Avançar para o conteúdo principal

A ameaça terrorista


Quase seis anos após os atentados terroristas do 11 de Setembro, a Al-Qaeda, através de Bin Laden, volta a ameaçar os Estados Unidos. Quase seis após os ataques aos EUA, a actual Administração americana mostra-se irrefutavelmente incapaz de fazer frente seja ao que for – o Iraque continua a ser o paradigma da instabilidade, o Afeganistão não dá mostras de seguir o caminho da estabilidade, e no meio desta amálgama de erros de cálculo e de fracassos, a guerra contra o terrorismo não será propriamente um sucesso.

O combate ao terrorismo de natureza fundamentalista islâmica, encabeçado pelos EUA, enveredou pelo caminho do condicionamento das liberdades, no plano interno; e por outro lado, a guerra ao terrorismo traduziu-se pelo confronto no terreiro dos terroristas e pelo trabalho dos serviços de informações americanos e outros. Com efeito, a guerra ao terrorismo teve custos para os americanos que vai além do 11 de Setembro e da permanente ameaça que recai sobre este país; os americanos perderam a plenitude das liberdades e a inocência. O povo americano trocou o pleno exercício de algumas liberdades pela segurança e perdeu igualmente a inocência, no sentido em que a tortura, a violência, o desrespeito pelos mais básicos direitos humanos é considerado aceitável, embora muitos americanos continuem a lutar pelos direitos humanos, e pelo respeito dos mesmos por parte da Administração americana.

A guerra ao terrorismo, no sentido genérico, tem sido caracterizada por alguns episódios de sucesso – as polícias e serviços de informação de vários países têm sido exímios no combate ao terrorismo. Mas infelizmente, a Al-Qaeda e Bin Laden representam amiúde uma derrota da Administração Bush, a principal derrota. Os americanos falharam em vários planos, mas a sua maior falha é colocada em destaque cada vez que a Al-Qaeda e, principalmente, Bin Laden, dão sinais da sua existência.


O mundo não é seguramente mais seguro, não obstante o excelente trabalho de polícias e serviços de informações; no plano político os erros americanos comprometeram a guerra contra o terrorismo: o Iraque e novamente o Afeganistão são palcos, por excelência, de ataques terroristas e do fortalecimento de grupos terroristas

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...