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Protecção dos animais


A associação de defesa e protecção dos animais Animal encomendou um inquérito sobre a opinião dos portugueses relativamente à defesa e condição dos animais. Para além disso, a mesma associação vai entregar um código, à Assembleia da Republica, no sentido de conferir aos animais uma verdadeira protecção. O resultado do inquérito é elucidativo: a maioria dos portugueses mostra-se contra qualquer forma de violência contra os animais, e até mesmo no que diz respeito às touradas, mais de metade manifestou-se contra.

Estes resultados são um bom presságio para a defesa e protecção dos animais e esclarecem a posição dos portugueses em relação a esta matéria que raramente tem o tempo de antena ou o espaço na imprensa que merece. E mais: esta notícia sobre a protecção dos animais, e a luta da associação Animal nesse sentido, é completamente ignorada pela comunicação social. Exceptuando alguma imprensa escrita, de que o jornal Público é um excelente exemplo, os outros órgãos de comunicação social simplesmente ignoraram esta notícia.

Note-se a responsabilidade que os meios de comunicação social têm na consciencialização sobre uma multiplicidade de problemas; por vezes mais do que a escola, é a comunicação social que tem o ónus da consciencialização sobre uma miríade de problemas, incluindo naturalmente esta questão da defesa e protecção dos animais. Lamentavelmente a comunicação social estabelece outras prioridades que se prendem com as trivialidades do costume prestando, desta forma, um péssimo contributo para uma mudança de mentalidades.

De igual modo, não se assiste a grandes progressos na defesa e protecção dos animais, não obstante os resultados do inquérito serem animadores. A classe política nem sequer se manifesta sobre este assunto, talvez porque quando se aborda esta questão, acaba-se invariavelmente por falar sobre a tourada. E como esse assunto divide opiniões, sendo que a maioria das pessoas tem uma visão irredutível sobre o assunto, a classe política opta por não se imiscuir em temas intrincados.

Ainda assim, espera-se que a classe política saia da sua redoma de pusilanimidade, almeja-se também que a comunicação social divulgue a violência que é infligida diariamente aos animais e que promova a sua defesa e protecção. As lutas de cães, os maus-tratos e todo o tipo de sevícias contra os animais, as touradas, o abandono e a negligência têm de ser discutidos – a comunicação social tem, pois, um papel central nessa discussão.

É fundamental que sejam encetados esforços no sentido de mudar mentalidades. Nenhum país se pode vangloriar do seu elevado grau de civilidade quando os animais desse país são tratados de forma abjecta. Embora saibamos que reina a hipocrisia no nosso país, mantém-se a esperança, no entanto, que vingue a sensatez, e que de uma vez por todas se acabe com a violência que é inflingida aos animais. Só nesse dia nos podemos considerar um país civilizado.

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