Avançar para o conteúdo principal

Instabilidade no PSD

O PSD está a atravessar um período de acentuada instabilidade, e num momento decisivo do ponto de vista de liderança, o PSD está dividido e refém de acusações entre os apoiantes dos candidatos. O motivo de tanta celeuma no partido prende-se com a existência de 1400 militantes excluídos dos cadernos eleitorais – há acusações de pagamentos em massa de quotas de militantes –, e existe ainda a questão excepcional dos Açores (aqui os militantes que não têm as quotas em dia podem votar).

Se o PSD tem estado longe de ser o partido que outrora foi, agora essa distância parece aumentar incomensuravelmente. O clima de acusações mútuas entre apoiantes dos candidatos à liderança é lamentável e dá uma péssima imagem do principal partido da oposição. Fica-se com a indelével sensação de que vale tudo para se ganhar umas eleições internas. Ambos os candidatos têm prestado um mau serviço à nossa democracia, na medida em que são lestos nas acusações que fazem um ao outro, mas a sua postura de seriedade é posta em causa com este episódio pouco transparente dos cadernos eleitorais, quotas em atraso, etc.

É com este pano de fundo que o afastamento entre cidadãos e políticos se torna uma evidência cada vez mais clara. Ora, as divisões internas, tricas partidárias, acusações mútuas de irregularidades põem em causa a credibilidade e imagem do partido. Por outro lado, se estas questões não forem sanadas no seio do PSD, a unidade do partido poderá estar irremediavelmente comprometida. O PSD, nos últimos anos, não tem conseguido mais do que dar a imagem de um partido perdido e incipiente; agora, a imagem do partido sofre uma nova deterioração.

Os partidos políticos em Portugal têm dado um contributo essencial para a consolidação da democracia e para o desenvolvimento do país. Infelizmente, os partidos de direita atravessam um deserto de ideias e projectos para o país. Dir-se-á que o PS ocupou um espaço tradicionalmente ocupado por partidos de direita, mas essa questão não será a única responsável pelo estado dos partidos de direita. A pobreza do debate político, a fragilidade das lideranças, os jogos de bastidores e a substituição da competência pela bajulação estão a condenar os partidos (não só os de direita) à mais completa degradação. É precisamente isto que sobressai desta última semana de campanha interna dos candidatos às directas de sexta-feira. Se a factura não for paga pelo PSD hoje, certamente será paga em 2009 com uma derrota nas próximas legislativas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa