sócio-económica do que num passado recente.
A mundialização é um fenómeno carregado de incertezas e de contradições. E talvez sejam precisamente as suas contradições que condenam este sistema a um fim. Os exacerbamentos do neoliberalismo associados a fenómenos como o desemprego galopante, às desigualdades, à miséria, à ausência de perspectivas são maus augúrios para este sistema mundial.
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